DERBY, ORVILLE ADELBERT: mudanças entre as edições
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<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby fez seus primeiros estudos em sua cidade natal e os preparatórios na Albany Normal School. Em 1869 ingressou no curso de geologia da University of Cornell, na cidade de Ithaca, sede do condado de Tompkins (Estados Unidos). </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Veio ao Brasil pela primeira vez em 1870, ainda como estudante e a convite de Charles Frederic Hartt (1840-1878), seu professor de geologia e geografia, para participar juntamente com outros alunos de Cornell, da Expedição Morgan, dirigida por Hartt e assim denominada por contar com vultosas contribuições do Coronel Edwin Barber Morgan (1808-1881). Este convite teria decorrido da dedicação demonstrada por Orville Adelbert Derby em seu estudo sobre os briozoários fósseis do Estado de Nova York, tarefa esta considerada difícil para um jovem estudante de geologia, mas que já demonstrava sua grande capacidade (APROMIN, 2005).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Na primeira viagem Orville Adelbert Derby visitou Pernambuco, onde juntamente com o naturalista De Borden Wilmont organizou uma importante coleção de fósseis da formação Maria Farinha, a primeira coleção sistemática daquela região. Na segunda viagem da Expedição Morgan, em 1871, novamente acompanhado por Charles Frederic Hartt, Orville Adelbert Derby se dirigiu ao vale do Rio Amazonas, onde explorou os Rios Tocantins, Tapajós e Xingu, e realizou uma coleta de fósseis carboníferos de calcário de Itaituba do Rio Tapajós, da qual resultou uma importante coleção. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adalbert Derby graduou-se em geologia, em 1873, e obteve o grau de “Master of Sciences” em junho de 1874, na University of Cornell, com a tese intitulada "On the Carboniferous Brachiopoda of Itaitúba, Rio Tapajos, Prov. of Pará, Brazil”. Sua tese, na qual utilizou o material que coletara durante as expedições científicas no Brasil, foi publicada, naquele mesmo ano, no ''Bulletin of Cornell University: Science''. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Entre 1873 e 1875 ocupou o posto de instrutor de geologia e paleontologia na University of Cornell. Em 1874, quando seu professor, Charles Frederic Hartt, realizou uma nova expedição científica ao Brasil, Derby o substituiu em suas funções acadêmicas na referida universidade. A viagem organizada por Hartt não tinha apenas fins científicos, mas principalmente visava convencer as autoridades brasileiras da importância da elaboração de um mapa geológico do Império. Além da aceitação do Governo Imperial, Hartt obteve ainda uma outra vitória, que foi a criação da Comissão Geológica do Império, pelo Aviso nº 175 de 30 de abril de 1875. Hartt foi convidado para chefiá-la, e foram nomeados como seus assistentes Orville Adelbert Derby, Richard Rathbun (1852-1918), geólogo da University of Cornell, John Casper Branner (1850-1922), do Departamento de Botânica e Geologia da Indiana University, e os brasileiros Elias Fausto Pacheco Jordão, que havia se doutorado em 1874 em engenharia civil na University of Cornell, e Francisco José de Freitas. Integraram, também, o corpo técnico da comissão os geólogos Luther Wagoner e Herbert Huntington Smith (1851-1919), e o fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923). </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A partir de sua nomeação como assistente da Comissão Geológica do Império, em 1875, Orville Adelbert Derby passou a residir na cidade do Rio de Janeiro. Com apenas dois anos de funcionamento a Comissão foi extinta, em 1877, por João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Ministro da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, alegando-se economia de gastos. À época da extinção da Comissão, todo o material que fora coletado durante sua existência, foi depositado no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], na cidade do Rio de Janeiro.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Durante os dois anos de funcionamento, a Comissão Geológica do Império realizou trabalhos em várias partes do Brasil. Orville Adelbert Derby iniciou suas pesquisas pela província da Bahia, alcançando ainda Sergipe, e nestas regiões estudou a geologia do Recôncavo baiano e do Rio São Francisco. Na região norte estudou os depósitos carboníferos da província do Pará, e estendeu suas observações até o Amazonas. Posteriormente realizou pesquisas também na província do Paraná.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Com a extinção da Comissão Geológica do Império, Orville Adelbert Derby, Charles Frederic Hartt e Richard Rathbun acondicionaram todo o material que haviam coletado, do qual resultou um relatório elaborado pelos três pesquisadores, e no qual enfatizavam a relevância daquele acervo para as pesquisas geológicas. O intuito era de que as autoridades enxergassem a importância do material e recriassem o órgão, mas os esforços realizados foram em vão, pois nada foi feito. Ainda em 1878, morreu Charles Frederic Hartt, vítima de febre amarela, e lhe foi atribuído o título de “Pai da Geologia no Brasil”, por ser considerado o responsável pela luta em prol do reconhecimento dos estudos geológicos no país. Hartt na verdade foi o grande criador do primeiro órgão dedicado às pesquisas geológicas no Brasil, pois deste resultaram todos os outros que vieram posteriormente. Já Orville Adelbert Derby foi o responsável pela preservação do acervo científico da Comissão Geológica do Império. Uma vez extinta a comissão, os colegas norte-americanos de Derby retornaram aos Estados Unidos.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby trabalhou, sem receber remuneração, no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]] até maio de 1879, quando foi nomeado chefe da 3ª seção de geologia nesta instituição, permanecendo neste cargo até 1890. Enquanto aguardava sua nomeação para este museu, Derby realizou vários trabalhos nas províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná e ainda na Bacia do Rio São Francisco, atendendo a interesses privados. Ainda neste período integrou a Comissão Hidráulica do Império, criada em 1879 para exploração do Alto São Francisco, chefiada pelo engenheiro William Milnor Roberts (1810-1881). No levantamento e estudos no rio das Velhas, participou, juntamente com Derby, o engenheiro assistente João W. de Aguiar.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Participou de estudos sobre a navegação dos rios São Francisco e das Velhas, e sobre as obras de melhoramento do porto de Santos, e por todos estes trabalhos não obteve remuneração, recebendo apenas os meios para o desenvolvimento dos estudos. Como resultado produziu uma série de anotações e registros sobre as formações diamantíferas no Paraná, e sobre a formação geológica da bacia. Em Minas Gerais reconheceu a origem da flexibilidade dos itacolomitos (quartzito claro e quartzito rosado). Colaborou, ainda, com o geólogo Claude-Henri Gorceix (1842-1919) nos estudos paleontológicos da Carta Geológica de Minas Gerais (LOPES, 1997).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">De 1879 até 1886, Orville Adelbert Derby dedicou-se integralmente às atividades no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], como pesquisador, professor e organizador das coleções de mineralogia e de paleontologia pertencentes ao acervo da instituição. Neste sentido, compilou e organizou os estudos que Charles Frederic Hartt havia feito na Amazônia. Além disso, enviou a alguns especialistas uma parte das coleções do Museu para que fossem produzidas observações, as quais seriam publicadas pela instituição. Apesar de todos seus esforços, a seção de geologia que chefiava não possuía a mesma notoriedade se comparada às seções de zoologia e de botânica, devido à insuficiência de recursos para aquela seção. Tal situação levou Orville Adelbert Derby a organizar os gabinetes, laboratórios e coleções, para exibição ou guarda, a dar aulas e pareceres sobre a exploração de jazidas minerais, além de produzir pesquisas na área zoológica.<br/> Apesar de todas estas tarefas, Orville Adelbert Derby realizou, neste período, inúmeros trabalhos de campo, e publicou cerca de 42 trabalhos não só no ramo da geologia, como também no campo da mineralogia, petrografia, paleontologia, jazidas minerais e meteoritos. Todos estes estudos, resultados dos trabalhos empreendidos no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], foram publicados entre os anos de 1870 e 1890. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1885, Derby foi convidado pelo presidente da província de São Paulo, João Alfredo Corrêa de Oliveira, para formular um plano de estudos sobre a geografia, o relevo, e a estrutura geológica de São Paulo. O plano proposto por Derby, segundo o presidente da província, foi:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“essencialmente o mesmo que organizara o malogrado professor Hartt para os trabalhos da comissão geológica do Império, e baseia-se nos métodos desenvolvidos pela experiência de muitos anos das comissões geográficas e geológicas dos Estados Unidos, os quais, atenta a rapidez e a economia da execução, são os mais apropriados para as regiões em que é extensa a área que se tem de explorar, e a população se acha disseminada. Contempla ele a organização de cartas, na escala de um centímetro por quilômetro, que serão ao mesmo tempo geográficas, topográficas, itinerárias, geológicas e agrícolas, e em que se representarão exatamente todos os centros de população e os estabelecimentos industriais e agrícolas, de certa importância; os acidentes da superfície; as estradas de ferro de rodagem; os cursos d´água; as minas, etc.; a configuração e elevação da superfície e a distribuição dos diversos terrenos geológicos e das terras de cultura, de criação, bem como das improdutivas. (....) Este plano é perfeitamente exeqüível, como a experiência dos Estados Unidos tem demonstrado, dentro de razoável período, contando-se com a mesma rapidez que em seus trabalhos empregam os geógrafos americanos.” (RELATORIO, 2006, p. 99-100) </span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby apresentou, então, o “Esboço de um Plano para Exploração Geográfica e Geológica da Província de São Paulo”, projeto este que fora já idealizado por Charles Frederic Hartt à época da Comissão Geológica do Império, e que Derby, na realidade, o adaptou de acordo com as necessidades da nova instituição. Sua proposta apresentava uma visão integrada da natureza, contemplando a geologia, a geografia, a botânica, a zoologia, a climatologia e a etnografia. A proposta foi aceita, e ele foi convidado para chefiar a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (atual Instituto Geológico de São Paulo), criada em 27 de março de 1886 pela Lei Provincial no 9. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Chefiou a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo de 1886 a 1890, e foi o responsável pelo Boletim da Comissão Geográfica e geológica de São Paulo, em 1889. Entretanto, como também ocupava o cargo de chefe da 3ª seção de geologia do [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], e o acúmulo destas duas funções não era permitido, Derby acabou sendo dispensado de seu cargo no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]]. Entretanto, mesmo após este afastamento, Derby manteve contato com aquela instituição, e especialmente com João Baptista de Lacerda, diretor do Museu entre 1895 e 1915. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1887, após um ano de sua criação, a Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo foi reorganizada, tendo sido criadas três seções: geográfica-geológica, botânica e meteorologia. A instituição tinha como objetivo a produção de estudos nas áreas geográfica e geológica, com ênfase no aproveitamento dos recursos minerais e no benefício das vias de comunicação da província de São Paulo. Para o início dos trabalhos nesta Comissão, Orville Adelbert Derby contou com o auxílio do engenheiro Theodoro Fernandes Sampaio, do petrógrafo austríaco Eugen Hussak e dos alunos da Escola de Minas de Ouro Preto, Luiz Felipe Gonzaga de Campos e Francisco de Paula Oliveira. Através dos relatórios produzidos, como resultados das pesquisas realizadas nas áreas de geografia, história, geologia, constituiu-se um grande acervo. Derby teve, então, a idéia de criar e organizar um museu da Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo, e parte deste acervo deu origem ao futuro [[MUSEU_PAULISTA|<u>Museu Paulista</u>]]. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1888, Orville Adelbert Derby redigiu a ata de recebimento do meteorito Bendegó, que havia sido encontrado, em 1784, em Monte Santo (interior da província da Bahia), e doado ao então [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|Museu Imperial e Nacional]]. Posteriormente, ainda escreveu um artigo sobre este meteorito, o qual foi publicado nos ''Archivos do Museu Nacional'', em 1895.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Entre fevereiro de 1892 e janeiro de 1893 Theodoro Fernandes Sampaio e Luiz Felipe Gonzaga de Campos, respectivamente, foram exonerados de seus cargos na Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. O primeiro foi substituído pelo topógrafo Horace E. Williams (1866 - ) no cargo de chefe da seção geográfica da comissão. Em 28 de fevereiro de 1893 foi criada a seção zoológica daquela Comissão, e escolhido como seu diretor, o naturalista [[IHERING,_HERMANN_FRIEDRICH_ALBRECHT_VON|<u>Hermann Friedrich Albrecht von Ihering</u>]]. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Derby, em 1892, em uma de suas muitas correspondências com [[IHERING,_HERMANN_FRIEDRICH_ALBRECHT_VON|<u>Hermann Friedrich Albrecht von Ihering</u>]], comentou sobre o estado da ciência naquele momento no Brasil:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"> “O Museu e a Escola de Minas reassumiram a antiga posição representada pela Politécnica e Escola de Medicina. Novas instituições de algum valor dificilmente serão fundadas até que os problemas políticos e financeiros se acalmem e quando começarem provavelmente seguirão o mesmo padrão. Tenho ainda algumas gotas de esperança em São Paulo, onde há dinheiro e uma certa quantidade de bom senso. Acredito que posso manter minha Comissão se conseguir e manter ajuda adequada.” (Apud LOPES, 1997, p.197)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Derby recebeu, em fevereiro de 1892, o prestigioso Wollaston Prize (medalha de ouro), financiado pelo Wollaston Fund e conferido pela Geological Society of London, fundada em 1807, a aqueles que tinham contribuído às pesquisas em geociências.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Neste mesmo ano de 1892, Derby integrou a comissão brasileira para a World´s Columbian Exposition (Chicago, Illinois, 1º/05-30/10/1893).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby, ainda na chefia da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, retratou as origens do [[MUSEU_PAULISTA|<u>Museu Paulista</u>]], em seu ofício de 29/08/1895, publicado no primeiro número da ''Revista do Museu Paulista'':</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“(....) esbocei um plano para o coordenar e desenvolver modestamente à sombra da Comissão Geográfica e Geológica, que tinha a seu cargo diversos serviços que podiam contribuir para várias seções de um Museu de História Natural (..). Sendo-me oferecida a cooperação de um zoologista de grande nomeada [Hermann von Ihering], aproveitei o ensejo para completar o programa de um verdadeiro museu propondo ao governo a criação de uma seção zoológica nesta Comissão – proposta que foi aceita (....) [e que] foi iniciada em maio de 1893. Logo depois o Congresso do Estado determinou criar no monumento do Ipiranga um museu independente, e no princípio do exercício de 1894 cessou a ligação provisória do Museu com a Comissão Geográfica e Geológica, passando para o novo estabelecimento o pessoal da seção zoológica desta”. (Apud FIGUEIROA, 1997, p.144) </span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">No dia 10 de fevereiro de 1896, Orville Adelbert Derby apresentou ao então Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Teodoro Dias de Carvalho Júnior, um esboço do projeto de organização da seção botânica da Comissão Geográfica e Geológica do então Estado de São Paulo, por meio da qual poderiam ser viabilizados projetos referentes ao serviço florestal e ao Horto Botânico. A idéia era é de que fossem criadas três seções: um Serviço Botânico Sistemático, o Serviço Experimental e o Serviço Florestal. Naquele ano integrou, juntamente com Francisco Ramos de Azevedo e [[LÖFGREN,_JOHAN_ALBERT_CONSTANTIN|<u>Johan Albert Constantin Löfgren</u>]], a comissão técnica que recomendou a fundação de um horto botânico (atualmente pertencente ao Instituto Florestal) na região da Cantareira, na capital do Estado de São Paulo (ROCHA, 2006). </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 9 de julho de 1898, Orville Adelbert Derby recebeu das mãos de [[GÖLDI,_ÉMIL_AUGUST|<u>Émil August Göldi</u>]], então diretor do [[MUSEU_PARAENSE_DE_HISTÓRIA_NATURAL_E_ETNOGRAFIA|<u>Museu Paraense de História Natural e Etnografia</u>]], o título de Membro Honorário daquela instituição.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Apesar de todos os trabalhos realizados, a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo foi duramente criticada por sua morosidade operacional e pela inexistência de um mapa geológico do Estado. Esta crítica teve como um de seus mentores, Francisco Bhering (1867-1921), catedrático interino da Escola Politécnica de São Paulo, o que abalou a liderança de Orville Adelbert Derby na Comissão. De acordo com Figueirôa (1997), esta controvérsia prolongou-se por três anos, e era uma disputa tanto em termos científicos quanto profissionais. Existiam as questões metodológicas dos levantamentos cartográficos, que opunha uma escola francesa, defendida por Bhering, a uma escola norte-americana, reiterada por Derby. Havia, igualmente, a oposição entre a visão de ciência aplicada, defendida por Bhering, e a de ciência pura, “atribuída por Bhering a Derby” (FIGUEIRÔA, 1997, p. 193). O aspecto profissional presente na controvérsia referia-se ao “processo de afirmação social da categoria profissional dos engenheiros iniciado no século anterior” (FIGUEIRÔA, 1997, p. 193). <br/> <br/> Em 1904, houve um drástico corte nos recursos financeiros da Comissão, o que levou a um arrocho na remuneração dos funcionários. Orville Adelbert Derby tentou intervir junto às autoridades, mas seus esforços foram em vão, e no mesmo ano, o governo optou por reformular o órgão, oferecendo-lhe um outro cargo. Em ofício de 20 de janeiro de 1905, então, Derby pediu demissão da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, como uma forma de protesto perante a falta de incentivo aos estudos geológicos no Brasil. Seu pedido de demissão foi aceito, sendo substituído pelo engenheiro civil João Pedro Cardoso.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Após desligar-se da Comissão, Orville Adelbert Derby foi convidado pelo Secretário de Agricultura da Bahia, Miguel Calmon du Pin e Almeida, para dirigir o Serviço de Terras e Minas do Estado da Bahia. Derby aceitou este convite e desempenhou esta função até o mês de janeiro de 1907. No período em que esteve na Bahia, Orville Adelbert Derby estudou a geologia local, intensificando as pesquisas acerca da ocorrência de manganês e de diamante em algumas áreas.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em fins de 1906, recebeu o convite de Miguel Calmon Du Pin e Almeida, então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, para organizar o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, criado pelo decreto nº 6.323 de 10 de janeiro de 1907 para fazer o estudo científico da estrutura geológica e mineralógica do país, objetivando sua aplicação prática. Derby aceitou o convite e, para compor a equipe, indicou como primeiros-engenheiros a Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Francisco de Paula Oliveira, e Luiz Felipe Gonzaga de Campos, e para segundos-engenheiros Carlos Moreira e Cícero de Campos. Posteriormente também foram incorporados Benedito José dos Santos e Euzébio Paulo de Oliveira. Derby, em uma de suas correspondências com Horace E. Williams, destacou a importância do combate à seca no nordeste do país entre as ações empreendidas pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“(...) você deveria ver uma típica região da seca, ver o suficiente para formar uma idéia da aparência geral e formular um plano de ação, e então vir para o Rio para consultas. (....) Os distritos de Quixadá e Quixeramobim são os únicos para os quais temos informações meteorológicas detalhadas (...). De acordo com minha idéia, a primeira localidade é naturalmente indicada para o plano de primeira estação agrícola e eu espero que você a tenha estudado com essa idéia em vista.” (Apud FIGUEIRÔA, 1997, p.221)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, a partir de 1909, ficou subordinado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Depois de 1910, o órgão passou por uma série de dificuldades, principalmente com a redução de verbas que levou à diminuição dos salários de seus funcionários. Com o início da 1ª Guerra Mundial, o orçamento da instituição foi bastante reduzido e as diretrizes foram absolutamente modificadas, repetindo os episódios que haviam ocorrido anteriormente com a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo. Derby solicitou, então, verbas para a instituição, mas esta reivindicação não foi atendida por José Rufino Bezerra Cavalcanti, que assumira o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio em julho de 1915. Orville Adelbert Derby trabalhou no Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil até seu falecimento, em 1915.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby atuou em vários campos das ciências geológicas, tendo publicado 48 trabalhos sobre mineralogia e geologia econômica, 42 de geografia física e cartografia, 32 de geologia, 10 de petrografia, 19 de meteorologia, e 18 de arqueologia e paleontologia. Publicou, em 1891 os primeiros mapas pormenorizados da América Meridional, e em 1915 um dos primeiros mapas geológicos do país. Muitos de seus estudos sobre o Brasil foram publicados na França, Alemanha e Estados Unidos.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, da Geological Society of London, da American Association for the Advancement of Science, e membro correspondente da Phyladelphia Academy of Natural Sciences.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Derby foi editor associado do Journal of Geology, e colaborador dos periódicos ''American Journal of Science'', ''The Proceedings of the American Philosophical Society'', e ''Quarterly Journal of the Geological Society''.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1887 era representante da companhia “D. Pedro II American Telegraph and Cable Company”, à qual tinha a permissão para o estabelecimento de comunicações telegráficas entre a cidade da Fortaleza, na Província do Ceará, e o ponto mais conveniente do litoral dos Estados-Unidos, ligando-os por meio de um ou mais cabos submarinos, permissão esta que havia sido concedida aos cidadãos americanos Henry Cunnins, George D. Roberts e George S. Cox, por meio do decreto nº 8.992, de 18 de agosto de 1883. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O geólogo John Casper Branner, que juntamente com Orville Adelbert Derby havia integrado a Comissão Geológica do Império, em 1875, colocou, na primeira edição de sua obra “Geologia Elementar” (1906), a seguinte dedicatória em reconhecimento aos trabalhos de Derby: "To Orville Derby, who has devoted his life to the study of Geology of Brazil, and has done more than any one else to solve its problems, this work is affectionately dedicated" (Apud PIRES, 2001). Este mesmo geólogo, em 1916, publicou o artigo “Orville A. Derby” no periódico ''Science ''(v.43, Issue 1113, p.596, 28 april 1916).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 23 de julho de 1951, por ocasião do centenário de seu nascimento, o diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a [[ACADEMIA_BRASILEIRA_DE_CIÊNCIAS|<u>Academia Brasileira de Ciências</u>]] e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) promoveram a realização de uma solenidade, na qual foi lido um texto de Avelino Ignácio de Oliveira, também estudioso da geologia no Brasil, em homenagem a Orville Adelbert Derby. Em 1952, a Comissão Executiva para a Comemoração do Centenário de nascimento de Orville Adelbert Derby, com a colaboração da Embaixada Americana, publicou, como homenagem, a obra “Orville A. Derby's Studies on the Paleontology of Brazil”, coordenada por Alpheu Diniz Gonçalves. </span></span> </p> | <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby fez seus primeiros estudos em sua cidade natal e os preparatórios na Albany Normal School. Em 1869 ingressou no curso de geologia da University of Cornell, na cidade de Ithaca, sede do condado de Tompkins (Estados Unidos). </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Veio ao Brasil pela primeira vez em 1870, ainda como estudante e a convite de Charles Frederic Hartt (1840-1878), seu professor de geologia e geografia, para participar juntamente com outros alunos de Cornell, da Expedição Morgan, dirigida por Hartt e assim denominada por contar com vultosas contribuições do Coronel Edwin Barber Morgan (1808-1881). Este convite teria decorrido da dedicação demonstrada por Orville Adelbert Derby em seu estudo sobre os briozoários fósseis do Estado de Nova York, tarefa esta considerada difícil para um jovem estudante de geologia, mas que já demonstrava sua grande capacidade (APROMIN, 2005).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Na primeira viagem Orville Adelbert Derby visitou Pernambuco, onde juntamente com o naturalista De Borden Wilmont organizou uma importante coleção de fósseis da formação Maria Farinha, a primeira coleção sistemática daquela região. Na segunda viagem da Expedição Morgan, em 1871, novamente acompanhado por Charles Frederic Hartt, Orville Adelbert Derby se dirigiu ao vale do Rio Amazonas, onde explorou os Rios Tocantins, Tapajós e Xingu, e realizou uma coleta de fósseis carboníferos de calcário de Itaituba do Rio Tapajós, da qual resultou uma importante coleção. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adalbert Derby graduou-se em geologia, em 1873, e obteve o grau de “Master of Sciences” em junho de 1874, na University of Cornell, com a tese intitulada "On the Carboniferous Brachiopoda of Itaitúba, Rio Tapajos, Prov. of Pará, Brazil”. Sua tese, na qual utilizou o material que coletara durante as expedições científicas no Brasil, foi publicada, naquele mesmo ano, no ''Bulletin of Cornell University: Science''. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Entre 1873 e 1875 ocupou o posto de instrutor de geologia e paleontologia na University of Cornell. Em 1874, quando seu professor, Charles Frederic Hartt, realizou uma nova expedição científica ao Brasil, Derby o substituiu em suas funções acadêmicas na referida universidade. A viagem organizada por Hartt não tinha apenas fins científicos, mas principalmente visava convencer as autoridades brasileiras da importância da elaboração de um mapa geológico do Império. Além da aceitação do Governo Imperial, Hartt obteve ainda uma outra vitória, que foi a criação da Comissão Geológica do Império, pelo Aviso nº 175 de 30 de abril de 1875. Hartt foi convidado para chefiá-la, e foram nomeados como seus assistentes Orville Adelbert Derby, Richard Rathbun (1852-1918), geólogo da University of Cornell, John Casper Branner (1850-1922), do Departamento de Botânica e Geologia da Indiana University, e os brasileiros Elias Fausto Pacheco Jordão, que havia se doutorado em 1874 em engenharia civil na University of Cornell, e Francisco José de Freitas. Integraram, também, o corpo técnico da comissão os geólogos Luther Wagoner e Herbert Huntington Smith (1851-1919), e o fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923). </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A partir de sua nomeação como assistente da Comissão Geológica do Império, em 1875, Orville Adelbert Derby passou a residir na cidade do Rio de Janeiro. Com apenas dois anos de funcionamento a Comissão foi extinta, em 1877, por João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Ministro da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, alegando-se economia de gastos. À época da extinção da Comissão, todo o material que fora coletado durante sua existência, foi depositado no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], na cidade do Rio de Janeiro.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Durante os dois anos de funcionamento, a Comissão Geológica do Império realizou trabalhos em várias partes do Brasil. Orville Adelbert Derby iniciou suas pesquisas pela província da Bahia, alcançando ainda Sergipe, e nestas regiões estudou a geologia do Recôncavo baiano e do Rio São Francisco. Na região norte estudou os depósitos carboníferos da província do Pará, e estendeu suas observações até o Amazonas. Posteriormente realizou pesquisas também na província do Paraná.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Com a extinção da Comissão Geológica do Império, Orville Adelbert Derby, Charles Frederic Hartt e Richard Rathbun acondicionaram todo o material que haviam coletado, do qual resultou um relatório elaborado pelos três pesquisadores, e no qual enfatizavam a relevância daquele acervo para as pesquisas geológicas. O intuito era de que as autoridades enxergassem a importância do material e recriassem o órgão, mas os esforços realizados foram em vão, pois nada foi feito. Ainda em 1878, morreu Charles Frederic Hartt, vítima de febre amarela, e lhe foi atribuído o título de “Pai da Geologia no Brasil”, por ser considerado o responsável pela luta em prol do reconhecimento dos estudos geológicos no país. Hartt na verdade foi o grande criador do primeiro órgão dedicado às pesquisas geológicas no Brasil, pois deste resultaram todos os outros que vieram posteriormente. Já Orville Adelbert Derby foi o responsável pela preservação do acervo científico da Comissão Geológica do Império. Uma vez extinta a comissão, os colegas norte-americanos de Derby retornaram aos Estados Unidos.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby trabalhou, sem receber remuneração, no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]] até maio de 1879, quando foi nomeado chefe da 3ª seção de geologia nesta instituição, permanecendo neste cargo até 1890. Enquanto aguardava sua nomeação para este museu, Derby realizou vários trabalhos nas províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná e ainda na Bacia do Rio São Francisco, atendendo a interesses privados. Ainda neste período integrou a Comissão Hidráulica do Império, criada em 1879 para exploração do Alto São Francisco, chefiada pelo engenheiro William Milnor Roberts (1810-1881). No levantamento e estudos no rio das Velhas, participou, juntamente com Derby, o engenheiro assistente João W. de Aguiar.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Participou de estudos sobre a navegação dos rios São Francisco e das Velhas, e sobre as obras de melhoramento do porto de Santos, e por todos estes trabalhos não obteve remuneração, recebendo apenas os meios para o desenvolvimento dos estudos. Como resultado produziu uma série de anotações e registros sobre as formações diamantíferas no Paraná, e sobre a formação geológica da bacia. Em Minas Gerais reconheceu a origem da flexibilidade dos itacolomitos (quartzito claro e quartzito rosado). Colaborou, ainda, com o geólogo Claude-Henri Gorceix (1842-1919) nos estudos paleontológicos da Carta Geológica de Minas Gerais (LOPES, 1997).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">De 1879 até 1886, Orville Adelbert Derby dedicou-se integralmente às atividades no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], como pesquisador, professor e organizador das coleções de mineralogia e de paleontologia pertencentes ao acervo da instituição. Neste sentido, compilou e organizou os estudos que Charles Frederic Hartt havia feito na Amazônia. Além disso, enviou a alguns especialistas uma parte das coleções do Museu para que fossem produzidas observações, as quais seriam publicadas pela instituição. Apesar de todos seus esforços, a seção de geologia que chefiava não possuía a mesma notoriedade se comparada às seções de zoologia e de botânica, devido à insuficiência de recursos para aquela seção. Tal situação levou Orville Adelbert Derby a organizar os gabinetes, laboratórios e coleções, para exibição ou guarda, a dar aulas e pareceres sobre a exploração de jazidas minerais, além de produzir pesquisas na área zoológica.<br/> Apesar de todas estas tarefas, Orville Adelbert Derby realizou, neste período, inúmeros trabalhos de campo, e publicou cerca de 42 trabalhos não só no ramo da geologia, como também no campo da mineralogia, petrografia, paleontologia, jazidas minerais e meteoritos. Todos estes estudos, resultados dos trabalhos empreendidos no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], foram publicados entre os anos de 1870 e 1890. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1885, Derby foi convidado pelo presidente da província de São Paulo, João Alfredo Corrêa de Oliveira, para formular um plano de estudos sobre a geografia, o relevo, e a estrutura geológica de São Paulo. O plano proposto por Derby, segundo o presidente da província, foi:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“essencialmente o mesmo que organizara o malogrado professor Hartt para os trabalhos da comissão geológica do Império, e baseia-se nos métodos desenvolvidos pela experiência de muitos anos das comissões geográficas e geológicas dos Estados Unidos, os quais, atenta a rapidez e a economia da execução, são os mais apropriados para as regiões em que é extensa a área que se tem de explorar, e a população se acha disseminada. Contempla ele a organização de cartas, na escala de um centímetro por quilômetro, que serão ao mesmo tempo geográficas, topográficas, itinerárias, geológicas e agrícolas, e em que se representarão exatamente todos os centros de população e os estabelecimentos industriais e agrícolas, de certa importância; os acidentes da superfície; as estradas de ferro de rodagem; os cursos d´água; as minas, etc.; a configuração e elevação da superfície e a distribuição dos diversos terrenos geológicos e das terras de cultura, de criação, bem como das improdutivas. (....) Este plano é perfeitamente exeqüível, como a experiência dos Estados Unidos tem demonstrado, dentro de razoável período, contando-se com a mesma rapidez que em seus trabalhos empregam os geógrafos americanos.” (RELATORIO, 2006, p. 99-100) </span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby apresentou, então, o “Esboço de um Plano para Exploração Geográfica e Geológica da Província de São Paulo”, projeto este que fora já idealizado por Charles Frederic Hartt à época da Comissão Geológica do Império, e que Derby, na realidade, o adaptou de acordo com as necessidades da nova instituição. Sua proposta apresentava uma visão integrada da natureza, contemplando a geologia, a geografia, a botânica, a zoologia, a climatologia e a etnografia. A proposta foi aceita, e ele foi convidado para chefiar a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (atual Instituto Geológico de São Paulo), criada em 27 de março de 1886 pela Lei Provincial no 9. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Chefiou a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo de 1886 a 1890, e foi o responsável pelo Boletim da Comissão Geográfica e geológica de São Paulo, em 1889. Entretanto, como também ocupava o cargo de chefe da 3ª seção de geologia do [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]], e o acúmulo destas duas funções não era permitido, Derby acabou sendo dispensado de seu cargo no [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]]. Entretanto, mesmo após este afastamento, Derby manteve contato com aquela instituição, e especialmente com <u>[[LACERDA FILHO, JOÃO BAPTISTA DE|João Baptista de Lacerda]]</u>, diretor do Museu entre 1895 e 1915. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1887, após um ano de sua criação, a Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo foi reorganizada, tendo sido criadas três seções: geográfica-geológica, botânica e meteorologia. A instituição tinha como objetivo a produção de estudos nas áreas geográfica e geológica, com ênfase no aproveitamento dos recursos minerais e no benefício das vias de comunicação da província de São Paulo. Para o início dos trabalhos nesta Comissão, Orville Adelbert Derby contou com o auxílio do engenheiro Theodoro Fernandes Sampaio, do petrógrafo austríaco Eugen Hussak e dos alunos da Escola de Minas de Ouro Preto, Luiz Felipe Gonzaga de Campos e Francisco de Paula Oliveira. Através dos relatórios produzidos, como resultados das pesquisas realizadas nas áreas de geografia, história, geologia, constituiu-se um grande acervo. Derby teve, então, a idéia de criar e organizar um museu da Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo, e parte deste acervo deu origem ao futuro [[MUSEU_PAULISTA|<u>Museu Paulista</u>]]. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1888, Orville Adelbert Derby redigiu a ata de recebimento do meteorito Bendegó, que havia sido encontrado, em 1784, em Monte Santo (interior da província da Bahia), e doado ao então [[MUSEU_IMPERIAL_E_NACIONAL|<u>Museu Imperial e Nacional</u>]]. Posteriormente, ainda escreveu um artigo sobre este meteorito, o qual foi publicado nos ''Archivos do Museu Nacional'', em 1895.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Entre fevereiro de 1892 e janeiro de 1893 Theodoro Fernandes Sampaio e Luiz Felipe Gonzaga de Campos, respectivamente, foram exonerados de seus cargos na Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. O primeiro foi substituído pelo topógrafo Horace E. Williams (1866 - ) no cargo de chefe da seção geográfica da comissão. Em 28 de fevereiro de 1893 foi criada a seção zoológica daquela Comissão, e escolhido como seu diretor, o naturalista [[IHERING,_HERMANN_FRIEDRICH_ALBRECHT_VON|<u>Hermann Friedrich Albrecht von Ihering</u>]]. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Derby, em 1892, em uma de suas muitas correspondências com [[IHERING,_HERMANN_FRIEDRICH_ALBRECHT_VON|<u>Hermann Friedrich Albrecht von Ihering</u>]], comentou sobre o estado da ciência naquele momento no Brasil:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;"> “O Museu e a Escola de Minas reassumiram a antiga posição representada pela Politécnica e Escola de Medicina. Novas instituições de algum valor dificilmente serão fundadas até que os problemas políticos e financeiros se acalmem e quando começarem provavelmente seguirão o mesmo padrão. Tenho ainda algumas gotas de esperança em São Paulo, onde há dinheiro e uma certa quantidade de bom senso. Acredito que posso manter minha Comissão se conseguir e manter ajuda adequada.” (Apud LOPES, 1997, p.197)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Derby recebeu, em fevereiro de 1892, o prestigioso Wollaston Prize (medalha de ouro), financiado pelo Wollaston Fund e conferido pela Geological Society of London, fundada em 1807, a aqueles que tinham contribuído às pesquisas em geociências.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Neste mesmo ano de 1892, Derby integrou a comissão brasileira para a World´s Columbian Exposition (Chicago, Illinois, 1º/05-30/10/1893).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby, ainda na chefia da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, retratou as origens do [[MUSEU_PAULISTA|<u>Museu Paulista</u>]], em seu ofício de 29/08/1895, publicado no primeiro número da ''Revista do Museu Paulista'':</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“(....) esbocei um plano para o coordenar e desenvolver modestamente à sombra da Comissão Geográfica e Geológica, que tinha a seu cargo diversos serviços que podiam contribuir para várias seções de um Museu de História Natural (..). Sendo-me oferecida a cooperação de um zoologista de grande nomeada [Hermann von Ihering], aproveitei o ensejo para completar o programa de um verdadeiro museu propondo ao governo a criação de uma seção zoológica nesta Comissão – proposta que foi aceita (....) [e que] foi iniciada em maio de 1893. Logo depois o Congresso do Estado determinou criar no monumento do Ipiranga um museu independente, e no princípio do exercício de 1894 cessou a ligação provisória do Museu com a Comissão Geográfica e Geológica, passando para o novo estabelecimento o pessoal da seção zoológica desta”. (Apud FIGUEIROA, 1997, p.144) </span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">No dia 10 de fevereiro de 1896, Orville Adelbert Derby apresentou ao então Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Teodoro Dias de Carvalho Júnior, um esboço do projeto de organização da seção botânica da Comissão Geográfica e Geológica do então Estado de São Paulo, por meio da qual poderiam ser viabilizados projetos referentes ao serviço florestal e ao Horto Botânico. A idéia era é de que fossem criadas três seções: um Serviço Botânico Sistemático, o Serviço Experimental e o Serviço Florestal. Naquele ano integrou, juntamente com Francisco Ramos de Azevedo e [[LÖFGREN,_JOHAN_ALBERT_CONSTANTIN|<u>Johan Albert Constantin Löfgren</u>]], a comissão técnica que recomendou a fundação de um horto botânico (atualmente pertencente ao Instituto Florestal) na região da Cantareira, na capital do Estado de São Paulo (ROCHA, 2006). </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 9 de julho de 1898, Orville Adelbert Derby recebeu das mãos de [[GÖLDI,_ÉMIL_AUGUST|<u>Émil August Göldi</u>]], então diretor do [[MUSEU_PARAENSE_DE_HISTÓRIA_NATURAL_E_ETNOGRAFIA|<u>Museu Paraense de História Natural e Etnografia</u>]], o título de Membro Honorário daquela instituição.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Apesar de todos os trabalhos realizados, a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo foi duramente criticada por sua morosidade operacional e pela inexistência de um mapa geológico do Estado. Esta crítica teve como um de seus mentores, Francisco Bhering (1867-1921), catedrático interino da Escola Politécnica de São Paulo, o que abalou a liderança de Orville Adelbert Derby na Comissão. De acordo com Figueirôa (1997), esta controvérsia prolongou-se por três anos, e era uma disputa tanto em termos científicos quanto profissionais. Existiam as questões metodológicas dos levantamentos cartográficos, que opunha uma escola francesa, defendida por Bhering, a uma escola norte-americana, reiterada por Derby. Havia, igualmente, a oposição entre a visão de ciência aplicada, defendida por Bhering, e a de ciência pura, “atribuída por Bhering a Derby” (FIGUEIRÔA, 1997, p. 193). O aspecto profissional presente na controvérsia referia-se ao “processo de afirmação social da categoria profissional dos engenheiros iniciado no século anterior” (FIGUEIRÔA, 1997, p. 193). <br/> <br/> Em 1904, houve um drástico corte nos recursos financeiros da Comissão, o que levou a um arrocho na remuneração dos funcionários. Orville Adelbert Derby tentou intervir junto às autoridades, mas seus esforços foram em vão, e no mesmo ano, o governo optou por reformular o órgão, oferecendo-lhe um outro cargo. Em ofício de 20 de janeiro de 1905, então, Derby pediu demissão da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, como uma forma de protesto perante a falta de incentivo aos estudos geológicos no Brasil. Seu pedido de demissão foi aceito, sendo substituído pelo engenheiro civil João Pedro Cardoso.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Após desligar-se da Comissão, Orville Adelbert Derby foi convidado pelo Secretário de Agricultura da Bahia, Miguel Calmon du Pin e Almeida, para dirigir o Serviço de Terras e Minas do Estado da Bahia. Derby aceitou este convite e desempenhou esta função até o mês de janeiro de 1907. No período em que esteve na Bahia, Orville Adelbert Derby estudou a geologia local, intensificando as pesquisas acerca da ocorrência de manganês e de diamante em algumas áreas.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em fins de 1906, recebeu o convite de Miguel Calmon Du Pin e Almeida, então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, para organizar o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, criado pelo decreto nº 6.323 de 10 de janeiro de 1907 para fazer o estudo científico da estrutura geológica e mineralógica do país, objetivando sua aplicação prática. Derby aceitou o convite e, para compor a equipe, indicou como primeiros-engenheiros a Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Francisco de Paula Oliveira, e Luiz Felipe Gonzaga de Campos, e para segundos-engenheiros Carlos Moreira e Cícero de Campos. Posteriormente também foram incorporados Benedito José dos Santos e Euzébio Paulo de Oliveira. Derby, em uma de suas correspondências com Horace E. Williams, destacou a importância do combate à seca no nordeste do país entre as ações empreendidas pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“(...) você deveria ver uma típica região da seca, ver o suficiente para formar uma idéia da aparência geral e formular um plano de ação, e então vir para o Rio para consultas. (....) Os distritos de Quixadá e Quixeramobim são os únicos para os quais temos informações meteorológicas detalhadas (...). De acordo com minha idéia, a primeira localidade é naturalmente indicada para o plano de primeira estação agrícola e eu espero que você a tenha estudado com essa idéia em vista.” (Apud FIGUEIRÔA, 1997, p.221)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, a partir de 1909, ficou subordinado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Depois de 1910, o órgão passou por uma série de dificuldades, principalmente com a redução de verbas que levou à diminuição dos salários de seus funcionários. Com o início da 1ª Guerra Mundial, o orçamento da instituição foi bastante reduzido e as diretrizes foram absolutamente modificadas, repetindo os episódios que haviam ocorrido anteriormente com a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo. Derby solicitou, então, verbas para a instituição, mas esta reivindicação não foi atendida por José Rufino Bezerra Cavalcanti, que assumira o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio em julho de 1915. Orville Adelbert Derby trabalhou no Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil até seu falecimento, em 1915.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Orville Adelbert Derby atuou em vários campos das ciências geológicas, tendo publicado 48 trabalhos sobre mineralogia e geologia econômica, 42 de geografia física e cartografia, 32 de geologia, 10 de petrografia, 19 de meteorologia, e 18 de arqueologia e paleontologia. Publicou, em 1891 os primeiros mapas pormenorizados da América Meridional, e em 1915 um dos primeiros mapas geológicos do país. Muitos de seus estudos sobre o Brasil foram publicados na França, Alemanha e Estados Unidos.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, da Geological Society of London, da American Association for the Advancement of Science, e membro correspondente da Phyladelphia Academy of Natural Sciences.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Derby foi editor associado do Journal of Geology, e colaborador dos periódicos ''American Journal of Science'', ''The Proceedings of the American Philosophical Society'', e ''Quarterly Journal of the Geological Society''.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1887 era representante da companhia “D. Pedro II American Telegraph and Cable Company”, à qual tinha a permissão para o estabelecimento de comunicações telegráficas entre a cidade da Fortaleza, na Província do Ceará, e o ponto mais conveniente do litoral dos Estados-Unidos, ligando-os por meio de um ou mais cabos submarinos, permissão esta que havia sido concedida aos cidadãos americanos Henry Cunnins, George D. Roberts e George S. Cox, por meio do decreto nº 8.992, de 18 de agosto de 1883. </span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O geólogo John Casper Branner, que juntamente com Orville Adelbert Derby havia integrado a Comissão Geológica do Império, em 1875, colocou, na primeira edição de sua obra “Geologia Elementar” (1906), a seguinte dedicatória em reconhecimento aos trabalhos de Derby: "To Orville Derby, who has devoted his life to the study of Geology of Brazil, and has done more than any one else to solve its problems, this work is affectionately dedicated" (Apud PIRES, 2001). Este mesmo geólogo, em 1916, publicou o artigo “Orville A. Derby” no periódico ''Science ''(v.43, Issue 1113, p.596, 28 april 1916).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 23 de julho de 1951, por ocasião do centenário de seu nascimento, o diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a [[ACADEMIA_BRASILEIRA_DE_CIÊNCIAS|<u>Academia Brasileira de Ciências</u>]] e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) promoveram a realização de uma solenidade, na qual foi lido um texto de Avelino Ignácio de Oliveira, também estudioso da geologia no Brasil, em homenagem a Orville Adelbert Derby. Em 1952, a Comissão Executiva para a Comemoração do Centenário de nascimento de Orville Adelbert Derby, com a colaboração da Embaixada Americana, publicou, como homenagem, a obra “Orville A. Derby's Studies on the Paleontology of Brazil”, coordenada por Alpheu Diniz Gonçalves. </span></span> </p> | ||
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Edição atual tal como às 13h10min de 16 de junho de 2024
Outros nomes e/ou títulos: Derby, Orville
Resumo: Orville Adelbert Derby nasceu em 23 de julho de 1851, em Kelloggsville, no condado de Cayuga, Estado de Nova York (Estados Unidos), e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 1915. Doutorou-se em geologia em 1874 na University of Cornell, e em 1870 veio pela primeira vez para o Brasil para participar da Expedição Morgan, que explorou os rios amazônicos. Integrou a Comissão Geológica do Império (1886), e chefiou a 3ª seção de geologia do Museu Imperial e Nacional (1879-1890), e a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (1886-1890).
Dados pessoais
Orville Adelbert Derby nasceu no dia 23 de julho de 1851, em Kelloggsville, no condado de Cayuga, Estado de Nova York (Estados Unidos). Foi o terceiro filho do casal John C. Derby e Malvina A. Lindsey Derby, e passou sua infância na fazenda de seus pais em Finger Lakes, situada próxima à cidade de Kelloggsville.
Residiu no Brasil por 40 anos, tendo obtido a cidadania brasileira. Derby nunca se casou, e retornou aos Estados Unidos somente em duas ocasiões, em 1883 e 1890.
Suicidou-se em 27 de novembro de 1915, no quarto em que vivia no Hotel dos Estrangeiros, situado na Praça José de Alencar, na cidade do Rio de Janeiro (ORVILLE, 2006).
Trajetória profissional
Orville Adelbert Derby fez seus primeiros estudos em sua cidade natal e os preparatórios na Albany Normal School. Em 1869 ingressou no curso de geologia da University of Cornell, na cidade de Ithaca, sede do condado de Tompkins (Estados Unidos).
Veio ao Brasil pela primeira vez em 1870, ainda como estudante e a convite de Charles Frederic Hartt (1840-1878), seu professor de geologia e geografia, para participar juntamente com outros alunos de Cornell, da Expedição Morgan, dirigida por Hartt e assim denominada por contar com vultosas contribuições do Coronel Edwin Barber Morgan (1808-1881). Este convite teria decorrido da dedicação demonstrada por Orville Adelbert Derby em seu estudo sobre os briozoários fósseis do Estado de Nova York, tarefa esta considerada difícil para um jovem estudante de geologia, mas que já demonstrava sua grande capacidade (APROMIN, 2005).
Na primeira viagem Orville Adelbert Derby visitou Pernambuco, onde juntamente com o naturalista De Borden Wilmont organizou uma importante coleção de fósseis da formação Maria Farinha, a primeira coleção sistemática daquela região. Na segunda viagem da Expedição Morgan, em 1871, novamente acompanhado por Charles Frederic Hartt, Orville Adelbert Derby se dirigiu ao vale do Rio Amazonas, onde explorou os Rios Tocantins, Tapajós e Xingu, e realizou uma coleta de fósseis carboníferos de calcário de Itaituba do Rio Tapajós, da qual resultou uma importante coleção.
Orville Adalbert Derby graduou-se em geologia, em 1873, e obteve o grau de “Master of Sciences” em junho de 1874, na University of Cornell, com a tese intitulada "On the Carboniferous Brachiopoda of Itaitúba, Rio Tapajos, Prov. of Pará, Brazil”. Sua tese, na qual utilizou o material que coletara durante as expedições científicas no Brasil, foi publicada, naquele mesmo ano, no Bulletin of Cornell University: Science.
Entre 1873 e 1875 ocupou o posto de instrutor de geologia e paleontologia na University of Cornell. Em 1874, quando seu professor, Charles Frederic Hartt, realizou uma nova expedição científica ao Brasil, Derby o substituiu em suas funções acadêmicas na referida universidade. A viagem organizada por Hartt não tinha apenas fins científicos, mas principalmente visava convencer as autoridades brasileiras da importância da elaboração de um mapa geológico do Império. Além da aceitação do Governo Imperial, Hartt obteve ainda uma outra vitória, que foi a criação da Comissão Geológica do Império, pelo Aviso nº 175 de 30 de abril de 1875. Hartt foi convidado para chefiá-la, e foram nomeados como seus assistentes Orville Adelbert Derby, Richard Rathbun (1852-1918), geólogo da University of Cornell, John Casper Branner (1850-1922), do Departamento de Botânica e Geologia da Indiana University, e os brasileiros Elias Fausto Pacheco Jordão, que havia se doutorado em 1874 em engenharia civil na University of Cornell, e Francisco José de Freitas. Integraram, também, o corpo técnico da comissão os geólogos Luther Wagoner e Herbert Huntington Smith (1851-1919), e o fotógrafo Marc Ferrez (1843-1923).
A partir de sua nomeação como assistente da Comissão Geológica do Império, em 1875, Orville Adelbert Derby passou a residir na cidade do Rio de Janeiro. Com apenas dois anos de funcionamento a Comissão foi extinta, em 1877, por João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, Ministro da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, alegando-se economia de gastos. À época da extinção da Comissão, todo o material que fora coletado durante sua existência, foi depositado no Museu Imperial e Nacional, na cidade do Rio de Janeiro.
Durante os dois anos de funcionamento, a Comissão Geológica do Império realizou trabalhos em várias partes do Brasil. Orville Adelbert Derby iniciou suas pesquisas pela província da Bahia, alcançando ainda Sergipe, e nestas regiões estudou a geologia do Recôncavo baiano e do Rio São Francisco. Na região norte estudou os depósitos carboníferos da província do Pará, e estendeu suas observações até o Amazonas. Posteriormente realizou pesquisas também na província do Paraná.
Com a extinção da Comissão Geológica do Império, Orville Adelbert Derby, Charles Frederic Hartt e Richard Rathbun acondicionaram todo o material que haviam coletado, do qual resultou um relatório elaborado pelos três pesquisadores, e no qual enfatizavam a relevância daquele acervo para as pesquisas geológicas. O intuito era de que as autoridades enxergassem a importância do material e recriassem o órgão, mas os esforços realizados foram em vão, pois nada foi feito. Ainda em 1878, morreu Charles Frederic Hartt, vítima de febre amarela, e lhe foi atribuído o título de “Pai da Geologia no Brasil”, por ser considerado o responsável pela luta em prol do reconhecimento dos estudos geológicos no país. Hartt na verdade foi o grande criador do primeiro órgão dedicado às pesquisas geológicas no Brasil, pois deste resultaram todos os outros que vieram posteriormente. Já Orville Adelbert Derby foi o responsável pela preservação do acervo científico da Comissão Geológica do Império. Uma vez extinta a comissão, os colegas norte-americanos de Derby retornaram aos Estados Unidos.
Orville Adelbert Derby trabalhou, sem receber remuneração, no Museu Imperial e Nacional até maio de 1879, quando foi nomeado chefe da 3ª seção de geologia nesta instituição, permanecendo neste cargo até 1890. Enquanto aguardava sua nomeação para este museu, Derby realizou vários trabalhos nas províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Paraná e ainda na Bacia do Rio São Francisco, atendendo a interesses privados. Ainda neste período integrou a Comissão Hidráulica do Império, criada em 1879 para exploração do Alto São Francisco, chefiada pelo engenheiro William Milnor Roberts (1810-1881). No levantamento e estudos no rio das Velhas, participou, juntamente com Derby, o engenheiro assistente João W. de Aguiar.
Participou de estudos sobre a navegação dos rios São Francisco e das Velhas, e sobre as obras de melhoramento do porto de Santos, e por todos estes trabalhos não obteve remuneração, recebendo apenas os meios para o desenvolvimento dos estudos. Como resultado produziu uma série de anotações e registros sobre as formações diamantíferas no Paraná, e sobre a formação geológica da bacia. Em Minas Gerais reconheceu a origem da flexibilidade dos itacolomitos (quartzito claro e quartzito rosado). Colaborou, ainda, com o geólogo Claude-Henri Gorceix (1842-1919) nos estudos paleontológicos da Carta Geológica de Minas Gerais (LOPES, 1997).
De 1879 até 1886, Orville Adelbert Derby dedicou-se integralmente às atividades no Museu Imperial e Nacional, como pesquisador, professor e organizador das coleções de mineralogia e de paleontologia pertencentes ao acervo da instituição. Neste sentido, compilou e organizou os estudos que Charles Frederic Hartt havia feito na Amazônia. Além disso, enviou a alguns especialistas uma parte das coleções do Museu para que fossem produzidas observações, as quais seriam publicadas pela instituição. Apesar de todos seus esforços, a seção de geologia que chefiava não possuía a mesma notoriedade se comparada às seções de zoologia e de botânica, devido à insuficiência de recursos para aquela seção. Tal situação levou Orville Adelbert Derby a organizar os gabinetes, laboratórios e coleções, para exibição ou guarda, a dar aulas e pareceres sobre a exploração de jazidas minerais, além de produzir pesquisas na área zoológica.
Apesar de todas estas tarefas, Orville Adelbert Derby realizou, neste período, inúmeros trabalhos de campo, e publicou cerca de 42 trabalhos não só no ramo da geologia, como também no campo da mineralogia, petrografia, paleontologia, jazidas minerais e meteoritos. Todos estes estudos, resultados dos trabalhos empreendidos no Museu Imperial e Nacional, foram publicados entre os anos de 1870 e 1890.
Em 1885, Derby foi convidado pelo presidente da província de São Paulo, João Alfredo Corrêa de Oliveira, para formular um plano de estudos sobre a geografia, o relevo, e a estrutura geológica de São Paulo. O plano proposto por Derby, segundo o presidente da província, foi:
“essencialmente o mesmo que organizara o malogrado professor Hartt para os trabalhos da comissão geológica do Império, e baseia-se nos métodos desenvolvidos pela experiência de muitos anos das comissões geográficas e geológicas dos Estados Unidos, os quais, atenta a rapidez e a economia da execução, são os mais apropriados para as regiões em que é extensa a área que se tem de explorar, e a população se acha disseminada. Contempla ele a organização de cartas, na escala de um centímetro por quilômetro, que serão ao mesmo tempo geográficas, topográficas, itinerárias, geológicas e agrícolas, e em que se representarão exatamente todos os centros de população e os estabelecimentos industriais e agrícolas, de certa importância; os acidentes da superfície; as estradas de ferro de rodagem; os cursos d´água; as minas, etc.; a configuração e elevação da superfície e a distribuição dos diversos terrenos geológicos e das terras de cultura, de criação, bem como das improdutivas. (....) Este plano é perfeitamente exeqüível, como a experiência dos Estados Unidos tem demonstrado, dentro de razoável período, contando-se com a mesma rapidez que em seus trabalhos empregam os geógrafos americanos.” (RELATORIO, 2006, p. 99-100)
Orville Adelbert Derby apresentou, então, o “Esboço de um Plano para Exploração Geográfica e Geológica da Província de São Paulo”, projeto este que fora já idealizado por Charles Frederic Hartt à época da Comissão Geológica do Império, e que Derby, na realidade, o adaptou de acordo com as necessidades da nova instituição. Sua proposta apresentava uma visão integrada da natureza, contemplando a geologia, a geografia, a botânica, a zoologia, a climatologia e a etnografia. A proposta foi aceita, e ele foi convidado para chefiar a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo (atual Instituto Geológico de São Paulo), criada em 27 de março de 1886 pela Lei Provincial no 9.
Chefiou a Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo de 1886 a 1890, e foi o responsável pelo Boletim da Comissão Geográfica e geológica de São Paulo, em 1889. Entretanto, como também ocupava o cargo de chefe da 3ª seção de geologia do Museu Imperial e Nacional, e o acúmulo destas duas funções não era permitido, Derby acabou sendo dispensado de seu cargo no Museu Imperial e Nacional. Entretanto, mesmo após este afastamento, Derby manteve contato com aquela instituição, e especialmente com João Baptista de Lacerda, diretor do Museu entre 1895 e 1915.
Em 1887, após um ano de sua criação, a Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo foi reorganizada, tendo sido criadas três seções: geográfica-geológica, botânica e meteorologia. A instituição tinha como objetivo a produção de estudos nas áreas geográfica e geológica, com ênfase no aproveitamento dos recursos minerais e no benefício das vias de comunicação da província de São Paulo. Para o início dos trabalhos nesta Comissão, Orville Adelbert Derby contou com o auxílio do engenheiro Theodoro Fernandes Sampaio, do petrógrafo austríaco Eugen Hussak e dos alunos da Escola de Minas de Ouro Preto, Luiz Felipe Gonzaga de Campos e Francisco de Paula Oliveira. Através dos relatórios produzidos, como resultados das pesquisas realizadas nas áreas de geografia, história, geologia, constituiu-se um grande acervo. Derby teve, então, a idéia de criar e organizar um museu da Comissão Geográfica e Geológica da Província de São Paulo, e parte deste acervo deu origem ao futuro Museu Paulista.
Em 1888, Orville Adelbert Derby redigiu a ata de recebimento do meteorito Bendegó, que havia sido encontrado, em 1784, em Monte Santo (interior da província da Bahia), e doado ao então Museu Imperial e Nacional. Posteriormente, ainda escreveu um artigo sobre este meteorito, o qual foi publicado nos Archivos do Museu Nacional, em 1895.
Entre fevereiro de 1892 e janeiro de 1893 Theodoro Fernandes Sampaio e Luiz Felipe Gonzaga de Campos, respectivamente, foram exonerados de seus cargos na Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo. O primeiro foi substituído pelo topógrafo Horace E. Williams (1866 - ) no cargo de chefe da seção geográfica da comissão. Em 28 de fevereiro de 1893 foi criada a seção zoológica daquela Comissão, e escolhido como seu diretor, o naturalista Hermann Friedrich Albrecht von Ihering.
Derby, em 1892, em uma de suas muitas correspondências com Hermann Friedrich Albrecht von Ihering, comentou sobre o estado da ciência naquele momento no Brasil:
“O Museu e a Escola de Minas reassumiram a antiga posição representada pela Politécnica e Escola de Medicina. Novas instituições de algum valor dificilmente serão fundadas até que os problemas políticos e financeiros se acalmem e quando começarem provavelmente seguirão o mesmo padrão. Tenho ainda algumas gotas de esperança em São Paulo, onde há dinheiro e uma certa quantidade de bom senso. Acredito que posso manter minha Comissão se conseguir e manter ajuda adequada.” (Apud LOPES, 1997, p.197)
Derby recebeu, em fevereiro de 1892, o prestigioso Wollaston Prize (medalha de ouro), financiado pelo Wollaston Fund e conferido pela Geological Society of London, fundada em 1807, a aqueles que tinham contribuído às pesquisas em geociências.
Neste mesmo ano de 1892, Derby integrou a comissão brasileira para a World´s Columbian Exposition (Chicago, Illinois, 1º/05-30/10/1893).
Orville Adelbert Derby, ainda na chefia da Comissão Geográfica e Geológica de São Paulo, retratou as origens do Museu Paulista, em seu ofício de 29/08/1895, publicado no primeiro número da Revista do Museu Paulista:
“(....) esbocei um plano para o coordenar e desenvolver modestamente à sombra da Comissão Geográfica e Geológica, que tinha a seu cargo diversos serviços que podiam contribuir para várias seções de um Museu de História Natural (..). Sendo-me oferecida a cooperação de um zoologista de grande nomeada [Hermann von Ihering], aproveitei o ensejo para completar o programa de um verdadeiro museu propondo ao governo a criação de uma seção zoológica nesta Comissão – proposta que foi aceita (....) [e que] foi iniciada em maio de 1893. Logo depois o Congresso do Estado determinou criar no monumento do Ipiranga um museu independente, e no princípio do exercício de 1894 cessou a ligação provisória do Museu com a Comissão Geográfica e Geológica, passando para o novo estabelecimento o pessoal da seção zoológica desta”. (Apud FIGUEIROA, 1997, p.144)
No dia 10 de fevereiro de 1896, Orville Adelbert Derby apresentou ao então Secretário de Agricultura do Estado de São Paulo, Teodoro Dias de Carvalho Júnior, um esboço do projeto de organização da seção botânica da Comissão Geográfica e Geológica do então Estado de São Paulo, por meio da qual poderiam ser viabilizados projetos referentes ao serviço florestal e ao Horto Botânico. A idéia era é de que fossem criadas três seções: um Serviço Botânico Sistemático, o Serviço Experimental e o Serviço Florestal. Naquele ano integrou, juntamente com Francisco Ramos de Azevedo e Johan Albert Constantin Löfgren, a comissão técnica que recomendou a fundação de um horto botânico (atualmente pertencente ao Instituto Florestal) na região da Cantareira, na capital do Estado de São Paulo (ROCHA, 2006).
Em 9 de julho de 1898, Orville Adelbert Derby recebeu das mãos de Émil August Göldi, então diretor do Museu Paraense de História Natural e Etnografia, o título de Membro Honorário daquela instituição.
Apesar de todos os trabalhos realizados, a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo foi duramente criticada por sua morosidade operacional e pela inexistência de um mapa geológico do Estado. Esta crítica teve como um de seus mentores, Francisco Bhering (1867-1921), catedrático interino da Escola Politécnica de São Paulo, o que abalou a liderança de Orville Adelbert Derby na Comissão. De acordo com Figueirôa (1997), esta controvérsia prolongou-se por três anos, e era uma disputa tanto em termos científicos quanto profissionais. Existiam as questões metodológicas dos levantamentos cartográficos, que opunha uma escola francesa, defendida por Bhering, a uma escola norte-americana, reiterada por Derby. Havia, igualmente, a oposição entre a visão de ciência aplicada, defendida por Bhering, e a de ciência pura, “atribuída por Bhering a Derby” (FIGUEIRÔA, 1997, p. 193). O aspecto profissional presente na controvérsia referia-se ao “processo de afirmação social da categoria profissional dos engenheiros iniciado no século anterior” (FIGUEIRÔA, 1997, p. 193).
Em 1904, houve um drástico corte nos recursos financeiros da Comissão, o que levou a um arrocho na remuneração dos funcionários. Orville Adelbert Derby tentou intervir junto às autoridades, mas seus esforços foram em vão, e no mesmo ano, o governo optou por reformular o órgão, oferecendo-lhe um outro cargo. Em ofício de 20 de janeiro de 1905, então, Derby pediu demissão da Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo, como uma forma de protesto perante a falta de incentivo aos estudos geológicos no Brasil. Seu pedido de demissão foi aceito, sendo substituído pelo engenheiro civil João Pedro Cardoso.
Após desligar-se da Comissão, Orville Adelbert Derby foi convidado pelo Secretário de Agricultura da Bahia, Miguel Calmon du Pin e Almeida, para dirigir o Serviço de Terras e Minas do Estado da Bahia. Derby aceitou este convite e desempenhou esta função até o mês de janeiro de 1907. No período em que esteve na Bahia, Orville Adelbert Derby estudou a geologia local, intensificando as pesquisas acerca da ocorrência de manganês e de diamante em algumas áreas.
Em fins de 1906, recebeu o convite de Miguel Calmon Du Pin e Almeida, então Ministro da Indústria, Viação e Obras Públicas, para organizar o Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, criado pelo decreto nº 6.323 de 10 de janeiro de 1907 para fazer o estudo científico da estrutura geológica e mineralógica do país, objetivando sua aplicação prática. Derby aceitou o convite e, para compor a equipe, indicou como primeiros-engenheiros a Miguel Arrojado Ribeiro Lisboa, Francisco de Paula Oliveira, e Luiz Felipe Gonzaga de Campos, e para segundos-engenheiros Carlos Moreira e Cícero de Campos. Posteriormente também foram incorporados Benedito José dos Santos e Euzébio Paulo de Oliveira. Derby, em uma de suas correspondências com Horace E. Williams, destacou a importância do combate à seca no nordeste do país entre as ações empreendidas pelo Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil:
“(...) você deveria ver uma típica região da seca, ver o suficiente para formar uma idéia da aparência geral e formular um plano de ação, e então vir para o Rio para consultas. (....) Os distritos de Quixadá e Quixeramobim são os únicos para os quais temos informações meteorológicas detalhadas (...). De acordo com minha idéia, a primeira localidade é naturalmente indicada para o plano de primeira estação agrícola e eu espero que você a tenha estudado com essa idéia em vista.” (Apud FIGUEIRÔA, 1997, p.221)
O Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil, a partir de 1909, ficou subordinado ao Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. Depois de 1910, o órgão passou por uma série de dificuldades, principalmente com a redução de verbas que levou à diminuição dos salários de seus funcionários. Com o início da 1ª Guerra Mundial, o orçamento da instituição foi bastante reduzido e as diretrizes foram absolutamente modificadas, repetindo os episódios que haviam ocorrido anteriormente com a Comissão Geográfica e Geológica do Estado de São Paulo. Derby solicitou, então, verbas para a instituição, mas esta reivindicação não foi atendida por José Rufino Bezerra Cavalcanti, que assumira o Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio em julho de 1915. Orville Adelbert Derby trabalhou no Serviço Geológico e Mineralógico do Brasil até seu falecimento, em 1915.
Orville Adelbert Derby atuou em vários campos das ciências geológicas, tendo publicado 48 trabalhos sobre mineralogia e geologia econômica, 42 de geografia física e cartografia, 32 de geologia, 10 de petrografia, 19 de meteorologia, e 18 de arqueologia e paleontologia. Publicou, em 1891 os primeiros mapas pormenorizados da América Meridional, e em 1915 um dos primeiros mapas geológicos do país. Muitos de seus estudos sobre o Brasil foram publicados na França, Alemanha e Estados Unidos.
Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, da Geological Society of London, da American Association for the Advancement of Science, e membro correspondente da Phyladelphia Academy of Natural Sciences.
Derby foi editor associado do Journal of Geology, e colaborador dos periódicos American Journal of Science, The Proceedings of the American Philosophical Society, e Quarterly Journal of the Geological Society.
Em 1887 era representante da companhia “D. Pedro II American Telegraph and Cable Company”, à qual tinha a permissão para o estabelecimento de comunicações telegráficas entre a cidade da Fortaleza, na Província do Ceará, e o ponto mais conveniente do litoral dos Estados-Unidos, ligando-os por meio de um ou mais cabos submarinos, permissão esta que havia sido concedida aos cidadãos americanos Henry Cunnins, George D. Roberts e George S. Cox, por meio do decreto nº 8.992, de 18 de agosto de 1883.
O geólogo John Casper Branner, que juntamente com Orville Adelbert Derby havia integrado a Comissão Geológica do Império, em 1875, colocou, na primeira edição de sua obra “Geologia Elementar” (1906), a seguinte dedicatória em reconhecimento aos trabalhos de Derby: "To Orville Derby, who has devoted his life to the study of Geology of Brazil, and has done more than any one else to solve its problems, this work is affectionately dedicated" (Apud PIRES, 2001). Este mesmo geólogo, em 1916, publicou o artigo “Orville A. Derby” no periódico Science (v.43, Issue 1113, p.596, 28 april 1916).
Em 23 de julho de 1951, por ocasião do centenário de seu nascimento, o diretor geral do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), a Academia Brasileira de Ciências e a Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM) promoveram a realização de uma solenidade, na qual foi lido um texto de Avelino Ignácio de Oliveira, também estudioso da geologia no Brasil, em homenagem a Orville Adelbert Derby. Em 1952, a Comissão Executiva para a Comemoração do Centenário de nascimento de Orville Adelbert Derby, com a colaboração da Embaixada Americana, publicou, como homenagem, a obra “Orville A. Derby's Studies on the Paleontology of Brazil”, coordenada por Alpheu Diniz Gonçalves.
Produção intelectual
- “A Ilha do Marajó e suas antiguidades”. Aurora Brazileira, Ithaca, N.Y.: Typ. Da Universidade de Cornell, n.3, 20 dez. 1873.
- “On the Carboniferons Brachipoda of Itaitúba, Rio Tapajos, Province of Pará, Brazil”. Bulletin of the Cornell University (Science), New York, v.1, n.2, p.1-63, 1874.
- “Notice of the paleozoie fóssil (accompanying a memoir entitled “Exploration of Lake Titacaca”, by Alexander Agassiz and S. W. Garman)”. Bulletin of the Museum of Comparative Zoology, Cambirdge, Mass., III, n.12, p.279—286, 1875.
- “Contribuições para a geologia da região do Baixo Amazonas”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.II, p.77-104,1877.
- “A Bacia cretacia da Bahia de Todos os Santos”.Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.II, p.135-158, 1878.
- “Geologia da região diamantifera da Provincia do Paraná no Brazil”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.III, p. 89-96, 1878.
- “Os montes artificiaes da Ilha de Marajó”. O Novo Mundo, New York, v. VIII, n.88, p.90, abril 1878.
- “Observações geologicas na estrada de ferro Sorocabana”. Revista do Instituto Polytechnico de S. Paulo, São Paulo, 1878.
- “The Geology of the Diamantiferous Region of the Province of Paraná, Brazil”. Proceedings of the American Philosophical Society, Philadelphia, v.XVIII, p. 251-258, 1879.
- “The artificial mounds of the Island of Marajó, Brazil.” American Naturalist, p.224-229, april 1879.
- “Contribuições para o estudo da geologia do Vale do Rio São Francisco”. Archivos do Museu Nacional, Rio deJaneiro, v.IV, p.87-119, 1879.
- “Observações sobre algumas rochas diamantiferas de Minas Geraes”. Archivos do Museu Nacional, Rio de Janeiro, v.IV, p.121-132, 1879.
- “A contribution to the geology of the lower Amazonas”. Proceedings of the American Philosophical Society, Philadelphia, v.XVIII, p.155-178,1880.
- “Reconhecimento geologico do Valle de S. Francisco”. In: Relatorio de W. Milnor Roberts, engenheiro chefe da Commissão Hydraulica sobre o exame do Rio São Francisco: desde o mar até a cachoeira de Pirapóra (extensão de 2.122 kilometros) feito em 1879-1880 por ordem de Sua Excellencia o Sr. Conselheiro João Lins Vieira Cansansão de Sinimbú quando presidente do Conselho, e Ministro e Secretario de Estado dos Negocios da Agricultura, Commercio e Obras Publicas”. Rio de Janeiro: Typographia Nacional, 1880.
- “Geology of the Rio São Francisco, Brazil”. American Journal of Science, New Haven, March., 3d. series, v. XIX (CXIX), p.236, 1880.
- “Idade da serie dos gneiss brasileiros”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, anno II, n.7, p.115-116, 1880.
- “Exame do Guano da Ilha Rata pelos Drs. Orville A. Derby e Luiz Monteiro de Barros”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, anno III, n.2, p.26-28, 1881.
- “Reconhecimento geologico do Valle de S. Francisco (Transcripção)”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, anno III, n.6, p.93-94, 1881.
- “Reconhecimento geologico do Valle de S. Francisco (Continuação)”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, anno III, n.8, p.125-127, 1881.
- “Reconhecimento geologico do Valle de S. Francisco (Continuação)”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, anno III, n.11, p.172-175, 1881.
- “Reconhecimento geologico do Valle de S. Francisco (Continuação)”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, anno III, n.12, p.188-190, 1881.
- “Fernando de Noronha”. The Rio News, Rio de Janeiro, v. VIII, n.6, p.1-2, feb. 24th 1881.
- “Jazidas de phosphato de cal existentes na Ilha Rata, do archipelago de Fernando de Noronha. Relatorio da Commissão nomeada para examinar as jazidas.” Com L. M. Barros. Rio de Janeiro, 7 de fevereiro de 1881. In: Relatorio do Ministro da Agricultura, 1881.
- “Relatorio da Commissão encarregada do exame dos depositos dephosphatos na Ilha Rata (Fernando de Noronha). Revista Agricola do Imperial Instituto Fluminense de Agricultura, Rio de Janeiro, v.XII, n.2, p.55-61, junho de 1881.
- “The culture in Minas”. The Rio News, Rio de Janeiro, v. VIII, n.24, p.1-2, august 24th 1881.
- “On the gold-bearing rocks of the province of Minas Geraes, Brazil”. American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXIII (CXXIII), p.97-99, feb. 1882.
- “Geology of the Diamond”. American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXIII (CXXIII), p.178, march. 1882.
- “On Brazilian specimens of Martite”. American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXIII (CXXIII), p.373-374, may 1882.
- “Geology of the Diamond”. The Rio News, Rio de Janeiro, v. IX, n.8, p.3, march 15th 1882. - “Modes of occurrence of the Diamond in Brazil”. American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXIV (CXXIV), p.34-42, july 1882.
- “Relatorio apresentado ao Sr. Conselheiro Manoel Alves de Araujo Ministro de Agricultura, Commercio e Obras Publicas, acerca dos estudos geológicos practicados nos valles do Rio das Velhas e alto S. Francisco”. Rio de Janeiro, 1882.
- “Terrenos carboníferos das províncias de S. Paulo e Paraná”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, V, p.228-229, 28 de agosto de 1883”.
- “Terrenos carboníferos das províncias de S. Paulo e Paraná”.Auxiliador da Industria Nacional, Rio de Janeiro, n.11, p.258-260, novembro 1883.
- “Plantas fosseis (no Brazil)”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, V, p.348, 28 de dezembro de 1883.
- “The human remains of the bone-caverns of Brazil”. Science, v.I, p.541, 1883.
- “Cap. IV. Aspecto physico, montanhas e chapadões”. In: O Brazil geographico e historico. I. A Terra e o Homem por J. E. Wappaeus. A geografia physica do Brazil refundida (Edição condensada). Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger e Filhos, 1884. pp.36-43.
- “Cap. V. Estructura geológica e mineraes”. In: O Brazil geographico e historico. I. A Terra e o Homem por J. E. Wappaeus. A geografia physica do Brazil refundida (Edição condensada). Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger e Filhos, 1884. pp.44-59
- “Cap. VI. Caracteristica geral das vertentes e das bacias fluviaes”. In: O Brazil geographico e historico. I. A Terra e o Homem por J. E. Wappaeus. A geografia physica do Brazil refundida (Edição condensada). Rio de Janeiro: Typ. de G. Leuzinger e Filhos, 1884. pp. 60-70.
- “Peculiar modes of occurrence of gold in Brazil”. American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXVIII (CXXVIII), p.73-74, jan. 1884.
- “Note on the decay of rocks in Brazil”. American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXVII (CXXVII), p.138-139, feb. 1884.
- “Observações sobre os calcáreos do Rio de Janeiro, Minas, e S. Paulo”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, VI, p.26-28, 14 de fevereiro de 1884.
- “Notas sobre a decomposição das rochas no Brazil”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, VI, p.64, 28 de março de 1884.
- “Observações sobre os calcáreos do Rio de Janeiro, Minas, e S. Paulo”. Auxiliador da Industria Nacional, Rio de Janeiro, n.4, p.83-87, abril 1884.
- “Geologia do diamante. As rochas auríferas de Minas Geraes. Sobre amostras brasileiras de Martito”. Auxiliador da Industria Nacional, Rio de Janeiro, n.5, p.101-103, maio 1884.
- “Calcareos hydraulicos de S. Paulo”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, VI, p.116-117, 28 de maio de 1884.
- “On the flexibility of itacolumite”.American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXVIII (CXXVIII), p.203-205, 1884.
- “Analyses of Brazilian minerals”.American Journal of Science, New Haven, 3d. series, v. XXVII (CXXVII), p.440-447, 1884.
- “Fosseis de S. Paulo”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, VI, p.233-234, 28 de outubro de 1884.
- “Physical geography and geology of Brazil”. The Rio News, Rio de Janeiro, v.XI, p.3, December 5th.; p.3, December15th; and p.3-4, December 24th., 1884.
- “O carbonífero do Amazonas”. Revista de Engenharia, Rio de Janeiro, VII, p.10-12, 14 de janeiro de 1885.
- “Is Brazil a fertile country?”. The Rio News, Rio de Janeiro, v.XII, n.7, p.3, march 5th 1885.
- “The physical features of Brazil”. Science, New York,V, p.273-275, april 3 1885.
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Ficha técnica
Pesquisa – Gil Baião Neto; Lucilia Maria Esteves Santiso Dieguez.
Redação - Lucilia Maria Esteves Santiso Dieguez, Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão - Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.
Forma de citação
DERBY, ORVILLE ADELBERT. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 25 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)