ESCOLA DE AGRICULTURA E VITICULTURA DE TAQUARI
Denominações: Escola de Agricultura e Viticultura de Taquari (1890); Escola Agrícola e Vitícola de Taquari (1891); Escola Agrícola e Vitícola de Taquari (1895); Escola Superior de Agronomia Taquariense (1895)
Resumo: A Escola de Agricultura e Viticultura de Taquari, cujo programa foi aprovado pelo decreto nº119, de 7 de janeiro de 1890, iniciou suas atividades em 1891, sob a direção de Aurélio Benigno de Castilho, no município de Taquari, então província de São Pedro do Rio Grande do Sul (atual Estado do Rio Grande do Sul). Em 1895 passou a funcionar, anexa à então Escola Agrícola e Vitícola de Taquari, a Escola Superior de Agronomia Taquariense, e em 1898 ambas as instituições fecharam suas portas.
Histórico
Data de 21 de dezembro de 1887 a primeira manifestação pública da vontade de se erguer no município de Taquari, na então província de São Pedro do Rio Grande do Sul, uma escola agrícola. Autoridades da Câmara Municipal enviaram um ofício ao vice-presidente daquela província, requerendo a criação de um estabelecimento de ensino agrícola. Com a abolição da escravatura no ano seguinte, houve um reforço ao apelo em torno da construção da escola, pois que sem a mão-de-obra escrava a cidade se via obrigada a instruir e contratar novos agricultores.
Em 16 de abril de 1889, a reivindicação por uma via férrea para Taquari, importante para o desenvolvimento da região, foi atendida pelo Presidente da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, Galdino Pimentel. Buscou-se, então, com empenho a realização de outra demanda daquela cidade, a criação de uma escola agrícola. Os jornais O Taquaryense, O Colono Brazileiro, e o Trabalho Agrícola, publicaram artigos enfatizando a necessidade da fundação de uma escola agrícola, pois a agricultura não poderia desenvolver-se de forma regular e adequada sem o ensino profissional. Desta forma reconheciam que não “bastava ligar o município por meio da Viação Férrea aos centros de consumo, sem que o próprio município tomasse medidas eficazes para aumentar a produção pelo ensino profissional” (HAETINGER, 1985, p.19). Aurélio Benigno de Castilho, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, e o maior incentivador da ideia da escola agrícola, viajou para o Rio de Janeiro, em julho de 1889, para acompanhar sua solicitação de recursos para a escola, feita ao Governo Imperial. Já em agosto do mesmo ano, o Presidente da Província, Gaspar Silveira Martins, respondeu ao ofício da Câmara Municipal de Taquari, afirmando que intercederia junto ao Governo Imperial em favor da escola.
Com a proclamação da República, tanto o contrato para a construção da estrada de ferro, quanto o da construção da escola foram anulados. O sonho da ferrovia nunca mais sairia do papel, já o da escola teria que aguardar um pouco mais.
Em 7 janeiro de 1890, o novo Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Demétrio Nunes Ribeiro, que era rio-grandense e conhecia Taquari, assinou o decreto nº119 aprovando o programa da escola prática de agricultura e viticultura, a ser estabelecida em Taquari por Aurélio Benigno de Castilho, conforme previa o contrato celebrado com o Governo Imperial. Em seu artigo primeiro, o programa aprovado afirmava que a Escola de Agricultura e Viticultura de Taquari tinha por fim realizar o ensino prático da agricultura e da viticultura sob todos os pontos de vista modernos e aperfeiçoados.
Apresentando um programa semelhante ao das Fermes Écoles francesas, pretendia-se a contratação, para o corpo técnico e profissional da instituição, de profissionais da França, da Suíça e da América do Norte, e a aquisição de material técnico (aparelhos e instrumentos) na América do Norte (HAETINGER, 1985).
O programa aprovado pelo referido decreto propunha a admissão de 40 alunos internos e externos, em número conforme comportasse a natureza dos trabalhos, para os quais seria oferecido educação, sustento e vestuário gratuitamente. Seria construído um prédio, para as atividades de ensino e de administração da escola, e seriam adquiridos animais domésticos, instrumentos agrários, e todo o material necessário para a instrução teórica. A instituição seria fiscalizada por um conselho de três membros escolhidos entre as pessoas mais aptas do município e nomeadas pelo governador do Estado, que poderia substituí-los a cada dois anos. O pessoal administrativo e docente seria constituído por um diretor, um professor (preparador) para o 1º ano, dois professores agrícolas (sendo um deles veterinário), para as matérias dos últimos dois anos, um chefe agrícola, um chefe hortícola e um escriturário.
Os professores para a Escola de Agricultura e Viticultura de Taquari seriam indicados mediante a aprovação do Governo da República, e o diretor deveria submeter, à aprovação do presidente do Estado, um regimento interno da instituição, com a distribuição de disciplinas, regras disciplinares, e horários de aulas e trabalhos escolares.
No dia 30 de março de 1890, houve o lançamento da pedra fundamental da escola na antiga fazenda Canabarro, situada na margem esquerda do rio Taquari, e que contava com 266,820 hectares. Além da presença em grande número da população da cidade, estiveram presentes Júlio Anacleto Falcão da Frota (Presidente do Estado), Júlio de Castilhos (Secretário de Governo), e Demétrio Ribeiro (Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas). Aurélio Benigno de Castilho, doutor em medicina pela Faculdade de Medicina da Bahia, foi o maior incentivador da ideia, tendo proferido um discurso sobre a criação da escola, publicado no O Taquaryense de 5 de abril de 1890, no qual destacou a necessidade de difusão da ciência e de sua aplicação para transformar os tesouros ocultos em terras férteis pela agricultura moderna. A proposta de Aurélio Benigno de Castilho para o estabelecimento de uma escola agrícola teria sido inspirada no exemplo do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura, criado em 1859 (HAETINGER, 1985).
O custo de construção da escola seria garantido pela Secretaria de Fazenda do Estado do Rio Grande do Sul com a quantia de trinta contos de réis anuais. Contudo, no início de maio de 1890 Aurélio Benigno de Castilho, nomeado diretor da escola, recebeu 20 contos como adiantamento e pôde com isso acelerar as obras. A escola levou um ano e meio para ficar pronta e no decorrer deste tempo, Aurélio Benigno de Castilho continuou exercendo a medicina em Taquari, carreira que lhe possibilitou a conquista da simpatia da comunidade, sobretudo no fim do ano, quando uma epidemia de varíola assolou a cidade e ele atendeu a todos gratuitamente.
A Escola Agrícola e Vitícola de Taquari foi inaugurada em 18 de outubro de 1891. No dia da inauguração já havia uma enfermaria e dois dormitórios, ambos espaçosos e arejados. A instituição contava também com gabinetes de química, física e ciências naturais, ainda carentes de aparelhos e instrumentos. Um enorme galpão armazenava instrumentos agrários para uso dos alunos.
No relatório apresentado em junho de 1891 ao Presidente da República, o Ministro dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Antão Gonçalves de Faria, informou a constituição do pessoal administrativo e docente, composto por um diretor, um professor para o primeiro ano, dois professores agrícolas, dos quais um veterinário, um chefe-agrícola, um chefe-hortícula e um escriturário (RELATÓRIO, 1891).
Logo após a inauguração de outubro de 1891 iniciaram-se as aulas em 18 de novembro com os dezoito primeiros alunos. Estes estudaram e prestaram exames, em 15 de dezembro do mesmo ano, das seguintes disciplinas: português, física e aritmética (RELATÓRIO, 1891).
No dia 3 de fevereiro de 1892 começaram as aulas do primeiro ano letivo, contando com 22 alunos. Em junho do mesmo ano, Aurélio Benigno de Castilho viajou para o Rio de Janeiro, onde ficou por quatro meses, sendo substituído em suas funções na escola por Franklin Praia Filho, vice-diretor e engenheiro agrônomo formado pelo Imperial Instituto Bahiano de Agricultura.
O relatório apresentado em 1892 referia-se ao contrato celebrado entre o Governo Federal e o diretor Aurélio Benigno Castilho, para construir um edifício apropriado ao fim a que escola se propunha. Dizia, ainda, o documento que o diretor da Escola Agrícola e Vitícola de Taquari vinha ensaiando a cultura do café e da cana-de-açúcar, sendo que no planejamento traçado para os trabalhos do ano seguinte fora incluído o plantio do algodão herbáceo, assim como a criação do bicho-da-seda (RELATÓRIO, 1894).
Conforme fora determinado no programa, aprovado pelo decreto nº119, de 1890, a Escola Agrícola e Vitícola de Taquari apresentou seu regimento interno para a apreciação do Governo do Estado, recebendo sua aprovação. Entretanto, um ofício do Ministério das Justiça e Negócios Interiores, enviado em 1892 para o Governo rio-grandense, afirmava estar inteirado daquela aprovação, mas ponderava que lhe parecia excessivo o período de oito horas de descanso dos alunos, quando o tempo de cinco horas, praticado em escolas da capital, era o suficiente.
Em 1893, Aurélio Benigno de Castilho esteve nas cidades de Montevidéu e Buenos Aires, e ao regressar em 15 de março trouxe com ele um professor francês, o engenheiro agrônomo Henri Dubut, contratado para lente do segundo ano (O ENGENHEIRO, 1893). Dubut fora aluno da École de Agriculture de Grignon (França) e havia sido diretor de alguns estabelecimentos agrícolas em Chacabuco, na província de Buenos Aires (Argentina). Além do professor Henry Dubut, o diretor trouxe também alguns animais de raça: duas éguas, dois potrilhos, uma vaca e um touro.
Henri Dubut fez a primeira análise das terras da escola, em uma amostra de 100 gramas de terra, onde encontrou 12,40 partes de água de constituição, 10 de areia grossa e pedrinhas silicosas ferruginosas. Na terra fina encontrou um de carbonato de cal, traços de fosfato de cal, 20 de argila ferruginosa, 2,60 de húmus e materiais amoniacais e 50 de areia fina ferruginosa. Concluiu que a terra era leve, porosa, secava-se facilmente, tornava-se dura absorvendo pouco calor, e por falta de humus tornava-se amarelada. Necessitava então de cal, guano e outras matérias orgânicas que mantivessem a água necessária e facilitassem a absorção dos gases atmosféricos. Disse por fim que a terra era própria para o cultivo de batata inglesa, vinhas e forragens leguminosas (HAETINGER, 1985).
Após pouco mais de um ano em Taquari, Henri Dubut retornou a Buenos Aires em abril de 1894. O professor Franklin Praia Filho, que havia pedido a exoneração de Dubut, acumulou, nesta época, os cargos de vice-diretor e lente do 1º e 2º anos.
Com a Escola Agrícola e Vitícola de Taquari já funcionando plenamente, Aurélio Benigno de Castilho procurou avançar e propôs a instalação de um curso superior de agronomia, anexo àquela Escola. Com este objetivo encaminhou, em novembro de 1894, um memorial ao Presidente do Estado, o qual por sua vez o remeteu ao Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, no Rio de Janeiro. No memorial detalhava que o curso teria a duração de três anos, ao final dos quais os alunos receberiam o título de engenheiro agrônomo. A ideia era de que tal curso funcionasse anexo à Escola Agrícola e Vitícola de Taquari, a qual manteria um caráter essencialmente prático e não seria prejudicada ou onerada em suas despesas. Pelo decreto nº 2.028, de 27 de maio de 1895, foi então aprovado o programa para Escola Superior de Agronomia Taquaryense, e em julho deste ano foram iniciadas suas atividades para o estabelecimento do referido curso.
As duas escolas funcionavam paralelamente, tendo a direção e o corpo docente comuns. Os alunos do 3º ano da Escola Agrícola e Vitícola de Taquari podiam entrar já no 2º ano da Escola Superior de Agronomia Taquaryense, e os do 2º ano respectivamente no 1º ano. Após a realização dos exames, foram iniciadas as aulas em 23 de março de 1896.
No dia 20 de abril de 1896, com o segundo ano letivo em andamento, Aurélio Benigno de Castilho, diretor de ambas as escolas, mudou-se com sua família para Porto Alegre, depois de oito anos vivendo em Taquari, mas manteve-se à frente da direção das instituições.
Em 1897, formou-se a primeira turma da Escola Superior de Agronomia Taquariense, com seis alunos recebendo seus títulos de engenheiros agrônomos. Na mesma época, porém, a verba destinada à manutenção da escola não foi renovada, e com isso, em maio de 1898 Aurélio Benigno de Castilho telegrafou de Porto Alegre para o seu encarregado ordenando o fechamento do estabelecimento. Não havia mais verba federal e a Escola Agrícola e Vitícola de Taquari, juntamente com a Escola Superior de Agronomia Taquariense, chegou ao fim.
As instituições permaneceram, após o fechamento, abandonadas por quase um ano, e seus professores, alunos e equipamentos dispersaram-se pelo Estado do Rio Grande do Sul. Em 1900 o prédio da antiga Escola Agrícola e Vitícola de Taquari foi reformado e transformou-se no Asilo Bethânia, para idosos desamparados, e em agosto de 1906 foram vendidas as últimas terras daquela escola.
Em 1899 foi instalado o Instituto de Agronomia e Veterinária, na Escola de Engenharia de Porto Alegre, mas permaneceram as tentativas de estabelecimento de uma nova escola agrícola (HAETINGER, 1985). A agricultura ainda era uma preocupação central, tendo sido criada, em 1911, a Comissão de Propaganda da Agricultura, e em 7 de outubro de 1911 foi criada a Sociedade de Defesa Agrícola “Visconde de Mauá”, sob a presidência de Campo Romero, e tendo entre seus sócios Franklin Praia Filho, que fora vice-diretor da Escola Agrícola e Vitícola de Taquari. Foram empreendidas várias iniciativas, como a proposta de criação, em 1910, de uma escola agrícola nas terras do Asilo Pella, em Taquari. Em 1912 foi criada a Estação Experimental Barreto Vianna, no Asilo Pella, direcionada ao ensaio das diversas culturas d cerais, frutos, ervas forrageiras e sementes.
A Escola Agrícola e Vitícola de Taquari representou não só primeira escola de agricultura criada naquela região, como teve o mérito de ser a responsável pela preparação dos alunos para a Escola Superior de Agronomia Taquariense, a qual formou os primeiros engenheiros agrônomos do Estado do Rio Grande do Sul (HAETINGER, 1985).
Estrutura e funcionamento
O programa da Escola Agrícola e Vitícola de Taquari, aprovado pelo decreto nº119, de 7 de janeiro de 1890, formulava um curso de três anos de duração, que compreendia as seguintes disciplinas:
1º Ano – português, aritmética e geometria práticos, geografia geral e especialmente do Brasil, história pátria, noções de ciências físicas e naturais e rudimentos de agricultura.
2º Ano – ciências físicas e naturais especializadas à botânica e à geologia, agrimensura prática, agricultura, zootecnia e piscicultura.
3º Ano – química analítica com aplicação à agricultura, viticultura, zootecnia, descrição e desenho das máquinas agrícolas, escrituração agrícola e noções de economia e de direito rurais.
Seriam admitidos estudantes de 14 a 18 anos de idade, de comprovado bom comportamento que seria atestado pelo presidente da Câmara Municipal e por uma autoridade do local de residência do aluno postulante. Estes candidatos seriam ainda submetidos a uma prova de escrita, leitura e exercícios das quatro operações aritméticas.
O ano escola começaria em 3 de fevereiro e concluiria em 15 de dezembro, com os exames. O programa dizia ainda que os alunos trabalhariam diariamente sob a inspeção de um chefe agrícola na exploração rural do estabelecimento. Os exames de fim de ano seriam teóricos e práticos sobre trabalho de campo e cultivos previamente preparados pelos examinados. Aos alunos seria conferido o título de regente agrícola, habilitando-os à profissão agrícola prática e teórica.
No final do primeiro ano, foram realizadas provas de botânica, história e geometria, sendo aprovados plenamente dez alunos, sete aprovados simplesmente e cinco alunos não compareceram aos testes. Os exames e seu resultado foram considerados muito satisfatórios, dado que muitos dos alunos ingressaram na escola sabendo pouco mais do que ler e escrever (HAETINGER, 1985).
Na relação dos primeiros alunos da instituição, elaborada em 1891 pelo secretário Rodolpho Alfredo Lautert, constam os seguintes nomes: Estacio Pessoa Netto, Arthur Alves Cruz, Octavio Carpes, Ulysses Telemaco Fialho, Annibal Saraiva, Lucio Lopes dos Santos, Sulpicio Samuel Siqueira, Augusto Saraiva, Ernesto Michel, Arnaldo Hilario Ribeiro, José Oliveira, José Fialho Vianna, Simão Pereira Vianna, Mario Verissimo da Silva, Leopoldino Oriques de Almeida, João Evangelista Saraiva, João Rosa da Silva, Carolino Bilhar, e Franklin Pereira (HAETINGER, 1985).
O número de alunos da Escola Agrícola e Vitícola de Taquari aumentou em cinco do primeiro ano de funcionamento para 1892, quando totalizou 23 alunos. Entre os aprovados ao final deste ano estavam Abilio Soares de Lima, Mario Verissimo da Silva, Arthur Alves Cruz, Estacio Pessoa Netto, Idalino de Souza Saraiva, Ramão Fioravanti Trois, João de Castro da Camara Paradeda, Ulysses Telemaco Fialho, Sulpicio Samuel Siqueira, Lucio Lopes dos Santos, Arnaldo Hilario Ribeiro, Simão Pereira Vianna, Desiderio Celestino de Castro Jr., Julio Alves de Campos, Leopoldino Oriques de Almeida, Antonio Pedro Rodrigues Paim, e João Guilherme Fischer.
Em 1893 Henri Dubut, engenheiro agrônomo formado pela École de Agriculture de Grignon (França), foi contratado como lente do segundo ano, mas não ficou por muito tempo. Após sua saída foi contratado Arthur R. de Sá para lente do 3º ano, o qual permaneceu até o ano de 1895. Foi nomeado, em 1894, o professor alemão Ricardo Keuneccke, o único a morar na escola, distante cinco quilômetros da cidade, mas que acabou permanecendo por muito pouco tempo em Taquari, pois pediu sua transferência como professor público, naquele mesmo ano, para a Vila de Teutônia (município de Estrela, Rio Grande do Sul).
Participaram das comissões examinadoras, nos exames finais do 1º e 2º ano, em 1893: Franklin Praia Filho, Luiz Candido Velloso, José Rodrigues de Castro, Henri Dubut, Orphelino Tostes. Entre os alunos aprovados estão Alfredo da Silva Reis, Sabathiel Saraiva de Araújo, Leonel Mendes, Elpidio Firzi, Valdomiro de Oliveira Taborda, Julio Trois, Marcílio Alano da Silva, Antonio Carlos Demetrio Machado, João Rosa da Silva, Augusto Tito da Fonseca, João de Castro da Camara Paradeda, Ulysses Telemaco Fialho, João Guilherme Fischer, Abilio Soares de Lima, Antonio Rodrigues Paim, Desiderio Celestino de Castro Jr., Mario Verissimo da Silva, Ramão Fioravanti Trois, Sulpicio Samuel Siqueira, João Evangelista Saraiva, Idalino de Souza Saraiva, Leopoldino Oriques de Almeida e Julio Alves de Campos.
Nos exames finais do ano de 1894, o resultado foi o seguinte: no primeiro ano quatro alunos foram aprovados plenamente, outros quatro aprovados simplesmente, dois foram considerados inabilitados e um retirou-se da escola; no segundo ano houve um aluno aprovado com distinção, onze aprovados plenamente e três aprovados simplesmente.
Foram professores nos primeiros anos de funcionamento da Escola Franklin Praia Filho, Luiz Candido Velloso, José Rodrigues de Castro, Henri Dubut e Orphelino Tostes.
No dia 27 de maio de 1895 o decreto nº2.028 aprovou o programa da Escola Superior de Agronomia Taquaryense, que passava a funcionar anexa à Escola Agrícola e Vitícola de Taquari. O programa previa um curso de três anos, com quatro cadeiras assim compostas:
Primeira Cadeira:
1ª Parte: física, meteorologia e climatologia.
2ª Parte: química mineral, mineralogia e elementos de geologia.
3ª Parte: química orgânica, química analítica e química industrial e agrícola.
4ª Parte: botânica.
Segunda Cadeira:
1ª Parte: classificações botânicas e famílias.
2ª Parte: agronomia: física, química e mecânica do solo arável e correções do solo, instrumentos aratórios, irrigações, drenagem, estrumação, fitotecnia e tecnologia rural.
3ª Parte: topografia: levantamentos de plantas, nivelamento e agrimensura.
4ª Parte: mecânica agrícola: noções de hidrodinâmica, rodas hidráulicas, máquinas agrícolas, locomóveis e engenhos de açúcar; construção: conhecimento e fabricação de cal, tijolos e telhas, e construções rurais.
Terceira Cadeira:
1ª Parte: zoologia, anatomia geral, fisiologia e classificações.
2ª Parte: anatomia e fisiologia comparadas.
3ª Parte: zootecnia: estudo das espécies, melhoramento das raças, higiene geral, pecuária, patologia, cirurgia e clínica médica veterinárias e criação de aves domésticas.
Quarta Cadeira:
1ª Parte: economia rural, direito rural, legislação agrária e contabilidade agrícola.
2ª Parte: desenho arquitetônico.
3ª Parte: desenho de plantas.
4ª Parte: desenho de máquinas.
As disciplinas eram divididas por entre os três anos da seguinte forma:
1º ano – 1ª cadeira (1ª, 2ª e 4ª partes); 3ª cadeira (1ª parte); 4ª cadeira (2ª parte).
2º ano – 1ª cadeira (3ª parte); 2ª cadeira (1ª e 2ª partes); 3ª cadeira (2ª parte); 4ª cadeira (3ª parte).
3º ano – 2ª cadeira (3ª e 4ª partes); 3ª cadeira (3ª parte); 4ª cadeira (1ª e 4ª partes).
O decreto determinava também que só seriam admitidos estudantes maiores de 15 anos que apresentassem atestados de exames de português, francês, geografia geral e do Brasil, aritmética, álgebra até equações do 2º grau, geometria e trigonometria. O curso não era gratuito, devendo o aluno pagar uma anualidade de 40$ em duas vezes, uma no ato da matrícula e outra no final do ano. Aprovado no exame do terceiro ano, o aluno receberia o título de engenheiro agrônomo. Aqueles que terminassem o terceiro ano da escola prática teriam direito à matrícula no segundo ano do curso superior, e os do segundo ano da escola prática poderiam matricular-se no primeiro do superior, obrigados todos, porém, ao exame de francês. O estudo do idioma se devia ao fato de boa parte da literatura específica da época ser francesa e a escola se comprometia a ensinar a língua em uma aula complementar. Os alunos oriundos da escola prática ficavam isentos de taxas, o que na realidade praticamente tornou a escola gratuita, pois a maioria dos alunos da escola superior vinha daquela.
Com relação aos professores, o art.10º do decreto afirmava que os professores deveriam proferir lições claras, e tratar os alunos com urbanidade. Determinava a existência de mais dois professores substitutos, um para ciências técnicas e outro para ciências acessórias, e um secretário (HAETINGER, 1985).
A Escola Agrícola e Vitícola de Taquari permaneceu funcionando, sendo que seus alunos do 3º ano da podiam entrar já no 2º ano da Escola Superior de Agronomia Taquaryense, e os do 2º ano respectivamente no 1º ano.
Até setembro de 1895, as duas escolas funcionaram com o mesmo corpo docente, quando foram, então, aprovadas as nomeações dos professores Viriato Reis de Oliveira, para a 4ª cadeira (economia rural, direito rural, legislação agrária e contabilidade agrícola), e de Giovanni Rossi para a 2ª e 3ª cadeiras (agronomia e veterinária) do 1º e 2º anos da Escola Superior de Agronomia Taquaryense. Em novembro de 1895 foi nomeado o pintor Giovanni Falcone para professor de desenho e secretário da escola, e em princípios de 1896, foram contratados Alberto de Sá, para lente da 1ª cadeira (ciências físicas e naturais) e o engenheiro João Maria Paldaof.
Os primeiros exames da Escola Superior de Agronomia Taquariense realizaram-se de 3 a 9 de janeiro de 1896, com a comissão examinadora composta por Carlos de Lavre Pinto (juiz distrital), Manoel Theophilo Barreto Vianna (da Escola Militar de Porto Alegre), Olavo Ottoni Barreto Vianna (da Escola de Engenharia de Porto Alegre), Albino Pereira Pinto (advogado) e o tenente-coronel Rodolpho Alfredo Lautert.
Os resultados dos exames no primeiro ano de existência da Escola Superior de Agronomia Taquariense foram: no 1º ano foram aprovados Augusto Gonçalves Borges, Miguel Riet Corrêa e João Guilherme Fischer, e no 2º ano os alunos Antonio Pedro Rodrigues Paim, Abilio Soares de Lima, Ulysses Telemaco Fialho, Augusto Tito da Fonseca, Ramão Fioravanti Trois, Desiderio Celestino de Castro Junior, Idalino Saraiva, Leopoldino Oriques de Almeida e Julio Alves Campos.
Cada estudante apresentou, nos exames, dois trabalhos práticos, sendo um de coleção zoológica ou de anatomia ou fisiologia comparadas, e outro de coleções botânicas.
Na comissão de avaliadores para os exames finais de dezembro de 1896, tanto para o curso prático, da Escola Agrícola e Vitícola de Taquari, quanto para o curso superior, da Escola da Escola Superior de Agronomia Taquariense, participaram Manoel Pacheco Prates (diretor geral da instrução pública), João Luis de Faria Santos (engenheiro civil) e Francisco Borges de Freitas (professor público).
Em 29 de julho de 1897 colaram grau os primeiros seis engenheiros agrônomos da Escola Superior de Agronomia Taquariense: Augusto Tito da Fonseca, Antonio Pedro Rodrigues Paim, Abilio Soares de Lima, Idalino de Souza Saraiva (posteriormente engenheiro agrônomo e veterinário do Exército), Leopoldino Oriques de Almeida, e Ramão Fioravanti Trois.
Ao final deste ano, pelos resultados dos exames finais, constatou-se uma diminuição do número de alunos novos. Em seu último ano de funcionamento a Escola Superior de Agronomia Taquariense diplomou como engenheiros agrônomos Miguel Riet Corrêa, João Guilherme Fischer (ingressou depois na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro), Augusto Gonçalves Borges (posteriormente diretor do Instituto de Agronomia e Veterinária Borges de Medeiros, Porto Alegre), e Julio Alves de Campos; e a Escola Agrícola e Vitícola de Taquari aprovou Antonio Pedro Rodrigues Paim (trabalhou no Departamento de Saúde do Exército, no Rio de Janeiro), Agripino Varella, João Pompilio Varella, Reynaldo Canabarro Cunha, Augusto Fioravanti Trois, João de Deus C. Cunha, Octavio Conde, Teutonio Mariante Filho, Ignacio Selles e Ernesto de Azevedo.
Após o fechamento das escolas, em maio de 1898, os professores transferiram-se para outros postos. João Maria Paldaof assumiu a direção da Estação Agronômica do Rio Grande do Sul, criada em 02/09/1898, e editou o “Tratado Elementar sobre Agricultura Prática”. Franklin Praia Filho dirigiu o Colégio Elementar de Taquari e foi prefeito desta cidade (1913-1921).
Publicações oficiais
Em junho de 1894, foi lançado o jornal O Perscrutador – Periódico, Crítico, Literário e Científico, publicação dos alunos-membros do grêmio literário Franklin Praia Filho, formado na Escola Agrícola e Vitícola de Taquari. Era um periódico quinzenal impresso nas oficinas de O Taquariense, o maior jornal da cidade. Entre os colaboradores do jornal estavam os alunos Ramão Fioravanti Trois, Arthur Alves Cruz, Idalino de Souza Saraiva, Sabathiel Saraiva de Araújo, e Elpidio Firzi.
Houve ainda o lançamento do livro “Lições de Agricultura Prática – Adaptadas aos climas dos Estados do Sul do Brazil e Offerecidas pelo seu autor ao muito digno Diretor e alumnos da Escola Agrícola e Veterinaria de Taquari, para seu uso e dos agricultores do Estado e Sul do Brasil”. Escrito por J. A. Moraes, serviu como livro de ensino no estabelecimento e contou com introdução de Aurélio Benigno de Castilho e de Franklin Praia Filho.
Fontes
- BRASIL. Decreto nº 119, de 7 de janeiro de 1890. In: SENADO FEDERAL. Portal Legislação. Capturado em 15 out. 2020. Online. Disponível na Internet:
http://legis.senado.leg.br/norma/385915/publicacao?tipoDocumento=DEC-n&tipoTexto=PUB
- BRASIL. Decreto nº 2.028, de 27 de maio de 1895. In: SENADO FEDERAL. Portal Legislação. Capturado em 8 set. 2020. Online. Disponível na Internet:
http://legis.senado.leg.br/norma/395139/publicacao?tipoDocumento=DEC-n&tipoTexto=PUB
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Ficha técnica
Pesquisa - Breno Pimentel Câmara.
Redação – Breno Pimentel Câmara; Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.
Forma de citação
ESCOLA DE AGRICULTURA E VITICULTURA DE TAQUARI. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 24 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)