INSTITUTO PANECÁSTICO DO BRASIL: mudanças entre as edições

De Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
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<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi fundado em 3 de maio de 1847, na rua de São José nº 59, no Rio de Janeiro, pelo médico homeopata francês Benoit Jules Mure (1809-1858), conhecido como Bento Mure, presidente do [[INSTITUTO_HOMEOPÁTICO_DO_BRASIL|<u>Instituto Homeopático do Brasil</u>]], criado em 1843, e diretor da [[ESCOLA_HOMEOPÁTICA_DO_BRASIL|<u>Escola Homeopática do Brasil</u>]], implantada em 1845.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O Instituto Panecástico do Brasil teria como objetivo a propagação dos princípios da “emancipação intelectual do imortal Jacotot, e substituir á autoridade e ao pedantismo os direitos da razão humana” (MURE, B., 1847, p.57).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">tendo como fundamento a filosofia panecástica, de autoria do filósofo francês Jean-Joseph Jacotot (1770-1840). Este, já falecido na época, havia sido reitor e professor de língua e literatura francesa da Université d´État de Louvain, na Bélgica, onde aplicou seu método de ensino e aprendizagem baseado nos seguintes princípios:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">&nbsp;“Deus criou a alma humana capaz de instruir-se a si mesma, e sem o concurso de mestres e explicadores; aprender ou saber alguma coisa, e a ela referir todo o resto; tudo &nbsp;se acha em qualquer coisa; todas as inteligências são iguais; pode-se ensinar aquilo que se ignora; quem quer pode” (Apud GALHARDO, 1928. p.404).&nbsp;</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Seu método tinha por objetivo promover a emancipação intelectual e, portanto, a liberdade profissional, acabando com os privilégios do Estado em relação ao ensino.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1840, Bento Mure havia publicado no Jornal do Commercio, uma nota referindo-se ao falecimento de Jacotot e a seu método:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Quando morrem os homens ilustres he queque se conhece quanto valem. Assim aconteceu com Jacotot, que depois de huma vida toda consagrada ao trabalho e a beneficência, acaba de morrer com admirável coragem e presença de espirito. «Sou o principio da vontade na humanidade, disse-nos em seus últimos momentos; mas vós, que agora sois emancipados, podeis tudo o que eu podia, e deveis faze-lo». Animado por essas palavras, e achando-me encarregado pela Sociedade de Emancipação Intellectual de Paris de ajudar nesta corte os esforços dos amigos do ensino universal, rogo a todos aquelles que nelle se interessão, e que até hoje não me são conhecidos, queirão vir entender-se comigo sobre os meiso de que se deve lançar mão para conseguir-se a propagação dos princípios panecasticos. Dirijao-se ao hotel d Europa. Dr. Mure.” (MURE, 1840, p.4)&nbsp;</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Para alcançar seus objetivos, a instituição promovia conferências semanais para esclarecimento sobre a aplicação do ensino universal e levantou recursos para a criação de um colégio que reunisse salas de asilo, escolas primárias e de ensino superior.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em relação ao ensino superior, o primeiro ramo a ser desenvolvido seria o ensino da medicina homeopática, “por ser a doutrina mesma de Hahnemann um notável exemplo da emancipação intelectual espontânea” (MURE, B., 1847, p.58). A relação entre a doutrina de Samuel Christian Friderich Hahnemann (1755-1843) e Jacotot foi objeto da matéria de João Vicente Martins, homeopata de origem portuguesa e discípulo de Bento Mure, publicada na edição de 13 de maio de 1848 de A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro (MARTINS, 1848).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O corpo do Instituto era composto por uma diretoria formada pelo presidente, primeiro secretário, orador e arquivista; por membros que se comprometessem a ajudar no desenvolvimento do método; e por cem conselheiros nomeados gradualmente, doze por ano, sendo seis escolhidos pela assembléia geral dos sócios, e os outros seis pela diretoria.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foram eleitos para compor sua diretoria: Benoit Jules Mure (Bento Mure) para presidente, Edmond Tiberghien Ackermann para primeiro secretário e Auguste Jernstedt para orador, e P.P. Gerbeau para arquivista.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Ackermann foi autor de uma matéria, intitulada “Emancipação Intellectual”, publicada em A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro, em 1848, no qual discutiu o ensino universal e o método de Jacotot (ACKERMANN, 1848).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Criticado pela imprensa da época, este método foi aplicado na [[ESCOLA_HOMEOPÁTICA_DO_BRASIL|<u>Escola Homeopática do Brasil</u>]], a partir de 1848, na qual os alunos do terceiro ano ensinavam os do segundo ano, e estes os do primeiro ano.&nbsp;</span></span><br/> &nbsp;</p>
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi fundado em 3 de maio de 1847, na rua de São José nº 59, no Rio de Janeiro, pelo médico homeopata francês Benoit Jules Mure (1809-1858), conhecido como Bento Mure, presidente do [[INSTITUTO_HOMEOPÁTICO_DO_BRASIL|<u>Instituto Homeopático do Brasil</u>]], criado em 1843, e diretor da [[ESCOLA_HOMEOPÁTICA_DO_BRASIL|<u>Escola Homeopática do Brasil</u>]], implantada em 1845.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O Instituto Panecástico do Brasil teria como objetivo a propagação dos princípios da “emancipação intelectual do imortal Jacotot, e substituir á autoridade e ao pedantismo os direitos da razão humana” (MURE, B., 1847, p.57).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">tendo como fundamento a filosofia panecástica, de autoria do filósofo francês Jean-Joseph Jacotot (1770-1840). Este, já falecido na época, havia sido reitor e professor de língua e literatura francesa da Université d´État de Louvain, na Bélgica, onde aplicou seu método de ensino e aprendizagem baseado nos seguintes princípios:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">&nbsp;“Deus criou a alma humana capaz de instruir-se a si mesma, e sem o concurso de mestres e explicadores; aprender ou saber alguma coisa, e a ela referir todo o resto; tudo &nbsp;se acha em qualquer coisa; todas as inteligências são iguais; pode-se ensinar aquilo que se ignora; quem quer pode” (Apud GALHARDO, 1928. p.404).&nbsp;</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Seu método tinha por objetivo promover a emancipação intelectual e, portanto, a liberdade profissional, acabando com os privilégios do Estado em relação ao ensino.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1840, Bento Mure havia publicado no Jornal do Commercio, uma nota referindo-se ao falecimento de Jacotot e a seu método:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Quando morrem os homens ilustres he queque se conhece quanto valem. Assim aconteceu com Jacotot, que depois de huma vida toda consagrada ao trabalho e a beneficência, acaba de morrer com admirável coragem e presença de espirito. «Sou o principio da vontade na humanidade, disse-nos em seus últimos momentos; mas vós, que agora sois emancipados, podeis tudo o que eu podia, e deveis faze-lo». Animado por essas palavras, e achando-me encarregado pela Sociedade de Emancipação Intellectual de Paris de ajudar nesta corte os esforços dos amigos do ensino universal, rogo a todos aquelles que nelle se interessão, e que até hoje não me são conhecidos, queirão vir entender-se comigo sobre os meiso de que se deve lançar mão para conseguir-se a propagação dos princípios panecasticos. Dirijao-se ao hotel d Europa. Dr. Mure.” (MURE, 1840, p.4)&nbsp;</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Para alcançar seus objetivos, a instituição promovia conferências semanais para esclarecimento sobre a aplicação do ensino universal e levantou recursos para a criação de um colégio que reunisse salas de asilo, escolas primárias e de ensino superior.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em relação ao ensino superior, o primeiro ramo a ser desenvolvido seria o ensino da medicina homeopática, “por ser a doutrina mesma de Hahnemann um notável exemplo da emancipação intelectual espontânea” (MURE, B., 1847, p.58). A relação entre a doutrina de Samuel Christian Friderich Hahnemann (1755-1843) e Jacotot foi objeto da matéria de João Vicente Martins, homeopata de origem portuguesa e discípulo de Bento Mure, publicada na edição de 13 de maio de 1848 de A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro (MARTINS, 1848).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">O corpo do Instituto era composto por uma diretoria formada pelo presidente, primeiro secretário, orador e arquivista; por membros que se comprometessem a ajudar no desenvolvimento do método; e por cem conselheiros nomeados gradualmente, doze por ano, sendo seis escolhidos pela assembléia geral dos sócios, e os outros seis pela diretoria.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foram eleitos para compor sua diretoria: Benoit Jules Mure (Bento Mure) para presidente, Edmond Tiberghien Ackermann para primeiro secretário e Auguste Jernstedt para orador, e P.P. Gerbeau para arquivista.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Ackermann foi autor de uma matéria, intitulada “Emancipação Intellectual”, publicada em A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro, em 1848, no qual discutiu o ensino universal e o método de Jacotot (ACKERMANN, 1848).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Criticado pela imprensa da época, este método foi aplicado na [[ESCOLA_HOMEOPÁTICA_DO_BRASIL|<u>Escola Homeopática do Brasil</u>]], a partir de 1848, na qual os alunos do terceiro ano ensinavam os do segundo ano, e estes os do primeiro ano.</span></span> </p>
 
 
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Fontes</span> =
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<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">- ACKERMANN, E. J. Emancipação Intellectual. A Sciencia. ''Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro.'' Rio de Janeiro, v.II, n.16, p.193-195, 6 de maio de.1848. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira.''' Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:&nbsp;[http://memoria.bn.br/docreader/730076/195 http://memoria.bn.br/docreader/730076/195]<br/> - CRUZ, Crislaine Santana.'''“Caridade sem limites. sciência sem privillegios”: o ensino universal de Jacotot por Benoît Mure no Brasil (1840-1848). '''Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe, 2018. Capturado em 19 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:<br/> &nbsp;[https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/9612/2/CRISLAINE_SANTANA_CRUZ.pdf https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/9612/2/CRISLAINE_SANTANA_CRUZ.pdf]<br/> - GALHARDO, José Emygdio Rodrigues. História da homeopatia no Brasil In: '''Livro do 1° Congresso Brasileiro de Homeopatia. '''Rio de Janeiro, 1928. &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;([[Fontes_de_informação#BN|BN]])<br/> - LOBO, Francisco Bruno. '''O ensino da medicina no Rio de Janeiro: homeopatia.''' Rio de Janeiro, 1968. v. 3. &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;([[Fontes_de_informação#ANM|ANM]])<br/> - MARTINS, J. V. Jacotot e Hanemann. ''A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro.'' Rio de Janeiro, v.II, n.17, p.202-202, 13 de maio de.1848. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:&nbsp;[http://memoria.bn.br/docreader/730076/203 http://memoria.bn.br/docreader/730076/203]<br/> - MURE, Dr. Methodo Jacotot. ''Jornal do Commercio'', Rio de Janeiro, anno XV, n.324, p.4, 7 de dezembro de 1840. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:&nbsp;[http://memoria.bn.br/DocReader/364568_03/1284 http://memoria.bn.br/DocReader/364568_03/1284]<br/> - MURE, B. Instituto Panecastico do Brasil. &nbsp;''A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro. ''Rio de Janeiro, v.I, n.3, p.57-58, set.1847. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:<br/> [http://memoria.bn.br/docreader/730076/59 http://memoria.bn.br/docreader/730076/59]<br/> - MURE, Benoit Jules. Sociedade Panecástica – plano de uma universidade nacional, dedicado aos legisladores do Brasil. ''A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro. ''Rio de Janeiro, v.I, n.5, p.82-84, nov.1847. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet: [http://memoria.bn.br/DocReader/730076/84 http://memoria.bn.br/DocReader/730076/84]<br/> &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;</span></span></p>
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">- ACKERMANN, E. J. Emancipação Intellectual. A Sciencia. ''Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro.'' Rio de Janeiro, v.II, n.16, p.193-195, 6 de maio de.1848. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira.''' Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:&nbsp;[http://memoria.bn.br/docreader/730076/195 http://memoria.bn.br/docreader/730076/195]<br/> - CRUZ, Crislaine Santana.'''“Caridade sem limites. sciência sem privillegios”: o ensino universal de Jacotot por Benoît Mure no Brasil (1840-1848). '''Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe, 2018. Capturado em 19 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:<br/> &nbsp;[https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/9612/2/CRISLAINE_SANTANA_CRUZ.pdf https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/9612/2/CRISLAINE_SANTANA_CRUZ.pdf]<br/> - GALHARDO, José Emygdio Rodrigues. História da homeopatia no Brasil In: '''Livro do 1° Congresso Brasileiro de Homeopatia. '''Rio de Janeiro, 1928. &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;([[Fontes_de_informação#BN|BN]])<br/> - LOBO, Francisco Bruno. '''O ensino da medicina no Rio de Janeiro: homeopatia.''' Rio de Janeiro, 1968. v. 3. &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp; &nbsp;([[Fontes_de_informação#ANM|ANM]])<br/> - MARTINS, J. V. Jacotot e Hanemann. ''A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro.'' Rio de Janeiro, v.II, n.17, p.202-202, 13 de maio de.1848. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:&nbsp;[http://memoria.bn.br/docreader/730076/203 http://memoria.bn.br/docreader/730076/203]<br/> - MURE, Dr. Methodo Jacotot. ''Jornal do Commercio'', Rio de Janeiro, anno XV, n.324, p.4, 7 de dezembro de 1840. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:&nbsp;[http://memoria.bn.br/DocReader/364568_03/1284 http://memoria.bn.br/DocReader/364568_03/1284]<br/> - MURE, B. Instituto Panecastico do Brasil. &nbsp;''A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro. ''Rio de Janeiro, v.I, n.3, p.57-58, set.1847. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:<br/> [http://memoria.bn.br/docreader/730076/59 http://memoria.bn.br/docreader/730076/59]<br/> - MURE, Benoit Jules. Sociedade Panecástica – plano de uma universidade nacional, dedicado aos legisladores do Brasil. ''A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro. ''Rio de Janeiro, v.I, n.5, p.82-84, nov.1847. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. '''Hemeroteca Digital Brasileira. '''Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet: [http://memoria.bn.br/DocReader/730076/84 http://memoria.bn.br/DocReader/730076/84]</span></span></p>


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<p style="text-align: center;">'''<font color="#0000CC"><font size="2"><font face="Arial">''Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)<br/> Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – ([http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/ <font color="#0000CC">http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br</font>])''</font></font></font>'''</p>           
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Edição das 00h10min de 10 de agosto de 2023

Denominações: Instituto Panecástico do Brasil (1847)

Resumo: O Instituto Panecástico do Brasil foi fundado em 3 de maio de 1847, na cidade do Rio de Janeiro, pelo homeopata francês Benoit Jules Mure, presidente do Instituto Homeopático do Brasil e diretor da Escola Homeopática do Brasil. O Instituto tinha como fundamento a filosofia panecástica, de autoria de Jean-Joseph Jacotot, que consistia na aplicação de método de ensino voltado para a emancipação intelectual e liberdade profissional. A instituição promovia conferências semanais para esclarecimento sobre a aplicação do ensino universal e levantou recursos para a criação de um colégio que reunisse salas de asilo, escolas primárias e de ensino superior.

Histórico

Foi fundado em 3 de maio de 1847, na rua de São José nº 59, no Rio de Janeiro, pelo médico homeopata francês Benoit Jules Mure (1809-1858), conhecido como Bento Mure, presidente do Instituto Homeopático do Brasil, criado em 1843, e diretor da Escola Homeopática do Brasil, implantada em 1845. 

O Instituto Panecástico do Brasil teria como objetivo a propagação dos princípios da “emancipação intelectual do imortal Jacotot, e substituir á autoridade e ao pedantismo os direitos da razão humana” (MURE, B., 1847, p.57).

tendo como fundamento a filosofia panecástica, de autoria do filósofo francês Jean-Joseph Jacotot (1770-1840). Este, já falecido na época, havia sido reitor e professor de língua e literatura francesa da Université d´État de Louvain, na Bélgica, onde aplicou seu método de ensino e aprendizagem baseado nos seguintes princípios:

 “Deus criou a alma humana capaz de instruir-se a si mesma, e sem o concurso de mestres e explicadores; aprender ou saber alguma coisa, e a ela referir todo o resto; tudo  se acha em qualquer coisa; todas as inteligências são iguais; pode-se ensinar aquilo que se ignora; quem quer pode” (Apud GALHARDO, 1928. p.404). 

Seu método tinha por objetivo promover a emancipação intelectual e, portanto, a liberdade profissional, acabando com os privilégios do Estado em relação ao ensino.

Em 1840, Bento Mure havia publicado no Jornal do Commercio, uma nota referindo-se ao falecimento de Jacotot e a seu método:

“Quando morrem os homens ilustres he queque se conhece quanto valem. Assim aconteceu com Jacotot, que depois de huma vida toda consagrada ao trabalho e a beneficência, acaba de morrer com admirável coragem e presença de espirito. «Sou o principio da vontade na humanidade, disse-nos em seus últimos momentos; mas vós, que agora sois emancipados, podeis tudo o que eu podia, e deveis faze-lo». Animado por essas palavras, e achando-me encarregado pela Sociedade de Emancipação Intellectual de Paris de ajudar nesta corte os esforços dos amigos do ensino universal, rogo a todos aquelles que nelle se interessão, e que até hoje não me são conhecidos, queirão vir entender-se comigo sobre os meiso de que se deve lançar mão para conseguir-se a propagação dos princípios panecasticos. Dirijao-se ao hotel d Europa. Dr. Mure.” (MURE, 1840, p.4) 

Para alcançar seus objetivos, a instituição promovia conferências semanais para esclarecimento sobre a aplicação do ensino universal e levantou recursos para a criação de um colégio que reunisse salas de asilo, escolas primárias e de ensino superior. 

Em relação ao ensino superior, o primeiro ramo a ser desenvolvido seria o ensino da medicina homeopática, “por ser a doutrina mesma de Hahnemann um notável exemplo da emancipação intelectual espontânea” (MURE, B., 1847, p.58). A relação entre a doutrina de Samuel Christian Friderich Hahnemann (1755-1843) e Jacotot foi objeto da matéria de João Vicente Martins, homeopata de origem portuguesa e discípulo de Bento Mure, publicada na edição de 13 de maio de 1848 de A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro (MARTINS, 1848).

O corpo do Instituto era composto por uma diretoria formada pelo presidente, primeiro secretário, orador e arquivista; por membros que se comprometessem a ajudar no desenvolvimento do método; e por cem conselheiros nomeados gradualmente, doze por ano, sendo seis escolhidos pela assembléia geral dos sócios, e os outros seis pela diretoria. 

Foram eleitos para compor sua diretoria: Benoit Jules Mure (Bento Mure) para presidente, Edmond Tiberghien Ackermann para primeiro secretário e Auguste Jernstedt para orador, e P.P. Gerbeau para arquivista. 

Ackermann foi autor de uma matéria, intitulada “Emancipação Intellectual”, publicada em A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro, em 1848, no qual discutiu o ensino universal e o método de Jacotot (ACKERMANN, 1848).

Criticado pela imprensa da época, este método foi aplicado na Escola Homeopática do Brasil, a partir de 1848, na qual os alunos do terceiro ano ensinavam os do segundo ano, e estes os do primeiro ano.

Fontes

- ACKERMANN, E. J. Emancipação Intellectual. A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, v.II, n.16, p.193-195, 6 de maio de.1848. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/docreader/730076/195
- CRUZ, Crislaine Santana.“Caridade sem limites. sciência sem privillegios”: o ensino universal de Jacotot por Benoît Mure no Brasil (1840-1848). Dissertação (Mestrado em Educação), Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Sergipe, 2018. Capturado em 19 jul. 2020. Online. Disponível na Internet:
 https://ri.ufs.br/bitstream/riufs/9612/2/CRISLAINE_SANTANA_CRUZ.pdf
- GALHARDO, José Emygdio Rodrigues. História da homeopatia no Brasil In: Livro do 1° Congresso Brasileiro de Homeopatia. Rio de Janeiro, 1928.          (BN)
- LOBO, Francisco Bruno. O ensino da medicina no Rio de Janeiro: homeopatia. Rio de Janeiro, 1968. v. 3.                        (ANM)
- MARTINS, J. V. Jacotot e Hanemann. A Sciencia. Revista synthetica dos conhecimentos humanos regida pelos professores da Escola de Homeopathia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, v.II, n.17, p.202-202, 13 de maio de.1848. In: FUNDAÇÃO BIBLIOTECA NACIONAL. Hemeroteca Digital Brasileira. Capturado em 17 jul. 2020. Online. Disponível na Internet: http://memoria.bn.br/docreader/730076/203
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Ficha técnica

Pesquisa - Verônica Velloso.
Redação - Verônica Velloso.
Revisão - Francisco José Chagas Madureira.
Consultoria - Ângela de Araújo Porto.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.

Forma de citação

INSTITUTO PANECÁSTICO DO BRASIL. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 14 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario


Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)