MONTEIRO, CÂNDIDO BORGES
Outros nomes e/ou títulos: Itaúna, Barão de; Itaúna, Visconde de
Resumo: Cândido Borges Monteiro nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 12 de outubro de 1812, e faleceu na mesma cidade em 25 de agosto de 1872. Recebeu os títulos de Barão e Visconde de Itaúna. Foi professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e presidente da Comissão de Saúde Pública (1850). No campo político foi vereador da Câmara Municipal da Corte, senador e deputado geral pela província do Rio de Janeiro, presidente da província de São Paulo, e Ministro de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (1872). Foi membro da Academia Imperial de Medicina, do Imperial Instituto Médico Fluminense, e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro.
Dados pessoais
Cândido Borges Monteiro nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 12 de outubro de 1812, e era filho do capitão de milícias José Borges Monteiro, de Seia (Portugal), e de Gertrudes Maria da Conceição. Era neto, por parte de pai, de Manuel Borges Monteiro e de Maria Vaz, e por parte materna do sargento-mor João Antonio Teixeira e de Josefa Maria Cândida. Casou-se, em 23 de março de 1833, com Joanna Maria do Nascimento, que era filha de Francisco José Vicente e de Ana Maria do Espírito Santo. Cândido Borges Monteiro teve 8 filhos José Borges Monteiro, Cândido Borges Monteiro Júnior, também médico, Carolina Augusta Borges Monteiro, José Augusto Borges Monteiro, Carlos Borges Monteiro, Luiz Borges Monteiro, Thereza Cristina Borges Monteiro, e Joana Borges Monteiro (NOBILIARQUIA, 2011).
Foi agraciado com o título de Barão de Itaúna (7/10/1867), posteriormente elevado ao de Visconde de Itaúna (19/07/1872), e foi Oficial-mór da Casa Imperial e membro do Conselho de S. Majestade Imperador D. Pedro II. Foi agraciado com a Comenda da Ordem de N. S. Jesus Cristo por seus serviços na epidemia de febre amarela, em 1850, e recebeu o título de Cavaleiro da Imperial Ordem da Rosa por serviços durante a epidemia de cólera. Era Grande do Império, e também foi condecorado com a Grã-Cruz de Cristo de Portugal, a Real Ordem Militar Portuguesa da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa de Portugal, a Ordem Ernestina da Casa Ducal da Saxônia e a Imperial Ordem Austríaca da Coroa de Ferro.
Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 25 de agosto de 1872.
Trajetória profissional
Cândido Borges Monteiro iniciou as primeiras letras na escola do professor Campos, localizada no Beco do Cotovelo, próximo à Ladeira do Castelo, na cidade do Rio de Janeiro. Matriculou-se posteriormente no curso médico da Academia Médico Cirúrgica do Rio de Janeiro no ano de 1827, tendo se formado em 1832. Doutorou-se na mesma instituição, então denominada Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 16 de setembro de 1834.
Na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro passou a ser lente substituto da seção cirúrgica, com a apresentação, em 27 de março de 1833, da tese intitulada “Considerações gerais sobre as hernias abdominaes e da hernia inguinal em particular”, dedicada a expressões médicas da época como Joaquim Vicente Torres Homem, Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, Luiz Carlos da Fonseca e Antônio Felix Martins. Foi ainda na mesma faculdade catedrático de clínica externa, e nomeado titular de anatomia topográfica, medicina operatória e aparelhos, substituindo a Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, após defender em 6 de maio de 1838, a tese intitulada “Da amputação circular pela continuidade da coxa. Dos meios empregados para vedar a hemorrhagia e maneira de fazer o curativo”. No ano de 1861, foi jubilado da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, quando recebeu o título de conselheiro.
Em 5 de agosto de 1842 realizou, no Hospital Regimental do Campo (posteriormente Hospital Central do Exército), uma operação de ligadura da artéria aorta abdominal para tratar um volumoso aneurisma da artéria ilíaca externa, operação esta que havia sido realizada apenas três vezes no mundo, e que foi considerada como um marco na história da cardiologia no país (BUFFOLO, 2003). Posteriormente sua atuação nesta operação lhe rendeu a publicação, em 1845, da “Memória ácerca da ligadura da artéria aorta abdominal, precedida de algumas considerações gerais sobre a operação do aneurisma e seguida de uma estampa lithographada, que representam um novo porta-fio e sua posição durante a operação”.
Cândido Borges Monteiro, em 1844, por ocasião de uma explosão ocorrida na caldeira da barca a vapor “Especuladora” que se dirigia à cidade de Niterói, na província do Rio de Janeiro, atendeu e tratou de 42 vítimas que haviam sido internadas no Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Apresentou posteriormente à Academia Imperial de Medicina um relatório sobre o ocorrido, intitulado “Relatório sobre os queimados na explosão da caldeira da barca a vapor”.
Foi médico da Família Imperial, e juntamente com o médico Manoel de Valladão Pimentel, prestou assistência aos partos dos filhos do Imperador Pedro II, inclusive o da princesa Isabel Cristina Leopoldina Augusta, nascida em 29 de julho de 1846 no Paço de São Cristóvão, na cidade do Rio de Janeiro.
Foi nomeado médico efetivo da Câmara Imperial, em 26 de junho de 1846.
Foi nomeado 1º cirurgião do Hospital Militar da Guarnição da Corte em 19 de novembro de 1846, permanecendo neste posto até 1852.
Em 24 de julho de 1849, em discurso à Câmara Municipal da cidade do Rio de Janeiro, quando era vereador, denunciou a proliferação de charlatães, que atuavam na produção e comercialização de remédios, e solicitou as medidas punitivas (LIMA, 2003).
Como presidente da Comissão Central de Saúde Pública, criada em 1850, apresentou em 27 de maio de 1850, a José da Costa Carvalho (Visconde de Monte Alegre), então Ministro e Secretário de Estado dos Negócios do Império, um relatório sobre a situação da febre amarela, intitulado “Descrição da febre amarela que no ano de 1850 reinou epidemicamente na Capital do Império”. Neste relatório assinavam, também, os demais membros da comissão, José Francisco Xavier Sigaud, Manoel de Valladão Pimentel, Roberto Jorge Haddock Lobo, José Maria de Noronha Feital, Joaquim José da Silva, Luís Vicente De Simoni, Antônio Felix Martins e José Pereira Rego.
No campo político foi vereador (1849 a 1851) e presidente da Câmara Municipal da Corte (1851-1852), deputado geral da província (1853-1856), e nomeado Senador do Império, pela província do Rio de Janeiro, em 21 de abril de 1857, assumindo o cargo em 1º de maio do mesmo ano, e permanecendo neste até a data de sua morte, em 1872. Foi Presidente da Província de São Paulo de 26 de agosto de 1868 a 25 de abril de 1869.
Foi convidado pelo Imperador Pedro II para acompanhá-lo em sua viagem à Europa e ao Oriente, que se realizou no ano de 1871. Entre os registros fotográficos desta viagem, encontra-se uma intitulada “D. Pedro II, D. Teresa Cristina Maria e comitiva junto às pirâmides” na qual está Cândido Borges Monteiro (D. PEDRO II).
Ao voltar da viagem com o Imperador Pedro II, foi nomeado Ministro na Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, em 20 de abril do mesmo ano. Neste período, à frente do Ministério, supervisionou a construção de muitas milhas do telégrafo e das estradas de ferro, e foi exonerado do cargo em 26 de agosto de 1872. Sua última ação como Ministro foi uma autorização concedida a Irineu Evangelista de Sousa (Visconde de Mauá) para o estabelecimento de um cabo telegráfico submarino entre a Europa e o Brasil.
Tornou-se membro titular da seção de cirurgia da Academia Imperial de Medicina em 15 de outubro de 1835. Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, e membro honorário da seção cirúrgica no Imperial Instituto Médico Fluminense, criado em 1867.
No enterro de Cândido Borges Monteiro, realizado em 25 de agosto de 1872 no Cemitério da Ordem Terceira da Penitência, Luís Vicente De Simoni, secretário-geral da Academia Imperial de Medicina, proferiu o discurso em sua homenagem. E em 30 de junho de 1873, na Academia Imperial de Medicina, Luiz Correa de Azevedo apresentou uma Elegia homenageando Cândido Borges Monteiro (NOBILIARQUIA, 2011).
Na cidade do Rio de Janeiro, a Rua de São Pedro, localizada próxima ao Campo de Santana e onde Cândido Borges Monteiro residiu, foi denominada Visconde de Itaúna, em sua homenagem, mas posteriormente esta rua deixou de existir com a construção da Avenida Presidente Vargas, em 1844. Em 28 de janeiro de 1846, pelo decreto nº8.458, a antiga Rua da Gávea, localizada no bairro de Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro, passou a denominar-se Visconde de Itaúna em referência a Cândido Borges Monteiro.
Produção intelectual
- “Considerações gerais sobre as hernias abdominaes e da hernia inguinal em particular”. Rio de Janeiro: Typ. Imperial e Constitucional de Seignot-Plancher, 1833. (Tese apresentada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro para o concurso de substituto da seção cirúrgica).
- “Da amputação circular pela continuidade da coxa. Dos meios empregados para vedar a hemorrhagia e maneira de fazer o curativo”. Rio de Janeiro: Typ. da Associação do despertador dirigida por J. M. da R. Cabral, 1838. (Tese apresentada a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro para o concurso ao lugar de lente de anatomia topográfica, medicina operatória e aparelhos).
- “Torção das arterias”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1838.
- “Discurso pronunciado por ocasião da abertura da aula de operações”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1841.
- “Discurso pronunciado por ocasião da abertura da aula de anatomia topográfica, medicina operatória e aparelho”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1842.
- “Discurso pronunciado por ocasião da abertura do curso de clínica cirúrgica da Faculdade de Medicina desta Corte no corrente ano de 1844”. Rio de Janeiro: Imparcial de Francisco de P. Brito, 1844.
- “Discurso pronunciado por ocasião da abertura do curso de clínica externa”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1844.
- “Queimaduras: lições orais de clinica cirurgica”. Archivo Medico Brazileiro, Rio de Janeiro, tomo I, p.16-21; 58-65, 1844.
- “Relatorio sobre os queimados na explosão da caldeira da barca a vapor”. Annaes Brasilienses de Medicina, Rio de Janeiro, tomo 1º, 1844.
- “Resumo estatístico da clinica cirúrgica”. Archivo Medico Brazileiro, Rio de Janeiro, tomo I, 1845.
- “Discurso pronunciado no corrente ano de 1845 por ocasião da abertura da aula de anatomia topográfica, medicina operatória e aparelhos da Faculdade de Medicina do Rio da Corte”. Rio de Janeiro: Typ. Imparcial de Francisco de Paula Brito, 1845.
- “Memória ácerca da ligadura da artéria aorta abdominal, precedida de algumas considerações gerais sobre a operação do aneurisma e seguida de uma estampa lithographada, que representam um novo porta-fio e sua posição durante a operação.” Rio de Janeiro: Typ. Imparcial de Francisco de Paula Brito, 1845.
- “Parecer do Sr. Dr. C. Borges Monteiro sobre o projecto do Sr. Dr. Vilardebo, seguido de outro projecto para o mesmo fim”. Annaes de Medicina Brasiliense, Rio de Janeiro, v.I, n.3, p.91-103, agosto 1845.
- “Memoria acerca do diagnostico dos calculos vesicaes, lida na sessão geral da Academia Imperial de Medicina de 26 de março de 1846”. Annaes de Medicina Brasiliense, Rio de Janeiro, 2º anno, v.2º, n.5, p.97-108, outubro 1846.
- “Relatorio do Sr. Dr. Candido Borges Monteiro, sobre uma memoria do Dr. Roberto Jorge Haddock Lobo, acerca da cura do tetano pelo tartaro estibiado; lido na sessão geral da Academia Imperial de Medicina de 14 de maio de 1846”. Annaes de Medicina Brasiliense, Rio de Janeiro, 3º anno, v.3º, n.10, p.243-245, abril 1848.
- “Descrição da febre amarella que no anno de 1850 reinou epidemicamente na Capital do Império, pela Comissão Central de saúde Pública”. Rio de Janeiro, 1850. In: Relatório apresentado a Assembléa Geral Legislativa na Terceira Sessão da Oitava Legislatura pelo Ministro e Secretário dos Negócios do Império Visconde de Mont’alegre. Supl. 4. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1851.
- “Relatorio apresenta à Ilma. Câmara Municipal da Côrte pelo presidente da mesma Cândido Borges Monteiro à Câmara em 7 de janeiro de 1853”. Rio de Janeiro: [s.n.], [1853].
- “Regulamento da instrução pública da província de São Paulo”. São Paulo: [s.n.], 1869.
- “Relatorio com que S. Exc. o Sr. Senador Barão de Itauna passou a administração da provincia ao Exm. Sr. Commendador Antonio Joaquim da Rosa, 3º vice-presidente”. São Paulo: Typ. Americana, 1869.
Fontes
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Ficha técnica
Pesquisa – Rodrigo Borges Monteiro, Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Redação – Rodrigo Borges Monteiro, Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão - Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.
Forma de citação
MONTEIRO, CÂNDIDO BORGES. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 24 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)