ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE FARMÁCIA E QUÍMICA
Denominações: Associação Paulista de Farmácia e Química (1923); Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo (1924)
Resumo: A Associação Paulista de Farmácia e Química, depois denominada Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo, foi fundada em 12 de outubro de 1924, na cidade de São Paulo, com o objetivo de fomentar o desenvolvimento das ciências farmacêuticas, da química e da classe farmacêutica no Brasil. Entre seus idealizadores estavam Eduardo Aureo Vahia de Abreu, Octavio Eduardo de Britto Alvarenga, José Malhado Filho e Cândido Fontoura da Silveira.
Histórico
Em 17 de junho de 1894, em uma reunião de farmacêuticos realizada na rua São Caetano nº9, na cidade de São Paulo, foi proposta a criação de uma sociedade farmacêutica, tendo em vista o “estado de decadência da classe, devido à falta de garantias e ao indiferentismo dos poderes públicos para com ela” (MALHADO FILHO, 1953, p.38). Assim, em 15 de dezembro daquele ano foi instalada a Sociedade Farmacêutica Paulista, considerada a primeira agremiação da classe naquela província, cuja primeira diretoria era constituída por José Eduardo de Macedo Soares (presidente), Luiz Manuel Pinto de Queiroz (vice-presidente), Christovam Buarque de Holanda (secretário), José Frederico de Borba (vice-secretário), João Baptista da Rocha (tesoureiro), Cândido de Assis Ribeiro (arquivista). No seio desta sociedade foi proposta, em janeiro de 1897, a criação de uma escola livre de farmácia, que viria a concretizar-se somente com a fundação da Escola Livre de Farmácia de São Paulo, em 12 de outubro de 1898.
Desde a fundação da Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, em 24 de fevereiro de 1895, que tinha como objetivos zelar pelos interesses da classe médica, a capital paulista viu o surgimento de várias instituições de ensino e associações profissionais no campo médico. No âmbito da farmácia, a União Farmacêutica de São Paulo, fundada em 1916, foi uma das mais destacadas.
Nas primeiras décadas do século XX surgiram no Brasil várias instituições de ensino direcionadas à formação de quadros no campo da farmácia, como a Escola de Farmácia de Pernambuco (1903), a Escola de Farmácia do Maranhão (1922), a Escola de Farmácia do Pará (1904), a Escola de Farmácia e Odontologia de Ribeirão Preto (1924) e a Escola de Farmácia e Odontologia do Instituto Granbery (1904). Também foram criadas entidades profissionais como a Associação dos Proprietários de Farmácia e Laboratórios (Rio de Janeiro, 1921), a Associação Mineira de Farmacêuticos (1922), a Associação Catarinense de Farmacêuticos, Proprietários de Farmácias e Laboratórios (1925) e a Sociedade de Farmácia da Bahia (1925), que buscavam promover uma maior unidade da classe farmacêutica e, assim, garantir a defesa de seus interesses.
Em junho de 1923, a União Farmacêutica de São Paulo, então presidida por Cândido Fontoura da Silveira, foi cenário de um desentendimento sobre a decisão assumida pela Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo, de desistir do reconhecimento federal e reger-se apenas pela legislação estadual, o que então era permitido. Pressionado pelos opositores, Cândido Fontoura da Silveira foi obrigado a convocar uma sessão extraordinária para o dia 12 de junho, mas não a comparecer a ela. Na sessão ordinária do dia 14, ele apresentou sua renúncia da presidência junto com o restante da mesa – o vice-presidente Venâncio de Malta Machado, o 1º secretário Paulino Vieira dos Santos e o 2º secretário José Luiz da Cunha Júnior.
Contudo, não foi apenas esse episódio que motivou a saída da diretoria, pois dizia o próprio termo da renúncia que não seriam sinceros se não revelassem à União Farmacêutica que o desejo de renunciar aos cargos na diretoria, não havia surgido naquele momento (FONTOURA, 1960). Havia um desânimo, sobretudo por parte de Cândido Fontoura da Silveira, em relação a alguns preceitos da União Farmacêutica de São Paulo, especialmente quanto ao número de membros:
“O nosso desânimo provém da convicção, em que estamos, de que uma sociedade com fim científico-profissional só poderá ter continuidade e vida próspera, se escolher os seus associados e limitar o número deles. É o que a prática e o exemplo de outras associações científicas nos têm demonstrado à evidência. (...) Na heterogeneidade de sócios, surgem aspirações diferentes, muitas vezes boas e justas, mas que não se podem enquadrar no programa dos trabalhos científico-profissionais.” (FONTOURA, 1960, p. 99)
A renúncia solidária de seus companheiros de diretoria permitiu-lhe concretizar seu desejo de fundar uma sociedade estritamente científica, com um número limitado de membros, composta por farmacêuticos, químicos e biólogos. No dia 26 de junho de 1923, foi apresentado um termo de compromisso para a constituição de uma nova entidade, a Associação Paulista de Farmácia e Química. A redação deixava claras as suas finalidades:
“Os abaixo-assinados se comprometem, por este documento: 1. A organizar nesta Capital, com número limitado de cem (100) sócios e sob a denominação de ‘Associação Paulista de Farmácia e Química’ uma sociedade civil, cujo fim será cuidar exclusivamente do desenvolvimento das ciências farmacêuticas, da química e do levantamento intelectual e moral da classe farmacêutica no Brasil, afastados completa e absolutamente de quaisquer outros intuitos, notadamente os de origem mercantil de diversões de qualquer espécie, de homenagens a pessoas vivas, de religião, política ou partidarismo. (...)”. (LIBERALLI, 1959, p.145)
O documento foi assinado naquela data por doze profissionais, entre farmacêuticos,químicos e professores da Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo. Eram eles: Eduardo Aureo Vahia de Abreu, Octavio Eduardo de Brito Alvarenga, José Frederico de Borba, Luiz Pereira Corsino, Venâncio de Malta Machado, José Malhado Filho, Linneu Prestes (professor da Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo), Luiz Manuel Pinto de Queiroz, Paulino Vieira dos Santos, Cândido Fontoura da Silveira, Annita Tibiriçá e Firmino Tamandaré de Toledo Júnior. Naquele mesmo dia, definiu-se que a primeira presidência da associação caberia a Cândido Fontoura. Foi constituída também uma comissão para a redação dos estatutos, composta por Linneu Prestes, José Luiz da Cunha Júnior e Venâncio de Malta Machado.
Participaram da história desta associação, destaca Helou (1986), três pioneiros no Brasil, Cândido Fontoura da Silveira na indústria farmacêutica, Luiz Manuel Pinto de Queiroz na indústria química, e José Malhado Filho nas análises clínicas.
Novas reuniões da associação só ocorreriam a partir de 17 de janeiro de 1924. A associação, então rebatizada como Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo, e com 40 membros, passou a debater o projeto de estatuto e tratou de organizar sua instalação formal.
Em 5 de junho de 1924, na Assembléia Geral da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo, foi confirmado Cândido Fontoura da Silveira na presidência, e o engenheiro agrônomo Lourenço Granato na vice-presidência. Ainda compunham o quadro diretivo da associação para o biênio 1924-1926: o farmacêutico Manoel Lopes de Oliveira Netto (1º secretário), o químico Mário Salles Penteado (2º secretário), e o farmacêutico Venâncio de Malta Machado (tesoureiro).
Na reunião preparatória de 18 de setembro de 1924 José Malhado Filho anunciou a publicação próxima de uma farmacopéia brasileira. Referia-se à “Farmacopéia dos Estados Unidos do Brasil”, de autoria do farmacêutico militar Rodolfo Albino Dias da Silva, que foi publicada em 1926, e tornou-se de uso obrigatório a partir de 15 de agosto de 1929.
Finalmente, em 12 de outubro de 1924, na sede da Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo, que completava naquela data 26 anos de fundação, foi instalada a Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo. Nesta ocasião foi apresentado por Luiz Manoel Pinto de Queiroz, “o primeiro trabalho apresentado à Sociedade, ´Do emprego da água destilada em Farmácia`, discutindo os critérios de uso da água destilada ou simplesmente potável, o que provocou amplo debate” (LIBERALLI, 1959, p.147).
A notícia sobre a instalação da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo mereceu destaque no Boletim da Associação Brasileira de Farmacêuticos (ano 5, v.5, set./out. 1929), que ressaltou a importância daquele fato para a farmácia no Brasil. Repercutiu positivamente, também, junto à União Farmacêutica de São Paulo, que havia sido o cenário da dissidência, em 1924, que acabara por ocasionar a criação da Associação Paulista de Farmácia e Química. O próprio presidente da União Farmacêutica de São Paulo, Antônio de Castro Pereira, compareceu à sessão solene de instalação da Sociedade, e a revista União Pharmaceutica publicou, em seu número de outubro de 1924, um grande editorial a respeito destacando a relevância daquela iniciativa e a complementariedade das ações de ambas associações:
“A proveta corporação que vem de se instalar, se fazia atualmente tão necessária ao meio intelectual, operoso e industrial das classes farmacêutica e de químicos, como, há 11 anos, a União Farmacêutica se tornara imprescindível para encaminhar e defender os interesses da classe. Sem haver, entretanto, a mínima afinidade na disposição dos seus programas, ambas, estamos certos, se completarão pelos benefícios que hão de prestar às referidas classes pela proficiência científica e prática de uma, e pelo esforço decisivo de outra, em prol do aperfeiçoamento moral e profissional das classes que representam” (ano IX, n.101, out. 1924. Apud LIBERALLI, 1959, p.147).
Dentre seus membros, nos primeiros anos de existência, destacaram-se, além dos fundadores, Bernardo Guertzenstein, João Baptista da Rocha, Francisco Mastrangioli, Lourenço Granato, Bruno Rangel Pestana, Pedro Baptista de Andrade, Alberto de Oliveira Santiago, Paulo Vilela de Andrade, Lacordaire Duarte, Alfredo Leal, Afrânio Pompilio Bransford do Amaral, Jacques Arié (professor de química, 1908, da Escola Agrícola Prática Luiz de Queiroz), Antonio Valente do Couto, Vital Brazil Mineiro da Campanha (diretor do Instituto Butantan), Olga Ferreira de Barros, e Oscar Filgueiras, e Álvaro Borges.
No relatório anual de 1926, apresentado por Lourenço Granato, presidente em exercício, destacou-se o bom relacionamento da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo com outras sociedades, especialmente com a Associação Brasileira de Farmacêuticos, com a Sociedade Brasileira de Química, e com a Associação Mineira de Farmacêuticos. Buscando divulgar a associação o secretário-geral enviou os Estatutos da Sociedade para associações congêneres estrangeiras, e o próprio Cândido Fontoura da Silveira visitou oficialmente a Société de Pharmacie de Paris.Ainda imbuído do objetivo de difundir a Sociedade, o secretário-geral enviava notícias detalhadas sobre seus trabalhos à imprensa diária da capital paulista e ao periódico Diário de Medicina, do Rio de Janeiro.
O relatório apresentou, também, a lista de jornais e revistas científicas recebidas pela associação, na qual encontravam-se as publicações nacionais Boletim da União Pharmaceutica, Revista de Chimica e Industria, Archivos de Biologia, Boletim da Novotherapia Italo-Brasileira S.A., Laboratório Clinico, Medicamenta, Revista de Medicina e Pharmacia, Boletim da Academia Nacional de Medicina, Boletim da Associação Brasileira de Pharmaceuticos, Revista de Chimica e Pharmacia Militar, O Pharmaceutico Brasileiro; e as estrangeiras Cronica Medica Mexicana, El Noticero Farmaceutico, Répertoire de Pharmacie, Annales de Chimie Analytyque e Révue de Chimie Appliquée (GRANATO, 1925).
Retratando a atuação da Sociedade, Lourenço Granato destacou o empenho da mesma pela moralização do ensino farmacêutico no Estado de São Paulo, colaborando com o deputado Gama Rodrigues na elaboração de um projeto substitutivo ao já apresentado à Câmara dos Deputados. Ainda na área do ensino, a Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo fez uma estudo sobre a necessidade de uma escola superior de química, naquele Estado, tendo apresentado um documento a respeito ao Governo do Estado de São Paulo e ao Congresso Legislativo. Outros temas também foram objetos de sua atuação, como a regulamentação do exercício da química, a fiscalização do comércio de tóxicos, e o Serviço Sanitário do Estado de São Paulo. Em relação a este protestou energicamente contra a reforma proposta, especialmente no que se referia às medidas vexatórias e prejudiciais às classes dos farmacêuticos e químicos, presentes na referida reforma. Constituiu uma comissão de membros correspondentes para pleitear junto às autoridades competentes as medidas necessárias à reciprocidade tributária entre especialidades farmacêuticas nacionais e estrangeiras. E neste sentido parabenizou a tese de Orlando da Fonseca Rangel, apresentada no 1º Congresso Brasileiro de Farmácia, no Rio de Janeiro.
No período retratado pelo referido relatório, a Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo recebeu a visita de José de Carvalho Del Vecchio (professor de química da Faculdade de Medicina da Universidade do Rio de Janeiro), Luiz Cerqueira (químico do Laboratório Bromatológico), Carlos Benjamin da Silva Araújo (industrial-farmacêutico da firma Carlos da Silva Araújo & Cia.), Raymundo Felippe de Souza (catedrático da Escola de Farmácia do Pará), Jean Pepin Lehalleur (1885-1959) (Missão Militar Francesa no Brasil), Pedro Dias da Silva (diretor da Faculdade de Medicina de São Paulo), Clemente Miguel da Cunha Ferreira (diretor do Dispensário Clemente Ferreira), de autoridades do governo do Estado de São Paulo, e de representantes da Academia Nacional de Medicina, da Sociedade de Biologia e Higiene, da União Farmacêutica de São Paulo, e da Sociedade de Química de São Paulo.
No período de outubro de 1926 a 1928 a Sociedade apresentou a seguinte diretoria: João Baptista da Rocha (presidente), professor da Escola de Farmácia e Odontologia de São Paulo, Francisco Mastrangioli (vice-presidente), Octavio Eduardo de Britto Alvarenga (secretário-geral), Antonio Valente do Couto (1º secretário), Manoel Octaviano Marcondes de Souza (2º secretário), proprietário da Pharmacia Cruzeiro, e Paulino Vieira dos Santos (tesoureiro).
Presidentes:
As diretorias eram eleitas por dois anos, tomando posse sempre no dia 12 de outubro dos anos pares. Os primeiros presidentes foram: Cândido Fontoura da Silveira (junho 1924-maio 1926); Lourenço Granato (maio 1926-outubro 1926); João Baptista da Rocha (outubro 1926-1928); Octavio Eduardo de Brito Alvarenga (1928-1930).
Estrutura e funcionamento
Nos primeiros anos de atividade, como Associação Paulista de Farmácia e Química, seus membros se reuniam em diversos locais, na falta de uma sede definitiva. Uma sala do Laboratório de Análises Malhado Filho, no segundo andar do nº 24 da rua São Bento, na cidade de São Paulo, abrigou as primeiras sessões, ainda em 1923. De janeiro de 1924 até a instalação, em 12 de outubro, as reuniões da então denominada Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo ocorreram nas dependências do escritório da firma Fontoura, Serpe & Cia., de Cândido Fontoura da Silveira, na rua Wenceslau Braz, nº 16, com exceção de alguns encontros em uma sala alugada na rua Barão de Itapetininga, nº 5-A.
Para realizar as sessões após a rescisão do aluguel, a associação aceitou a oferta de utilizar a sala de reuniões do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, na rua Benjamin Constant, nº 40, local que abrigaria suas sessões por vários anos. Sua secretaria mudou diversas vezes de endereço, tendo funcionado nas dependências da firma Fontoura, Serpe & Cia., e na rua Manoel Dutra, nº62, até seu estabelecimento definitivo na rua Brigadeiro Luiz Antônio, nº 393, 7º andar.
A Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo foi organizada, na época de sua fundação, sobre quatro comissões técnicas, logo renomeadas como seções: farmacologia; química, bromatologia e toxicologia (depois seção de química); biologia, microscopia e medicamentos injetáveis (seção de biologia aplicada); e deontologia e interesses profissionais.
Em 1926 a seção de farmacologia era presidida por Luiz Manuel Pinto de Queiroz, a de química por Alfred Cownley Slater (professor da Escola de Engenharia Mackenzie), a de biologia aplicada por Oscar D´Utra e Silva, a de ciências naturais por Firmino Tamandaré de Toledo Júnior (botânico), e a de deontologia e interesse profissionais por Cândido Fontoura da Silveira.
O relatório de 1926 (GRANATO, 1925) lista as comunicações e palestras apresentadas pelos associados na sede da Sociedade. Entre estas podemos citar:
- Alfredo Leal: “Desestanhagem da folha de Flandres”, “Estado Colloidal da Materia”, “A catalyse na industria chimica”.
- Luiz Manoel Pinto de Queiroz: “Dos vehiculos nos preparados officiaes”, “Do emprego da agua distillada em Pharmacia”, “Do oleo e adubo de peixes”, “Industrias chimicas a explorar no Brasil”.
- Lourenço Granato: “A influencia do solo, da cultura e do clima na riqueza dos principios immediatos das plantas”, “D.Pedro II e a Agricultura no Brasil”.
- José Malhado Filho: “Sobre um caso de deterioração de agua potavel”, “Notas praticas de urometria-azul de methyleno”, “Ureometro Malhado”.
- Bernardo Guertzenstein: “Novo methodo volumetrico de dosagem de sulfatos”, “Processo de divisão do mercurio”, “Novo processo de preparação de pomada mercurial”.
- Firmino Tamandaré de Toledo Júnior: “Uro-prognostico da Grippe”.
- Alfred Cownley Slater: “O aproveitamento das rochas pyrobetuminosas no Brasil”, “Como ampliar a industria chimica no Brasil”.
- Antenor Machado: “Preparação do Oleo de chenopodio por via Synthetica”.
- Orlando da Fonseca Rangel: “Em torno da dosagem e do mechanismo de acção dos mercurias no trtamento da syphilis”.
- Octavio Eduardo de Britto Alvarenga: “A reforma do ensino e a classe pharmaceutica”, “Considerações em torno de um novo processo de pesquiza toxicologia dos mercuriaes”, “Questões que poderão ser suscitadas em uma pericia toxicologica”.
- João Vicente de Souza Martins: “As extremas sensibilidades na physica, na chimica e na biologia”.
- Manoel Octaviano Marcondes de Souza: “Nova therapeutica da ulcera de Baurú”.
- Mário Salles Penteado: “O coco de Babassú e a falsificação da manteiga”.
- Martinho B. Frontini: “A situação da industria metallurgica no Brsil”.
- Francisco Mastrangioli: “Considerações em torno da pesquiza da albumina nas urinas turvas”, “Considerações sobre o processo Botelho para o diagnostico do Cancer”.
- Pedro Cariani: “ Da Industria textil às suas Materias primas – technica e dependencia”.
- Antonio Valente do Couto: “Aproveitamento Industrial das aguas do rio Tieté”.
- Arlindo de Araujo Vianna: “Estabilisação e conservação da agua oxygenada”.
- Jean Pepin Lehalleur: “O problema do azoto no Brasil”.
- Jacques Arié: “Factores physico-chimicos da impermeabilidade do solo”.
- João Penna Malhado: “Dosagem Hemoglobina”.
A Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo instituiu o Prêmio Pedro Baptista de Andrade, que era conferido anualmente ao melhor trabalho apresentado pelos associados, com o objetivo de incentivar os estudos das ciências farmacêuticas, químicas, biológicas e afins.
Havia ainda uma Comissão Fiscal, responsável pelas finanças, e uma Comissão de Redação, que tratava da publicação dos Anais. Posteriormente, foi criada uma quinta seção, de ciências naturais.
De acordo com o relatório da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo, para o ano de 1926, embora o art. 1º dos Estatutos da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo determinassem a criação de um laboratório para experiências e análises químicas, e identificação de drogas e produtos químicos, este ainda não havia sido instalado.
O número de sócios titulares era limitado a sessenta, apesar de em 1926 eles serem apenas 47. Havia ainda membros honorários – os dois primeiros foram o farmacêutico Orlando da Fonseca Rangel e a cientista polonesa Marie Sklodowska Curie (1867-1934) – e membros correspondentes, que moravam fora de São Paulo. Entre os membros correspondentes estavam profissionais reconhecidos no campo da farmácia como, Paulo Seabra, Júlio Eduardo da Silva Araújo (da Associação Brasileira de Farmacêuticos), Isaac Werneck da Silva Santos (da Associação Brasileira de Farmacêuticos), João Vicente de Souza Martins (da Associação Brasileira de Farmacêuticos), Jean Pepin Lehalleur, Luiz Fernandes Ramôa (presidente do Laboratório Químico Farmacêutico Militar) e Émile Kohn-Abrest (autor de estudos sobre toxicologia).
O art.1º dos Estatutos da Sociedade dispunha a instalação de uma biblioteca, determinação esta que demorou a ser atendida tendo em vista a inexistência de uma sede definitiva. Em 6 de julho de 1925 Eduardo Aureo Vahia de Abreu, membro titular, propôs que cada associado contribuísse com um volume para a formação de uma biblioteca, e neste sentido foram oferecidas as seguintes obras: “Memorandum de Pharmacologia e Therapeutica” (José Benevenuto de Lima), “Technica de Analyse de Urina” (José Benevenuto de Lima), “Systematisação de dosagem ponderal” (Fernando Gross), “Especificações Technicas para acquisição e escolha das materias graxas, oleos e productos graxos usados nas industrias militares” (Arlindo de Araújo Vianna), “Développements récents des Institutions de Recherches Scientifiques et Industrielles à l´étranger et en France” (Jean Pepin Lehalleur), “Étude phographique des Explosifs antigrisouteux” (Jean Pepin Lehalleur),, “Emploi des réactifs organiques en analyse” (Jean Pepin Lehalleur), “Da Pharmacia, origem e evolução” (José Coriolano de Carvalho), “Guia pratico de analyse qualitativa mineral” ( Militino Cesário Rosa), “Lições de Chimica Analytica (Antenor Machado), e “Noticia sobre as plantas estabilisadas e novas formas galenicas” ( Octavio Pereira dos Anjos).
Em 22 de fevereiro de 1927, o estatuto passou por sua primeira grande modificação. A seção de deontologia e interesses profissionais foi extinta e as demais, renomeadas: farmacologia; química pura e aplicada; química industrial; e biologia aplicada e ciências naturais. O número de máximo de membros passou de sessenta para cem. Criou-se ainda a figura do sócio benemérito, título dado a quem contribuísse com o valor de cem anuidades.
A Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo, existente até os dias atuais, manteve-se ao longo dos anos funcionando sob parâmetros semelhantes aos definidos na época de sua fundação. No Estatuto, em vigor a partir de 23/06/1953, as principais finalidades da associação seriam:
“a. cuidar do desenvolvimento das ciências farmacêuticas, químicas, biológicas e afins, ativando seu estudo por meio de comunicações, conferências, seminários e cursos sobre assuntos a elas referentes; b. propugnar pelo levantamento intelectual, profissional e social das classes nela integradas; c. promover a união e harmonia dos seus associados, de modo a constituir um núcleo forte para a defesa de seus interesses morais e materiais; d. responder às consultas que, sobre assuntos a ela pertinentes, lhe forem dirigidos pelos seus associados, pelas autoridades constituídas, por quaisquer associações civis ou por particulares; e. ter um órgão oficial, no qual serão publicados os trabalhos apresentados à S.F.Q.S.P. e quais quer outros que interessem aos fins sociais; (....)”. (ESTATUTO, 1953, p. 39)
Publicações oficiais
Os estatutos da então Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo previam a publicação de uma revista, e assim José Malhado Filho, um dos participantes da fundação daquela associação, renunciou aos direitos de manter a publicação de sua Revista Pharmaceutica, que já existia desde 1895, em favor da entidade. A Revista de Pharmacia e Chimica, então novo nome da revista de José Malhado Filho, tornou-se a primeira publicação da Sociedade. O órgão chegou a dez números, publicados entre agosto de 1924 e julho de 1925, mas sua tiragem reduzida inviabilizava a produção. Um ano depois, passou-se a editar um boletim mimeografado, somente para distribuição aos membros e a sociedades, revistas e jornais científicos.
Em 1924, a Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo começou a publicar os Annaes da Sociedade de Pharmacia e Chimica de São Paulo. Após os dois primeiros volumes (1924-26 e 1927-28) a publicação foi suspensa, sendo retomada apenas em janeiro de 1953, sob o título Anais de Farmácia e Química de São Paulo. As modificações estatutárias de 1958 simplificaram-lhe o nome para Anais de Farmácia e Química, nome que mantém até hoje. A periodicidade da publicação foi sendo paulatinamente reduzida e nos dias de hoje ela é anual.
Fontes
- CADASTRO Geral de Titulares da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo. Anais de Farmácia e Química de São Paulo, São Paulo, v.7, n.1, p.32-44, jan. 1955.(CCS-UFRJ)
- ESTATUTO da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo. Anais de Farmácia e Química de São Paulo, São Paulo, v.6, n.6, p.39-47, jun. 1953. (CCS-UFRJ)
- FONTOURA, Cândido. O 35o aniversário da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo. Anais de Farmácia e Química de São Paulo,São Paulo, v.11, n. 5-6, p. 97-100, mai./jun. 1960. (CCS-UFRJ)
- GRANATO, Lourenço. Relatório apresentado pelo titular Dr. Lourenço Granato, Presidente em exercício da Sociedade de Pharmacia e Chimica de São Paulo em Assembléa Geral Ordinária realizada em Setembro de 1926. Annaes da Sociedade de Pharmacia e Chimica de São Paulo,v. 1, p. 5-22, 1924,1925. (CCS-UFRJ)
- HELOU, J. H. Nota Biográfica. Cândido Fontoura pioneiro da Indústria Farmacêutica no Brasil. Anais de Farmácia e Química,São Paulo, v. 26-28, p. III-VI, 1986-1988. (BABF)
- HELOU, J. H. Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo. Anais de Farmácia e Química de São Paulo, São Paulo, v.18, n.1, p.131-146, 1978. (CCS-UFRJ)
- LIBERALLI, Carlos H. História da fundação da Sociedade de Farmácia e Química de São Paulo. Anais de Farmácia e Química de São Paulo, São Paulo, v. 10, n. 9-10, p. 144-149, set./out. 1959. (CCS-UFRJ)
- MALHADO FILHO, J. Farmacêuticos de outros tempos. Anais de Farmácia e Química, São Paulo, v.6, n.4, p.36-42, abr. 1953. (CCS-UFRJ)
- MOVIMENTO Associativo. Laboratório Clínico, Rio de Janeiro, ano V, n. 27, abr./mai. 1925. (BN)
- OLIVEIRA, Abel de. Instituições pharmaceuticas de todos os tempos. O Pharmaceutico Brasileiro, Rio de Janeiro, ano V, n. 18, jun. 1930. (BMANG)
- SANTOS FILHO, Lycurgo de Castro. História Geral da Medicina no Brasil. São Paulo: HUCITEC / Edusp, 1991. (BCOC)
- SANTOS Filho, Lycurgo de Castro. Imprensa médica e associações científicas paulistas.Imprensa médica. Lisboa, ano 23, p. 1-17, janeiro de 1959 (separata). (BMANG)
- SOCIEDADE de Pharmacia e Chimica de São Paulo. Laboratório Clínico, Rio de Janeiro, ano VI, n. 35, set./out. 1926. (BN)
- SOCIEDADE de Pharmacia e Chimica de São Paulo.União Pharmaceutica, São Paulo, ano IX, n. 101, p.398-399, out. 1924. (BMANG)
Ficha técnica
Pesquisa - Fabiano Dauwe, Rodrigo Borges Monteiro
Redação - Fabiano Dauwe, Maria Rachel Fróes da Fonseca
Revisão - Francisco José Chagas Madureira.
Atualização - Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.
Forma de citação
ASSOCIAÇÃO PAULISTA DE FARMÁCIA E QUÍMICA. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 21 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)