SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIAS
Denominações: Sociedade Brasileira de Ciências (1916); Academia Brasileira de Ciências (1921)
Resumo: A Sociedade Brasileira de Ciências foi fundada em 3 de maio de 1916, passando a ter a denominação de Academia Brasileira de Ciências à partir de 1921. Foi criada por professores da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, sendo essa a sua primeira sede, situada no Largo de São Francisco de Paula. Professores e pesquisadores de diversas instituições lá se reuniam visando o desenvolvimento e a divulgação das atividades científicas em um ambiente de renovação das ciências no Brasil. Seu primeiro presidente foi Henrique Charles Morize (1860-1930).
Histórico
A cerimônia de fundação da Sociedade Brasileira de Ciências deu-se no dia 3 de maio de 1916, no salão nobre da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, no Largo de São Francisco de Paula. A iniciativa de sua criação teria partido de alguns dos professores dessa Escola, onde ficou inicialmente instalada. Neste local, reuniam-se periodicamente esses professores, assim como pesquisadores do Observatório Nacional, do Museu Nacional e do Instituto Oswaldo Cruz, recebendo adesão também do Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil.
Segundo relato de Arthur Alexandre Moses (Apud ACADEMIA, 1966), a origem da associação deu-se em 1916, quando numa banca de exames da cadeira de mineralogia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, os professores Henrique Charles Morize, Antônio Ennes de Souza e Everardo Adolpho Backheuser apresentaram a idéia da constituição de uma entidade, que promovesse o debate sobre temas científicos.
A história da fundação da Sociedade não é muito clara quanto à definição de seus fundadores. Embora apenas 15 nomes tenham assinado a ata de fundação e 25 cientistas tenham formado o seu núcleo inicial, existem referências que apontam 38 participantes. A maioria deles eram médicos ou engenheiros: Adalberto Menezes de Oliveira, Alberto Betim Paes Leme, Alberto Childe, Alfredo Lisboa, Alix Corrêa de Lemos, Allypio de Miranda Ribeiro, Allyrio Hugueney de Mattos, André Gustavo Paulo de Frontin, Ângelo Moreira da Costa Lima, Antônio Ennes de Souza, Arthur Alexandre Moses, Bruno Alvares da Silva Lobo, Carlos Ernesto Julius Lohmann, Daniel Henninger, Domingos Fernandes da Costa, Edgard Roquette-Pinto, Euzébio Paulo de Oliveira, Everardo Adolpho Backheuser, Francisco Xavier de Oliveira Menezes, Guilherme Florence, Henrique Beaurepaire Rohan Aragão, Henrique Charles Morize, Ignacio Manoel Azevedo do Amaral, Johan Albert Constantin Löfgren, Joaquim Cândido da Costa Senna, John Casper Branner, Juliano Moreira, Júlio Cezar Diogo, Lélio Itapuambyra Gama, Licínio Athanásio Cardoso, Luiz de Carvalho e Mello, Luiz Gonzaga de Campos, Manoel Bonfim, Manuel Amoroso Costa, Mario Rodrigues de Souza, Oswaldo Gonçalves Cruz, Sebastião Sodré da Gama, e Theophilus Henry Lee.
Segundo Jerônimo Alves (2001), a Sociedade havia sido criada num ambiente de renovação no campo das ciências no mundo europeu, principalmente na França, quando circulavam a “teoria da relatividade” e a “filosofia de Poincaré”, em detrimento da física de Newton e do positivismo de Auguste Comte. A Sociedade, então, surgiu em meio a uma discussão entre a chamada “ciência pura”, da qual ela tomou parte, e a “ciência utilitária”, esta muito criticada por ela e sofrendo, inicialmente, até mesmo restrições em seu estatuto. Antes da existência da Sociedade Brasileira de Ciências aqueles defensores da “ciência pela ciência”, ou seja, da ciência desinteressada, encontravam-se dispersos nas escolas profissionais. A sua criação possibilitou a reunião dos que reivindicavam melhores condições para o exercício da ciência pura, revitalizando a atividade científica no Brasil, a partir do incentivo a trabalhos científicos originais, baseados na dedução lógica à partir da experimentação e observação empírica. Apresentava-se, assim, como um espaço receptivo àquelas novas teorias que surgiam Tais objetivos e procedimentos apareciam em seus estatutos publicados em 1917:Segundo relato de Arthur Alexandre Moses (Apud ACADEMIA, 1966), a origem da associação deu-se em 1916, quando numa banca de exames da cadeira de mineralogia da Escola Politécnica do Rio de Janeiro, os professores Henrique Charles Morize, Antônio Ennes de Souza e Everardo Adolpho Backheuser apresentaram a idéia da constituição de uma entidade, que promovesse o debate sobre temas científicos.
A história da fundação da Sociedade não é muito clara quanto à definição de seus fundadores. Embora apenas 15 nomes tenham assinado a ata de fundação e 25 cientistas tenham formado o seu núcleo inicial, existem referências que apontam 38 participantes. A maioria deles eram médicos ou engenheiros: Adalberto Menezes de Oliveira, Alberto Betim Paes Leme, Alberto Childe, Alfredo Lisboa, Alix Corrêa de Lemos, Allypio de Miranda Ribeiro, Allyrio Hugueney de Mattos, André Gustavo Paulo de Frontin, Ângelo Moreira da Costa Lima, Antônio Ennes de Souza, Arthur Alexandre Moses, Bruno Alvares da Silva Lobo, Carlos Ernesto Julius Lohmann, Daniel Henninger, Domingos Fernandes da Costa, Edgard Roquette-Pinto, Euzébio Paulo de Oliveira, Everardo Adolpho Backheuser, Francisco Xavier de Oliveira Menezes, Guilherme Florence, Henrique Beaurepaire Rohan Aragão, Henrique Charles Morize, Ignacio Manoel Azevedo do Amaral, Johan Albert Constantin Löfgren, Joaquim Cândido da Costa Senna, John Casper Branner, Juliano Moreira, Júlio Cezar Diogo, Lélio Itapuambyra Gama, Licínio Athanásio Cardoso, Luiz de Carvalho e Mello, Luiz Gonzaga de Campos, Manoel Bonfim, Manuel Amoroso Costa, Mario Rodrigues de Souza, Oswaldo Gonçalves Cruz, Sebastião Sodré da Gama, e Theophilus Henry Lee.
Segundo Jerônimo Alves (2001), a Sociedade havia sido criada num ambiente de renovação no campo das ciências no mundo europeu, principalmente na França, quando circulavam a “teoria da relatividade” e a “filosofia de Poincaré”, em detrimento da física de Newton e do positivismo de Auguste Comte. A Sociedade, então, surgiu em meio a uma discussão entre a chamada “ciência pura”, da qual ela tomou parte, e a “ciência utilitária”, esta muito criticada por ela e sofrendo, inicialmente, até mesmo restrições em seu estatuto. Antes da existência da Sociedade Brasileira de Ciências aqueles defensores da “ciência pela ciência”, ou seja, da ciência desinteressada, encontravam-se dispersos nas escolas profissionais. A sua criação possibilitou a reunião dos que reivindicavam melhores condições para o exercício da ciência pura, revitalizando a atividade científica no Brasil, a partir do incentivo a trabalhos científicos originais, baseados na dedução lógica à partir da experimentação e observação empírica. Apresentava-se, assim, como um espaço receptivo àquelas novas teorias que surgiam Tais objetivos e procedimentos apareciam em seus estatutos publicados em 1917:
O objetivo de promover a “ciência pura e desinteressada” foi uma característica marcante em toda a primeira fase da Sociedade. Ao mesmo tempo em que vinculavam sua prática científica a um ideal que diziam ser maior que o simples utilitarismo, os associados consideravam que os fins utilitários promovidos pela ciência é que mobilizavam a sociedade em geral a valorizar a atividade científica. Neste sentido, eram expressivos os discursos proferidos pelo seu primeiro presidente, o astrônomo formado pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro, Henrique Charles Morize. Ressaltava que a demanda material e a prestação de serviços não eram desconsideradas, embora não devessem determinar toda a atividade científica. Ao mesmo tempo, enfatizava que grandes conquistas da humanidade só teriam sido possíveis com a concorrência da chamada “ciência pura”, embora suas aplicações, em geral, não tivessem sido imediatas nem previsíveis (ALVES, 2001).“A Sociedade Brasileira de Ciências, fundada no Rio de Janeiro aos 3 de maio de 1916, tem por fim concorrer para o desenvolvimento das ciências e suas aplicações que não tiverem caráter industrial ou comercial” (art.1º).
Assim, pode-se dizer que foi veiculada a idéia entre os seus associados, que não havia nem deveria haver distinção clara entre as duas formas de ciência, pura e aplicada, sendo ambas contempladas entre suas atividades. Isso ficava demonstrado pelos temas dos seus trabalhos publicados, como por exemplo, sobre a existência de petróleo, com relevância econômica bem explícita, ou sobre dermatologia clínica, bem alusivo a uma prestação de serviços.
De um modo geral, os seus associados eram críticos das ciências naturais e de seus métodos, e propunham uma ciência mais experimental e inovadora. A associação apresentava-se assim, como um espaço receptivo às novas teorias que surgiam, como a teoria da relatividade de Albert Einstein e a fisiologia experimental, que geralmente encontravam resistência por parte das instituições afins existentes há mais tempo (ALVES, 2001). Inclusive, um fato marcante do início de sua história, foi a visita do autor da teoria da relatividade, Albert Einstein, em 1925, que teve grande repercussão, não só entre a comunidade científica, mas em toda a sociedade brasileira.
No campo da fisiologia experimental, destacaram-se as atividades dos irmãos Álvaro Ozorio de Almeida e Miguel Ozorio de Almeida, professores da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e da Escola Superior de Agricultura e Medicina Veterinária (RJ), respectivamente. Álvaro Ozorio chegou a montar em sua residência um laboratório de fisiologia, onde desenvolviam seus estudos, que funcionou até o ano de 1927, quando foi instalado no Instituto Oswaldo Cruz um laboratório no ramo, sendo dirigido pelo seu irmão.
Paulinyi (1981) dividiu a história da associação em 3 períodos: o primeiro, de 1916 a 1929, como um período de intensa atividade visando o desenvolvimento da ciência no Brasil; o segundo, de 1929 a 1965, como um período de consolidação da associação, quando ela buscou sua viabilidade financeira, renovação, o crescimento controlado de seu quadro, a aquisição de sede própria; e, o terceiro, de 1965 até 1981, marcado por uma busca de redefinição e diversificação de suas funções.
Em sessão de 16 de dezembro 1921, por sugestão de seu sócio Júlio Afrânio Peixoto, a Sociedade Brasileira de Ciências passou a denominar-se Academia Brasileira de Ciências. Para vencer a resistência dos tradicionalistas da associação, Peixoto argumentava que, se o nome não fosse trocado, surgiria outro grupo de cientistas com a denominação de Academia e a Sociedade ficaria marginalizada.
Em 1922, com o encerramento da Exposição do Centenário da Independência do Brasil, a Academia recebe o terreno e o prédio utilizado como pavilhão da Tchecoslováquia na Exposição, onde foi estabelecida a sede da Sociedade.
Alguns anos depois, em 1928, em função de projeto de reurbanização da cidade, o prédio foi demolido, sem qualquer compensação financeira à Academia e, apesar de repetidas promessas, nenhuma instalação correspondente foi obtida. Ficando sem sede própria, os Acadêmicos passaram a reunir-se em diferentes locais, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, o Ministério do Trabalho (durante o Estado Novo), a Fundação Getúlio Vargas, o prédio de propriedade do Estado de São Paulo, cedido pelo governo Jânio Quadros (1955-1959), e, finalmente, no Laboratório de Análises Clínicas do Acadêmico Artur Moses.
Estrutura e funcionamento
De acordo com seus estatutos publicados em 1917, a Sociedade inspirava-se no modelo da Academia Francesa. Inicialmente a associação ficou constituída por três s eções: Ciências Matemáticas, Ciências Físico-Químicas e Ciências Biológicas, sendo que cada uma delas deveria ter entre 20 e 40 membros, de modo que seu número total de membros efetivos ficasse restrito a 100. A Seção de Ciências Biológicas era a mais numerosa, pois contava com 39 sócios, enquanto a de Ciências Físico-Químicas contava com 24, e a de Ciências Matemáticas com 15. Mesmo em 1930, a diferença ainda era observada, com a seção de Ciências Biológicas possuindo 39 membros, a de Ciências Físico-Químicas, 30, e a de Ciências Matemáticas, 17, em um total de 86 membros titulares. Cada uma dessas seções tinha um presidente e um secretário que nos seus primeiros anos de funcionamento eram respectivamente: Licínio Athanásio Cardoso e Manuel Amoroso Costa para a Seção de Ciências Matemáticas; Antônio Ennes de Souza e Mário Saraiva, para a Seção de Ciências Físico-Químicas; Allypio de Miranda Ribeiro e Henrique Beaurepaire Rohan Aragão, para a Seção de Ciências Biológicas.Ainda de acordo com os primeiros estatutos da Sociedade, para cumprir suas finalidades, deveria realizar sessões plenárias, ordinárias, duas vezes por mês, ocupando-se da matéria que estava na ordem do dia; auxiliar as investigações científicas a que se dedicavam seus membros; promover a organização de cursos e conferências com fins de divulgação científica ou de especialização; publicar uma revista com os trabalhos, cuja seleção fosse determinada em sessão plena, e com os resumos das atas aprovadas; criar prêmios para recompensar os trabalhos científicos. Além disso, qualquer sócio poderia pedir a inclusão de um assunto científico na ordem do dia da seção a que pertencia, só podendo ser levados à sessão plena aqueles cuja apresentação fosse aprovada nas respectivas seções (art.36).
A Sociedade teria 3 categorias de sócios: sócios beneméritos, sócios honorários e sócios efetivos. Os sócios beneméritos seriam aqueles que tivessem prestado à Sociedade serviços relevantes; os sócios honorários os estrangeiros de notável merecimento, que não tivessem residência no país; e os sócios efetivos os que assinaram este estatuto e os eleitos (art.14).
Além dessas categorias, haveria também a de associados, que eram classificados de assistentes, no caso de residirem no Rio de Janeiro, ou de correspondentes, em caso contrário (art.31). Em 1930, a Academia constava de 19 associados correspondentes, distribuídos pelos seguintes países: França (11); Alemanha (4); Inglaterra (1); Tchecoslováquia (1); Argentina (1), e Chile (1). Entre esses associados, destacaram-se: George Dumas, Robert Ross, Henri Abraham, Carlos Porter, Albert Einstein, Paul Janet, Émile Marchoux. Nesse mesmo ano, possuía um único sócio benemérito, André Gustavo Paulo de Frontin, que foi a primeira pessoa que colaborou com os seus fundadores, para que ela pudesse realizar suas reuniões, já que ele era o diretor da Escola Politécnica do Rio de Janeiro.
Por reunir os cientistas de gabarito do país, os fundadores da associação pensaram que se poderia fixar, devido ao prestígio de que os membros desfrutavam, uma anuidade elevada, impossibilitando o seu pagamento. Mesmo depois de terem baixado a contribuição, a arrecadação das anuidades não era satisfatória.
Nesta época inicial, as diversas seções da Sociedade reuniam-se em sessões separadas. Na realidade, só os biólogos se reuniam com regularidade para apresentar seus trabalhos. Como nas sessões nunca havia quórum, resolveu-se, então, que as reuniões seriam plenárias. Esta medida permitiu maior entendimento entre os diversos especialistas. Nesta ocasião, o professor Adolpho Lutz era um dos maiores incentivadores das reuniões.
Até 1930, a instituição desempenhou papel importante, relacionado às influências exercidas na fundação de outras associações, tais como a Sociedade Brasileira de Química, que teve origem a partir do I Congresso de Química, realizado com seu apoio em 1922; e a Associação Brasileira de Educação – ABE, cuja iniciativa partiu de vários de seus membros em 1924. Posteriormente, também teve participação na criação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, em 1948, e no Conselho Nacional de Pesquisas – CNPq, atual Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, em 1951.
Sedes da associação:
Quanto à sua sede, a história da Academia no início é marcada por inúmeras transferências de lugar. Após a Exposição Comemorativa do Centenário da Independência em 1922, os governos do Brasil e da então Tchecoslováquia doaram à Academia Brasileira de Ciências o terreno e o pavilhão construído para sediar este último país na Exposição, localizado na Avenida das Nações, na região do centro da cidade, conhecida como Castelo. Sendo assim, a Academia passava a ter sua primeira sede própria, em 1923, tendo funcionado até esta data no Largo de São Francisco de Paula.
A Academia permaneceu na Avenida das Nações por algum tempo, até que a Prefeitura visando urbanizar aquela área do Castelo, desapropriou e demoliu o prédio sem qualquer indenização para a instituição. Arthur Moses conta que houve um período em que os acadêmicos se reuniam no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e que durante o Estado Novo (1937-1945) conseguiram, com o então Ministro do Trabalho Carneiro Filipe, algumas salas no prédio novo de seu Ministério. Mas, logo implicaram com o fato de uma entidade particular funcionar em um prédio do Governo, sendo logo em seguida despejados.
Em outra oportunidade, a Academia esteve alojada na rua 13 de Maio, nas dependências da Fundação Getúlio Vargas. Durante três anos, a Academia também se reuniu em um prédio de propriedade do Estado de São Paulo, cedido pelo seu governador Jânio Quadros (1955-1959).
Entretanto, nos 45 anos que a entidade “não tinha pouso”, havia, informalmente, um local certo para a reunião de seus membros: o laboratório de análises clínicas de Arthur Alexandre Moses.
Este foi considerado, pelos próprios acadêmicos, o ponto de referência da Academia durante aqueles 45 anos, pois, segundo as palavras do próprio Moses (1966), “era ali que se recebiam os amigos da Academia, que se discutiam os problemas e muitas reuniões científicas eram realizadas”. E neste período que a Academia não tinha sede fixa, a biblioteca, com milhares de volumes, esteve por muito tempo localizada em um quarto da Rua Marquês de Abrantes, sob os cuidados do professor Matias Roxo.
Somente em 1959, durante a gestão de Arthur Alexandre Moses, foram conseguidos os recursos através de doações da União, do Conselho Nacional de Pesquisa- CNPq e da Comissão Nacional de Energia Nuclear, para a compra de um andar inteiro de um prédio localizado na Esplanada do Castelo, à rua Araújo Porto Alegre. A partir de 1960, a Academia ficou instalada neste local, onde permaneceu até os dias de hoje.
Publicações oficiais
Durante boa parte da história da associação, o grande problema foi a publicação de seu periódico, pois não havia recursos para a sua impressão. Contudo, segundo Arthur Alexandre Moses, a revista foi o elemento aglutinador que manteve a vida da sociedade nos períodos de crise. Desde os primeiros tempos, era reclamada a falta de regularidade da publicação. Os poucos recursos fizeram com que numerosos associados preferissem não levar à Sociedade os resultados de seus trabalhos e a publicá-los em revistas já credenciadas.
Enquanto ainda era Sociedade, foram publicados três números da Revista da Sociedade Brasileira de Sciencias em 1917, 1918 e 1919. O objetivo deste periódico era divulgar a noção da importância da ciência como fator da prosperidade nacional, e para isto a revista iria servir não só como fonte de divulgação dos trabalhos da Sociedade, como também das pessoas estranhas à associação, desde que fossem discutidos em sessão. O sumário referente a cada seção subdividia-se em: conferências e discursos; trabalhos; resumo das Atas das Sessões Ordinárias; notas e informações. Nos primeiros anos, a Seção de Ciências Biológicas ocupou um espaço maior na revista, apresentando um número maior de trabalhos. Estes números tiveram financiamento por parte dos Ministérios, até que esta colaboração governamental cessou, levando a revista a desaparecer.
Nos anos seguintes, um entendimento entre Henrique Charles Morize e a livraria Briguiet, permitiu sua reedição, sob o nome de Revista de Sciencias, que circulou de 1920 a 1922. Nesta ocasião, um grupo mais novo da associação, não concordando com o título da revista, fez com que mais uma vez entrasse em colapso a sua publicação. O motivo da discórdia talvez fosse devido à forma de apresentação dos trabalhos dos seus associados ao lado de outros assinados por “arrivistas das ciências”.
Entre 1923 e 1925, a publicação do periódico da Academia ficou suspensa, retornando em 1926 com o nome de Revista da Academia Brasileira de Ciências. O número 2, que circulou com a data de janeiro de 1928, continha apenas o resumo das atas das sessões realizadas em 1926, verificando-se nova interrupção até 1929. Foi então que um grupo de acadêmicos se reuniu no laboratório de Arthur Alexandre Moses, e decidiu manter viva a Academia, recuperando a revista, publicando-a regularmente, de forma trimestral, com o nome de Anais da Academia Brasileira de Ciências, que passou a circular a partir de março de 1929.
Estendendo a novas associações científicas o serviço de permuta, em 1930 os Anais da Academia Brasileira de Ciências passaram a ser remetidos às instituições, bibliotecas e associações científicas nacionais (43); instituições e bibliotecas dos Estados Unidos (30), e dos demais países do continente americano (29); instituições científicas européias (82); instituições científicas da Ásia (8); da África (3); e da Oceania (1). Além disso, os Anaiseram remetidos a todos os membros titulares e correspondentes.
Fontes
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- ACADEMIA Brasileira de Ciências: do sonho à realidade em 50 anos. O Médico Moderno. Rio de Janeiro, julho de 1966. (ABC)
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Ficha técnica
Pesquisa - Luis Eduardo Lethier de Mello.
Redação - Luis Eduardo Lethier de Mello; Verônica Pimenta Velloso.
Revisão – Francisco José Chagas Madureira.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes
Forma de citação
SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIÊNCIAS. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 21 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)