ABREU, FRANCISCO BONIFÁCIO DE: mudanças entre as edições

De Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
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Edição das 15h19min de 19 de maio de 2023

Outros nomes e/ou títulos: Vila da Barra, Barão de

Resumo: Francisco Bonifácio de Abreu nasceu na Vila da Barra (província da Bahia) em 29 de novembro de 1819, e faleceu no Rio de Janeiro em 30 de julho de 1887. Em 1870 foi agraciado com o título de Barão de Vila da Barra, ao qual acrescentou grandeza em 1876. Doutorou-se em medicina, em 1845, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, e foi lente de geografia do Liceu Baiano (1850).

Dados pessoais

Francisco Bonifácio de Abreu nasceu na Vila da Barra, na então província da Bahia, em 29 de novembro de 1819. Era filho de Francisco Bonifácio de Abreu e de Joana Francisca da Motta. 

Em 6 de setembro de 1870 foi agraciado, por carta de mercê, com o título de Barão de Vila da Barra, ao qual acrescentou grandeza em 15 de novembro de 1876 (VASCONCELOS, 1964). Ainda recebeu os títulos de Grande Dignatário da Imperial Ordem da Rosa e Comendador da Imperial Ordem de Cristo, e foi condecorado com a medalha de Campanha do Paraguai.

Foi membro do Conselho de Sua Majestade, e médico da Imperial Câmara.

Faleceu de hemorragia cerebral e encefalite secundária, no Rio de Janeiro, em 30 de julho de 1887 (BARÃO, 1887).

 

Trajetória profissional

Francisco Bonifácio de Abreu iniciou o curso médico na Faculdade de Medicina da Bahia, tendo cursado as disciplinas dos quatro primeiros anos. Em 1844 veio para o Rio de Janeiro, onde completou seus estudos na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Doutorou-se em medicina, em 1845, com a tese “I. Os homens julgam acertadamente seus semelhantes? Si não, o porque? E como, si não acertar, se quer chegar da certeza de seu juizo? II. A organização tem sido prejudicada com a reforma que o capricho dos homens entendeu devia dar ao seu funccionar? III. O número e a virtude dos medicamentos tem procurado à sociedade os bens que delles se promettia? Qualquer será apto a administral-os? Muitos, que o são, fazem-no com sizudez? A falta de seu effeito é motivo de dezar ao medico? IV. Os bailes motivam alguma quebra na saude publica?”. 

Em 1850 retornou à Bahia, onde, por concurso, foi nomeado lente de história e geografia do Liceu Baiano. 

Posteriormente transferiu sua residência para o município da Corte, onde foi lente substituto da seção cirúrgica (1852), e lente catedrático de química orgânica (1854) da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro

Em viagem de comissão do governo Imperial à Europa, em 1854 (ou 1855), estudou química orgânica com o químico francês Charles-Adolphe Wurtz (1817-1884), em Paris. O jornal Correio Mercantil, noticiou seu retorno em 8 de outubro de 1856, destacando que:

“Sua reconhecida inteligência, os estudos profundos e incessantes que fez nos laboratórios ods sábios mais distinctos da França e Allemanha, habilitão sem duvida o Dr. Abreu a preencher brilhantemente a cadeira de chimica orgânica para que foi nomeado pelo governo imperial quando se reformou a escola de medicina do Rio de Janeiro”. (NOTICIAS, 1856, p.1)

Em fevereiro de 1860 assumiu o posto de inspetor de saúde do porto do Rio de Janeiro.

Integrou, em 1861, o quadro de médicos efetivos da Casa de Saude Godinho e Bezerra, localizada no Morro da Saude, no centro do Rio de Janeiro, e dirigida pelo médico Adolpho Bezerra de Menezes.

Francisco Bonifácio de Abreu foi médico da Imperial Câmara (1859), e acompanhou, como médico, o Imperador Pedro II e sua comitiva, em viagem pelo norte do Brasil, em outubro de 1859 (FRANCISCO, 1893).

Serviu como cirurgião-coronel honorário do Exército, na Guerra do Paraguai (1865-1870), onde foi, em 3 de outubro de 1867, designado inspetor de todos os hospitais e enfermarias militares naquela campanha, e chefe interino do Corpo de Saúde do Exército (1869). Ainda durante este conflito, prestou atendimento médico a Luís Alves de Lima e Silva (duque de Caxias), aconselhando-o a retornar à Corte para tratar de sua saúde.

Após jubilar-se da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, em 1873, abandonou a clínica, somente prestando atendimento médico aos pobres (BARÃO, 1887). 

Francisco Bonifácio de Abreu foi deputado pela Província da Bahia nas 14ª,15ª,16ª,17ª,18ª,19ª e 20ª legislaturas, presidente das Províncias do Pará (1872) e de Minas Gerais (1875-1876). Foi presidente da província do Pará, em 1872, e da província de Minas Gerais em 1876.  
Foi sócio do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e membro de várias sociedades científicas e literárias.

 

Produção intelectual

- “These apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. I. Os homens julgam acertadamente seus semelhantes? Si não, o porquê? E como, si não acertar, se quer chegar da certeza de seu juizo? II. A organização tem sido prejudicada com a reforma que o capricho dos homens entendeu devia dar ao seu funccionar ? III. O número e a virtude dos medicamentos tem procurado à sociedade os bens que delles se promettia? Qualquer será apto a administral-os? Muitos, que o são, fazem-no com sizudez? A falta de seu effeito é motivo de dezar ao medico? IV. Os bailes motivam alguma quebra na saude publica?” Rio de Janeiro, 1845. Tese (Doutoramento) - Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, 1845. 
- “Tersina: romance brasileiro”. Bahia, 1848.
- “Palmira ou a ceguinha brasileira: romance”. Bahia, 1849.
- “Extirpação de uma lupia (lobinho)”. Atheneu, Bahia, 1849. 
- “História e Geografia: proposições”. Salvador, 1850. Tese (Concurso para professor de geografia) - Liceu da Bahia, 1850.
- “Dissertação na qual se justifica o aborto provocado e depois se demonstra: 1. Que o aborto provocado por legítima indicação é menos arriscado e funesto que o parto instrumental correspondente. E como corolários desta proposição: 2. Que o aborto espontâneo é menos perigoso que o parto natural respectivo. 3. Que o aborto complicado, mas ainda espontâneo é menos perigoso que o parto complicado, mas ainda efetuado somente pelas forças do organismo.” Rio de Janeiro, 1851. Tese (Concurso para lente substituto) – Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Tip. Universal de Laemmert, 1851.
- “De chirurgico et de oculorum effusione: theses quae apud fluminensem medicinae facultatem, doctori Francisco Bonifacio Abreo, candidato ad umam cathedram seccionis chirurgiae professore vicario carentem tuendae sunt”. Rio de Janeiro, 1852. Tese (Concurso de substituto da Seção Cirúrgica) – Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: [s.n.], 1852.
- “Moema e Paraguassú: episodio da descoberta do Brazil.” Rio de Janeiro, 1860.
- “Memória Histórica da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro no ano de 1863, apresentada à respectiva Congregação”. Rio de Janeiro: Tip. Paula Brito, 1864.
- “Saudação à Cachoeira de Paulo Affonso”. In: MEMORIAS da viagem de suas magestades imperiaes à provincia da Bahia, colligidas e publicadas por P.de S. Rio de Janeiro: [s.n.], 1867.
- “Relatorio apresentado à Assembléa Legislativa da provincia de Minas Geraes na sessão ordinaria de 1876”. Ouro Preto: [s.n.], 1876. 
- “Relatorio com que ao Illm.  E Exm. Sr. Barão de Camargos passou a administração da provincia etc.” Ouro Preto: [s.n.], 1877.
- “Receitas assinadas pelo Dr. Azevedo Lima e pelo Barão da Vila da Barra”. Rio de Janeiro: [s.n.], 17/7/1893; 1882.
- “A divina comedia, de Dante Alighieri, fielmente vertida do texto. (obra posthuma). Rio de janeiro, 1888.
- “Soneto à morte de Duque de Caxias”.  Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, [s.n.].
- “Soneto ao tricentenario de Camões”.Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, [s.n.].

 

 

Fontes

- BARÃO da Villa da Barra. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, anno 65, n.212, p.1, 31 de julho de 1887. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 14 ago. 2019. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/DocReader/364568_07/18324
- FRANCISCO Bonifacio de Abreu. In: BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Segundo volume. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1893. pp.413-416. In: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Acervo Digital.  Capturado em 10 jun. 2020. Online. Disponível na Internet: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5422
- MAGALHÃES, Fernando. O Centenário da Faculdade de Medicina 1832-1932. Rio de Janeiro: Tip. A. P. Barthel, 1932.                      (BMANG)  
- NOTICIAS diversas. Correio Mercantil, anno XIII, n.278, p.1, 9 de outubro de 1856. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 11 ago.2020. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/DocReader/217280/12436
- SANTOS FILHO, Lycurgo de Castro. História Geral da Medicina Brasileira. São Paulo: HUCITEC/EDUSP, 1991. v. 2.                (BCCBB)
- VASCONCELOS, Vasco Joaquim Smith de. Médicos e Cirurgiões da Imperial Câmara. Campinas: [Academia Campinense de Letras], 1964.   (BN)   

Ficha técnica

Pesquisa - Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Redação - Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão – Francisco José Chagas Madureira.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.

Forma de citação

ABREU, FRANCISCO BONIFÁCIO DE. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 25 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario

 


Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)