LACERDA FILHO, JOÃO BAPTISTA DE

De Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
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Outros nomes e/ou títulos: Lacerda, João Baptista; Lacerda, João Batista; Lacerda, Batista; Lacerda Filho

Resumo: João Baptista de Lacerda Filho nasceu na cidade de São Salvador de Campos dos Goytacazes, então província do Rio de Janeiro, no dia 12 de julho de 1846. Ingressou, em 1865, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e defendeu, em 1871, a tese intitulada “Das indicações e contra-indicações da digitalis no tratamento das molestias dos apparelhos circulatorio e respiratorio”. Foi subdiretor da seção de antropologia, zoologia geral e aplicada e paleontologia geral (1876), secretário (1878), diretor interino (1884-1885; 1888-1890), e diretor geral (1895-1915) do Museu Nacional, e, também foi subdiretor (1880-1884), e diretor (1884-1891) do Laboratório de Fisiologia Experimental, anexo a esta instituição. Destacou a importância dos estudos no campo da antropologia, da etnografia e da arqueologia, e desenvolveu inúmeros estudos sobre patologia animal e humana, febre amarela, beriberi e zoonoses. Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 6 de agosto de 1915.

Dados pessoais

João Baptista de Lacerda Filho nasceu na cidade de São Salvador de Campos dos Goytacazes, então província do Rio de Janeiro, no dia 12 de julho de 1846. Era filho de João Baptista de Lacerda, natural de Campos dos Goytacazes, e de Maria da Assumpção Cony de Lacerda, pertencente a uma família portuguesa de origem francesa. Seu pai, João Baptista de Lacerda, nascido em 4 de novembro de 1819, doutorou-se em 1843 na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com a tese “Algumas considerações sôbre a rhinoplastia”, clinicou por muitos anos em Campos dos Goytacazes, foi vereador da Câmara Municipal, e faleceu em 4 de novembro de 1879 (ELOGIO, 1879; FALLECIMENTO, 1879). Registra-se que João Baptista de Lacerda Filho, ao longo de sua vida, foi comumente referido e apresentado apenas como João Baptista de Lacerda, o mesmo nome de seu pai.

O casal João Baptista de Lacerda e Maria da Assumpção Cony de Lacerda teve 14 filhos, entre os quais registra-se: João Baptista de Lacerda Filho, médico, Candido de Lacerda, advogado e diretor do Liceu de Humanidades, de Campos dos Goytacazes, Luiz Carlos de Lacerda, fundador do jornal abolicionista Vinte e Cinco de Março, Antonio Guilhermino Cony de Lacerda, jornalista, Alvaro de Lacerda, médico, Umbelina Narcisa Cony Lacerda, Maria de Lacerda, Ignacio Gentil de Lacerda e Francisco Aurelio de Lacerda (MARIA, 2024; ELOGIO, 1880). Seu sobrinho, João Baptista de Lacerda Sobrinho, filho de seu irmão Luiz Carlos de Lacerda, foi médico, jornalista e diretor do laboratório do Matadouro de Santa Cruz, inaugurado em 1881 na Fazenda Imperial São José, zona Oeste da cidade. Lacerda Sobrinho faleceu em 1906, em decorrência da peste bubônica.


João Baptista de Lacerda Filho casou-se em duas ocasiões, sendo a primeira em 1872, com Inês Antonia de Faria, com quem teve oito filhos, e em 1890, após ficar viúvo, casou-se com Maria Madalena de Matos Faro, tendo tido nesse casamento mais três filhas (BENCHIMOL, 1999). Entre suas filhas estão Magdalena de Lacerda Bicalho, e Sylvia de Faro Lacerda, essa de seu segundo casamento.

Faleceu na cidade do Rio de Janeiro no dia 6 de agosto de 1915.

Trajetória profissional

João Baptista de Lacerda Filho fez o curso primário na cidade de Campos dos Goytacazes. De acordo com Magdalena de Lacerda Bicalho, uma de suas filhas, Lacerda Filho teria tido, durante sua infância, uma saúde precária devido a inúmeras crises de asma (BICALHO, 1946, p. 18).

Seguiu para o Rio de Janeiro, em 1858, onde iniciou os estudos secundários no internato do Imperial Collegio de Pedro II, tendo se titulado bacharel em letras em 1864. Durante sua formação nesta instituição, João Baptista de Lacerda Filho elaborou o trabalho intitulado “Historia do Teatro Grego”, e destacou a importância de sua formação naquela instituição, por ter fornecido uma instrução segura, e preparado seu espírito “por uma variedade de conhecimentos bem adquiridos, a entrar com firmeza nas especialidades que constituem a matéria prima das várias profissões liberais” (Apud. BICALHO, 1946, p.20-21).

Ingressou, em 1865, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na qual diplomou-se em 15 de dezembro de 1870, e defendeu, em 1871, a tese intitulada “(Sciencias medicas) Das indicações e contra-indicações da digitalis no tratamento das molestias dos apparelhos circulatorio e respiratorio. (Secção medica) Oleo de figado de bacalháo considerado pharmacologica e therapeuticamente. (Secção cirurgica) Tracheotomia. (Secção accessoria) Das quinas e suas preparações pharmaceuticas”.

João Baptista de Lacerda Filho destacou a importância das cadeiras ministradas naquela escola de medicina, como a de clínica e cirúrgica com Vicente Cândido Figueira de Sabóia, e a de clínica médica, com João Vicente Torres Homem:

“O ensino das ciências médicas era naquela época, em sua generalidade, imperfeito, incompleto, reduzido muitas vêzes a uma simples repetição de compêndios, sem nenhuma demonstração prática, sem o prestígio da autoridade científica do professor. (...). Devo abrir entretanto duas exceções ao geral desaproveitamento do <<ensino médico, nagueles tempos. Nas cadeiras de clínica médica e cirúrgica ensinavam dois professôres com proficiência e entusiasmo. Vicente Sabóia na clínica cirúrgica, Torres Homem, na clínica médica desafiavam o confronto com os melhores professôres das Faculdades européias” (Apud. BICALHO, 1946, p.21).

Em 1877 inscreveu-se no concurso para a vaga de lente substituto de ciências médicas da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, mas não obteve sucesso.

Em novembro de 1878, Lacerda Filho retornou, a bordo do vapor “Imbetiba”, a sua cidade natal, onde passou a clinicar junto com seu pai, João Baptista de Lacerda, de quem herdaria a Casa de Saúde Santana estabelecida naquela cidade (BENCHIMOL, 1999). Ainda em Campos dos Goytacazes, Lacerda Filho foi, juntamente com o médico José Alexandre Teixeira de Mello e o jornalista Francisco Gil Castello Branco, responsável pela publicação Lux. Revista Scientifico-Litteraria, lançada em 1874, a qual teve doze números que circularam entre julho e dezembro desse ano. Em seus “Estudos Clínicos e Terapêuticos”, publicados em 1875, Lacerda Filho relatou sua experiência como um médico da província (SAMPAIO, 1946, p.87).

Transferiu sua residência, em 1876, para a cidade do Rio de Janeiro, quando trabalhou interinamente como chefe de uma enfermaria do hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro função esta que depois renunciou.

Foi nomeado, pelo decreto de 9 de fevereiro de 1876, subdiretor da seção de antropologia, zoologia geral e aplicada e paleontologia geral do então Museu Imperial e Nacional, e neste período iniciou seus estudos experimentais. Por meio da portaria de 31 de dezembro de 1878 foi indicado para ser secretário da instituição, posto no qual serviu até novembro de 1883, e em janeiro do ano seguinte assumiu como diretor interino desta seção, tendo sido efetivado no cargo por decreto de 21 de fevereiro de 1885. Ocupou, novamente, o posto de diretor interino da instituição, entre 5 de setembro de 1888 e janeiro de 1890. Foi nomeado, por decreto de 7 de janeiro de 1895, diretor geral do Museu Nacional, e permaneceu neste posto até agosto de 1915 (ACADÊMICO, s.d.). Foi, também, membro da comissão de redação do periódico Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, lançado em 1876, em cujo primeiro volume comentou acerca da antropologia mundial:

"Haverá quando muito um século que a anthropologia, a mais nova de todas as sciencias, começou a offerecer um campo às investigações dos sábios. Já então Blumenbach tinha accumulado grande material tirado da craniologia para estabelecer as distinções das raças humanas e Buffon lançado as bases das sciencias naturaes do hommem, havia celado a ethnografia ou descripção dos povos. Seguindo o caminho (...) Retzius, Pritchard, Wagner (...) concorreram para aumentar dominios da anthropologia.” (LACERDA FILHO, 1876, p.47)

Foi subdiretor, em 1880-1884, e diretor, 1884 -1891, do Laboratório de Fisiologia Experimental, anexo ao Museu Imperial e Nacional. Em 1891, o então Laboratório de Fisiologia Experimental foi reorganizado como Laboratório de Biologia do Ministério da Agricultura, separado do Museu e instalado num prédio provisório na Rua do Senado, com o objetivo de realizar estudos e pesquisas científicas sobre doenças que atacavam animais, além de preparar e fornecer vacina anticarbunculosa.

Ao assumir, em 1895, a direção do Museu Nacional, Lacerda Filho diminuiu seus trabalhos de pesquisa passando a dedicar-se mais à administração, mas continuou publicando artigos ainda inéditos (LOPES, 1997). Realizou, ao longo dos vinte anos que dirigiu o Museu, três reformas no regulamento interno, e deu continuidade ao trabalho de seu antecessor Ladislau de Souza Mello Netto com relação à organização e estrutura do museu, especialmente no sentido de moldá-lo à maneira dos grandes centros europeus, e priorizar o cientificismo. Como diretor da instituição, destacou a importância “dos nossos recursos intellectuaes e dos nossos institutos de ensino e de sciencia” (LACERDA, 1905, p.74).

Nesta perspectiva apresentou as seguintes providências e reformas administrativas a serem adotadas no Museu Nacional:

“1ª. Reformar o actual regulamento, de modo a tornarem-se obrigatórias, como outr´ora o foram, as conferencias publicas feitas pelos professores e assistentes. (...). 2ª. Pelos factos, e com a experiencia longa que tenho no que diz respeito ao desenvolvimento scientifico do Museu, posso certificar que a collaboração de estrangeiros, nos trabalhos do Museu, em diversas especialidades, foi até hoje das mais fecundas. (...). O regulamento vigente, porém, tem disposições que trancam as portas a estes úteis collaboradores; (...). Por conveniência do Museu, devem ser supprimidas essas disposições obsoletas (...). 3ª Restabelecer os logares de naturalistas viajantes é outra providencia que carece ser tomada sem delongas. (...). 4ª (...). Convem, pois, que a actual consignação, destinada à compra de objectos e colleções de productos naturaes seja elevada a 15:000$000. (...). 5ª Entre nós o amor à sciencia não está ainda tão desenvolvido e apurado que por elle haja quem queira fazer sacrifícios voluntários de tempo e dinheiro. (...). Eis por que julgo que será de grande utilidade para o Museu, instituir-se um premio de emulação, o qual consistirá em uma viagem à Europa, ou aos Estados Unidos, afim de visitar os museus desses paizes (...). 6ª. O parque do Museu, que representa o mais bello trecho da Quinta da Boa Vista, como elle está aactualmente descurado, constitue um pesadíssimo encargo para administração desse estabelecimento. (...) Já agora, que se vae transformando a cidade do Rio de Janeiro, (...) completemos esses importantes melhoramentos com um grande parque, destinado aos passeiso a cavallo, em carro, em bycicletas, em automóveis, como se vêem em outros paizes da Europa e da America. (...) A conservação do parque correria por conta da Municipalidade.” (LACERDA, 1905, p.139-144)

A trajetória e a obra de João Baptista de Lacerda Filho estiveram intimamente ligadas ao Museu Imperial e Nacional, especialmente por ter encontrado neste espaço institucional as condições adequadas para realizar suas investigações no campo da ciência experimental (DIAS, 1946, p.47).

Os trabalhos mais relevantes que projetaram o nome de João Baptista de Lacerda Filho e, também do Laboratório de Fisiologia Experimental, foram seus estudos sobre a ação neutralizante do permanganato de potássio sobre o veneno dos ofídios. Após inúmeras experiências, Lacerda Filho acreditava ter descoberto o tão valioso antídoto. Para comprovar tal fato, em 11 de julho de 1881 realizou uma experiência, perante o Imperador Pedro II, autoridades da Corte e professores de escolas superiores, na qual obteve pleno êxito, conforme noticiado no Jornal do Commercio, em sua edição de 13 de julho de 1881 (ANTIDOTO, 1881, p.1).

Em sua trajetória profissional Lacerda Filho procurou destacar a importância da ciência para o progresso e crescimento do país:

“A Ciência não pode falir, dizia êle, porgue ela é em si mesma uma fôrça irredutível e invencível, a que tôdas as outras estão sujeitas, e ante a qual a natureza se curva como escrava. Não nos descuidemos, pois, de dar maior impulso aos estudos científicos em nosso país, de encaminhá-los para o terreno da experimentação, «único que pode dar proveitosos frutos”. (Apud BICALHO, 1946, p. 29)

Ressaltou a importância da instrução da sociedade, e nesta direção, destacou o papel do Museu Nacional, instituição esta que, segundo seu regulamento aprovado pelo decreto nº 9.211, de 15 de dezembro de 1911, teria como objetivo estudar e divulgar a história natural do país, coligir e classificar cientificamente seus produtos, realizar estudos e pesquisas sobre a entomologia e fitopatologia agrícolas, a química vegetal e mineral, e realizar cursos públicos sobre aquelas temáticas científicas, e vulgarizar os conhecimentos e pesquisas realizadas por meio dos Archivos do Museu Nacional e do Boletim do Ministério (BRASIL, 1911).

Considerando a importância da realização de cursos para divulgar as ciências para o público, Lacerda Filho, ministrou, no Museu Imperial e Nacional, em 1877, o primeiro curso de antropologia realizado no país. Em documento de sua autoria, apresentou o programa do curso:    

“O curso de Antropologia do Museu Nacional será feito em dois anos. No primeiro nos ocuparemos com o estudo da anatomia e da fisiologia do homem. No ano seguinte nos ocuparemos com o estudo «ias raças humanas, principalmente das raças da América, tocando incidentalmente nas questões de herança, mestiçagem e aclimação. As grandes questões gerais de monogenismo, poligenismo e transformismo ficarão para o fim. O estudo da anatomia e da fisiologia far-se-á simultâneamente, isto é, à descrição anatômica de cada aparelho orgânico acompanhará o estudo da função ou funções gue lhes pertencerem. Abriremos o curso dêste ano com o estudo das funções de nutrição e terminaremos com as funções de relação.” (Apud. FARIA, 1946, p.12)

Destacou a importância dos estudos no campo da antropologia, da etnografia e da arqueologia:

“No rumo em que tem sido levado ultimamente o estudo das raças indígenas americanas, procurando-se vencer os tempos prehistoricos da América,(....) ; as investigações anthropologicas, ethnographicas e archeologicas concernentes ao Brazil, assumiram uma importância extraodinaria, de primeira ordem. (...). A archeologia, pois, constitue uma base tão valiosa para o estudo das raças americanas quanto a craneologia. Aquella ajuda-nos a reconstituir a historia dos povos que deixaram monumentos e objectos de arte; esta a buscar as relações ethnicas de muitas raças extinctas, com as raças actuaes mediante o confronto dos craneos e dos ossos do esqueleto.” (LACERDA, 1905, p.96-98)

O estudo intitulado “Contribuições para o estudo anthropologico das raças indigenas do Brazil “, de sua autoria e de José Rodrigues Peixoto, também do Museu Imperial e Nacional, publicados nos Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, em 1876, serviu de base para colocar em evidência aspectos fundamentais da paleoantropologia brasileira e alcançou repercussão até no mundo científico internacional. Jean Louis Armand de Quatrefages de Brèau (1810-1892), naturalista francês e autor de “Métamorphoses de l´homme et des animaux” (1862), endereçou, em 23 de dezembro de 1876, uma carta a Lacerda Filho, na qual elogiou bastante este seu artigo com Rodrigues Peixoto:

“Je viens de recevoir et de lire avec um grand intéret votre travail sur la craniologie du Brésil. (....). Nous avons enfin, grâce à vous, unne idée de ce que sont les crânes vues par Lund. Je vais voir si j´y suis à temps encore dans un volume que j´y imprime à ce moment même. (...) Mais ce qui m´a le plus frappé dans votre travail c´est le croquis de votre calotte cranienne de Ceará. Il est imposible d´y méconnaitre les caractères de notre race de Canstadt, comprenant entre autres les crânes d´Eguisheim et de Néanderthal. Voilá donc aussi en Amérique ce type si remarquable que nous trouvons à l´état fossile dans le plus bas niveaux de nos alluvions, (...). Veuillez agréer tous les deux, avec mes remerciements, l´expression de ma considération la plus distingue. Quatrefages". (ARCHIVOS do Musêo, 1877, p.2) 

No estudo intitulado “Documents pour servir à l'histoire de l'homme fossil du Brèsil”, publicado pela Société d`Anthropologie de Paris, em 1878, Lacerda Filho apresentou as primeiras considerações relativas à caracterização craniológica dos primeiros habitantes do Brasil (FARIA, 1946, p.11).

Para Luiz de Castro Faria, antropólogo do Museu Nacional, João Baptista de Lacerda Filho teria sido o primeiro pesquisador a ter demonstrado empenho e dedicação no estudo das questões antropológicas, como havia apresentado em sua memória sobre o homem dos sambaquis, publicada em 1885 (FARIA,1946, p.13). Na Revista da Exposição Antropológica, lançada em 1882 e dirigida por Alexandre José de Mello Moraes Filho, encontravam-se muitos dos estudos sobre antropologia elaborados por João Baptista de Lacerda Filho (FARIA,1946).

Além das pesquisas sobre a etnografia das raças indígenas brasileiras, Lacerda Filho também se dedicou a estudos no campo da fisiologia, estudos do curare, dos venenos de cobras e sapos e dos extratos de plantas tóxicas (DIAS, 1946).

Seus estudos sobre o "curare" e o veneno das cobras tornaram-se célebres. Sua descoberta acerca do permanganato de potássio como antídoto dos venenos dos ofídios lhe conferiu grande reconhecimento, inclusive internacional. Em 11 de julho de 1881 apresentou essa sua descoberta perante o Imperador D. Pedro II, autoridades da Corte, e professores e cientistas. A notícia foi publicada no Jornal do Commercio, em 13 de julho de 1881, e comunicada a centros científicos europeus, dando início a uma verdadeira polêmica, pois o referido experimento teria sido feito na Índia, por Joseph Fayrer (1824-1907), médico particular da rainha Victoria e presidente do Medical Board of Indian Office e da Medical Society of London, sem apresentar resultados satisfatórios. João Baptista de Lacerda procurou demonstrar, em sua análise, que havia ocorrido uma falha na experiência de Joseph Fayrer, apresentada no trabalho “The Thanatophidia of Índia being a deswcription of the venomous snakes of the Indian Penisula, with na account of the influence of their poison on life; and a series of experiments” (1872), especialmente por este não ter seguido, com o devido rigor, o método de experimentação fisiológica (ANTIDOTO, 1881).

Esta polêmica teve como palco o Royal Colege of Surgeons, em Londres, e repercutiu nas colunas editoriais do jornal inglês The Times, conforme retratou João Arthur de Souza Corrêa, Secretario da Legação Brasileira naquela cidade européia, ao mordomo do Imperador D. Pedro II em 8 de novembro de 1881:

“Sabendo o interesse que o Imperador tem tomado nas experiências do Dr. João Baptista de Lacerda, rogo a V. Ex. se sirva pôr debaixo dos olhos de Sua Magestade os cinco inclusos retalhos do Times contendo uma correspondência entre a Brasilian e F.R.C.S. (fellow of the Royal College of Surgeons) a respeito do permanganato de potassa como antidoto da peçonha das cobras. Ahi se vê contestada a descoberta do Dr. João Baptista de Lacerda, allegando F.R.C.S. que na obra de Sir Joseph Fayrer The Thanatophidia of Índia, pág.94, acham-se transcriptas as experiencias feitas em 1869 com o referido antídoto, as quaes não foram consideradas satisfactorias. A Brasilian replicou insistindo com diversos exemplos na efficacia das experiências feitas no Brazil”. (LACERDA, 1905, p.122)

No artigo “An Address of the nature of snake-poison; its effects on living creatures, and the present aspect of the treatment of the poisoned”, de Joseph Fayrer, publicado no The British Medical Journal, foi apresentada detalhadamente a experiência de João Baptista de Lacerda Filho sobre a ação neutralizante do permanganato frente ao veneno de ofídios (FAYRER, 1884). Nas páginas do Times, Lacerda Filho afirmou que as experiências de Joseph Fayrer e de Thomas Lauder Brunton (1844-1916), publicadas em 1875 nos Proceedings of the Royal Society, teriam apresentado resultados negativos (BENCHIMOL, 1999, p.183).

As pesquisas de João Batista de Lacerda Filho sobre o curare lhe renderam outras referências em publicações estrangeiras, como nos estudos do clínico e farmacologista escocês Thomas Lauder Brunton, autor de “Remarks of snake venom and its antidotes” (BRUNTON, 1891), do médico inglês Richard Norris Wolfenden (1854-1926), autor de “On the nature and action of the venom of poisonous snakes” (WOLFENDEN,1886), do bacteriologista japonês Hideyo Noguchi (1876-1928), autor de “Snake venoms. An investigation of venomous snakes with special reference to the phenomena of their venoms” (NOGUCHI, 1909), e do pensador e poeta cubano José Martí (MARTÍ [1], 1881; MARTÍ [2], 1882).

De fato, suas pesquisas chegaram nos espaços institucionais europeus. Em 16 e abril de 1883, Lacerda Filho apresentou, na Société de Médecine de Londres, uma comunicação sobre o permanganato de potássio, a qual foi publicada no jornal The Lancet. E seu estudo sobre a ação neutralizante do permanganato de potássio sobre o veneno dos ofídios foi noticiado nas páginas do periódico francês Journal d´Hygiene, em 11 de agosto de 1911 (GOMES, 2013, p.114). Posteriormente, em 7 de junho de 1911, Lacerda Filho apresentou no Institut Marey, em Paris, a convite do fisiologista Charles Robert Richet (1850-1935), uma comunicação sobre o curare.

Lacerda Filho desenvolveu, também. estudos sobre problemas da patologia animal e humana, sobre a febre amarela, o beriberi e as zoonoses, que acometiam as criações de gado no país.

Seus estudos alcançaram resultados importantes sobre a temática da ação fisiológica da peçonha dos ofídios, especialmente graças às experiências que realizou em animais de diferentes espécies. As descobertas de Lacerda Filho, sobre a natureza da peçonha das cobras e sobre a eficácia do uso do permanganato de potássio contra substâncias fermentativas (peçonhas ou “vírus), foram comunicadas por Ladislau de Sousa Mello e Neto, então diretor do Museu Imperial e Nacional, em 6 de julho de 1881, a Manuel Buarque de Macedo, Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas (BENCHIMOL, 1999). Por meio do decreto nº 3.251, de 13 de setembro de 1884, foi concedido um prêmio no valor de 30:0000$000, em moeda corrente, a João Baptista de Lacerda, por sua descoberta da ação do permanganato de potassa como antídoto do veneno ofídico.

Sua obra "Leçons sur le venin des serpents du Brésil et sur la méthode de traitement des morsures venimeuses par le permanganate de potasse”, publicada em 1884, foi comentada por Antônio José Pereira da Silva Araújo, médico adjunto da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Em matéria publicada no periódico União Medica, que havia sido fundado em 1881 no Rio de Janeiro, Silva Araújo comentou sobre a obra, sua relevância, o significado de sua publicação em francês, e o prêmio que Lacerda Filho havia recebido:

“O novo livro do Dr. Lacerda é uma obra que deve occupar igualmente a estante do naturalista, do physiologista e do clinico. A nenhum pratico do Brasil, e bem assim de todos os paizes,  (...), é licito hoje em dia ignorar o methodo de tratamento das mordeduras venenosas pelo permanganato de potássio, brilhante conquista realizada pelo eminente observador brasileiro.(...) O parlamento, distinguindo o prof. Lacerda com um premio de animação de trinta contos de réis, não fez mais do que traduzir o sentimento nacional e demonstrar o agradecimento de milhares de seres humanos, (....). Em francez escreveu o prof. Lacerda o seu trabalho, offerecendo assim mais uma vez opportunidade aos botes de uns tantos falsos patriotas que entre nós existem, que limitam o seu amor ás lettras pátrias a privara-nos da apreciação de suas obras, mas que não perdem vasa para accusar de charlatães e estrangeirados os que, no idioma universal da sciencia, escrevem seus trabalhos, entregando-os assim á utilização e á critica dos profissionais de todo o mundo, e, de um modo louvável e digno, demonstrando ás nações cultas que no Brasil já se pensa, se ensina e se produz”. (ARAÚJO, 1884, p.437-438)

Suas descobertas alcançaram outros públicos, por meio da imprensa e, também de conferências públicas e exposições. Manoel Francisco Correia, coordenador das Conferências Populares da Glória, realizadas desde 1873 no Rio de Janeiro, proferiu, em 17 de julho de 1881, uma conferência sobre os chamados cometimentos úteis realizados por brasileiros, na qual destacou os trabalhos de João Baptista de Lacerda Filho, “pelo humanitario beneficio da sua descoberta de um antidoto contra a peçonha das cobras. O estrangeiro repetirá d'ora' em diante com reconhecimento o nome do benemerito brasileiro” (CONFERENCIAS, 1885, p.293).

Foi inaugurada em 12 de dezembro de 1881, na então Escola Politécnica, na capital do Império, a Exposição da Industria Nacional, promovida pela Associação Industrial, com o objetivo de reunir produtos, equipamentos manufatureiros, para comporem a Exposición Continental Sud-Americana, que viria a ser inaugurada em Buenos Aires em 15 de março de 1882. Nesta Exposição, realizada   até a data de 30 de janeiro de 1882, e estruturada em cinco seções (Produtos Naturais e Agrícolas, Máquinas e Aparelhos, Produtos de Indústria em Geral, Belas Artes e Instrução Pública), com 1.120 expositores e 8 mil objetos, foi conferido a Lacerda Filho um Diploma de honra por seus trabalhos:

“Dos centros motores encephalico ; Investigações experimentaes sobre os effeitos toxicos do succo da mandioca; Das indicações e contra indicações da digital üo tratamento das molestias do aparelho circulatorio e  respiratorio; Estudos dos clínicos therapeuticos; Da inoculação da vaccina no período prodomico da variola; Um caso de congestão cerebral; Critica dos estudos sobre a febre amarella de 1873-1874 pelo Dr. Gama Lobo; Contribuição para o estudo anthropologico das raças indigenas do Brazil; Nota sobre a conformação dos dentes nas raças indígenas do Brazil; Estudo historico anthropologico sobre os craneos encontrados no largo do Paço; O cérebro considerado corno orgão da intelligencia; Caracteres ethericos tirados do exame deste orgão; Estudos sobre o permanganato de potassa, como antidoto do veneno da cobra; Estudos sobre o chlohydrato de pereirina; Estudos sobre a planta toxica do Brazil denominada Conamby ; Estudo sobre a acção do veneno de Crotalas e outros”. (ARCHIVOS, 1882, p.438-439).

Lacerda Filho, interessado no estudo das patologias animais, solicitou, em 1884, ao naturalista francês Gustave Rumbelsperger (1814-1892), então viajando em comissão do Museu Imperial Nacional para explorar as riquezas arqueológicas da Ilha de Marajó, que recolhesse algumas informações para o estudo da epizootia, chamada “peste de cadeiras” dos equinos. Seu interesse nestas patologias expressou-se também na elaboração de produtos, como o “Konopothanatus Braziliensis (Mosquitina)”, para o tratamento de bicheiras animais, anunciado em 22 de agosto de 1908, na edição de nº56, do jornal O Suburbio, publicado no Distrito Federal (KONOPOTHANATUS, 1908).

Em matéria publicada, em 1886, no jornal Vinte e Cinco de Março. Orgão Abolicionista, o médico João Baptista de Lacerda Filho foi apresentado como um médico campista que era “um verdadeiro homem de sciencia afastado de todas as lutas e consagrado ao estudo como a uma religião” (DR. LACERDA, 1886, p.3).

Lacerda Filho integrou, em 1887, a comissão nomeada pelo Governo Imperial para estudar o beri-beri, da qual também participaram Benjamin Antônio da Rocha Faria, inspetor Geral de Higiene, Francisco de Castro, professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, Bento Gonçalves Cruz, membro da Junta Central de Higiene, e Venancio da Silva, da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro.

Foi estabelecida, na cidade do Rio de Janeiro, em 1887, um Convenção Sanitária entre o Império brasileiro e as repúblicas da Argentina e do Uruguai, e de correu principalmente das medidas de caráter comercial que haviam sido adotadas pelo Império brasileiro por ocasião das epidemias de cólera, especialmente em Montevidéu e Buenos Aires.  O Governo imperial constituiu, então, uma comissão brasileira para compor a Convenção Sanitária, constituída por João Baptista de Lacerda Filho, Nuno Ferreira de Andrade, e Francisco Marques de Araújo Goes. Esta comissão técnica foi encarregada de realizar os estudos e exames indispensáveis para o estabelecimento da Convenção Sanitária, e muitos dos experimentos foram realizados no Laboratório de Fisiologia Experimental, do Museu Nacional, como os produzidos com a carne de charque:

“Aos 25 dias do mês de outubro de 1887, presentes no laboratório de fisiologia experimental do Museu Nacional, os abaixo assinados comissários técnicos por parte dos respectivos governos, a saber: José Arechavaleta, da Republica Oriental do Uruguay; Nuno de Andrade, Francisco Marques de Araújo Góes e João Baptista de Lacerda, do Império do Brasil, resolveram iniciar os trabalhos da honrosa commissão de que foram incumbidos no sentido de averiguar desde já e como preliminar de estudos ulteriores atinentes a questões de administração sanitária comuns nos dois países e a Republica Argentina, quais os gêneros, mercadorias e objetos capazes de reter e transportar germens contagiosos... Decidiram começar pelo exame das condições que oferece a carne seca ou charque como veículo de transporte do gérmen vivo do cólera morbus, que na opinião dos comissários é, até prova em contrário, o bacilo-vírgula de Koch”. (Apud. CHAVES, 2008, p.129)

Em 1888, João Baptista de Lacerda Filho recebeu uma solicitação do Ministro da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, Rodrigo Augusto da Silva, para viajar em comissão à província de Minas Gerais, para realizar um estudo completo da epizootia conhecida como “Peste da Manqueira”, que causara sérias devastações naquela província. Seus estudos o levaram a identificar a peste da manqueira ao carbúnculo sintomático, e buscou, então, dedicar-se a sua prevenção.

No Laboratório de Fisiologia Experimental do Museu Nacional, então dirigido por João Baptista de Lacerda, foi instalado um Serviço de Vacinação Anti-carbunculosa, regulamentado pelo decreto nº10.418, de 30 de outubro de 1889. Este serviço, dirigido por Lacerda Filho, foi responsável pela preparação da vacina anti-carbunculosa de Lacerda, como ficou conhecida, e por seu fornecimento às províncias do Império. Lacerda realizou o diagnóstico da peste da manqueira unicamente pelos sintomas e exame microscópico, e preparou uma vacina nos moldes da de Saturnin Arloing (1846-1911), da École de Vétérinaire de Lyon, de Charles Ernest Cornevin (1846-1897) e Onésine Thomas, autores da obra “Le charbon symptomatique du boeuf” (1887). A vacina de Lacerda, como ficou conhecida, era constituída por um pó obtido pela trituração do suco de músculos de animal carbunculoso e atenuado pelo calor.

João Baptista de Lacerda Filho, em suas pesquisas sobre a febre amarela, identificou como agente etiológico da enfermidade, um micróbio, o Fungus febris flavae, que poderia ser veiculado por meio dos objetos (BENCHIMOL, 1999; 2003). Esse micróbio teria como característica o poliformismo, ou seja, a capacidade de mudar de forma e função tendo em vista o meio, os fatores climáticos. Lacerda Filho apresentou essa sua teoria na Academia Nacional de Medicina e no 6º Congresso Médico Pan-Americano (Washington, 5-8/09/1893), com a comunicação intitulada “O micróbio patogenico da febre amarella” (BENCHIMOL, 1999, p.175). Lacerda Filho polemizou, então, com as ideias sobre a etiologia da febre amarela apresentadas pelo médico Domingos José Freire Junior, lente catedrático da cadeira de química orgânica e biológica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e autor do livro "Recueils des Travaux Chimiques suivis de Recherches sur la Cause, la Nature et le Traitement de la Fièvre Jaune" (1880). Para Freire Junior, o agente causador da febre amarela era o Cryptococcus xanthogenicus, um microgerme, um parasita, um micróbio da espécie das algas, tendo desenvolvido, em 1883, uma vacina contra a febre amarela (FRANCO, 1969).

Para Jaime Benchimol, em 1891, Lacerda Filho estava mais próximo da perspectiva anticontagionista, pois buscava principalmente “encaixar a reprodução alternada do fungo polimorfo na transmissão indireta da febre amarela, de modo a revelar a chave daquele enigma que os norte-americanos haviam descrito em Cuba, em 1879” (BENCHIMOL, 1999, p.212).

As críticas de Lacerda Filho, a Domingos José Freire Junior, teriam sido motivadas pelo estilo dogmático deste ao apresentar algumas hipóteses como certas, sem tê-las sancionado previamente (BENCHIMOL, 1999, p.174-175). Lacerda Filho expressou essas suas considerações em matéria publicada na edição de 10 de março de 1897 do Jornal do Commercio:

“Acreditei sempre que eu não podia me ter enganado sobre o valor dos fatos que passaram diante dos meus olhos (...) Reportei-me muitas vezes ao que outros, talvez com mais competência, fizeram antes de mim, tratando desse assunto; e ali, como folhas esparsas de um livro, ou trechos truncados e às vezes incoerentes de uma demonstração escrita, encontrei muitos fatos isolados que a observação pouco insistente não tinha podido ligar, mas que eu, nas minhas pesquisas, enchendo as lacunas e determinando os ponto de união, consegui prender em uma natural conformidade sistemática. Tudo quanto observei outros haviam observado antes de mim; mas, ou porque entendessem dever desprezar o valor dessas observações, ou porque não houvessem podido bem determinar as condições precisas em que o fato se dava, certo é que dali desviaram a atenção e tomaram outros caminhos (...) a soma de fatos coerentes que coligi, e as prováveis interpretações que se podia conceder a tais fatos, em relação à causalidade da febre amarela, davam quase o direito de considerar a minha solução como assaz provável, senão mesmo como certa”. (ESTUDOS, 1897)

Lacerda Filho integrou, juntamente com Adolpho Lutz, Arthur Vieira de Mendonça, Francisco de Paula Fajardo Junior, Eduardo Chapot Prévost e Virgílio Ottoni, a comitiva brasileira presente na conferência sobre a febre amarela, realizada pelo bacteriologista italiano Giuseppe Sanarelli (1864-1940), em 10 de junho 1897 no Teatro Solis na cidade de Montevidéu (Uruguai), quando este anunciou a descoberta do bacilo icteroide. Em decorrência de seu interesse em pesquisar sobre a febre amarela, Lacerda Filho procurou corresponder-se com as principais referências no cenário científico da época, como Louis Pasteur (1822-1895), Paul Broca (1824-1880), Jean Louis Armand de Quatrefages de Bréau (1810-1892), Giuseppe Sanarelli (1864-1940), George Miller Sternberg (1838-1915), Juan Carlos Finlay (1833-1915), Rudolf Carl Virchow (1821-1902), Max Verworn (1863-1921), Albert Calmette (1863-1933), Enrico Hillyer Giglioli (1845-1909), Paolo Mantegazza (1831-1910) (BICALHO, 1946, p.32)

Integrou a Comissão de Saneamento, criada em 1896 pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro e presidida por Manoel Victorino Pereira, da qual participaram, também, Benjamin Antonio da Rocha Faria, Nuno Ferreira de Andrade, André Gustavo Paulo de Frontin, João Teixeira Soares, João Felippe Pereira, e Antonio Martins de Azevedo Pimentel.


João Baptista de Lacerda Filho atuou também no mundo jornalístico, tendo, juntamente com Domingos Freire, José Benicio de Abreu, e João Baptista Kossuth Vinelli, sido responsável pela redação da Revista Medica, publicação dirigida por estudantes de medicina, que circulou entre 1873 e 1879. Foi redator e colaborador da União Medica, do Jornal do Commercio nos anos de 1872 e 1873, e do periódico Lux. Revista Scientifico-Litteraria, lançado em 1o de julho de 1874, na cidade de Campos, pela Sociedade Brazileira de Beneficência.

Lacerda Filho traduziu para o português, em 1889, obras importantes para as ciências médicas, tendo vertido do inglês a obra “Desinfecção e prophylaxia individual contra as molestias infectuosas”, de George Miller Stermberg (1838-1915), e do holandês o trabalho intitulado “Estudos sobre o beri-beri nas Indias Neerlandezas”, de Cornelis Adrianus Pekelharing (1848-1922).

Foi eleito membro titular da Academia Nacional de Medicina na sessão do dia 21 de abril de 1885, e tomou posse nesta mesma data. Foi presidente (1892 a 1895), vice-presidente (1891 a 1892), presidente da seção médica (1886/1887, 1887/1888, 1895/1896,1896/1897, 1898/1899), e patrono da cadeira nº 87 desta instituição. Integrou outras sociedades brasileiras, como a Sociedade Medico-Pharmaceutica e Beneficente, fundada em Campos em 18 de junho de 1878. Em sua inauguração, realizada em 15 de fevereiro de 1879 em um dos salões do Club dos Conspiradores Progressistas, discursaram João Baptista de Lacerda (o pai), vice-presidente da associação, e João Baptista de Lacerda Filho. Lacerda Filho comentou sobre as ciências ao longo da história, e enfatizou a “ciência da vida ou a biologia”, na qual tinham lugar de destaque a fisiologia e a patologia, e a ciência experimental:

“É sobretudo nas investigações da natureza, representada debaixo das suas variadas fórmas que mais trabalha hoje o espirito humano. (....). A sciencia da vida, ou a biologia, abrange actualmente uma vasta esfera onde tem o seu logar marcado a physiologia e a pathologia, isto é, a sciencia dos fenômenos mórbidos.(...). Sob os impulsos de alguns homens dedicados, como Claude Bernard (....), e outros verdadeiros aposotlos da sciencia da vida, a physiologia entrou ultimamente no caminho das sciencias positivas e deixou de ser o redicularisado romance da Medicina. (...). Por outro lado, o conhecimento da acção de muitos agentes therapeuticos e de diversas substancias toxicas, (....), obtido com o auxilio do methodo experimental, que Claude Bernard tão brilhantemente inaugurou (...), produziu uma completa revolução na toxicologia e creou um verdadeiro methodo de analyse physiologica”.   (DISCURSO, 1879, p.2)

Foi professor honorário da Faculdad de Medicina de Santiago do Chile, e membro de diversas sociedades científicas estrangeiras, como a Società Italiana di Antropologia, Etnologia e Psicologia Comparada, a Berliner Gesellschaft für Anthropologie, Ethnologie und Urgeschichte, a Société Française d´Hygiène, a Société d´Anthropologie de Paris, a Sociedade de Sciencias Medicas de Lisboa, a Sociedade de Geographia de Lisboa, e a Sociedad Médica Argentina.

João Baptista de Lacerda Filho recebeu, em 1878, por ocasião da Exposição antropológica realizada na Exposition Universelle, em Paris, uma medalha de bronze, em virtude de seus trabalhos científicos. Foi presidente da seção de fisiologia e vice-presidente do 6º Congresso Médico Pan-Americano (Washington, 5-8/09/1893), presidente honorário do 2º Congreso Médico Latinoamericano (Buenos Aires, 1904), e membro da comissão nomeada neste evento para formular as bases de um Código Médico Internacional. Lacerda Filho foi membro da Comisión Especial da Segunda Reunión del Congreso Científico LatinoAmericano, realizado de 20 a 31 de março de 1901 em Montevidéu, no qual também apresentou o trabalho “El Curaré”.

No 2º Congreso Médico Latinoamericano, em 1904, na cidade de Buenos Aires, Lacerda Filho apresentou a memória “Prophylaxia internacional da febre amarela”. Foi delegado do governo brasileiro no First Universal Races Congress (Londres, 26-29/07/1011), com a apresentação do trabalho "Sur les métis au Brèsil”, no qual propôs suas considerações a respeito da mestiçagem e da teoria do embranquecimento. Neste trabalho, Lacerda Filho incluiu o quadro “A Redenção de Cam” (1895) do pintor espanhol Modesto Brocos y Gómez (1852-1936), com a legenda: “Le Nègre passant au blanc, à la troisième génération, par l´effet du croisement des races” (LACERDA, 1911).  

Participou, também, do International Rubber Congress, realizado no âmbito da International Rubber and Allied Trades Exhibition, em Londres de 24/06 a 14/07/1911. Em 1914, apresentou o estudo “Remarques ethnographiques et physiologiques sur le curare a propos du Poison pour les fléches des indiens Nhambiquaras” no Nineteenth International Congress of Americanists (Washington, 5-10/10/1914).

Em 1946 o Museu Nacional publicou um livro, em sua homenagem, intitulado “João Batista de Lacerda: Comemoração do centenário de nascimento,1846-1946”, que contou com a colaboração de vários cientistas, como Luiz de Castro Faria, Mário Ulysses Vianna Dias, Alberto José Sampaio, Cândido Firmino de Mello Leitão, Afrânio Pompílio Bransford Bastos do Amaral, Alberto Childe, entre outros, e de sua filha, Magdalena de Lacerda Bicalho (MUSEU, 1946). O cientista Mário Ulysses Vianna Dias, nesta publicação, destacou o fato “de ter sido João Baptista de Lacerda, o primeiro a fazer ciência experimental no Brasil, e de ter iniciado, de maneira efetiva e duradoura, sem solução de continuidade, a prática de tal método de investigação” (DIAS, 1946, p. 41).

Produção intelectual

- “Carta a José Ferreira Tinoco pedindo que leve ao conhecimento do Instituto Médico que aceite e reconheça a honra de tê-lo aprovado para o cargo de sócio titular e informando a sua ausência na reunião”. Manuscrito. Manucrito. Campos, 2 de setembro de 1861.

- “(Sciencias medicas) Das indicações e contra-indicações da digitalis no tratamento das molestias dos apparelhos circulatorio e respiratorio. (Secção medica) Oleo de figado de bacalháo considerado pharmacologica e therapeuticamente. (Secção cirurgica) Tracheotomia. (Secção accessoria) Das quinas e suas preparações pharmaceuticas.” Tese inaugural. Rio de Janeiro, 1870.

- “O cerebro considerado como o orgão da intelligencia: caracteres ethnicos, tirados do exame deste órgão”. 1873.

- “Estudos clinicos e therapeuticos. Infecção palustre e Beriberi. Opuculo.” Campos: [s.n], 1875.

- “Innoculação da vaccina”. Revista Medica, Rio de Janeiro, anno II, n.16, p.251-253, 30 de setembro de 1875.

- “Acção physiologica do Urari pelo Dr. Lacerda Filho”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, v.I, p.37-43, 1876.

- “Contribuições para o estudo anthropologico das raças indigenas do Brazil pelos doutores Lacerda Filho e Rodrigues Peixoto”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, tomo I, p.47-75, 1876

- “Contribuições para o estudo anthropologico das raças indigenas do Brazil. Nota sobre a conformação dos dentes pelo Dr. Lacerda Filho”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, tomo I, p.77-83, 1876.

- “Investigações Experimentaes sobre a acção do veneno do Bothrops jararaca. (Serpent fer de lance du Brésil). Trabalho executado no Laboratório do Museu Nacional pelo Dr. Lacerda Filho”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.II, p.1-14, 1876.

- “Additamento às investigações experimentaes sobre a acção do veneno da Bothrops jararaca. Exame chimico e microscopico do veneno pelo Dr. Lacerda Filho”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.II, p.15-23, 1876.

- “Estudo historico-anthropologico sobre os craneos encontrados no largo do Paço”. Rio de Janeiro: [s.n], 1876.  

- “Dos centros motores encephalicos: anatomia, physiologia e patologia”. These para o concurso a um logar vago de lente substituto da secção medica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: [s.n.], 1877.

- “Illm. Sr. Redactor”. Monitor Campista, Campos, anno 40º, n.8, p.2, 12 de janeiro de 1877.

- “Resumo do curso de Anthropologia do Museu Nacional em 1877”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.II, p.165-169, 1877.

- “Investigações experimentaes sobre a acção do veneno da Bothrops jararaca (Serpent fer de lance du Brésil). Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.II, p.1-14, 1877.

- “O strychnos triplinervia do Rio de Janeiro”. O Progresso Medico, Rio de Janeiro, v.II, p.542-545, 1877.

- “Documents pour servir à l'histoire de l'homme fossil du Brèsil”. Revue d´Anthropologie, Paris, v.2, p.517-542, 1878.

- “Algumas experiencias com o veneno do Bufo Ictericus, Spix, (Crapand du Brésil), pelo Dr. Lacerda Filho”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.III, 1º e 2º trimestres, p.33-39, 1878.

- “Investigações experimentaes sobre o veneno do Crotalus horridus (serpent à sonnettes), pelo Dr. Lacerda Filho”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.III, 3º e 4º trimestres, p.51-88, 1878.

- “O Strychnos triplinervia do Rio de Janeiro”. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno 57, n.236, p.1, 24 de agosto de 1878.

- “O Strychnos triplinervia do Rio de Janeiro”. Monitor Campista, Campos, anno 41, n.192, p.1, 28 de agosto de 1878.

- "Venin des serpents". Comptes Rendus. Hebdomadaires des Séances de L´Académie dês Sciences, Paris, tome LXXXVII, p.1093-1095, 1878.

- “Sur un curare des muscles lisses”. Note de M. M. Couty et de Lacerda, presentée par M. Vulpian. Séance du lundi, 15/12/1879. Comptes Rendus Hebdomadaires des Séances de l’Academie des Sciences, Paris, tome LXXXIX, p.1.034-1.037,jul.-dec. 1879.

- “Sur l’action du venin du Bothrops jararacussu”. Note de M.M.Couty et de Lacerda, présentée par M. Vulpian. Séance du lundi, 11/10/1879, t. LXXXIX. Comptes Rendus Hebdomadaires des Séances de l’Academie des Sciences, Paris, tome LXXXIX, p.372-375, jul.-dec. 1879.

- “Sur um nouveau curare extrait d´une seule plante, le Strychnos triplinervia; par MM.Couty et de Lacerda”. Comptes Rendus. Hebdomadaires des Séances de L´Académie des Sciences, Paris, tome LXXXIX, tome LXXXIX, p.582-584, jul./dec.1879.

- “Sur l´origine des propriétés toxiques Du curare des Indiens; par MM.Couty et de Lacerda”. Comptes Rendus. Hebdomadaires des Séances de L´Académie des Sciences, tome LXXXIX,  p.719-722, jul./dec.1879.

- “Comparaison de l´action des divers curares sur les muscles lisses et striés/ par MM.Couty et de Lacerda, présentée par M. Vulpian”. Séance du lundi, 10/11/1879. Comptes Rendus. Hebdomadaires des Séances de L´Académie des Sciences, tome LXXXIX, n.1, p.1034-1037, jul./dec.1879.

- “Craneos de Maracá, Guyana Brasileira. Contribuições para o estudo anthropologico das raças indigenas do Brasil pelo Dr. Lacerda”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.IV, p.35-45, 1879.

- “Nota sobre as condições que favorecem a decomposição dos ossos”. Archivos do Museu Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, v.IV, p. 133-151, 1879.

- “A acção do veneno do Bothrops jararacussu”. Comptes Rendu. Hebdomadaires des Séances de L´Académie des Sciences, Paris, 1879.

- "O veneno crotalico". Revista Brazileira, Rio de Janeiro, primeiro anno, tomo II, p.473-485, 1879.

- “Um curare novo, extrahido a planta Strychnos triplinervia. Origem das propriedades toxicas do curare os índios. Comparação a acção de diversos curares nos musculos lisos e estriados”. Comptes Rendus. Hebdomadaires des Séances de L´Académie des Sciences, 1879.

- "As bacterias e os vibriões". Revista Brazileira, Rio de Janeiro, primeiro anno, tomo III, jan.-mar.1880.

- "Sur la difficulté d’absorption et les effets locaux du venin du Bothrops jararaca ; par MM. Couty et de Lacerda". Comptes rendus de l’Académie des sciences, Paris, Tome 91, p.549, jul.-dec. 1880.

- "Des réactions de la zone du cerveau dite motrice, sur les animaux paralysés par le curare; par MM. Couty et de Lacerda". Comptes rendus de l’Académie des sciences, Paris, Tome 91, p.1.080, jul.-dec. 1880

- “A dificuldade de absorção e efeitos locais do veneno do Bothrops”. Comptes Rendu de Séances de l'Academie des Sciences, Paris, 1880.

- “Curare, sua origem, ação, natureza, emprego”. Archivos de Physiologia, 1880.

- “Sur la nafure inÍlamatoire des lésions prodútes par le venin du serp.ent botrops (En commun avec M. Couty)". Comptes Rendu de Séances de l'Academie des Sciences, Paris, p.468, 1881.

- “Investigações experimentaes sobre os effeitos toxicos do succo da mandioca”. Rio de Janeiro. Typ. e lith. a vapor, encadernação e livraria Lombaerts & C., 1881.

- “Investigações experimentaes sobre a acção phyisiológica do cloridrato de pereirinha”. Rio de Janeiro. Typ. e lith. Lombaerts & C., 1881.

- “A perniciosidade das febres pelo Sr. R. J. B. de Lacerda”. União Medica, Rio de Janeiro, n.3, p.104-118, março de 1881.

- “Provas experimentaes de que a peçonha das cobras é um succo digestivo pelo Dr.J.B. de Lacerda”. Rio de Janeiro: Typographia e Litographia a vapor Lombaerts & Cia., 1881.

- “O homem fóssil da Lagôa Santa, pelo Dr. João Baptista de Lacerda Filho”. Revista Brazileira, Rio de Janeiro, 2º anno, v.VII, p.285, jan.-mar.1881.

- “O veneno ophidico e seus antidotos”. Rio de Janeiro: Typographia e Litographia a vapor Lombaerts & Cia., 1881.

- “O permanganato de potassa como antidoto da peçonha das cobras. 20 de julho de 1881. Pelo Dr. J. B. Lacerda”. Rio de Janeiro: Typographia e Litographia a vapor Lombaerts & Cia., 1881.

- “Como se deve applicar o permanganato de potássio contra o veneno das cobras (Circular)”. União Medica, Rio de Janeiro, n.8, p.478-480, agosto de 1881.

- “Como se deve applicar o permanganato de potassa contra o veneno das cobras”. O Agricultor Progressista, Rio de Janeiro, anno I, n.5, p.5-6, 18 de agosto de 1881.

- “O permanganato de potassa como antidoto da peçonha das cobras”. Rio de Janeiro, Museu Nacional, [s.n.], 1881.

- “O permanganato de potassa como antidoto da peçonha das cobras”. União Medica, Rio de Janeiro, n.9, p.514-519, setembro de 1881; n.10, p.561-568, outubro de 1881.

- “Sr. Redactor. Preoccupado com diversos trabalhos (...)”. O Agricultor Progressista, Rio de Janeiro, anno I, n.10, p.5-6, 3 de outubro de 1881.

- “Sur le permanganate de potasse comme antidote du venin de serpent”. Comptes Rendus Hebdomadaires des Séances de l’Academie des Sciences, Paris, tome XCIII, p.466-468, jul.-dec.1881.  

- “Sobre uma planta toxica do Brasil denominada Conamby, Nota enviada à Academia Imperial de Medicina”. Annaes Brasilienses de Medicina, Rio de Janeiro, tomo XXXIII, n.2, p.196-199, out.-nov.-dez.1881.

- “Novo curare. Strychnos triplinervia. Communicação à Academia Imperial de Medicina do Rio de Janeiro pelos Drs.Lacerda Filho e Couty.” Annaes Brasilienses de Medicina, Rio de Janeiro, tomo XXXIII, n.2, p.191-195, out.-nov.-dez.1881.

- “O veneno ophidico e seu antidoto”. Gazeta Medica da Bahia, Salvador, anno XIII, n.10, p.449-461, abril 1882.

- “A acção do alcool e do cloral sobre o veneno ophidico”. União Medica, Rio de Janeiro, n.2, p.76-83, fevereiro de 1882; n.3, p.109-116, março de 1882.

- “O veneno ophidico considerado succo digestivo, análogo ao suco pancreático”. 1882.

- “Les morsures des serpents venimeux du Brésil et le permanganate de potasse: faits cliniques, recuillis”. Rio de Janeiro: Typographia e Litographia a vapor Lombaerts & Cia., 1882.

- “Sobre a acção do veneno de Crotalus”. Comunicação feita à Academia Imperial de Medicina pelo Dr. Lacerda Filho. Annaes Brasilienses de Medicina, Rio de Janeiro, tomo XXXV, n.1, p.5-8, julho-setembro 1883.

- “Botocudos” (p. 2). “A força muscular e a delicadeza dos sentidos dos nossos indígenas” A morphologia craneana do homem dos sambaquis” (p.22-23). “Sobre a conformação dos dentes” (p. 69-70, 82-83, 9l-92). “O craneo da Lagoa Santa” (p.145-146). Revista da Exposição Anthropológíca Brazileira. Rio de Janeiro: Typographia de Pinheiro & C. Rua Sete de Setembro n.157, 1882.

- “Indagações scientificas sobre a causa primordial da febre amarella”. União Medica, Rio de Janeiro, ano III, n.6, p.259-264, junho de 1883.

- “Indagações scientificas sobre a causa primordial da febre amarella”. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, anno IX, n.123, p.2, 3 de maio de 1883.

- “Estudos sobre a febre amarella”. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno 62, n.175, p.1-2, 25 de junho de 1883.

- “Herança e Atavismo”. Curso público no Museu Nacional. 17 de setembro de 1883.

- “A theoria parasitaria na febre amarella”. União Medica, Rio de Janeiro, n.7, p.312-327, julho de 1883.

- “Etiologia e genesis do bariberi: investigações feitas no laboratório do Museu Nacional”. Rio de Janeiro: Livraria Contemporânea de Faro & Lino, 1883.

- “Le permanganate de potasse devant la Société de Médecine de Londres”. União Médica, Rio de Janeiro, n.7, p.327-331, julho de 1883.

- “Beriberi”. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno 62, n.216, p.1, 5 de agosto de 1883.

- “Recherches sur le microbe de la fièvre jaune”. Gazette Medicale de Paris, Paris, 1883.

- “M. de Lacerda adresse un Mémoire relatif à un organisme qu’il a rencontré chez les individus qui ont succombé à la fièvre jaune, et qu’il classe parmi les Champignons”. Séance du lundi, 11/6/1883. Comptes Rendus Hebdomadaires des Séances de l’Academie des Sciences des Séances, Paris, t. XCVI, p.1.708-1.709, 1884.

- “Observações demonstrativas da verdadeira causa da febre amarella pelo dr. João Batista de Lacerda”. Annaes da Brasilense de Medicina, Rio de Janeiro, t. XXXV, p. 111-20, 1883-1884.

- “Leçons sur le venin des serpents du Brésil et sur la méthode de traitement des morsures venimeuses par le permanganate de potasse”. Rio de Janeiro: Impr. et Lith. a Vapeur, Reliure et Librairie Lombaerts & C., 1884.

- “O rim na febre amarella”. União Medica, Rio de Janeiro, anno IV, n.1, p.11-16, janeiro de 1884.

- “Réponse à M. Jules Rochard au sujet de mon Mémoire sur le Béribéri". União Medica, Rio de Janeiro, n.4, p.185-191, abril de 1884.

- “Etiologia e genesis do Beriberi, pelo Dr. João Baptista de Lacerda”. Rio de janeiro: Livraria Contemporânea de Faro & Lino, 1884.

- “Etiologia do beribéri pelo Sr. Professor J. B. de Lacerda”. União Medica, Rio de Janeiro, n.7, p.300, julho de 1884.

- “O microrganismo do beribéri”. Gazeta Medica da Bahia, Salvador, v.15, n.7, p.312-320. 1884.

- “Réponse à M. Jules Rochard au sujet de mon Mémoire sur le Béribéri". Gazeta de Notícias, anno X, n.75, p.2, 15 de março de 1884.

- "Breve resposta a um artigo inserido na Gazeta Medica da Bahia a propósito de minhas investigações sobre o beriberi”. União Medica, anno IV, Rio de Janeiro, 1884.

- “Réponse à M. Jules Rochard au sujet de mon mémoire sur le beriberi”. Uniäo Médica, Rio de janeiro, anno IV, p.185-191, abril de 1884.

- “Analyse de algumas considerações feitas pela Gazeta Medica da Bahia, á proposito de um artigo do Dr. Joseph Fayrer na mesma revista traduzido pelo Sr. Professor J. B. de Lacerda”. União Medica, Rio de Janeiro, n.7, p.343-347, julho de 1885.

- “Algumas palavras sobre a recente publicação dos rs. Cornil & Babés sob o titulo: As bactérias e o seu papel na anatomia e histologia pathologicas das moléstias infectuosas pelo Sr. Professor J. B. de Lacerda”. União Medica, Rio de Janeiro, n.9, p.432-437, setembro de 1885.

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Ficha técnica

Pesquisa - Alice Carvalho de Menezes, Maria Rachel Fróes da Fonseca.

Redação - Maria Rachel Fróes da Fonseca.

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Forma de citação

LACERDA FILHO, JOÃO BAPTISTA DE. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 14 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario

 


Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)