SOCIEDADE DE MEDICINA E CIRURGIA DE SÃO PAULO
Denominações: Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (1895); Academia de Medicina de São Paulo (1953)
Resumo: A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi criada em de 24 de fevereiro de 1895, durante uma reunião no escritório de Sergio Florentino de Paiva Meira, local onde foi instalada sua sede oficial, situado à rua de São Bento nº 230, na cidade de São Paulo. Segundo os seus primeiros estatutos, teria por fins o estudo de assuntos relativos às ciências médicas e naturais, a defesa dos interesses da classe médica, a elaboração de pareceres sobre questões pertinentes a esses interesses, a publicação de boletins, a promoção e auxílio à criação de instituições instrutivas e beneficentes relacionadas à profissão médica, e a criação de uma biblioteca e de um museu. Em 1953 passou a denominar-se Academia de Medicina de São Paulo.
Histórico
Em 7 de setembro de 1888 foi fundada a Sociedade Médico-Cirúrgica de São Paulo, considerada a primeira sociedade médica na capital paulista (SADI, 1995, p.73), cujo presidente foi o médico Antônio Pinheiro de Ulhôa Cintra (Barão de Jaguará). Esta associação foi instalada no edifício da Faculdade de Direito, reunindo setenta sócios fundadores, mas teve curta existência sendo dissolvida em 1891.
A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi criada em de 24 de fevereiro de 1895, durante uma reunião no escritório de Sergio Florentino de Paiva Meira na cidade de São Paulo. Nesta reunião preparatória estiveram presentes diversos expoentes da classe médica paulista como Theodoro Reichert, Luiz Pereira Barreto, Ignácio Marcondes de Resende, Pedro de Resende, Amarante Cruz, Cândido Espinheira, Erasmo do Amaral, Luiz de Paula, Marcos de Oliveira Arruda, e Evaristo da Veiga. Luiz Pereira Barreto foi aclamado presidente da Sociedade e, ao tomar posse, convidou Mathias de Vilhena Valladão e Sergio Florentino de Paiva Meira para ocuparem os cargos de secretários. A entidade tinha como objetivos zelar pelos interesses da classe médica e contribuir para a solidariedade desta. Segundo a Ata dessa primeira reunião, cada um dos seus associados contribuiria com seu “manancial científico obtido em sua vasta clínica e no acurado estudo de seu gabinete desta arte para o ensinamento de todos” (Apud PUECH, 1921, p.3). A primeira sede da Sociedade foi na rua de São Bento, nº 230, anteriormente escritório de Sergio Florentino de Paiva Meira.
Uma comissão foi nomeada para redigir os primeiros estatutos do estabelecimento, constituída pelos sócios Amarante Cruz, Erasmo do Amaral, Ignácio Marcondes de Rezende, Mathias de Vilhena Valladão e Sergio Florentino de Paiva Meira. Os Estatutos, apresentados na Assembleia Extraordinária de 18 de fevereiro de 1895, definiram o dia 7 de março de 1895 como a data para a sessão solene comemorativa do aniversário da Sociedade. Esses primeiros estatutos apresentavam como finalidades da instituição: o estudo de assuntos relativos às ciências médicas e naturais, a defesa dos interesses da classe médica, a elaboração de pareceres sobre questões de interesse da classe médica, a publicação de boletins com os trabalhos dos sócios e de outros de interesse para a instituição, a promoção e auxílio à criação de instituições instrutivas e beneficentes relacionadas à profissão médica e a criação de uma biblioteca e de um museu relacionados ao estudo médico (Apud TEIXEIRA, 2001, p.201).
Naquela mesma ocasião foram propostos e aceitos como sócios José Luiz de Aragão Faria Rocha, José Alves Rubião, Raphael de Paula Souza, Ataliba Florence, Carlos Comenale, Octaviano de Mello Barreto e outros.
A criação da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo recebeu uma grande acolhida por parte da classe médica paulista, incorporando profissionais de várias instituições como Arthur Vieira de Mendonça e Vital Brazil Mineiro da Campanha, do Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo, Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, do Instituto Vacinogênico, Carlos José de Arruda Botelho, da Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, “e outros tantos reconhecidos clínicos da capital transformariam a instituição num mosaico de diferentes interesses e perfis do conhecimento profissional” (TEIXEIRA, 2001, p. 41). A associação também abrigou em seus quadros diversos políticos como o vereador Alfredo Zuquim e o deputado estadual e psiquiatra Francisco Franco da Rocha.
No dia 15 de março de 1895, a Sociedade foi fundada no salão nobre da Faculdade de Direito, local de suas reuniões até março de 1896.
Em agosto de 1895, diversos membros da entidade decidiram organizar um posto médico no qual os sócios prestassem atendimento médico aos pobres, em suas respectivas especialidades. Em 1896, a sede da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi transferida da rua São Bento para o prédio da rua da Travessa da Sé, nº 15, onde cedeu uma de suas salas para a instalação de uma policlínica. A policlínica foi inaugurada em 7 de março de 1896 e, em 9 de agosto, iniciou seus serviços atendendo gratuitamente àqueles que a procuravam. tendo como diretor Mathias de Vilhena Valladão. Em seu primeiro ano de funcionamento atendeu a um grande número de pacientes (cerca de 2000), sobretudo nos serviços de pediatria e de clínica médica. Sob a direção de Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, em 1897, foi incorporado à policlínica um serviço de vacinação antivariólica, transformado em posto avançado do Instituto Vacinogênico (TEIXEIRA, 2001, p.77).
A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo participou da comissão para organizar o 4º Congresso de Medicina e Cirurgia, que por proposta do médico Antônio Maria de Bettencourt Rodrigues realizar-se-ia na cidade de São Paulo, em outubro de 1897. A comissão executiva do evento era composta por membros da Sociedade como Carlos José de Arruda Botelho (então presidente), Sergio Florentino de Paiva Meira (secretário), Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, Antonio Maria de Bettencourt Rodrigues, Augusto Cesar de Miranda Azevedo, Mathias de Vilhena Valladão, Luiz Pereira Barreto, Tibério Lopes de Almeida e Cesário Motta Junior. Apesar dos esforços e tendo em vista principalmente a falta de recursos, o Congresso foi cancelado, sendo realizado somente em 1900, no Rio de Janeiro. A cidade de São Paulo sediou apenas em 1907 um Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, no qual a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi responsável por sua organização.
Em 1912, Mathias de Vilhena Valladão, diretor presidente da Policlínica, e Nicolau de Moraes Barros, presidente da Sociedade, assentaram as bases de um acordo em que fossem reunidos os bens das duas associações para a construção de um prédio para a sede comum. Na presidência de Olegário de Moura, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo realizou um ajuste com a Policlínica, celebrado na ata da reunião de 15 de dezembro de 1914, segundo o qual esta voltava para a rua da Travessa da Sé, com a Sociedade, que arcaria com sua parte nas despesas.
Na comissão nomeada por Alfredo Pujol, Secretário do Interior, em 1895, para elaborar um projeto para a implantação de uma faculdade, participaram vários membros da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, como Luiz Pereira Barreto, Carlos José de Arruda Botelho, Francisco Franco da Rocha e Ignácio Marcondes de Rezende. No seio desta comissão surgiram dois projetos diferentes, em decorrência de divergências entre seus membros quanto à duração e à estrutura do curso (TEIXEIRA, 2001, p.90). Ambas as propostas foram encaminhadas para apreciação no Congresso Estadual, mas não chegaram a ser votadas e a ideia de uma faculdade de medicina não se viabilizou.
Em 1900, o médico Queiroz Mattoso, membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, apresentou outra proposta de criação de uma faculdade de medicina, a qual foi bem aceita no meio médico e gerou a organização de uma nova comissão para a elaboração do projeto. Com a participação de Augusto Cesar de Miranda Azevedo, Mathias de Vilhena Valladão, Luiz Pereira Barreto, Emílio Marcondes Ribas e João Alves de Lima, entre outros quadros da associação. O modelo proposto, baseado no da Escola Livre de Farmácia de São Paulo, criada em 1898, não foi bem recebido no legislativo estadual e novamente não foi adiante a idéia de criação de uma faculdade de medicina. Em 1912, quando o Governo do Estado de São Paulo finalmente desencadeou o processo de criação da faculdade de medicina, o debate assumiu maiores proporções, no qual a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo não esteve presente como anteriormente. A lei nº 1.357, de 19 de dezembro de 1912, aprovada pelo Presidente do Estado de São Paulo, Francisco de Paula Rodrigues Alves, estabeleceu que a Academia de Medicina, Cirurgia e Farmácia, criada em 1891, mas não regulamentada, passava a ser a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Segundo Luiz Antonio Teixeira, a ausência da Sociedade de Medicina e Cirurgia no momento da criação da Faculdade de Medicina pelo Governo do Estado, demonstrou, entre outros aspectos, “a posição de um dos membros da Instituição frente às faculdades livres” (TEIXEIRA, 2001, p.94). Por outro lado, Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho participou da organização da instituição e outros associados foram contratados pela Faculdade, como Celestino Bourroul e Ovídio Pires de Campos.
A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo apresentou em uma de suas sessões, uma representação assinada por mais de 100 médicos, solicitando a convocação do I Congresso Médico Paulista. A entidade participou da comissão organizadora do evento, que era presidida por Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho e constituída por Affonso Regulo de Oliveira Fausto, Francisco Franco da Rocha, Sylvio Azambuja de Oliva Maya, Vital Brazil Mineiro da Campanha, José Ayres Netto, Alsino Braga, Xavier da Silveira e Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho. O evento, realizado na cidade de São Paulo, de 4 a 9 de dezembro de 1916, apresentou como temas oficiais as principais endemias e epidemias presentes em terras paulistas: tuberculose, lepra, disenteria, febre tifóide e ancilostomose. Os temas da cirurgia e os diversos aspectos da higiene urbana também estiveram presentes. O I Congresso Médico Paulista contou com a participação de médicos, veterinários, dentistas, parteiras, farmacêuticos e engenheiros oriundos de várias regiões do país. Junto ao evento, foi realizada uma Exposição de Higiene, na qual foram apresentados produtos farmacêuticos, químicos e alimentícios.
Em 1917 a Sociedade transferiu-se para a Santa Casa da Misericórdia de São Paulo, que lhe cedeu o salão nobre do Hospital Central para a realização de suas reuniões. O estabelecimento ali funcionou até 7 de março de 1920, quando foi inaugurada a nova sede da Sociedade.
A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 1953, passou a denominar-se Academia de Medicina de São Paulo, seu nome atual (MORAES, 2002).
Presidentes (1895-1925):
Luiz Pereira Barreto (1895-1896); Carlos José de Arruda Botelho (1896-1897); Augusto Cesar de Miranda Azevedo (1897-1898); Mathias de Vilhena Valladão (1898-1899); Guilherme Ellis (1899-1900); Bernardo Ribeiro de Magalhães (1900-1901); Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho (1901-1902); Sergio Florentino de Paiva Meira (1902-1903); Arthur Vieira de Mendonça (1903-1904); DiogoTeixeira de Faria (1904-1905); Domingos Rubião Alves Meira(1905 - 1ª diretoria);Affonso Regulo de Oliveira Fausto (1905- 2ª diretoria); Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho (1906-1907); João Alves de Lima (1907-1908); Sylvio Azambuja de Oliva Maya (1908-1909); Sergio Florentino de Paiva Meira (1909-1910); Synesio Rangel Pestana (1910-1911); Domingos Rubião Alves Meira (1911-1912); Nicolau de Moraes Barros (1912-1913); João Alves de Lima (1913-1914); Olegário de Moura (1914-1915); Antônio Cândido de Camargo (1915-1916); Affonso Regulo de Oliveira Fausto (1916-1917); Celestino Bourroul (1917-1918); Ovídio Pires de Campos (1918-1919); José Ayres Netto (1919-1920); Luiz Manoel de Rezende Puech (1920-1921); Enjoiras Vampré (1921-1922); Adolpho Lindemberg (1922-1923); Pinheiro Cintra (1923-1924); Américo Brasiliense de Almeida Mello Filho (1924-1925).
Estrutura e funcionamento
Os primeiros Estatutos da Sociedade, segundo a ata de sua primeira sessão, em 24 de fevereiro de 1895, foram redigidos e sistematizados por uma comissão formada pelos seguintes sócios: Amarante Cruz, Erasmo do Amaral, Ignácio Marcondes de Rezende, Mathias de Vilhena Valladão e Sergio Florentino de Paiva Meira.
A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, desde sua fundação, foi administrada por uma diretoria eleita anualmente, constituída por um presidente, um vice-presidente, um primeiro secretário, um segundo secretário, um tesoureiro e um bibliotecário. Seu primeiro Estatuto, registrado em 1905, determinava que a Sociedade congregasse três categorias de sócios, os titulares (residentes na capital ou nas proximidades, de modo a poder assistir a todas as sessões, tendo direito a voto e a ser votado), os sócios correspondentes (residentes fora da capital, que participavam por meio de correspondências e envio de trabalhos), e os honorários (professores ou cientistas de reconhecida notoriedade, ou sócio titular que por invalidez não pudesse participar das reuniões). O título de benemérito, criado em 1905, era atribuído aos sócios titulares por merecimento, em decorrência de serviços prestados à Sociedade.
Era uma prática estabelecida e respeitada a eleição do vice-presidente da diretoria para presidente no período seguinte. Esta prática não ocorreu em alguns anos, como em 1904, devido à recusa de Queiroz Mattoso (vice-presidente, 1903) em assumir a presidência da Sociedade e, em 1911, em razão do falecimento de Delphino Pinheiro de Ulhôa Cintra (vice-presidente, 1910).
A admissão de novos sócios realizava-se a partir do convite feito por outros sócios, com posterior julgamento de sua memória por uma comissão, e com a votação para definição da admissão ou não do novo sócio. Havia a determinação de um pagamento pecuniário por ocasião da admissão e também de uma taxa de anuidade da Sociedade.
Em 1º de maio de 1895, foram feitas algumas alterações nos Estatutos, modificando-se as determinações referentes à admissão de sócios. O artigo originalmente declarava que somente ingressariam na Sociedade aqueles que obtivessem unanimidade dos votos, e a partir da reforma estatutária o sócio poderia ser admitido por maioria de votos. Em maio de 1897, foi modificado o artigo 4º do Estatuto original, que determinava ilimitada a quantidade de sócios, passando então a restringir-se a cem os associados. Além disso, foram definidas condições para a admissão. Nos estatutos de 1905 foi estabelecida a exigência da apresentação de um trabalho original para a introdução na Sociedade. Tal exigência foi suprimida a partir de 1910, possibilitando o aumento do número de sócios, com o ingresso de diversos médicos como Emílio Marcondes Ribas, Antônio Ferreira França Filho, Antônio Cândido de Camargo, Domingos Rubião Alves Meira, Erasmo do Amaral, Nicolau de Moraes Barros, Vital Brazil Mineiro da Campanha e Antônio Carini.
De acordo com o primeiro Estatuto, era dever do tesoureiro zelar pela biblioteca, não havendo o cargo de bibliotecário. Em março de 1896, o sócio titular Orencio Vidigal foi convidado a ocupar função de bibliotecário. Vidigal demitiu-se em outubro do mesmo ano, não sendo nomeado um substituto.
A Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo realizava reuniões quinzenais públicas, assembléias gerais e sessões solenes comemorativas.
Para o estudo das questões pertinentes à Sociedade foram constituídas comissões, cada uma com três sócios eleitos, junto com a diretoria, assim distribuídas inicialmente:
Comissão de medicina – Ignácio Marcondes de Rezende, Tibério Lopes de Almeida, Carlos Comenale.
Comissão de cirurgia – Arnaldo Augusto Vieira de Carvalho, Amarante Cruz, Felix Buscaglia.
Comissão de higiene – Cândido Espinheira, Marcos de Oliveira Arruda, Evaristo da Veiga.
Comissão de prêmios – Pedro de Rezende, Theodoro Reichert, G. Pignataro.
Comissão de sindicância – Randolpho Margarido da Silva, José Luiz de Aragão Faria Rocha, Amarante Cruz.
Comissão de redação do Boletim - Antônio Maria de Bettencourt Rodrigues, Coriolano Barreto Burgos, Gualter Pereira.
A Sociedade não possuía existência jurídica. Em 1905, foi proposta a legalização do estabelecimento e também a reforma de seus estatutos. Em Assembléia Geral foram modificados os regimentos e publicados no dia 24 de fevereiro daquele ano no Diário Oficial.
Os meios pecuniários que mantinham a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, desde a sua fundação até 1905, provinham unicamente da contribuição dos sócios. As despesas com o Boletim e, mais tarde, com as publicações na Revista Médica de São Paulo absorviam toda a renda da instituição. Em 1905, a Sociedade obteve a primeira subvenção anual do Governo do Estado de São Paulo e no ano seguinte ficou decidido que as subvenções seriam destinadas à compra de um edifício para a sede social. Em 1910, na presidência de Synesio Rangel Pestana, aprovou-se a compra do prédio na rua do Carmo, nº 6, para onde a Sociedade de Medicina e Cirurgia transferiu-se.
Em setembro de 1910, ficou decidido que qualquer alteração nos Estatutos só poderia ser feita após a convocação, assinada por 2/3 dos sócios, e a presença de mais da metade dos sócios titulares.
Na sessão de março de 1915, foi nomeada uma comissão para apresentar um projeto de reforma para o regulamento da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo. A comissão concluiu seus trabalhos em agosto de 1919, sendo os novos Estatutos aprovados em fevereiro de 1920, e publicados no Diário Oficial de 7 de março de 1920.
A partir de 21 de fevereiro de 1920, a Sociedade passou a ser dividida em seis seções: a de medicina geral (composta por trinta sócios), a de cirurgia geral (trinta sócios), a de medicina especializada (vinte sócios), a de cirurgia especializada (vinte sócios), a de ciências aplicadas (vinte sócios) e a de medicina pública (dez sócios). Cada uma dessas seções devia eleger, a cada ano, um presidente.
A concessão do título de benemérito àqueles que prestaram serviço à Sociedade foi mantida na reforma de 1920, tendo sido concedido até esta data aos Srs. Carlos José de Arruda Botelho, Synesio Rangel Pestana (1905), Nicolau de Moraes Barros (1913), José Ayres Netto (1920) e Oscar Rodrigues Alves (Secretário do Interior do Estado de São Paulo) em 1919.
Pelos Estatutos sancionados em 1920, foi criado o cargo de Secretário Geral, escolhido a cada três anos, e suprimido o cargo de bibliotecário.
Publicações oficiais
Com o objetivo de publicar os trabalhos que eram apresentados e discutidos nas sessões da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo foi criado, em junho de 1895, o Boletim da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, de periodicidade mensal. A publicação manteve-se regularmente lançando 39 números até setembro de 1898. A Assembléia Geral da Sociedade, em 5 de outubro de 1898, decidiu pela suspensão do Boletim e aprovou um acordo com a Revista Médica de São Paulo, segundo o qual esta conteria em suas colunas uma parte dedicada a publicações sociais da Sociedade de Medicina e Cirurgia, sob o título de “Boletim da Sociedade”, tornando-se assim o órgão oficial da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
A Revista Médica de São Paulo publicou os trabalhos da Sociedade de outubro de 1898 a abril de 1908, quando o contrato foi rescindido e decidiu-se por uma publicação própria da Sociedade, o que ocorreria somente em maio de 1910. Nesse ínterim, muitas atas e trabalhos da Sociedade foram publicados em jornais médicos, como a Gazeta Clínica e a Revista Médica.
A partir de maio de 1910, a Sociedade obteve autorização para imprimir seu jornal nas oficinas do Diário Oficial, sem a necessidade de pagamento. Com a denominação Archivo da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, a associação pôde divulgar suas atividades até maio de 1914, quando sua publicação foi suspensa por determinação do Secretário do Interior.
Sem recursos para financiar seu jornal, uma vez mais ficou a Sociedade sem uma publicação oficial, divulgando seus trabalhos e atas em outros periódicos como a Gazeta Clínica e os Annaes Paulistas de Medicina e Cirurgia.
O Boletim da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo voltou a ser editado regularmente em março de 1918, sendo suspenso em setembro daquele ano, e tendo sua edição retomada em março do ano seguinte, quando voltou a manter regularidade. A Assembléia Geral da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, de 3 de janeiro de 1921, garantiu recursos para sua publicação.
Fontes
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Ficha técnica
Pesquisa - João Braga Arêas; Atiele Azevedo de Lima Lopes.
Redação - João Braga Arêas; Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão – Francisco José Chagas Madureira.
Consultor - Luiz Antonio Teixeira.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.
Forma de citação
SOCIEDADE DE MEDICINA E CIRURGIA DE SÃO PAULO. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 22 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)