BALENA, ALFREDO

De Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
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Resumo: Alfredo Balena nasceu em 1882, e faleceu em 23 de dezembro de 1949. Em 1911 foi um dos médicos fundadores da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, e nesta instituição foi professor da cadeira de clínica médica, catedrático de clínica médica, e diretor.

Dados pessoais

Alfredo Balena nasceu em Campania (Nápoles, Itália) em 17 de novembro de 1881, e faleceu em 23 de dezembro de 1949 (FILGUEIRAS, 2011).

Trajetória profissional

Alfredo Balena veio para o Brasil, ainda pequeno, chegando em 18 de outubro de 1884. Em 1893 estudou humanidades no Gymnasio Mineiro, fundado em 1890, com um internato em Barbacena e o externato em Ouro Preto. Prestou exames preparatórios, em 1899, na Escola de Farmácia de Ouro Preto, tendo concluído o curso em julho de 1901.

Foi para o Rio de Janeiro, onde ingressou, em 1903. na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, tendo concluído o curso médico, em 8 de maio 1907, com a tese intitulada “Preservação da infancia, contra a tuberculose” (FILGUEIRAS, 2011).

Em 1908 foi para a cidade de Belo Horizonte, onde passou a clinicar em um consultório próprio. Inaugurou, em abril de 1915, o curso de patologia geral na Santa Casa da Misericórdia de Belo Horizonte. Em 1916 tornou-se o primeiro chefe do Pavilhão Miguel Couto, construído pela Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, em terreno da Santa Casa da Misericórdia de Belo Horizonte. Foi membro do Conselho Médico Consultivo da direção desta mesma santa casa. 

Participou, em 1908, como representante do Instituto de Protecção e Assistencia à Infancia de Belo Horizonte, no 1º Congresso Nacional de Assistência Pública e Privada, realizado no Pavilhão do Distrito Federal, em 23 de setembro de 1908, por ocasião da Exposição Nacional de 1908. 

Foi diretor clínico do Instituto de Protecção e Assistencia a Infância de Belo Horizonte, em 1920.

Alfredo Balena foi um dos médicos fundadores da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, criada em 05 de março de 1911, e inicialmente instalada no palacete Thibau, na esquina da Avenida Afonso Penna com a Rua Espírito Santo, na cidade de Belo Horizonte (Minas Gerais). Além de Alfredo Balena, assinavam ata de criação desta instituição: Cornélio Vaz de Mello, Zoroastro Rodrigues de Alvarenga, Cícero Ribeiro Ferreira Rodrigues, Otávio Machado, Eduardo Borges Ribeiro da Costa, Hugo Eiras Furquim Werneck, Samuel Libânio, Antônio Aleixo, Ezequiel Caetano Dias, Honorato Alves, e Olyntho Deodato dos Reis Meirelles.

Na Faculdade de Medicina de Belo Horizonte foi professor da cadeira de clínica médica (1911), e catedrático de clínica médica/1ª cadeira (1918). Foi diretor da instituição, tendo sido eleito em 31 de dezembro de 1927, ocupando este posto de 1928 a 1933 e de 1935 a 1949. Sua presença na direção desta instituição sofreu uma “interrupção forçada de dois anos (março de 1933 a junho de 1935), pois fora obrigado a deixar o cargo, italiano que era de origem, sob a alegação de não ser permitido o exercício de cargos de direção pública a não-brasileiros natos” (HISTORIA, 2003). Foi reconduzido ao cargo posteriormente, e durante seu novo mandato é que ocorreu a federalização da instituição. A lei nº 976, de 17 de dezembro de 1949, estabeleceu a federalização da Faculdade de Medicina de Belo Horizonte, ficando esta subordinada ao Ministério da Educação e Saúde, Diretoria do Ensino Superior (art. 2º), criando no quadro permanente do referido Ministério 34 cargos de professores catedráticos para o curso médico da Faculdade (art. 5º).

A promulgação da lei estadual nº 956, de 07 de setembro de 1927, que criou a Universidade de Minas Gerais, integrando a Faculdade de Medicina, a Escola de Odontologia e Farmácia, a Escola de Engenharia e a Faculdade de Direito, foi retratada no quadro a óleo de Gentil Garcez, em exposição no saguão da entrada da Biblioteca Universitária/UFMG (Campus da Pampulha), no qual aparece Alfredo Balena, então professor da Faculdade de Medicina (UFMG, 2003). 

Foi colaborador de O Brazil-Medico. Revista Mensal de Medicina e Cirurgia, de 1920 a 1933.

Em junho de 1938, Alfredo Balena integrou o grupo de professores que viajou para Alemanha, a convite da Academia Medica Germano-Ibero-Americana, para uma visita de 3 semanas, e realização de cursos especiais de medicina. Participaram deste grupo professores de outras localidades do país, como os médicos do Rio de Janeiro, Antônio Austregesilo Rodrigues Lima, José Antonio de Abreu Fialho e Álvaro Ozorio de Almeida (ACADEMIA, 1938).  

Presidiu a Associação Medico Cirurgica de Bello Horizonte em 1916 e, posteriormente de 1921 a 1927, de 1935 a 1936.

Foi membro da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, da Sociedade de Medicina e Cirurgia de Minas Gerais, da qual foi presidente em 1921, da Sociedade Brasileira de Neuriatria, Psychiatria e Medicina Legal, fundada no Rio de Janeiro, em 1905, por Juliano Moreira, da Academia Paulista de Medicina, do Instituto Histórico e Geográfico de Ouro Preto, e da Academia de Ciências Psico-químicas (Palermo, Itália). Foi sócio da Seção Mineira da Academia Brasileira de Sciencias Economicas, Politicas e Sociaes, instalada em 26 de janeiro de 1926.

No III Congresso Brasileiro de Neurologia, Psychiatria e Medicina Legal, realizado no Rio de Janeiro em julho de 1929, foi vice-presidente da Seção de Terapeutica Aplicada. 

Proferiu a conferência “Localizações visceraes de lepra” no evento “Mez da Lepra”, realizado, em agosto de 1930, na sede da Associação Universitária Mineira, em Belo Horizonte.

É patrono da Cadeira nº 57 da Academia Mineira de Medicina.

O médico Eutychio Leal ao apresentar suas impressões sobre Belo Horizonte, em matéria no Brasil-Medico, em 1943, destacou sua influência no meio médico:

“Nos círculos acadêmicos de Belo Horizonte é Alfredo Balena, figura central. Ele polariza todas as idéias e aspirações de sua classe. Exerce no momento atual influência culminante, só igual à que, a seu tempo tiveram Alfredo Brito, na bahia, Miguel Couto, no Rio, e Arnaldo de Carvalho, em São Paulo. Igual em tudo áqueles saudosos mestres possúe Alfredo Balena o mesmo gênio no ensino, a mesma proficiência na clinica e, na sociedade, o mesmo extraordinário prestigio”. (LEAL, 1943, p.408)

Após seu falecimento, entre as homenagens prestadas, foi conferido ao órgão de representação dos alunos da então Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais o nome de Diretório Acadêmico Alfredo Balena. Em 1950 a antiga Av. Mantiqueira, na cidade de Belo Horizonte, recebeu, em sua homenagem, a denominação de Avenida Professor Alfredo Balena.

Produção intelectual

- “Preservação da Infancia contra a Tuberculose”.  These apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. 1907.
- “Diagnóstico precoce da tuberculose pulmonar”. Memória apresentada no VI Congresso de Medicina e Cirurgia. 1911. 
- "Bradicardias gripais". Memória apresentada ao VIII Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia”.1918.
- “Syndrome de Adams-Stokes post-grippal”. 1919. 
- “Cystircecose”.  Archivos Mineiros de Dermatologia, Shyphiligraphia e Sciencias Afins, anno I, n.3, setembro 1919. 
- “Cystircecose”.  Paraná Médico, 1920.
- "Tratamento da choréa por injecções intra-racheanas de electrargol". Memória apresentada na Associação Medico-Cirurgica de Minas Gerais. 9 de maio de 1920. 
- “Novo processo therapeutico da Choréa de Sydenham”. Rio de Janeiro: Leuzinger,1926. 
- "Epilepsia Endocrina". 1924
- "Desequilibrio Endócrino e Intellectualidade Superior". Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno XLI, n.43, p.115-1126, 22 de outubro de 1927.
- "Desordens do rythmo cardíaco na ancylostomiose", Memória apresentada no X Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia. 1929.
- “Desordens reflexas do rythmo cardiaco na Uncinariose”. Annaes da Faculdade de Medicina da Universidade de Minas Gerais, 1930.
- “Derrames pleurais nos cardíacos”. 1930. 
- “Localizações visceraes de lepra”. Conferência no evento “Mez da Lepra”. Belo Horizonte, agosto de 1930.
- “Choréa aguda de Sydenham”. Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno XLVI, n.14, p.314-317, 2 de abril de 1932.
- "Giardiose Biliar".  Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno XLIX, n.3, p.47-56, 19 de janeiro de 1935.
- "Estudo Clinico da Giardiose Humana". Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno XLIX, n.34, p.757-762, 24 de agosto de 1935.
- "Estudo Clinico da Giardiose Humana. (Conclusão)". Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno XLIX, n.35, p.779-786, 31 de agosto de 1935.
- “Esplenomegalia esquistossomótica”. 1935. 
- “Insuficiência cardíaca incipiente”.1935. 
- “Notas e Informações. Azevedo Sodré.” Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno LII, n.26, p.VII, 25 de junho de 1938.
- “A giardiose e sua therapeutica”. Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno LIII, n.5, p.113-119, janeiro de 1939. 
- “Vitamina A e a Resistência a Tuberculose Pulmonar". Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno LIV, n.11, p.163-168, 16 de março de 1940.
- “Da síndrome gastro-cardíaca de Roemheld". Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno LX, ns.16 e 17, p.115-120, 20 e 27 de abril de 1946.

Fontes

- ACADEMIA Medica Germano-Ibero-Americana. Brasil-Medico, Rio de Janeiro, anno LII, n.22, p.VII, 28 de maio de 1938. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 7 ago. 2020. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/DocReader/081272x/43386
- ALFREDO BALENA. In: WIKIPÉDIA. Capturado em 5 ago. 2020. Online. Disponível na Internet:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Alfredo_Balena
- A HISTÓRIA de presente. In: SANTA CASA DE BELO HORIZONTE. Capturado em 14 jul. 2020. Online. Disponível na Internet: http://www.santacasabh.org.br/ver/a_hist%C3%B3ria_de_presente.html
- ALMEIDA, Christobaldo Motta de. Alfredo Balena. In: ACADEMIA MINEIRA DE MEDICINA. Capturado em 5 ago. 2020. Online. Disponível na Internet:  http://www.acadmedmg.org.br/ocupante/cadeira-57-patrono-alfredo-balena/
- CORRÊA, Edison José; GUSMÃO, Sebastião Natanael Silva (orgs.). 85 anos da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais: Cooperativa Médica, 1997.                                                                                 (BCOC
- FILGUEIRAS, Zuleide Ferreira. A presença italiana em nomes de ruas de Belo Horizonte: passado e presente. Belo Horizonte, 2011. Dissertação (Mestrado em Linguística), Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, UFMG, 2011. In: UFMG. Repositório. Capturado em 7 ago. 2020. Online. Disponível na Internet: https://repositorio.ufmg.br/handle/1843/DAJR-8H5TJ4
- HISTÓRIA da Faculdade de Medicina da UFMG. Capturado em 7 abr. 2020. Online. Disponível na Internet: https://www.medicina.ufmg.br/institucional/ 
- LEAL, Eutychio. Impressões de Belo Horizonte. Brazil-Medico. Revista Mensal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno LVII, ns.38-39, p.408-409, 18 e 25 de setembro de 1943. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 7 ago. 2020. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/DocReader/081272x/50360
- Lei nº 956, de 7 de setembro de 1927. In: ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE MINAS GERAIS. Legislação Mineira. Capturado em 19 ago. 2020. Disponível na Internet: https://www.almg.gov.br/consulte/legislacao/completa/completa.html?tipo=LEI&num=956&comp=&ano=1927
- LINHA do tempo UFMG. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS. Capturado em 7 abr. 2020. Online. Disponível na Internet: https://ufmg.br/a-universidade/apresentacao/linha-do-tempo

Ficha técnica

Pesquisa – Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Redação – Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão – Francisco José Chagas Madureira.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.

Forma de citação

BALENA, ALFREDO. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 8 mai.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario


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Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)