ESTRELLA, MARIA AUGUSTA GENEROSO

De Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
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Outros nomes e/ou títulos: Estrela, Maria Augusta Generoso; Estrella, Maria Generoso

Resumo: Maria Augusta Generoso Estrella nasceu em 10 de abril de 1860 na província do Rio de Janeiro. Em 1881, doutorou-se em medicina pela New York Medical College and Hospital for Women, em Valhalla (Estado de New York), fundado em 1863 pela médica Clemence Sophia Harned Lozier. Neste mesmo ano foi fundadora e redatora, juntamente com Josefa Agueda F. Mercedes de Oliveira, do periódico A Mulher. Periodico Illustrado de Litteratura e Bellas Artes, consagrado aos interesses e direitos da mulher brazileira, publicado em New York. Em 1882, retornou ao Brasil, e prestou atendimento médico a mulheres e crianças num consultório que funcionava nos fundos da Pharmacia Normal e Drogaria, de propriedade de seu esposo, o farmacêutico Antonio da Costa Moraes. Faleceu em 18 de abril de 1946.

Dados pessoais

Maria Augusta Generoso Estrella nasceu na então província do Rio de Janeiro, em 10 de abril de 1860. Seus pais, Maria Luísa Estrella e Albino Augusto Generoso Estrella, eram ambos de origem portuguesa.

Albino Generoso Estrella foi comerciante, e em agosto de 1863 ingressou como sócio na firma “Guerreiro Lima e Comp.”, direcionada à importação de produtos vindos dos Estados Unidos. Essa empresa situava-se na Rua da Alfândega, nº 20, no centro do Rio de Janeiro. Atuou, em 1871, como representante comercial da firma Albion Coffee Huller & C. Em 1875, Albino Generoso Estrella dissolveu sua sociedade na empresa “Guerreiro Lima”, assumiu a loja “A Estrela Americana” (Rua Nova do Ouvidor nº15), e posteriormente atuou como agente comercial na Companhia Bristol. Faleceu em agosto de 1880.

Embora tenha sido noticiado, ao longo do ano de 1882, que Maria Augusta Generoso Estrella iria se casar com Germano Haslocher (1862-1911), estudante de direito em Recife, o enlace não se concretizou (A DRA. GENEROSO, 1882). Maria Augusta de fato veio a casar-se, em 1884, com o farmacêutico Antonio da Costa Moraes, formado pela Universidade de Leipzig e proprietário da Pharmacia Normal e Drogaria, estabelecida na Rua Primeiro de Março nº 3, no Rio de Janeiro. Moraes serviu como “farmacêutico de comissão” na Esquadra em operações na Campanha da Guerra do Paraguai, tendo atuado nas cidades de Corrientes, Cerrito e Humaitá, e recebido, em 1873, o título de primeiro tenente farmacêutico (AZEVEDO, 1870).

Maria Augusta e Antonio da Costa Moraes tiveram cinco filhos, Samuel, Matilde, Bárbara, Luciano e Antônio.

Maria Augusta Generoso Estrella faleceu em 18 de abril de 1946, aos 86 anos, de mal súbito.

Trajetória profissional

Maria Augusta Generoso Estrella realizou o curso primário, como pensionista, no Collegio Brasileiro, dedicado à educação de meninas, fundado por Florinda Fernandes, e estabelecido na Rua das Laranjeiras nº157, na cidade do Rio de Janeiro. Nesta instituição teve aulas de português, francês, inglês, canto, piano e prendas domésticas (SILVA, 1954).

Em 21 de abril de 1873, Maria Augusta Generoso Estrella, com 12 anos, interrompeu seus estudos e acompanhou seu pai em uma viagem à Europa. Viajando a bordo do vapor inglês “Cirio”, desembarcaram em Lisboa em abril de 1873, e lá permaneceram por um mês. Visitaram à cidade de Lisboa acompanhados por Francisco Manuel de Mendonça, Barão de Mendonça e presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Em seguida, seguiram em outra embarcação para Funchal, na Ilha da Madeira, onde Maria Augusta permaneceu por seis meses, enquanto seu pai estava em viagem na Inglaterra, e realizou seus estudos no Collegio de Villa-Real, no qual ingressou em 27 de junho daquele ano (BIOGRAPHIA, 1879). Durante essa viagem, Albino Estrella teria visitado a Exposição Internacional, em Viena, buscando comercializar seus produtos (CAPUANO, 2002).

Em novembro daquele ano, Maria Augusta e seu pai iniciaram a viagem de retorno ao Brasil, a bordo do vapor “Flamsteed”, comandado pelo capitão Brown. Vários jornais da época narraram a viagem, e comentaram que esse vapor, em seu trajeto de volta ao Brasil, teria se chocado com o encouraçado inglês “Blorimphon”. Embora os danos demandassem urgência, o capitão da embarcação teria se negado a solicitar ajuda ao capitão do navio inglês, e nessa ocasião, Maria Augusta lhe teria solicitado que pedisse auxílio. De acordo com o jornalista e escritor baiano Belarmino Barreto (1840-1882) Maria Augusta teria se manifestado:

“Capitão Brown, sou eu agora que lhe vem pedir um último favor, em nome de todos os passageiros, e espero ser servida, se sou ainda a mesma Estrelinha do Flamsteed, como me chama o capitão. (...) espero que me servireis, porque sei que me quereis muito. [...] Maria Augusta, apertando entre as suas as mãos do capitão, pede-lhe com lágrima nos olhos: mande transportar todos os passageiros para bordo do vapor de guerra, a fim de tirá-los da aflição em que se acham; depois, se o Flamsteed estiver em estado de poder navegar, voltaremos todos de novo para o vapor a fim de seguir viagem com o bom capitão Brown”. (BARRETO. Apud. CAPUANO, 2002. p.36-37)

Ainda segundo esse relato, o capitão Brown ao final atendeu ao pedido e enviou uma mensagem de socorro ao “Blorimphon”. Após o transbordo dos passageiros, da tripulação e das bagagens, o vapor “Flamsteed” afundou. Em seguida, Maria Augusta e seu pai, a bordo de outra embarcação, dirigiram-se para o Brasil, tendo aportado primeiro em São Vicente, e de lá seguido para o Rio de Janeiro. Ao desembarcar no porto desta cidade, Maria Augusta, que “trajava de marinheiro, tendo ao chapéu a fita que lhe presenteara o almirante comandante do Blorimphon”, foi homenageada (ERA CARIOCA, 1950).

Em 26 de março de 1875, Maria Augusta Estrella, então com 14 anos e interessada em ingressar na carreira médica, partiu do Rio de Janeiro, a bordo do vapor “South America”, rumo aos Estados Unidos para iniciar seus estudos. Sua viagem foi noticiada em diversos jornais brasileiros, como A Instrucção Publica, o Diario do Rio de Janeiro, e, também em jornais norte-americanos, como o New York Herald. Esta publicação norte-americana, em sua edição de 23 de abril de 1875, noticiou a chegada de Maria Augusta em Nova York, para realizar o curso médico (LÊ-SE, 1875).

Em matéria no Diario do Rio de Janeiro, sobre sua viagem para estudar medicina nos EUA, Maria Augusta foi referida como “o primeiro canto do poema da emancipação feminina” (PUBLICAÇÕES, 1877).

Seu ingresso na escola, em Nova York, para estudar medicina, foi largamente comentado nos jornais da época, como na Gazeta de Noticias, Diario do Rio de Janeiro, Jornal do Pará, e A Lei. A imprensa em geral continuou, ao longo dos anos comentando sobre a viagem de Maria Augusta, como fez O Liberal do Pará na edição de 8 de fevereiro de 1880:

“Acabamos de lêr no Commercio de Lisboa que a senhora Maria Augusta Generoso Estrella, natural do Brazil, filha do sr. A. A. Generoso Estrella vae doutorar se em medicina nos Estados-Unidos. A senhora Maria Augusta Generoso Estrella conta 19 anos e tem na fronte o lume do talento, que é o elemento impulsivo da perseverança corajosa e o segredo dos mais audaciosos triumphos”. (CARTAS, 1880)

Maria Augusta Generoso Estrella aportou em Nova York em 23 de abril de 1875, tendo inicialmente se matriculado na Saint-Louis Academy, no Condado de Oswego (Estado de New York), onde permaneceu por um ano. Em 8 de setembro de 1876 buscou transferir-se para outra escola, o New York Medical College and Hospital for Women, em Valhalla, também no Estado de New York. Essa instituição, fundada em 1863 pela médica Clemence Sophia Harned Lozier (1813-1888), professora de doenças das mulheres das crianças, foi uma das primeiras escolas médicas norte-americanas a admitir o ingresso de mulheres. Maria Augusta, posteriormente, publicou uma pequena biografia sobre Clemence Sophia Lozier (BIOGRAPHIA, 1881).

Maria Augusta deparou-se com um importante empecilho a sua matrícula na New York Medical College and Hospital for Women, tendo em vista a idade mínima para ingresso definida pelo regulamento daquela instituição. Em artigo publicado no Diario Carioca, em 1950, o redator afirmou que, fundamentado em documentos cedidos por descendentes de Maria Augusta para a elaboração da matéria, ela teria solicitado manifestar-se em sua defesa junto à Congregação daquela instituição. Assim, em 12 de outubro 1876, perante a Congregação, Maria Augusta teria dito em sua defesa que tinha efetivamente uma idade abaixo da exigida, pelo que pedia perdão, e comentado que tal situação decorria do fato de que vinha de um país no qual o preconceito lhe havia fechado as portas das academias. Argumentou, ainda, que poderia provar ter os conhecimentos suficientes, e assim ser admitida, em caráter excepcional, “considerando-se também a projeção que essa deferência teria nas boas relações entre dois países, e o exemplo que representaria a sua matricula, para o sistema escolar em toda a América” (ERA CARIOCA, 1950).

A Congregação da instituição manifestou-se positivamente a sua solicitação, e marcou seus exames preparatórios para o dia 16 de outubro de 1876. Maria Augusta prestou os exames necessários, e, em 17 de outubro daquele ano, efetuou sua matrícula naquela instituição, sendo ovacionada perante a Congregação, alunos e convidados (PUBLICAÇÕES, 1877).

Maria Augusta, em Nova York, se hospedou, inicialmente, na residência da médica Clara C. Plimpton, formada por aquela instituição e professora da mesma, e posteriormente, na residência da médica Clemence Lozier, dirigente da New York Medical College and Hospital for Women (UMA BRASILEIRA, 1877).

Em 1876, a Companhia Bristol, na qual trabalhava Albino Augusto Generoso Estrella, pai de Maria Augusta, passou por problemas financeiros importantes, e encerrou suas atividades, comprometendo seriamente suas condições econômicas para manter os estudos de sua filha nos Estados Unidos. Esta situação chegou ao conhecimento do Imperador D. Pedro II, o qual, assim como fizera para com outros artistas e cientistas, concedeu, em 20 de outubro de 1877, uma pensão de 100$000 a Maria Augusta Generoso Estrella. Esses recursos, que eram enviados por intermédio do cônsul do Brasil em Nova York, Salvador de Menezes Drummond Furtado de Mendonça, garantiram a permanência e a formatura da aluna no curso de medicina.

Em setembro de 1876, Maria Augusta ainda estudante de medicina em Nova York, traduziu para o português uma das circulares de Cyrenius Chapin Bristol (1811-1884), químico e inventor do “Bristol´s Extract of Salsaparilla”, sobre novas preparações de aveleira magica (AO RESPEITAVEL, 1878; NOVAS, 1879).

Cyrenius Chapin Bristol escreveu, de Nova York, uma nota, reproduzida na edição de 14 de outubro de 1877 do jornal A Reforma, na qual destacou o ingresso de Maria Augusta na escola médica:

“Nessa faculdade (a de senhoras) uma das primeiras do nosso paiz, tem sua digna filha chamado realmente a minha atenção pelo grande progresso feito nos respectivos estudos (...). Deve o meu amigo orgulhar-se de ter uma filha tão distincta pelo talento quanto ornada e virtudes, o que a torna uma gloria para o paiz que representa, e cujo povo terá mais tarde de victorial-a quando ella pisar o solo da pátria como primeira medica brasileira (...)”. (FUTURA. (1), 1877)

Ocorreram outras manifestações na imprensa norte-americana sobre a jovem brasileira, como a publicada, em fevereiro de 1877, no New York Weekly Book, que também ressaltou o significado do ingresso de Maria Augusta numa escola de medicina para mulheres:

“Os direitos e considerações a que tem juz a mulher, se é já uma questão julgada nos Estados Unido, não o é por emquanto na Inglaterra, em França e menos ainda na América do Sul e no Oriente; cremos, porém que a decidida vocação manifestada ultimamente em uma senhora brasileira para a profissão medica, echoará dentro em pouco naquele paiz, onde a marcha do progresso tem sido até hoje tão vagarosa”. (Apud. UMA BRASILEIRA, 1877).

Maria Augusta Generoso Estrella comentou, em cartas ao seu pai, sobre os estudos que estava realizando, e sobre suas primeiras experiências com a clínica, como na correspondência de 31 de março de 1877:

“Já fiz a minha primeira visita medica: foi no dia 23 deste. A dra. Não póde acudir ao chamado e mandou-me em seu lugar. A doente era uma criança de 10 anos, filha de gente paupérrima. Apliquei o remédio e pedi à mãe da criança que, se não houvesse melhora, tivesse a bondade de avisar-me no dia seguinte. Até hoje, porém, ninguém veio procurar-me, o que me leva a crer que a doente ficou boa. A mãe ó me chamava de doutora, com o que dava-me vontade de rir; mas, pude conservar-me séria. Pagaram-me 50 cents. Eu não queria receber, mas não pude esquivara-me às instancias. Logo que cheguei à casa, dei os 50 cents. À dra. Plimpton, mas ela e a dra.Bond riram-se muito quando lhes contei a história, e a dra.Plimpton disse-me que eu guardasse aquele dinheiro como lembrança de minha primeira visita médica. Assim o fiz, e não o gastarei nunca”. (Apud. ERA CARIOCA, 1950)

Ainda em Nova York, Maria Augusta enviou, em 5 de agosto de 1877, uma carta à Sociedade Litteraria Greve Academica, então presidida por Alfredo de Aquino Fonseca, agradecendo por terem lhe conferido um título de sócia correspondente dessa associação, que honrava “a mulher que se instrue” (FUTURA (2). 1877).  

A Gazeta da Noite, em sua edição de 19 de dezembro de 1879, noticiou que Maria Augusta havia sido acometida de erisipela na cabeça e que estava sob os cuidados de Jennie Lozier e Clemence Lozier (DO CORREIO, 1879). Jennie de la Montagnie Lozier (1841-1915) era casada com Abraham Witton Lozier Jr., filho de Clemence Lozier, e era professora de fisiologia da instituição dirigida por sua sogra.

Em 1880, Maria Augusta Generoso Estrella sofreu outro problema de saúde, agora decorrente de um acidente enquanto realizava uma aula prática, uma necropsia, quando se feriu gravemente com o bisturi, e passou por um longo período de recuperação.  Na edição de 26 de abril de 1880, da Tribuna do Povo, foi noticiado que a colação de grau de Maria Augusta havia sido adiada por conta de seu convalescimento em face do acidente, e que seu pai, na época, havia retornado aos Estados Unidos para acompanhar seu restabelecimento (Á ULTIMA, 1880).

A trajetória de Maria Augusta foi bastante comentada não só na imprensa brasileira, como também teria sido tema de uma biografia, publicada em 1878 na Bahia, intitulada “Biographia da Exmª. Snrª. D. Maria Augusta Generoso Estrella”, a qual não se tem clareza quanto a sua autoria (SILVA, 1954, p.35).  Alguns atribuem a autoria desta biografia ao jornalista e escritor baiano Belarmino Barreto (CAPUANO,2002). No Correio da Bahia, de 30 de julho de 1878, foi publicado um anúncio do lançamento desta biografia, sem indicação da autoria, recomendando sua leitura e informando que essa se encontrava à venda, por 1$000 nas lojas dos Sr. Catilina, na Rua do Commercio nº 21, e do Sr. Lefèvre, na Rua Direita de Palacio, em Salvador (AO PUBLICO, 1878). Outro jornal, O Cruzeiro, publicado no Rio de Janeiro, também noticiou o lançamento da biografia, e reproduziu trecho da matéria veiculada no Diario de Noticias (Bahia, 13 de agosto de 1878), que a caracterizara como uma linda biografia, que todos deviam ler, que expunha episódios tocantes da trajetória de Maria Augusta, como o incidente no vapor ““Flamsteed” quando em viagem com seu pai em 1873 (BIOGRAPHIA, 1878).

Por outro lado, em 2 de maio de 1879, o periódico Eccho das Damas. Orgão dedicado aos interesses da mulher, critico, recreativo, scientifico e litterario, de propriedade de Amelia Carolina da Silva e publicado no Rio de Janeiro, começou a veicular, em formato de folhetim, a “Biographia da Exmª. Snrª. D. Maria Augusta Generoso Estrella, sem indicação clara da autoria. A publicação dos folhetins aconteceu em seis edições entre maio e agosto de 1879, no entanto apenas os cinco primeiros números estão disponíveis para consulta. Este ensaio biográfico narrou os primeiros anos da trajetória de Maria Augusta, seus primeiros estudos, sua viagem à Europa com seu pai, e especialmente o período em que passou em Funchal, sem a companhia do pai, estudando no Collegio de Villa-Real (BIOGRAPHIA, 2 de maio de 1879).

No primeiro capítulo desta biografia, o autor destacou as virtudes de Maria Augusta Generoso Estrella, como o amor pelo estudo, a firmeza de caráter e a suavidade do gênio, que representaram predicados importantes para que conquistasse a atenção de outras mulheres, de suas patrícias. Na parte final da biografia, o autor reproduziu algumas das indagações da própria Maria Augusta quando permaneceu sozinha em Funchal, na Ilha da Madeira:

“Porque me deixou ficar? Porque precisa que eu aprenda me instrua. Então a instrucção é uma cousa bem necessária”. (BIOGRAPHIA, 20 de julho de 1879)

Enquanto Maria Augusta prosseguia com seus estudos para tornar-se médica, nos Estados Unidos, em seu país natal continuavam a circular, na imprensa, inúmeras notícias e matérias sobre sua trajetória. Foi inclusive tema de capa e de matéria, num periódico de caráter mais satírico, como O Mequetrefe, em sua edição de 6 de março de 1880. A capa do periódico apresentou uma litografia a vapor de Angelo & Robin, com Maria Augusta ao centro junto a uma mesa com livros, uma taça de Higia (filha de Asclépio, deusa da saúde ou deusa da limpeza), que era o símbolo da farmácia, anjos a coroando, e a legenda de “homenagem do Mequetrefe à doutora em medicina”. E em uma matéria, destacou o fato de Maria Augusta ter sido a primeira brasileira a obter com um diploma acadêmico em medicina (HOMENAGEM,1880).

Além da imprensa, outros meios expressaram a repercussão que a trajetória de Maria Augusta Generoso Estrella alcançara no país, como a colocação de sua fotografia em exposição na vitrine da Livraria Academia, estabelecida na Rua do Imperador nº 79, na cidade de Recife GENEROSO, 1880).

Outros jornais, entretanto, veiculavam matérias que apresentavam alguma preocupação com a celebridade alcançada por Maria Augusta, especialmente tendo em vista o receio que sua imagem pudesse ficar confusa, já que seu pai que anunciava tudo, desde salsaparrilha, aveleira magica, também anunciava a própria filha (PIRUETAS, 1880).

Com o falecimento de seu pai, em junho de 1880, vítima de ataque cerebral, vários amigos de seu pai buscaram destinar donativos para custear seus estudos médicos em Nova York. Vários jornais veicularam notas e matérias sobre a necessidade de auxílio financeiro para Maria Augusta Generoso Estrella. O jornal O Conservador, publicado no Rio de Janeiro, em abril de 1880 reproduziu uma carta de Augusto Cesar de Oliveira, na qual encaminhou um cheque dos srs. Roxo, Lemos & C., no valor de 1:000$, para aumentar seu gabinete de estudo (CARTA, 1880). Outros periódicos publicaram notas sobre donativos para Maria Augusta, como A Constituinte (São Paulo), e o Diario do Maranhão:

“A brasileira Generoso Estrella - O Cruzeiro, a confeitaria Castellões, o dr. Francisco Correia Dinis e João Augusto Pereira de Amorim abriram registro para receberem os donativos com que a generosidade pública quiser subscrever em favor de D. Maria A. Generoso Estrella que acaba de perder o seu extremoso pae, e estuda na America”. (A BRASILEIRA, 1880, p.2)

De acordo com o jornal The Anglo-Brazilian Times, Maria Augusta Estrella foi aprovada nos exames finais da New York Medical College and Hospital for Women, em maio de 1880 (MISS Maria, 1880). Tendo em vista o fato de que, então, tinha apenas 19 anos, Maria Augusta teve que aguardar completar seus 20 anos para receber efetivamente seu diploma. Em janeiro de 1881, Maria Augusta Generoso Estrella entrou no mundo jornalístico, ao fundar, juntamente com Josefa Águeda Felisbella Mercedes de Oliveira (1864-1885), que também estava estudando medicina em Nova York, o periódico A Mulher. Periodico Illustrado de Litteratura e Bellas Artes, consagrado aos interesses e direitos da mulher brasileira. Publicado em Nova York pela Typographia Sul-Americana de E. Perez, o preço de sua assinatura anual era de 5$0000 réis, a qual poderia ser efetuada no Brasil em todas as agências do jornal Correspondencia dos Estados Unidos, propriedade de H. de Aquino, e nos Estados Unidos no endereço Nº.103 West 48th Street-Nova York. Logo em seu primeiro número destacava, em inglês, o significado que aquela publicação teria não só para as mulheres, como também para os homens:

A Mulher is a monthly paper devoted to the advancement of Brazilian Women. Its agents are reliable men in the Empire of Brazil. It is recommended to business men generally as one of the best advertising mediums published". (A Mulher. Periodico Illustrado, n.1, 1881).

Josefa Águeda Felisbella Mercedes de Oliveira, que também havia ingressado na New York Medical College, havia solicitado uma subvenção à Assembleia da Província de Pernambuco, em maio de 1879, para apoiá-la financeiramente, a qual, embora aprovada por membros da instituição, não foi aprovada por seu presidente, Adolpho de Barros. Ao final o negociante José Antonio de Araújo (Visconde do Livramento) e o deputado provincial Silvino Guilherme de Barros (Barão de Nazare) lhe deram apoio financeiro (OLIVEIRA, 1881). O periódico A Mulher. Periodico Illustrado de Litteratura e Bellas Artes, consagrado aos interesses e direitos da mulher brasileira apresentava matérias diversas, biografias de mulher notáveis, crônicas, figurinos de moda, gravuras bíblicas, nas quais destacava a necessidade de as mulheres se imporem na sociedade e de lutarem por seus direitos. Para as redatoras havia duas forças que direcionavam aquela publicação, o amor à pátria e a defesa do sexo feminino, considerado incapaz de receber instrução superior (A PUBLICAÇÃO, 1881). Destacavam a importância de se questionar a visão discriminatória existente com relação às mulheres:

“Queremos ver se podemos, autorizadas pela sciencia e pela historia, provar irrecusavelmente que os homens emittem uma opinião falsa, afim de reconhecer que não fallam diante da sociedade ignorante como presumem. É uma questão physiologica e alta transcendencia, que as mulheres reconheçam que os homens são injustos para com ellas, julgando-as incapazes de concepções sublimes e cometimentos scientificos. (...). E o que dirão os leitores quando apresentar-se-lhes os nomes d´essas mulheres venerandas que abrilhantam a historia das sciencias especulativas e exactas? Que são historia de jornaes para lisongeiarem as mulheres; nós lhe diremos que a sua opinião é apenas para rebaixar o sexo feminino; causando espanto e horror que homens formados em medicina e outras sciencias, cerrem as palpebras a luz da civilisação moderna, considerando a mulher um autômato incapaz de pensar, crear e decidir”.  (A Mulher. Periodico Illustrado, n.1, 1881, p.2)

Na edição de junho de 1881 de A Mulher, trataram o tema da mulher médica:

“Depois que a sciencia resolveo o problema de que a mulher é apta para os mesmos ramos scientificos que o homem ella entendeu dever aprender a sciencia medica para consolar e curar sua semelhante. (....). A sciencia medica não foi revelada somente ao homem: ella pertence ao dominio da generalisação. Que direis vó homens inimigos da emancipação da mulher? Que direis mulheres contaminadas dos preconceitos de inferioridade de vosso sexo?  A instrucção é o unico poder que na sociedade moderna estabelece a correlatividade; as sciencias são o espirito que imprime o movimento evolucionista para provar que tanto a mulher como o homem podem exercer a medicina”. (A MULHER MEDICA, 1881, p.43-46)

O lançamento do periódico A Mulher foi amplamente noticiado na imprensa, em várias províncias do país, e no exterior. Suas fundadoras e redatoras, em nota de agradecimento à boa recepção da publicação, referiram-se aos elogios recebidos de periódicos brasileiros e estrangeiros como Diario do Gram-Para (Belém do Pará), Diario de Pernambuco (Recife), Rio News, A Constituição (Belém do Pará), Evening Mail (New York), Portland News (Maine, EUA) e The Anglo-Brazilian Times (Rio de Janeiro) (AGRADECIMENTO, 1881, p.18). O Diario do Gram-Para, que abriu em seu escritório uma subscrição do periódico A Mulher, noticiou em sua edição de 21 de janeiro de 1881:

“É uma revista de muito merecimento, e da maior ainda quando tem como redactoras as nossas distinctissimas patrícias Maria A. Generoso Estrella e Josepha A.F. Mercedes de Oliveira estudantes de medicina naquella cidade. A Mulher é, pois, jornal que se recommenda por todos os titulos, e, ao mesmo tempo, nos deve encher de justa satisfação por vel-o sob a intelligente direcção de duas jovens, que tão brilhantemente honram a sua patria no estrangeiro [...]. É uma revista com capa, tem 8 paginas e gravuras; custa 5$ por anno, pagos no acto da inscripção”. (Apud. MIRANDA, 2012, p.12).

A Sociedade Ensaios Litterarios, que funcionava desde a década de 1860 no município da Corte, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento intelectual de seus associados e propagar a literatura, enviou uma mensagem de louvor, apresentada por Fidelis P. Lemos, à Maria Augusta e Josefa Águeda pela publicação do periódico A Mulher (A SOCIEDADE, 1881). Outros veículos da imprensa veicularam algumas opiniões questionadoras em relação ao significado do periódico dirigido por Maria Augusta, como foi manifestado na nota na Gazeta da Tarde, em 10 de fevereiro de 1881:

“O destino d´esta folha é uma illusão. Se o periódico se ocupasse realmente de litteratura e bellas artes, modas, receitas de cosinha, leituras amenas, teríamos só elogios para essa publicação, porque veríamos n´ella uma necessidade satisfeita. Mas sahir á lume uma publicação com um titulo que é um sorriso, e vir com ares de athleta, desafiando céus e terra, atirando a luva ao primeiro que queira lutar muscularmente com ella, é uma caricatura. A mulher que combate, é um ser heterogéneo que perde a graça da mulher, sem adquirir a força do homem”. (A MULHER, 1881).

O periódico A Mulher. Periodico Illustrado de Litteratura e Bellas Artes, consagrado aos interesses e direitos da mulher brasileira teria interrompido sua publicação, em seu número 6, em junho de 1881 (A MULHER, 1883).

Algumas matérias, por outro lado, ao comentarem sobre a trajetória de Maria Augusta, questionavam o que representava uma mulher abandonar a casa para se dedicar à medicina, pois estaria trocando “o papel de educadora pelo papel de curandeira” (O DIARIO, 1881).

Em 29 de março de 1881 Maria Augusta Generoso Estrella diplomou-se como médica no New York Medical College and Hospital for Women, com a tese sobre “Moléstias da pele”. Na lista dos graduados da New York Medical College and Hospital for Women, publicada no livro “History of Homœopathy and its Institutions in America”, de William King, constou seu nome como Maria Generoso Estrella, entre os diplomados em 1881 (KING, 1905, p.148).

O jornal Correspondencia dos Estados Unidos reproduziu uma carta de Maria Augusta, apresentada no momento em que recebera o diploma,  na qual teria feito agradecimentos e nominado os professores do New York Medical College and Hospital for Women: J. Monfort Schloy (terapêutica e matéria médica), Guilherme J. Bance, Luiz Gerrari (anatomia), Mary E. Bonde (matéria médica), H. Boyreton (clínica oftalmológica), J. G. Brenpmas, Jennie de la Montaigne Lozier (fisiologia), Clemence Sophia Lozier (diretor da clínica de mulheres), P. J. B. Buit (partos), L. L. Daufrott (moléstias de crianças), Henrique A. Mott Jr. (química), Edmund Carlton Jr. (cirurgia), Luiz Malloch, R. M. Murray, e Henrique Paine (DRA GENEROSO, 1881).

Por ocasião da cerimônia de doutoramento, Maria Augusta recebeu, das mãos da diretora da escola, Clemence Sophia Lozier, uma medalha por seu desempenho nos estudos (UMA DOUTORA, 1881). De acordo com matéria de O Globo, de 3 de novembro de 1882, esta medalha ficou depois exposta na casa editorial Lino & Faro, de propriedade de Thomaz Lino D´Assumpção e de Luiz de Faro Oliveira, estabelecida na Rua Gonçalves Dias nº49, no Rio de Janeiro (D. MARIA, 1882). Já formada permaneceu, ainda, um ano nos Estados Unidos, onde praticou medicina, principalmente atendendo em partos e realizando consultas obstétricas.

De volta ao Brasil, desembarcou no Maranhão em 4 de março de 1882 (A DOUTORA, 1882). Em seguida seguiu, a bordo do vapor “Clandon”, passando por Recife, e seguindo em direção ao Rio de Janeiro (COM DESTINO, 1882). Já no Rio de Janeiro, participou de uma audiência com o Imperador D. Pedro II, na qual agradeceu o apoio recebido e expressou sua determinação em revalidar o seu diploma no território brasileiro (D. MARIA, 1882).  

Seu diploma foi reconhecido em documento conferido por Salvador de Mendonça, cônsul do Brasil em New York à época, e por Joaquim Tomás de Amaral (2º Barão de Cabo Frio), Diretor Geral da Secretaria de Estrangeiros:

“Reconheço verdadeiras as assinaturas de (?) Presidente da Academia de Medicina de New York para senhoras e da Drª Amelia Wright, secretária da mesma Academia, e certifico que o presente documento está revestido de todas as formalidades exigidas pelas leis deste país, e para constar onde convier, e a pedido da Drª Maria Augusta Generoso Estrella, passei a presente que assinei e fiz zelar com o zelo dos Imperiais (?) deste Conselho Imperial do Brasil seus Estados (?), de New York aos dois de Dezembro de mil oitocentos e oitenta e um.

Dr. Salvador de Mendonça. Joaquim Tomás de Amaral

Reconheço verdadeira a assinatura de Sr. Salvador de Mendonça, Cônsul Geral do Brazil em Nova York. Ministério dos Negócios Estrangeiros.

Rio, 06 de março de 1883

O Diretor Geral Barão de Cabo Frio”. (Apud. CAPUANO, 2002, p.91)

Segundo alguns autores, Maria Augusta, já de regresso no Rio de Janeiro, teria frequentado os cursos da 1ª série médica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e prestado o respectivo exame buscando atender as exigências do processo de revalidação de seu diploma no Brasil, para poder exercer seu ofício. Procurava atender, assim, ao disposto pelo decreto nº 7.247, de 19 de abril de 1879, que em seu art. 24º, § 22, dispunha que “nenhum doutor ou bacharel em medicina ou cirurgia de instituições medica estrangeiras poderá assignar, annunciar ou dizer-se formado pelas Faculdades do Imperio sem que faça todos os exames exigidos aos estudantes graduados nas mesmas Faculdades” (BRASIL, 1879). De acordo com o relatório, de 1884, de Vicente Cândido Figueira de Sabóia (Visconde de Sabóia), então diretor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Maria Augusta Generoso Estrella e Josepha Mercedes de Oliveira teriam frequentado as aulas do curso de medicina como alunas:

“No anno findo tambem frequentaram os cursos da 1ª serie medica cinco alumnas matriculadas D. Elisa Borges Ribeiro, a doutora pelo Collegio Medico de New-York D. Generoso Estrella, e sem matricula D. Josepha Mercedes de Oliveira. (....) Pelo meio do anno a alumna Generoso Estrella deixou de comparecer aos cursos, e Maria Mercedes apresentou-me, em outubro, uma queixa contra o alumno de 3ª serie pharmaceutica Anastacio Ferreira Dias, accusando-o do haver offendido os seus sentimentos de mulher”. (RELATÓRIO, 1884, p.20)

No entanto, o registro da revalidação de diploma de Maria Augusta Generoso Estrella não consta da lista de teses defendidas e/ou revalidadas entre 1833 e 1985, apresentada no Catálogo de Teses da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro (UFRJ, 1986). Maria Augusta Generoso Estrella manifestou-se, em várias oportunidades, defensora da abolição de escravos, tendo, inclusive, integrado o Club Abolicionista, em Recife. O jornal Diario de Pernambuco, em 25 de outubro de 1882, publicou uma nota, assinada pela médica Maria Augusta, na qual agradecia lhe ter sido conferido um diploma de sócia deste Club Abolicionista:

“Adepta fervente da abolição da escravidão de minha pátria, orgulho-me em ter sido lembrada para socia do Club Abolicionista. 24 de outubro de 1882. Dra. Estrella”. (AO CLUB, 1882)

De acordo com as notícias da época, Maria Augusta Generoso Estrella e Jovelina Alves de Oliveira, irmã de Josefa Águeda Felisbella Mercedes de Oliveira, teriam discursado em 28 de setembro de 1882 no Teatro Santa Isabel, em Recife, numa sessão de abertura do Club Abolicionista daquela cidade (IMPRENSA, 1882). Nesta ocasião teria proferido o seguinte discurso:

“Convidada pelos ilustres membros do Clube Abolicionista para assistir à festa da liberdade de alguns escravos, sinto-me entusiasmada, porque ela simboliza o fervoroso amor à causa da salvação de uma parte da família brasileira, que se acha ainda sob a lei cruel do cativeiro! Sim, meus Senhores e Senhoras, meu coração estremece de infinita alegria por ver que, a terra onde nasci em breve não será pisada por um pé escravo (...) O dia de hoje exprime duas sublimes manifestações: a do governo e Câmara dos Deputados que votou a lei da emancipação dos filhos de escravos, e da mocidade que, sentindo pulsar-lhe o coração em prol da causa dos escravos, tem trabalhado com energia inexcedível para diminuir o numero das vitimas de uma lei inumana e anti-social, que reduziu a criatura humana á cousa e não pessoa! Ah! Nada mais abjeto e vil do que separar de um todo útil uma parte para vilipendiá-la! Admira, certamente, como homens que estudaram o direito humano, que dizem acreditar em Deus; como os apóstolos de cristo possuíssem ou possuam escravos (...). Esta festa é precursora de uma conquista da luz contra as trevas, da verdade contra a mentira, da liberdade contra a escravidão”. (Apud SILVA, 2014, p.48).

Os jornais de diversas províncias do país noticiaram a presença de Maria Augusta, especialmente no Maranhão e em Recife, como veiculou o Diario do Maranhão em edições de março e abril de 1882 (A DRA. Generoso, 31 mar. 1882; A DRA. GENEROSO, dezembro 1882; DOUTORA, 1882). Carlos Antonio de Paula Costa, médico e criador do periódico A Mãi de Familia, em 1882, também publicou uma matéria ressaltando as qualidades da Maria Augusta Generoso Estrella, médica recém-formada (COSTA, 1882).

No Rio de Janeiro, ainda em 1882, Maria Augusta Generoso Estrella visitou as aulas do sexo feminino do Lyceu de Artes e Officios, então dirigido por Francisco Joaquim Bittencourt da Silva, quando manifestou seu contentamento pela criação daquele estabelecimento (A EXMA. Sra., 1882).

Maria Augusta Generoso Estrella, após seu casamento, exerceu seu ofício como médica num consultório que funcionava nos fundos da Pharmacia Normal e Drogaria, de propriedade de seu esposo, o farmacêutico Antonio da Costa Moraes, estabelecida na Rua Primeiro de Março nº 3, no Rio de Janeiro. Maria Augusta Generoso Estrella dedicou-se principalmente ao atendimento de mulheres e crianças, e de forma gratuita, daqueles que não podiam pagar, e colaborou na elaboração das fórmulas comercializadas na farmácia de seu esposo (CAPUANO, 2002).

Em 1885 foi noticiado pelo Diario do Maranhão a morte de Josefa Águeda Mercedes Oliveira, parceira de Maria Augusta Estrella na redação de A Mulher. Periodico Illustrado de Litteratura e Bellas Artes, consagrado aos interesses e direitos da mulher brazileira. Os poucos registros sobre sua trajetória, entretanto, indicam que Josefa Águeda tenha desistido do curso de medicina, nos Estados Unidos, por motivo de saúde. A notícia de seu falecimento, publicada no Diario do Maranhão, em 1º de abril de 1885, informou que Josefa Águeda, que falecera em São Paulo, havia estudado em Nova York com Maria Augusta Estrella e cursado o curso médico na cidade do Rio de Janeiro (FALLECEU, 1885).

Após o falecimento de seu esposo, Antonio da Costa Moraes, em 1908, Maria Augusta Generoso Estrella, diminuiu o ritmo de atendimentos médicos que realizava, mas não abandonou por completo a profissão, pois ainda participava de avaliações diagnósticas com seus colegas de profissão (BEGLIOMINI, 2013).

Em sua homenagem foi conferido seu nome a ruas em diversas cidades brasileiras: Poços de Caldas (Minas Gerais), Porto Alegre (Rio Grande do Sul), Rio de Janeiro (Rio de Janeiro).

Maria Augusta Generoso Estrella é patrona da cadeira nº 64 da Academia de Medicina de São Paulo.

Em 8 de março de 1999, a Mesa Diretora da Câmara Municipal do Rio de Janeiro conferiu a Medalha de Mérito Pedro Ernesto "Post Mortem" à Maria Augusta Generoso Estrella (CÂMARA, 2024).

Produção intelectual

- “Moléstias de pele”. These. New York Medical College and Hospital for Women, New York, 1881.

- A Mulher. Periodico Illustrado de Litteratura e Bellas Artes, consagrado aos interesses e direitos da mulher brazileira, New York, anno I, n.1, janeiro 1881. Redatoras: Maria Augusta Generoso Estrella, Josefa Águeda Felisbella Mercedes de Oliveira.

Fontes

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- A DRA. GENEROSO Estrella. O Despertador, Desterro, anno XX, n.2.057, p.2, 23 de dezembro de 1882. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 11 dez. 2023. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/DocReader/709581/7927

- A EXMA. Sra. Dra. O Bond. Periodico Recreativo e Noticioso, Rio de Janeiro, anno I, n.2, p.3, 19 nov. 1882. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 5 jan. 2024. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/DocReader/232025x/7

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- A Mulher. Periodico Illustrado de Litteratura e Bellas Artes, consagrado aos interesses e direitos da mulher brazileira, New York, anno I, n.1, janeiro 1881. In: FUNDAÇÂO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 8 nov. 2023. Online. Disponível na Internet: https://memoria.bn.br/DocReader/DocReader.aspx?bib=732907&pagfis=1

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Ficha técnica

Pesquisa - Ana Carolina de Azevedo Guedes, Maria Rachel Fróes da Fonseca.

Redação - Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes. 

Forma de citação

ESTRELLA, MARIA AUGUSTA GENEROSO. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 21 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario

 


Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)