MEIRELLES, JOAQUIM CÂNDIDO SOARES DE: mudanças entre as edições

De Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
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<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Outros nomes e/ou títulos:&nbsp;'''[[MEIRELES,_JOAQUIM_CÂNDIDO_SOARES_DE|Meireles, Joaquim Cândido Soares de]]</span></span>
<span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Outros nomes e/ou títulos:&nbsp;'''[[MEIRELES,_JOAQUIM_CÂNDIDO_SOARES_DE|<u>Meireles, Joaquim Cândido Soares de</u>]]</span></span>
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Resumo:&nbsp;'''Joaquim Cândido Soares de Meirelles nasceu na freguesia de Congonhas do Sabará, ou na freguesia de Santa Luzia do Sabará para alguns autores, localizada próxima à Vila de Sabará na então Capitania das Minas Gerais, em 5 de novembro de 1797, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de julho de 1868. Filho e neto de médicos, cursou a Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, e doutorou-se em medicina e em cirurgia pela Faculté de Médecine de Paris (1827). Foi um dos membros fundadores da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, criada em 1829, e teve participação importante no Corpo de Saúde da Armada, tendo sido declarado Patrono do Corpo de Saúde da Marinha de Guerra</span></span></p>  
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">'''Resumo:&nbsp;'''Joaquim Cândido Soares de Meirelles nasceu na freguesia de Congonhas do Sabará, ou na freguesia de Santa Luzia do Sabará para alguns autores, localizada próxima à Vila de Sabará na então Capitania das Minas Gerais, em 5 de novembro de 1797, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de julho de 1868. Filho e neto de médicos, cursou a Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, e doutorou-se em medicina e em cirurgia pela Faculté de Médecine de Paris (1827). Foi um dos membros fundadores da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, criada em 1829, e teve participação importante no Corpo de Saúde da Armada, tendo sido declarado Patrono do Corpo de Saúde da Marinha de Guerra</span></span></p>  
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Dados pessoais</span> =
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Dados pessoais</span> =
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles nasceu em 5 de novembro de 1797, na freguesia de Congonhas do Sabará, ou na freguesia de Santa Luzia do Sabará para alguns autores (LACAZ, 1977), situada próxima à Vila de Sabará (posteriormente cidade de Sabará) na então Capitania das Minas Gerais. Era filho e neto de médicos, tendo sido seu pai o cirurgião Manoel Soares de Meirelles e sua mãe Anna Joaquina de São José Meirelles. Casou-se em primeiras núpcias com Rita Maria Pereira Reis, filha do cirurgião Paulo Rodrigues Pereira e irmã do médico Jacintho Rodrigues Pereira Reis, com quem teve quatro filhos, Saturnino Soares de Meirelles (1828-1909), que foi médico homeopata, <u>Jacintho Rodrigues Soares de Meirelles</u>, oficial de marinha, Nicomedes Rodrigues Soares de Meirelles, médico, e Candido Rodrigues Soares de Meirelles, bacharel em matemática. Em segundas núpcias casou-se com Maria Cândida Marianna Vahya, tendo tido uma filha, Luisa Cândida Soares de Meirelles (NOTÁVEIS, 2011).&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">&nbsp;Participou do Conselho de Sua Majestade, e foi nomeado Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro (30 de setembro de 1840), Comendador da Imperial Ordem da Rosa (2 de dezembro de 1852) e Cavalheiro da Ordem de São Bento de Aviz (8 de novembro de 1860). Por decreto de 11 de outubro de 1848 foi agraciado como Gentil Homem da Imperial Câmara. Em 30 de abril de 1862 recebeu a carta de Brasão das Armas da Nobreza e Fidalguia, que concedia o uso de armas à família dos Soares e dos Meirelles, sendo extensivo a seus descendentes. Recebeu em 1º de maio de 1862 a Carta de Brasão de Armas, de Nobreza e Fidalguia do Império do Brasil, e por sua participação na Guerra do Paraguai (1865-1870) foi condecorado, em 1865 em Uruguaiana, com a Medalha Comemorativa do rendimento da divisão de Exército do Paraguai que ocupava a Vila de Uruguaiana.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de julho de 1868.</span></span></p>  
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles nasceu em 5 de novembro de 1797, na freguesia de Congonhas do Sabará, ou na freguesia de Santa Luzia do Sabará para alguns autores (LACAZ, 1977), situada próxima à Vila de Sabará (posteriormente cidade de Sabará) na então Capitania das Minas Gerais. Era filho e neto de médicos, tendo sido seu pai o cirurgião Manoel Soares de Meirelles e sua mãe Anna Joaquina de São José Meirelles. Casou-se em primeiras núpcias com Rita Maria Pereira Reis, filha do cirurgião Paulo Rodrigues Pereira e irmã do médico Jacintho Rodrigues Pereira Reis, com quem teve quatro filhos, Saturnino Soares de Meirelles (1828-1909), que foi médico homeopata, <u>Jacintho Rodrigues Soares de Meirelles</u>, oficial de marinha, Nicomedes Rodrigues Soares de Meirelles, médico, e Candido Rodrigues Soares de Meirelles, bacharel em matemática. Em segundas núpcias casou-se com Maria Cândida Marianna Vahya, tendo tido uma filha, Luisa Cândida Soares de Meirelles (NOTÁVEIS, 2011).&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">&nbsp;Participou do Conselho de Sua Majestade, e foi nomeado Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro (30 de setembro de 1840), Comendador da Imperial Ordem da Rosa (2 de dezembro de 1852) e Cavalheiro da Ordem de São Bento de Aviz (8 de novembro de 1860). Por decreto de 11 de outubro de 1848 foi agraciado como Gentil Homem da Imperial Câmara. Em 30 de abril de 1862 recebeu a carta de Brasão das Armas da Nobreza e Fidalguia, que concedia o uso de armas à família dos Soares e dos Meirelles, sendo extensivo a seus descendentes. Recebeu em 1º de maio de 1862 a Carta de Brasão de Armas, de Nobreza e Fidalguia do Império do Brasil, e por sua participação na Guerra do Paraguai (1865-1870) foi condecorado, em 1865 em Uruguaiana, com a Medalha Comemorativa do rendimento da divisão de Exército do Paraguai que ocupava a Vila de Uruguaiana.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de julho de 1868.</span></span></p>  
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Trajetória profissional</span> =
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Trajetória profissional</span> =
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles cursou humanidades no Seminario Episcopal de São José, que havia sido fundado, em 1739, pelo Bispo Frei Antonio de Guadalupe, na Ladeira do Seminario, na cidade do Rio de Janeiro.<br/> Permaneceu nesta cidade aos cuidados de seu tio o padre João Baptista Soares de Meirelles, que era professor de latim deste Seminário. Na cidade do Rio de Janeiro residiu na Rua dos Ourives nº 19, Rua da Cadeia nº 161 (atual Rua da Assembleia), Rua Larga de São Joaquim nº 170 (atual Av. Marechal Floriano) e na Rua do Catete nº245.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Ingressou, por concurso, na [[ACADEMIA_MÉDICO-CIRÚRGICA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro</u>]] em 10 de março de 1817. Em 16 de agosto deste mesmo ano foi nomeado pensionista praticante de cirurgia no <u>[[HOSPITAL_REAL_MILITAR|Hospital Real Militar]]</u>, na Corte, cargo que exerceu até 21 de julho de 1819, tornando-se posteriormente “ajudante de cirurgia” do 1º Batalhão de Caçadores do Exército, após prestar exame de suficiência em 10 de julho de 1819 perante a Junta composta pelos cirurgiões-mores José Maria do Carmo Vale, José Pereira Ramos e José Maria de Melo. Foi nomeado, em 14 de abril de 1823, cirurgião-mor agregado ao Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, em exercício no Hospital Real Militar de Ouro Preto. Nesta época, organizou o Hospital Real Militar de Ouro Preto, e atuou no combate ao surto epidêmico de varíola ocorrido em 1823.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Retornou à cidade do Rio de Janeiro e finalizou seus estudos na [[ACADEMIA_MÉDICO-CIRÚRGICA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro</u>]], tendo prestado os exames perante a Fisicatura-Mor e obtido a carta de cirurgião em 18 de julho de 1822.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">No ano de 1824, retornou para Ouro Preto a pedido da Câmara Municipal desta localidade, por meio de uma correspondência enviada com 62 assinaturas solicitando sua ajuda para debelar novo surto epidêmico de varíola. &nbsp;Em 8 de outubro de 1824 retorna, então, a Minas Gerais.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Por decreto do Governo Imperial, de 29 de janeiro de 1825, Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi enviado para uma viagem de aperfeiçoamento de seus estudos médico-cirúrgicos à França. &nbsp;O período em que residiu em Paris foi descrito em uma de suas cartas:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Já era eu marido e pai. Da minha pensão de cinquënta mil réis fortes, deixei metade para minha mulher e filhos e com os vinte e cinco mil réis fortes que me ficaram tive, além do mais, de pagar mestres e comprar livros e cadáveres. Durante os dias úteis da semana alimentava-me ordinariamente, comendo frutas e pão; aos domingos, desforrava-se da penitência, indo jantar com Paulo Barbosa ou com José Marcellino Gonçalves, ou com o capitão-mor José Joaquim da Rocha, ou com o Visconde de São Lourenço e, então, eram para mim inapreciáveis, maviosíssimos esses dias de festas, porque neles o excelente jantar era o menos, o falarmos da Pátria era o mais.” &nbsp;(Apud. AGUINÁGA, 2006, p. 66)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Neste período de estadia em Paris, visitou diversos hospitais militares e matriculou-se na Faculté de Médecine de Paris, onde doutorou-se em medicina em 10 de janeiro de 1827, com a tese intitulada “Dissertation sur l’histoire de l’elephantiasis”. Em 25 de abril daquele mesmo ano doutorou-se em cirurgia, com a tese “Dissertation sur les plaies d’armes à feu”. &nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Após seu retorno ao Brasil, em 8 de novembro de 1827 solicitou o cargo de inspetor dos hospitais militares, que lhe foi negado levando-o a encaminhar um pedido de exoneração do Serviço de Saúde do Exército, que lhe foi concedido em 14 de julho de 1828. &nbsp;Nesta época estabeleceu-se definitivamente no Rio de Janeiro, indo trabalhar em uma enfermaria do Hospital da [[SANTA_CASA_DA_MISERICÓRDIA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro</u>]], que era chefiada por [[SIMONI,_LUÍS_VICENTE_DE|<u>Luís Vicente De Simoni</u>]]. Ainda nesta instituição lecionou, tendo sido responsável por um curso livre de medicina prática.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1829, Joaquim Cândido Soares de Meirelles, juntamente com [[SIGAUD,_JOSÉ_FRANCISCO_XAVIER|<u>José Francisco Xavier Sigaud</u>]],[[JOBIM,_JOSÉ_MARTINS_DA_CRUZ|<u>José Martins da Cruz Jobim</u>]], [[SIMONI,_LUÍS_VICENTE_DE|<u>Luís Vicente De Simoni</u>]], João Maurício Faivre e outros, fundou a [[SOCIEDADE_DE_MEDICINA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro</u>]]. Algumas das reuniões preparatórias para a fundação desta sociedade foram realizadas, de 4 a 30 de junho de 1829, em sua residência, na rua da Cadeia nº 161 (atual rua da Assembléia), na cidade do Rio de Janeiro, sendo que em uma destas reuniões foram aprovados os estatutos daquela sociedade. Outras reuniões foram realizadas, entre 8 de fevereiro e 3 de abril de 1830, na residência de Soares de Meirelles, então localizada na Rua Larga de São Joaquim nº170 (atual Av. Marechal Floriano). Presidiu esta sociedade também nos anos de 1833 (2º, 3º e 4º trimestres), 1835-1838 e 1842-1848, quando esta então se denominava Academia Imperial de Medicina. Esta nova denominação teria se originado de uma proposta do próprio Meirelles apresentada em sessão interna da sociedade, em 5 de novembro de 1833.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi membro da comissão especial encarregada da elaboração de um plano de organização para as escolas médicas do Império, solicitado pela Câmara dos Deputados à [[SOCIEDADE_DE_MEDICINA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro</u>]], em 7 de outubro de 1830. Foi redator da ''Revista Médica Fluminense'' publicada por esta sociedade.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Além da Academia Imperial de Medicina, integrou outras sociedades científicas brasileiras, como o <u>Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro</u>, sendo nomeado sócio efetivo em 1839; e sociedades estrangeiras como Accademia Medico-Chirurgica di Napoli, Société de Médecine de Louvain, Société Philomathique de Paris e Société Diplomatique de Paris. Foi o 1º vice-presidente da Sociedade de Literatura Brasileira, instalada em 7 de setembro de 1843 na casa da Rua das Violas, 93, na cidade do Rio de Janeiro.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles participou da reunião que precedeu a chamada Revolução de 7 de abril de 1831, data da abdicação de D. Pedro I, realizada na casa de Evaristo Ferreira da Veiga. Integrou a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, fundada em 10 de maio de 1831, e participou da redação de seus Estatutos, juntamente com Evaristo Ferreira da Veiga.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Ainda no ano de 1831, relata-se a ocorrência de uma séria desavença entre Joaquim Cândido Soares de Meirelles e o também médico Joaquim José da Silva, pois este teria se sentido ofendido por alguns comentários sobre sua suposta participação nos acontecimentos de 7 de abril de 1831 desencadeadores da abdicação de D. Pedro I feitos por Meirelles em uma conversa na residência do senador Nicolau Vergueiro. Joaquim José da Silva teria ficado descontente com tais supostos comentários, e assim começou a divulgar boatos insinuando o envolvimento de Meirelles em uma sociedade secreta. A acusação a Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi feita em um contexto de grande receio quanto alguma articulação nos moldes da Revolução do Haiti (1791-1825) na capital da monarquia brasileira. &nbsp;Acusaram-no de integrar uma associação de caráter abolicionista sob influência do abade Henri Grégoire (1750-1831) e de suas ideias sobre escravidão e a Revolução no Haiti. &nbsp;Joaquim Cândido Soares Meirelles retratou estes fatos na “Exposição da Intriga feita pelo cirurgião formado Joaquim José da Silva ao Doutor Joaquim Candido Soares de Meirelles”, publicada ainda em 1831:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Então explicou elle que eu era chefe de uma sociedade secreta, que tinha por fim o assacinato dos brancos, e o crusamento das raças; e que elle sendo convidado para essa sociedade, foi, porém a ouvir o plano, oppos-se e não quiz fazer parte delle. (...) e depois de mais de 20 pessoas lhe me disseram – creia que o Silva o atassalha por toda a parte, e quando alguém quer duvidar, elle até ameaça, dizendo – não quer crer, pois quando lhe doer a pelle, então sentirão” (Apud. MOREL, 2005, p.87)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 3 de junho de 1831 Joaquim Cândido Soares de Meirelles enviou uma carta a Joaquim José da Silva, solicitando alguns esclarecimentos a respeito do que lhe fora imputado. Na publicação “Exposição da Intriga feita pelo cirurgião ....”, de Meirelles, foram transcritas as respostas de Joaquim José da Silva:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Recebi hoje 3 de Junho de 1831, huma carta, e na qual me diz que para credito meu, e seu convinha que eu declarasse: 1 º em que circulo club ou ajuntamento propoz o assassinato dos brancos, e a necessidade de cruzamento das raças; 2 º quaes as pessoas, que se achavão presentes, e as que o impugnarão; 3 º qual o objecto da reunião, e quem a convocou, e para que fim; 4 º finalmente que fim tem essa associação, de que (diz) somos membros, ou por acaso nos achamos ahi. Posto que julgue que lhe há-de ser desagradável ouvir verdades duras, para o satisfazer, e para que não perigue o seu credito, responder-lhe-ei, que quanto ao 1 º não fui convidado em club, etc., mas para huma sociedade, que trabalhava segundo o plano do Abade Gregoire, com quem me disse conversara muito em França, e que sabia bem como isso se fazia: este convite me fez na rua dos Inválidos em huma coixeira onde nos recolhemos do Sol, e para não ser ouvido: se o plano de Gregoire he para o assassinato dos brancos, e crusamento das raças, o meu Collega o dirá, pois segundo me disse, com elle conversara, e sabia. Quanto ao 2 º bem sabe o meu Collega que nos achávamos sós, e ninguém o impugnou. Quanto ao 3 º não me dizendo, quem a convocou aqui, dice-me (declarando-me alguns sócios da de cá) que Barata e Sabino a tinhão ido estabelecer na Bahia, e que brevemente o Bahiano mudaria de linguagem acerca do objecto; e fim está dito no 1 º, isto he do Abade Gregoire." ” (Apud. MOREL, 2005, p.88)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Posteriormente Joaquim Cândido Soares de Meirelles ainda encaminhou cartas a todos os referidos na denúncia, Cipriano Barata, Francisco Sabino, e ao abade Henri Grégoire, solicitando que estes se manifestassem a respeito daquelas acusações. A resposta de Cipriano Barata foi de estranhamento, pois afirmou que não conhecia Meirelles e nem a referida sociedade secreta. As respostas de Francisco Sabino não foram registradas na publicação de Meirelles, e nem as do abade Henri Grégoire, pois este falecera antes do recebimento da carta encaminhada por Meirelles. &nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Entre os anos de 1836 e 1856 foi lente de anatomia e fisiologia das paixões na Academia Imperial de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Integrou a Comissão de Saúde Pública da Câmara dos Deputados, e naquela casa proferiu um discurso, em 23 de junho de 1848, manifestando-se novamente contra a acusação que lhe havia sido imputada, em 1831, de integrar uma sociedade secreta nos moldes haitianos.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi nomeado médico da Imperial Câmara em 23 de julho de 1840, mas relata-se que desde o ano de 1826, quando fora chamado para atender a Princesa Imperial D. Januária, já era um médico bem considerado pela família imperial.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Por seu envolvimento em revoltas liberais (Vale do Paraíba paulista,13/05/1842; Província de Minas Gerais 10/06/1842), foi preso na Fortaleza de Villegaignon, e foi exonerado em 14 de março de 1842 de seu cargo como médico efetivo da Imperial Câmara. Em 2 de julho de 1842 foi deportado para Lisboa, juntamente com Antônio Paulino Limpo de Abreu (Visconde de Abaeté) e Francisco de Salles Torres Homem (Visconde de Inhomerim), tendo retornado ao Brasil com a promulgação do decreto da anistia em 14 de março de 1844, quando foi reintegrado aos cargos que exercia anteriormente.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi eleito deputado da Assembleia Provincial do Rio de Janeiro (uma legislatura), e deputado geral pela Província de Minas Gerais (6a e 7a legislaturas, em 1845, 1847 e 1848). Como deputado por Minas Gerais, apresentou o projeto que organizou o Corpo de Saúde da Armada, o qual foi submetido à Câmara Geral em 1848. Meirelles também combateu a proposta de fechamento do <u>Jardim Botânico do Rio de Janeiro</u>, defendeu a difusão da vacina Jenner para o combate da varíola, solicitou subvenção para a [[ACADEMIA_IMPERIAL_DE_MEDICINA|<u>Academia Imperial de Medicina</u>]] e apresentou emendas aos estatutos das escolas de medicina, entre outras propostas (ARAGÃO, 1969).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi nomeado cirurgião-mor da Armada foi em 7 de julho de 1849 (FONSECA, 1933). Em 02 de dezembro de 1858, ou de 1852 conforme Olympio da Fonseca, foi promovido a chefe de divisão graduado, posto posteriormente correspondente ao de contra-almirante. Chefiou o Corpo de Saúde da Armada de 1849 a 1868, ano em que faleceu.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A saúde direcionou sua atuação e trajetória, como bem destacou Lopes Rodrigues, um de seus sucessores no Corpo de Saúde da Armada:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Meirelles fazia hygiene quando protestou contra disposições de lei que arvoraram officiaes de marinha em curandeiros de doentes; quando instituiu as visitas sanitárias quinzenaes às guarnições dos navios e corpos, como meio de descobrir estados mórbidos e fazer a sequestração preventiva dos contagiáveis; quando exigiu vaccinação contra a varíola, em navios, quartéis e hospiates (1855); quando aconselhou a prophylaxia de seu tempo contra as moléstias venéreas e syphiliticas, que reputava causas de tuberculose. Fazia hygiene quando, em 1861, referindo-se à falta de robustez dos menores vindos para iniciar a carreira das armas como grumetes, propunha a creação de escolas de gymnastica e de natação, que remediaria tal estado; fazia hygiene quando, em 1862, protestou contra a vida passada a bordo pelas guarnições, em antinomia ao que seria para desejar, contra os castigos corporaes infligidos, contra o pouco cuidado na escolha do pessoal admitido para o serviço, contra a alimentação pela carne de balsa, contra o uso da aguardente que deveria ser substituída pelo café; fazia hygiene quando julgou de necessidade a modificação das dietas das enfermarias de bordo e protestou contra o uso dos unifromes invariáveis em inverno e verão e sempre os mesmos para todos os climas; fazia hygiene quando, em 1863, propugnava contra a continuação do hospital na Ilha das Cobras, local onde julgava faltarem as mais rudimentares condições para installação de estabelecimentos dessa ordem. Propunha por isso, para sua mudança, o desapropriamento do então convento d´Ajuda, em cujo terreno, a beira mar, espaçoso e abundante de água, affirmava se poderia construir prédio condigno ao mister de tratar doentes”. (RODRIGUES, Lopes. Apud FONSECA, 1933, p.138-139)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi médico da Casa de Saúde de Saco do Alferes, inaugurada esta em 1849 na rua do Saco do Alferes nº 253 (posteriormente rua de Santo Cristo dos Milagres), no centro da cidade do Rio de Janeiro. Nesta Casa de Saúde também atuavam os médicos [[SIGAUD,_JOSÉ_FRANCISCO_XAVIER|<u>José Francisco Xavier Sigaud</u>]], [[JOBIM,_JOSÉ_MARTINS_DA_CRUZ|<u>José Martins da Cruz Jobim</u>]], Manoel de Valladão Pimentel, Manoel Feliciano Pereira de Carvalho e [[SIMONI,_LUÍS_VICENTE_DE|<u>Luís Vicente De Simoni</u>]].</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Na Junta Central de Higiene Pública, criada em 14 de setembro de 1850, Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi um de seus primeiros membros, ao lado de importantes figuras da área médica como [[CÂNDIDO,_FRANCISCO_DE_PAULA|<u>Francisco de Paula Cândido</u>]], 1º presidente da Junta, Antônio Felix Martins, provedor-mór de Saúde do Porto, e [[REIS,_JACINTHO_RODRIGUES_PEREIRA|<u>Jacintho Rodrigues Pereira Reis</u>]], inspetor geral do [[INSTITUTO_VACÍNICO_DO_IMPÉRIO|<u>Instituto Vacínico do Império</u>]].</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">No ano de 1856, por designação de Luís Alves de Lima e Silva, então Marquês de Caxias, Joaquim Cândido Soares de Meirelles apresentou um parecer sobre a reforma do Regulamento, tanto do Corpo de Saúde do Exército quanto dos hospitais militares fixos e ambulantes nos tempos de paz e guerra. Em 1863, por não julgar conveniente o lugar estabelecido para os hospitais militares, posicionou-se contra a permanência do Hospital da Ilha das Cobras, propondo, para a sua mudança, a desapropriação do então Convento d’Ajuda, por este se encontrar em terreno à beira-mar, com abundância de água e com grande espaço livre.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi nomeado, em 24 de março de 1856, lente de anatomia e fisiologia das paixões na Academia Imperial de Belas Artes.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Adquiriu, em 1858, após o falecimento de Manoel São José, antigo proprietário, a Fazenda São Manoel, localizada na região serrana do Rio de Janeiro, em São Sebastião do Alto. A planta desta propriedade teria sido elaborada por um discípulo de Grandjean de Montigny e foi descrita por Luiz Monteiro Caminhoá, irmão do botânico [[CAMINHOÁ,_JOAQUIM_MONTEIRO|<u>Joaquim Monteiro Caminhoá</u>]], em seu livro “Breves apreciações sobre a agricultura na Província do Rio de Janeiro” (INEPAC, 2011).&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1861 propôs a criação de uma Escola de Ginástica e Natação, na Marinha, para o desenvolvimento dos recrutados para o serviço militar. Combateu, ainda no mesmo ano, os maus tratos conferidos aos marinheiros, opondo-se contra os castigos corporais e a má alimentação (ARAGÃO, 1969). Apresentou, em 1862, a sugestão da transferência do Hospital de Marinha para o Convento da Ajuda, e da construção de um edifício adequado.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Sua participação nas forças armadas marcou profundamente sua trajetória profissional. Participou da Guerra do Paraguai, como membro do Corpo de Saúde da Armada, estando inclusive presente, juntamente com o Imperador D. Pedro II, no ato de rendição dos paraguaios comandados pelo militar paraguaio Antonio de la Cruz Estigarribia, em Uruguaiana, em 18 de setembro de 1865. Nesta ocasião foi acometido de febre tifóide, o que causou paralisia, tendo sido transportado para a cidade de Alegrete (Rio Grande do Sul), onde se recuperou parcialmente. Regressou para o Rio de Janeiro, em 2 de maio de 1866, quando seu estado de saúde agravou-se, vindo a falecer em 1868.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 12 de janeiro de 1867, foi nomeado para integrar uma comissão responsável pela organização de um novo plano de reformas dos serviços de Saúde da Armada, exercendo posteriormente a presidência desta mesma comissão (ARAGÃO, 1969).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Inúmeras homenagens póstumas foram prestadas a Joaquim Cândido Soares de Meirelles em diversas instituições. Luís Vicente De Simoni apresentado seu necrológio na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em 20 de julho de 1868, por ocasião de sua missa de sétimo dia. Na Academia Imperial de Medicina o elogio fúnebre foi proferido por Luiz Corrêa de Azevedo, em 20 de junho de 1869, e no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi feito pelo médico Joaquim Manoel de Macedo, em 21 de outubro de 1868.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A Academia Brasileira de Medicina Militar, em 8 de dezembro de 1941, o indicou para patrono da cadeira nº 28, e em 3 de outubro de 1963 foi escolhido como patrono da cadeira nº 1 da [[ACADEMIA_NACIONAL_DE_MEDICINA|<u>Academia Nacional de Medicina</u>]] e patrono de um dos sócios titulares do Instituto Brasileiro de História da Medicina (SOUZA, 1972).&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em uma sessão solene na Academia Nacional de Medicina, em 30 de junho de 1960, foi inaugurado seu retrato a óleo, pintado por Jordão de Oliveira.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em decorrência de sua atuação no serviço de saúde da Armada brasileira, foi declarado Patrono do Corpo de Saúde da Marinha de Guerra por meio do decreto federal nº 63.684, de 25/11/1968. A data de seu nascimento, 5 de novembro, passou a ser considerada dia festivo para todas as organizações de saúde da Marinha brasileira.</span></span><br/> &nbsp;</p>  
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles cursou humanidades no Seminario Episcopal de São José, que havia sido fundado, em 1739, pelo Bispo Frei Antonio de Guadalupe, na Ladeira do Seminario, na cidade do Rio de Janeiro.<br/> Permaneceu nesta cidade aos cuidados de seu tio o padre João Baptista Soares de Meirelles, que era professor de latim deste Seminário. Na cidade do Rio de Janeiro residiu na Rua dos Ourives nº 19, Rua da Cadeia nº 161 (atual Rua da Assembleia), Rua Larga de São Joaquim nº 170 (atual Av. Marechal Floriano) e na Rua do Catete nº245.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Ingressou, por concurso, na [[ACADEMIA_MÉDICO-CIRÚRGICA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro</u>]] em 10 de março de 1817. Em 16 de agosto deste mesmo ano foi nomeado pensionista praticante de cirurgia no <u>[[HOSPITAL_REAL_MILITAR|Hospital Real Militar]]</u>, na Corte, cargo que exerceu até 21 de julho de 1819, tornando-se posteriormente “ajudante de cirurgia” do 1º Batalhão de Caçadores do Exército, após prestar exame de suficiência em 10 de julho de 1819 perante a Junta composta pelos cirurgiões-mores José Maria do Carmo Vale, José Pereira Ramos e José Maria de Melo. Foi nomeado, em 14 de abril de 1823, cirurgião-mor agregado ao Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, em exercício no Hospital Real Militar de Ouro Preto. Nesta época, organizou o Hospital Real Militar de Ouro Preto, e atuou no combate ao surto epidêmico de varíola ocorrido em 1823.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Retornou à cidade do Rio de Janeiro e finalizou seus estudos na [[ACADEMIA_MÉDICO-CIRÚRGICA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro</u>]], tendo prestado os exames perante a Fisicatura-Mor e obtido a carta de cirurgião em 18 de julho de 1822.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">No ano de 1824, retornou para Ouro Preto a pedido da Câmara Municipal desta localidade, por meio de uma correspondência enviada com 62 assinaturas solicitando sua ajuda para debelar novo surto epidêmico de varíola. &nbsp;Em 8 de outubro de 1824 retorna, então, a Minas Gerais.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Por decreto do Governo Imperial, de 29 de janeiro de 1825, Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi enviado para uma viagem de aperfeiçoamento de seus estudos médico-cirúrgicos à França. &nbsp;O período em que residiu em Paris foi descrito em uma de suas cartas:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Já era eu marido e pai. Da minha pensão de cinquënta mil réis fortes, deixei metade para minha mulher e filhos e com os vinte e cinco mil réis fortes que me ficaram tive, além do mais, de pagar mestres e comprar livros e cadáveres. Durante os dias úteis da semana alimentava-me ordinariamente, comendo frutas e pão; aos domingos, desforrava-se da penitência, indo jantar com Paulo Barbosa ou com José Marcellino Gonçalves, ou com o capitão-mor José Joaquim da Rocha, ou com o Visconde de São Lourenço e, então, eram para mim inapreciáveis, maviosíssimos esses dias de festas, porque neles o excelente jantar era o menos, o falarmos da Pátria era o mais.” &nbsp;(Apud. AGUINÁGA, 2006, p. 66)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Neste período de estadia em Paris, visitou diversos hospitais militares e matriculou-se na Faculté de Médecine de Paris, onde doutorou-se em medicina em 10 de janeiro de 1827, com a tese intitulada “Dissertation sur l’histoire de l’elephantiasis”. Em 25 de abril daquele mesmo ano doutorou-se em cirurgia, com a tese “Dissertation sur les plaies d’armes à feu”. &nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Após seu retorno ao Brasil, em 8 de novembro de 1827 solicitou o cargo de inspetor dos hospitais militares, que lhe foi negado levando-o a encaminhar um pedido de exoneração do Serviço de Saúde do Exército, que lhe foi concedido em 14 de julho de 1828. &nbsp;Nesta época estabeleceu-se definitivamente no Rio de Janeiro, indo trabalhar em uma enfermaria do Hospital da [[SANTA_CASA_DA_MISERICÓRDIA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro</u>]], que era chefiada por [[SIMONI,_LUÍS_VICENTE_DE|<u>Luís Vicente De Simoni</u>]]. Ainda nesta instituição lecionou, tendo sido responsável por um curso livre de medicina prática.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1829, Joaquim Cândido Soares de Meirelles, juntamente com [[SIGAUD,_JOSÉ_FRANCISCO_XAVIER|<u>José Francisco Xavier Sigaud</u>]],[[JOBIM,_JOSÉ_MARTINS_DA_CRUZ|<u>José Martins da Cruz Jobim</u>]], [[SIMONI,_LUÍS_VICENTE_DE|<u>Luís Vicente De Simoni</u>]], João Maurício Faivre e outros, fundou a [[SOCIEDADE_DE_MEDICINA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro</u>]]. Algumas das reuniões preparatórias para a fundação desta sociedade foram realizadas, de 4 a 30 de junho de 1829, em sua residência, na rua da Cadeia nº 161 (atual rua da Assembléia), na cidade do Rio de Janeiro, sendo que em uma destas reuniões foram aprovados os estatutos daquela sociedade. Outras reuniões foram realizadas, entre 8 de fevereiro e 3 de abril de 1830, na residência de Soares de Meirelles, então localizada na Rua Larga de São Joaquim nº170 (atual Av. Marechal Floriano). Presidiu esta sociedade também nos anos de 1833 (2º, 3º e 4º trimestres), 1835-1838 e 1842-1848, quando esta então se denominava Academia Imperial de Medicina. Esta nova denominação teria se originado de uma proposta do próprio Meirelles apresentada em sessão interna da sociedade, em 5 de novembro de 1833.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi membro da comissão especial encarregada da elaboração de um plano de organização para as escolas médicas do Império, solicitado pela Câmara dos Deputados à [[SOCIEDADE_DE_MEDICINA_DO_RIO_DE_JANEIRO|<u>Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro</u>]], em 7 de outubro de 1830. Foi redator da ''Revista Médica Fluminense'' publicada por esta sociedade.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Além da Academia Imperial de Medicina, integrou outras sociedades científicas brasileiras, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sendo nomeado sócio efetivo em 1839; e sociedades estrangeiras como Accademia Medico-Chirurgica di Napoli, Société de Médecine de Louvain, Société Philomathique de Paris e Société Diplomatique de Paris. Foi o 1º vice-presidente da Sociedade de Literatura Brasileira, instalada em 7 de setembro de 1843 na casa da Rua das Violas, 93, na cidade do Rio de Janeiro.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles participou da reunião que precedeu a chamada Revolução de 7 de abril de 1831, data da abdicação de D. Pedro I, realizada na casa de Evaristo Ferreira da Veiga. Integrou a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, fundada em 10 de maio de 1831, e participou da redação de seus Estatutos, juntamente com Evaristo Ferreira da Veiga.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Ainda no ano de 1831, relata-se a ocorrência de uma séria desavença entre Joaquim Cândido Soares de Meirelles e o também médico Joaquim José da Silva, pois este teria se sentido ofendido por alguns comentários sobre sua suposta participação nos acontecimentos de 7 de abril de 1831 desencadeadores da abdicação de D. Pedro I feitos por Meirelles em uma conversa na residência do senador Nicolau Vergueiro. Joaquim José da Silva teria ficado descontente com tais supostos comentários, e assim começou a divulgar boatos insinuando o envolvimento de Meirelles em uma sociedade secreta. A acusação a Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi feita em um contexto de grande receio quanto alguma articulação nos moldes da Revolução do Haiti (1791-1825) na capital da monarquia brasileira. &nbsp;Acusaram-no de integrar uma associação de caráter abolicionista sob influência do abade Henri Grégoire (1750-1831) e de suas ideias sobre escravidão e a Revolução no Haiti. &nbsp;Joaquim Cândido Soares Meirelles retratou estes fatos na “Exposição da Intriga feita pelo cirurgião formado Joaquim José da Silva ao Doutor Joaquim Candido Soares de Meirelles”, publicada ainda em 1831:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Então explicou elle que eu era chefe de uma sociedade secreta, que tinha por fim o assacinato dos brancos, e o crusamento das raças; e que elle sendo convidado para essa sociedade, foi, porém a ouvir o plano, oppos-se e não quiz fazer parte delle. (...) e depois de mais de 20 pessoas lhe me disseram – creia que o Silva o atassalha por toda a parte, e quando alguém quer duvidar, elle até ameaça, dizendo – não quer crer, pois quando lhe doer a pelle, então sentirão” (Apud. MOREL, 2005, p.87)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 3 de junho de 1831 Joaquim Cândido Soares de Meirelles enviou uma carta a Joaquim José da Silva, solicitando alguns esclarecimentos a respeito do que lhe fora imputado. Na publicação “Exposição da Intriga feita pelo cirurgião ....”, de Meirelles, foram transcritas as respostas de Joaquim José da Silva:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Recebi hoje 3 de Junho de 1831, huma carta, e na qual me diz que para credito meu, e seu convinha que eu declarasse: 1 º em que circulo club ou ajuntamento propoz o assassinato dos brancos, e a necessidade de cruzamento das raças; 2 º quaes as pessoas, que se achavão presentes, e as que o impugnarão; 3 º qual o objecto da reunião, e quem a convocou, e para que fim; 4 º finalmente que fim tem essa associação, de que (diz) somos membros, ou por acaso nos achamos ahi. Posto que julgue que lhe há-de ser desagradável ouvir verdades duras, para o satisfazer, e para que não perigue o seu credito, responder-lhe-ei, que quanto ao 1 º não fui convidado em club, etc., mas para huma sociedade, que trabalhava segundo o plano do Abade Gregoire, com quem me disse conversara muito em França, e que sabia bem como isso se fazia: este convite me fez na rua dos Inválidos em huma coixeira onde nos recolhemos do Sol, e para não ser ouvido: se o plano de Gregoire he para o assassinato dos brancos, e crusamento das raças, o meu Collega o dirá, pois segundo me disse, com elle conversara, e sabia. Quanto ao 2 º bem sabe o meu Collega que nos achávamos sós, e ninguém o impugnou. Quanto ao 3 º não me dizendo, quem a convocou aqui, dice-me (declarando-me alguns sócios da de cá) que Barata e Sabino a tinhão ido estabelecer na Bahia, e que brevemente o Bahiano mudaria de linguagem acerca do objecto; e fim está dito no 1 º, isto he do Abade Gregoire." ” (Apud. MOREL, 2005, p.88)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Posteriormente Joaquim Cândido Soares de Meirelles ainda encaminhou cartas a todos os referidos na denúncia, Cipriano Barata, Francisco Sabino, e ao abade Henri Grégoire, solicitando que estes se manifestassem a respeito daquelas acusações. A resposta de Cipriano Barata foi de estranhamento, pois afirmou que não conhecia Meirelles e nem a referida sociedade secreta. As respostas de Francisco Sabino não foram registradas na publicação de Meirelles, e nem as do abade Henri Grégoire, pois este falecera antes do recebimento da carta encaminhada por Meirelles. &nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Entre os anos de 1836 e 1856 foi lente de anatomia e fisiologia das paixões na Academia Imperial de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Integrou a Comissão de Saúde Pública da Câmara dos Deputados, e naquela casa proferiu um discurso, em 23 de junho de 1848, manifestando-se novamente contra a acusação que lhe havia sido imputada, em 1831, de integrar uma sociedade secreta nos moldes haitianos.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi nomeado médico da Imperial Câmara em 23 de julho de 1840, mas relata-se que desde o ano de 1826, quando fora chamado para atender a Princesa Imperial D. Januária, já era um médico bem considerado pela família imperial.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Por seu envolvimento em revoltas liberais (Vale do Paraíba paulista,13/05/1842; Província de Minas Gerais 10/06/1842), foi preso na Fortaleza de Villegaignon, e foi exonerado em 14 de março de 1842 de seu cargo como médico efetivo da Imperial Câmara. Em 2 de julho de 1842 foi deportado para Lisboa, juntamente com Antônio Paulino Limpo de Abreu (Visconde de Abaeté) e Francisco de Salles Torres Homem (Visconde de Inhomerim), tendo retornado ao Brasil com a promulgação do decreto da anistia em 14 de março de 1844, quando foi reintegrado aos cargos que exercia anteriormente.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi eleito deputado da Assembleia Provincial do Rio de Janeiro (uma legislatura), e deputado geral pela Província de Minas Gerais (6a e 7a legislaturas, em 1845, 1847 e 1848). Como deputado por Minas Gerais, apresentou o projeto que organizou o Corpo de Saúde da Armada, o qual foi submetido à Câmara Geral em 1848. Meirelles também combateu a proposta de fechamento do <u>[[JARDIM BOTÂNICO DO RIO DE JANEIRO|Jardim Botânico do Rio de Janeiro]]</u>, defendeu a difusão da vacina Jenner para o combate da varíola, solicitou subvenção para a [[ACADEMIA_IMPERIAL_DE_MEDICINA|<u>Academia Imperial de Medicina</u>]] e apresentou emendas aos estatutos das escolas de medicina, entre outras propostas (ARAGÃO, 1969).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi nomeado cirurgião-mor da Armada foi em 7 de julho de 1849 (FONSECA, 1933). Em 02 de dezembro de 1858, ou de 1852 conforme Olympio da Fonseca, foi promovido a chefe de divisão graduado, posto posteriormente correspondente ao de contra-almirante. Chefiou o Corpo de Saúde da Armada de 1849 a 1868, ano em que faleceu.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A saúde direcionou sua atuação e trajetória, como bem destacou Lopes Rodrigues, um de seus sucessores no Corpo de Saúde da Armada:</span></span></p> <blockquote><p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">“Meirelles fazia hygiene quando protestou contra disposições de lei que arvoraram officiaes de marinha em curandeiros de doentes; quando instituiu as visitas sanitárias quinzenaes às guarnições dos navios e corpos, como meio de descobrir estados mórbidos e fazer a sequestração preventiva dos contagiáveis; quando exigiu vaccinação contra a varíola, em navios, quartéis e hospiates (1855); quando aconselhou a prophylaxia de seu tempo contra as moléstias venéreas e syphiliticas, que reputava causas de tuberculose. Fazia hygiene quando, em 1861, referindo-se à falta de robustez dos menores vindos para iniciar a carreira das armas como grumetes, propunha a creação de escolas de gymnastica e de natação, que remediaria tal estado; fazia hygiene quando, em 1862, protestou contra a vida passada a bordo pelas guarnições, em antinomia ao que seria para desejar, contra os castigos corporaes infligidos, contra o pouco cuidado na escolha do pessoal admitido para o serviço, contra a alimentação pela carne de balsa, contra o uso da aguardente que deveria ser substituída pelo café; fazia hygiene quando julgou de necessidade a modificação das dietas das enfermarias de bordo e protestou contra o uso dos unifromes invariáveis em inverno e verão e sempre os mesmos para todos os climas; fazia hygiene quando, em 1863, propugnava contra a continuação do hospital na Ilha das Cobras, local onde julgava faltarem as mais rudimentares condições para installação de estabelecimentos dessa ordem. Propunha por isso, para sua mudança, o desapropriamento do então convento d´Ajuda, em cujo terreno, a beira mar, espaçoso e abundante de água, affirmava se poderia construir prédio condigno ao mister de tratar doentes”. (RODRIGUES, Lopes. Apud FONSECA, 1933, p.138-139)</span></span></p> </blockquote> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Foi médico da Casa de Saúde de Saco do Alferes, inaugurada esta em 1849 na rua do Saco do Alferes nº 253 (posteriormente rua de Santo Cristo dos Milagres), no centro da cidade do Rio de Janeiro. Nesta Casa de Saúde também atuavam os médicos [[SIGAUD,_JOSÉ_FRANCISCO_XAVIER|<u>José Francisco Xavier Sigaud</u>]], [[JOBIM,_JOSÉ_MARTINS_DA_CRUZ|<u>José Martins da Cruz Jobim</u>]], Manoel de Valladão Pimentel, Manoel Feliciano Pereira de Carvalho e [[SIMONI,_LUÍS_VICENTE_DE|<u>Luís Vicente De Simoni</u>]].</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Na Junta Central de Higiene Pública, criada em 14 de setembro de 1850, Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi um de seus primeiros membros, ao lado de importantes figuras da área médica como [[CÂNDIDO,_FRANCISCO_DE_PAULA|<u>Francisco de Paula Cândido</u>]], 1º presidente da Junta, Antônio Felix Martins, provedor-mór de Saúde do Porto, e [[REIS,_JACINTHO_RODRIGUES_PEREIRA|<u>Jacintho Rodrigues Pereira Reis</u>]], inspetor geral do [[INSTITUTO_VACÍNICO_DO_IMPÉRIO|<u>Instituto Vacínico do Império</u>]].</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">No ano de 1856, por designação de Luís Alves de Lima e Silva, então Marquês de Caxias, Joaquim Cândido Soares de Meirelles apresentou um parecer sobre a reforma do Regulamento, tanto do Corpo de Saúde do Exército quanto dos hospitais militares fixos e ambulantes nos tempos de paz e guerra. Em 1863, por não julgar conveniente o lugar estabelecido para os hospitais militares, posicionou-se contra a permanência do Hospital da Ilha das Cobras, propondo, para a sua mudança, a desapropriação do então Convento d’Ajuda, por este se encontrar em terreno à beira-mar, com abundância de água e com grande espaço livre.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi nomeado, em 24 de março de 1856, lente de anatomia e fisiologia das paixões na Academia Imperial de Belas Artes.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Adquiriu, em 1858, após o falecimento de Manoel São José, antigo proprietário, a Fazenda São Manoel, localizada na região serrana do Rio de Janeiro, em São Sebastião do Alto. A planta desta propriedade teria sido elaborada por um discípulo de Grandjean de Montigny e foi descrita por Luiz Monteiro Caminhoá, irmão do botânico [[CAMINHOÁ,_JOAQUIM_MONTEIRO|<u>Joaquim Monteiro Caminhoá</u>]], em seu livro “Breves apreciações sobre a agricultura na Província do Rio de Janeiro” (INEPAC, 2011).&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 1861 propôs a criação de uma Escola de Ginástica e Natação, na Marinha, para o desenvolvimento dos recrutados para o serviço militar. Combateu, ainda no mesmo ano, os maus tratos conferidos aos marinheiros, opondo-se contra os castigos corporais e a má alimentação (ARAGÃO, 1969). Apresentou, em 1862, a sugestão da transferência do Hospital de Marinha para o Convento da Ajuda, e da construção de um edifício adequado.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Sua participação nas forças armadas marcou profundamente sua trajetória profissional. Participou da Guerra do Paraguai, como membro do Corpo de Saúde da Armada, estando inclusive presente, juntamente com o Imperador D. Pedro II, no ato de rendição dos paraguaios comandados pelo militar paraguaio Antonio de la Cruz Estigarribia, em Uruguaiana, em 18 de setembro de 1865. Nesta ocasião foi acometido de febre tifóide, o que causou paralisia, tendo sido transportado para a cidade de Alegrete (Rio Grande do Sul), onde se recuperou parcialmente. Regressou para o Rio de Janeiro, em 2 de maio de 1866, quando seu estado de saúde agravou-se, vindo a falecer em 1868.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em 12 de janeiro de 1867, foi nomeado para integrar uma comissão responsável pela organização de um novo plano de reformas dos serviços de Saúde da Armada, exercendo posteriormente a presidência desta mesma comissão (ARAGÃO, 1969).</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Inúmeras homenagens póstumas foram prestadas a Joaquim Cândido Soares de Meirelles em diversas instituições. Luís Vicente De Simoni apresentado seu necrológio na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em 20 de julho de 1868, por ocasião de sua missa de sétimo dia. Na Academia Imperial de Medicina o elogio fúnebre foi proferido por Luiz Corrêa de Azevedo, em 20 de junho de 1869, e no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi feito pelo médico Joaquim Manoel de Macedo, em 21 de outubro de 1868.&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">A Academia Brasileira de Medicina Militar, em 8 de dezembro de 1941, o indicou para patrono da cadeira nº 28, e em 3 de outubro de 1963 foi escolhido como patrono da cadeira nº 1 da [[ACADEMIA_NACIONAL_DE_MEDICINA|<u>Academia Nacional de Medicina</u>]] e patrono de um dos sócios titulares do Instituto Brasileiro de História da Medicina (SOUZA, 1972).&nbsp;</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em uma sessão solene na Academia Nacional de Medicina, em 30 de junho de 1960, foi inaugurado seu retrato a óleo, pintado por Jordão de Oliveira.</span></span></p> <p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Em decorrência de sua atuação no serviço de saúde da Armada brasileira, foi declarado Patrono do Corpo de Saúde da Marinha de Guerra por meio do decreto federal nº 63.684, de 25/11/1968. A data de seu nascimento, 5 de novembro, passou a ser considerada dia festivo para todas as organizações de saúde da Marinha brasileira.</span></span></p>  
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Produção intelectual</span> =
= <span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">Produção intelectual</span> =
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">- “Dissertation sur l’histoire de l’éléphantiasis”. Thèse présentée et soutenue à la Faculté de Médecine de Paris, le 10 janvier 1827, pour obtenir le grade de Docteur em médecine. A Paris, de L´Imprimerie de Didot le Jeune, Imprimeur de la Faculte de Médecine, rue dês Maçons-Sorbonne, nº13, 1827.<br/> - “Dissertation sur les plaies d’armes à feu”. THèse presentée et soutenue à la Faculté de Médecine de Paris, le 25 avril 1827, pour obtenir lê grade de docteur em Chirurgie. A Paris, de L´Imprimerie de Firmin de Didot, le jeune 1827.&nbsp;<br/> - “Observações sobre o projecto do Sr. Deputado Lino Coutinho acerca das escolas de medicina”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1828.<br/> - “Plano de organização das escolas de medicina do Rio de Janeiro e Bahia, offerecido à Camara dos Srs. Deputados”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1830.&nbsp;<br/> - “Ensaio sobre o uso do oleo de joannesia. Parallelo entre as duas especies de elephantiases e entre estas e a lepra”. ''Semanario de Saude Publica'', Rio de Janeiro, anno de 1831, n.4, p.22-24, 1831.&nbsp;<br/> - “Explicação da intriga feita pelo cirurgião formado Joaquim José da Silva ao doutor Joaquim Cândido Soares de Meirelles”. Rio de Janeiro: Typ. de Gueffier, 1831.<br/> - “Parallelo entre as duas especies de Elephantiasis, e entre estas, e a lepra”. ''Semanario de Saude Publica'', Rio de Janeiro, anno de 1831, n.26, p.132-133, 1831.&nbsp;<br/> - “Cura de hum aneurisma da poplítea, por meio da ligadura da crural, segundo o methodo de Scarpa”. ''Semanario de Saude Publica'', Rio de Janeiro, anno de 1831, n.50, p.239-242, 1831.<br/> - “Coqueluche - conferência”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1831.<br/> - “Parecer da sociedade medica do Rio de Janeiro sobre a enfermidade que grassa actualmente na villa de Magé e seu termo”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1831.<br/> - “Amputação escapulo-umeral”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1832.<br/> - “Parece sobre as medidas de hygiene pública e privada contra o cholera-morbus; novamente reformado segundo os últimos conhecimentos acerca desta moléstia, em consequencia de nova solicitação feita pelo governo a este respeito”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1833.<br/> - “Caso do encravamento da cabeça de hum feto”.''Revista Medica'', Rio de Janeiro, 1º vol., n.1, &nbsp;p.3, abril de 1835.<br/> - “Discurso pronunciado na sessão de installação da Academia imperial de medicina (até então Sociedade de medicina) no dia 21 de dezembro de 1835”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1835.<br/> - “Discurso recitado na Academia Imperial de Medicina na sessão pública, annual, do anniversário da mesma”. Rio de Janeiro, 1837.<br/> - Discurso recitado no funeral de José Bonifácio de Andrade e Silva, em abril de 1838 pelo G.O. da G. Loja Central do Rio de Janeiro.<br/> - “Officios sobre melhoramentos no Corpo de Saude da Armada Brasileira”. [s.l.], [s.n.], 1864.<br/> - “Reflexões acerca da rejeição do artigo nono, additivo à lei de fixação de forças navaes para os annos de 1864-1865 na sessão de 12 de abril”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1864.</span></span></p>  
<p style="text-align: justify;"><span style="font-size:small;"><span style="font-family:Arial,Helvetica,sans-serif;">- “Dissertation sur l’histoire de l’éléphantiasis”. Thèse présentée et soutenue à la Faculté de Médecine de Paris, le 10 janvier 1827, pour obtenir le grade de Docteur em médecine. A Paris, de L´Imprimerie de Didot le Jeune, Imprimeur de la Faculte de Médecine, rue dês Maçons-Sorbonne, nº13, 1827.<br/> - “Dissertation sur les plaies d’armes à feu”. THèse presentée et soutenue à la Faculté de Médecine de Paris, le 25 avril 1827, pour obtenir lê grade de docteur em Chirurgie. A Paris, de L´Imprimerie de Firmin de Didot, le jeune 1827.&nbsp;<br/> - “Observações sobre o projecto do Sr. Deputado Lino Coutinho acerca das escolas de medicina”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1828.<br/> - “Plano de organização das escolas de medicina do Rio de Janeiro e Bahia, offerecido à Camara dos Srs. Deputados”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1830.&nbsp;<br/> - “Ensaio sobre o uso do oleo de joannesia. Parallelo entre as duas especies de elephantiases e entre estas e a lepra”. ''Semanario de Saude Publica'', Rio de Janeiro, anno de 1831, n.4, p.22-24, 1831.&nbsp;<br/> - “Explicação da intriga feita pelo cirurgião formado Joaquim José da Silva ao doutor Joaquim Cândido Soares de Meirelles”. Rio de Janeiro: Typ. de Gueffier, 1831.<br/> - “Parallelo entre as duas especies de Elephantiasis, e entre estas, e a lepra”. ''Semanario de Saude Publica'', Rio de Janeiro, anno de 1831, n.26, p.132-133, 1831.&nbsp;<br/> - “Cura de hum aneurisma da poplítea, por meio da ligadura da crural, segundo o methodo de Scarpa”. ''Semanario de Saude Publica'', Rio de Janeiro, anno de 1831, n.50, p.239-242, 1831.<br/> - “Coqueluche - conferência”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1831.<br/> - “Parecer da sociedade medica do Rio de Janeiro sobre a enfermidade que grassa actualmente na villa de Magé e seu termo”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1831.<br/> - “Amputação escapulo-umeral”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1832.<br/> - “Parece sobre as medidas de hygiene pública e privada contra o cholera-morbus; novamente reformado segundo os últimos conhecimentos acerca desta moléstia, em consequencia de nova solicitação feita pelo governo a este respeito”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1833.<br/> - “Caso do encravamento da cabeça de hum feto”.''Revista Medica'', Rio de Janeiro, 1º vol., n.1, &nbsp;p.3, abril de 1835.<br/> - “Discurso pronunciado na sessão de installação da Academia imperial de medicina (até então Sociedade de medicina) no dia 21 de dezembro de 1835”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1835.<br/> - “Discurso recitado na Academia Imperial de Medicina na sessão pública, annual, do anniversário da mesma”. Rio de Janeiro, 1837.<br/> - Discurso recitado no funeral de José Bonifácio de Andrade e Silva, em abril de 1838 pelo G.O. da G. Loja Central do Rio de Janeiro.<br/> - “Officios sobre melhoramentos no Corpo de Saude da Armada Brasileira”. [s.l.], [s.n.], 1864.<br/> - “Reflexões acerca da rejeição do artigo nono, additivo à lei de fixação de forças navaes para os annos de 1864-1865 na sessão de 12 de abril”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1864.</span></span></p>  
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<p style="text-align: center;">'''<font color="#0000CC"><font size="2"><font face="Arial">''Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)<br/> Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – ([http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/ <font color="#0000CC">http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br</font>])''</font></font></font>'''</p>    [[Category:Verbetes]] [[Category:Biografias]]

Edição das 22h26min de 10 de agosto de 2023

Outros nomes e/ou títulos: Meireles, Joaquim Cândido Soares de

Resumo: Joaquim Cândido Soares de Meirelles nasceu na freguesia de Congonhas do Sabará, ou na freguesia de Santa Luzia do Sabará para alguns autores, localizada próxima à Vila de Sabará na então Capitania das Minas Gerais, em 5 de novembro de 1797, e faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de julho de 1868. Filho e neto de médicos, cursou a Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, e doutorou-se em medicina e em cirurgia pela Faculté de Médecine de Paris (1827). Foi um dos membros fundadores da Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, criada em 1829, e teve participação importante no Corpo de Saúde da Armada, tendo sido declarado Patrono do Corpo de Saúde da Marinha de Guerra

Dados pessoais

Joaquim Cândido Soares de Meirelles nasceu em 5 de novembro de 1797, na freguesia de Congonhas do Sabará, ou na freguesia de Santa Luzia do Sabará para alguns autores (LACAZ, 1977), situada próxima à Vila de Sabará (posteriormente cidade de Sabará) na então Capitania das Minas Gerais. Era filho e neto de médicos, tendo sido seu pai o cirurgião Manoel Soares de Meirelles e sua mãe Anna Joaquina de São José Meirelles. Casou-se em primeiras núpcias com Rita Maria Pereira Reis, filha do cirurgião Paulo Rodrigues Pereira e irmã do médico Jacintho Rodrigues Pereira Reis, com quem teve quatro filhos, Saturnino Soares de Meirelles (1828-1909), que foi médico homeopata, Jacintho Rodrigues Soares de Meirelles, oficial de marinha, Nicomedes Rodrigues Soares de Meirelles, médico, e Candido Rodrigues Soares de Meirelles, bacharel em matemática. Em segundas núpcias casou-se com Maria Cândida Marianna Vahya, tendo tido uma filha, Luisa Cândida Soares de Meirelles (NOTÁVEIS, 2011). 

 Participou do Conselho de Sua Majestade, e foi nomeado Oficial da Imperial Ordem do Cruzeiro (30 de setembro de 1840), Comendador da Imperial Ordem da Rosa (2 de dezembro de 1852) e Cavalheiro da Ordem de São Bento de Aviz (8 de novembro de 1860). Por decreto de 11 de outubro de 1848 foi agraciado como Gentil Homem da Imperial Câmara. Em 30 de abril de 1862 recebeu a carta de Brasão das Armas da Nobreza e Fidalguia, que concedia o uso de armas à família dos Soares e dos Meirelles, sendo extensivo a seus descendentes. Recebeu em 1º de maio de 1862 a Carta de Brasão de Armas, de Nobreza e Fidalguia do Império do Brasil, e por sua participação na Guerra do Paraguai (1865-1870) foi condecorado, em 1865 em Uruguaiana, com a Medalha Comemorativa do rendimento da divisão de Exército do Paraguai que ocupava a Vila de Uruguaiana.

Faleceu na cidade do Rio de Janeiro em 13 de julho de 1868.

Trajetória profissional

Joaquim Cândido Soares de Meirelles cursou humanidades no Seminario Episcopal de São José, que havia sido fundado, em 1739, pelo Bispo Frei Antonio de Guadalupe, na Ladeira do Seminario, na cidade do Rio de Janeiro.
Permaneceu nesta cidade aos cuidados de seu tio o padre João Baptista Soares de Meirelles, que era professor de latim deste Seminário. Na cidade do Rio de Janeiro residiu na Rua dos Ourives nº 19, Rua da Cadeia nº 161 (atual Rua da Assembleia), Rua Larga de São Joaquim nº 170 (atual Av. Marechal Floriano) e na Rua do Catete nº245. 

Ingressou, por concurso, na Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro em 10 de março de 1817. Em 16 de agosto deste mesmo ano foi nomeado pensionista praticante de cirurgia no Hospital Real Militar, na Corte, cargo que exerceu até 21 de julho de 1819, tornando-se posteriormente “ajudante de cirurgia” do 1º Batalhão de Caçadores do Exército, após prestar exame de suficiência em 10 de julho de 1819 perante a Junta composta pelos cirurgiões-mores José Maria do Carmo Vale, José Pereira Ramos e José Maria de Melo. Foi nomeado, em 14 de abril de 1823, cirurgião-mor agregado ao Regimento de Cavalaria de Minas Gerais, em exercício no Hospital Real Militar de Ouro Preto. Nesta época, organizou o Hospital Real Militar de Ouro Preto, e atuou no combate ao surto epidêmico de varíola ocorrido em 1823.

Retornou à cidade do Rio de Janeiro e finalizou seus estudos na Academia Médico-Cirúrgica do Rio de Janeiro, tendo prestado os exames perante a Fisicatura-Mor e obtido a carta de cirurgião em 18 de julho de 1822.

No ano de 1824, retornou para Ouro Preto a pedido da Câmara Municipal desta localidade, por meio de uma correspondência enviada com 62 assinaturas solicitando sua ajuda para debelar novo surto epidêmico de varíola.  Em 8 de outubro de 1824 retorna, então, a Minas Gerais.

Por decreto do Governo Imperial, de 29 de janeiro de 1825, Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi enviado para uma viagem de aperfeiçoamento de seus estudos médico-cirúrgicos à França.  O período em que residiu em Paris foi descrito em uma de suas cartas:

“Já era eu marido e pai. Da minha pensão de cinquënta mil réis fortes, deixei metade para minha mulher e filhos e com os vinte e cinco mil réis fortes que me ficaram tive, além do mais, de pagar mestres e comprar livros e cadáveres. Durante os dias úteis da semana alimentava-me ordinariamente, comendo frutas e pão; aos domingos, desforrava-se da penitência, indo jantar com Paulo Barbosa ou com José Marcellino Gonçalves, ou com o capitão-mor José Joaquim da Rocha, ou com o Visconde de São Lourenço e, então, eram para mim inapreciáveis, maviosíssimos esses dias de festas, porque neles o excelente jantar era o menos, o falarmos da Pátria era o mais.”  (Apud. AGUINÁGA, 2006, p. 66)

Neste período de estadia em Paris, visitou diversos hospitais militares e matriculou-se na Faculté de Médecine de Paris, onde doutorou-se em medicina em 10 de janeiro de 1827, com a tese intitulada “Dissertation sur l’histoire de l’elephantiasis”. Em 25 de abril daquele mesmo ano doutorou-se em cirurgia, com a tese “Dissertation sur les plaies d’armes à feu”.  

Após seu retorno ao Brasil, em 8 de novembro de 1827 solicitou o cargo de inspetor dos hospitais militares, que lhe foi negado levando-o a encaminhar um pedido de exoneração do Serviço de Saúde do Exército, que lhe foi concedido em 14 de julho de 1828.  Nesta época estabeleceu-se definitivamente no Rio de Janeiro, indo trabalhar em uma enfermaria do Hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, que era chefiada por Luís Vicente De Simoni. Ainda nesta instituição lecionou, tendo sido responsável por um curso livre de medicina prática.

Em 1829, Joaquim Cândido Soares de Meirelles, juntamente com José Francisco Xavier Sigaud,José Martins da Cruz Jobim, Luís Vicente De Simoni, João Maurício Faivre e outros, fundou a Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro. Algumas das reuniões preparatórias para a fundação desta sociedade foram realizadas, de 4 a 30 de junho de 1829, em sua residência, na rua da Cadeia nº 161 (atual rua da Assembléia), na cidade do Rio de Janeiro, sendo que em uma destas reuniões foram aprovados os estatutos daquela sociedade. Outras reuniões foram realizadas, entre 8 de fevereiro e 3 de abril de 1830, na residência de Soares de Meirelles, então localizada na Rua Larga de São Joaquim nº170 (atual Av. Marechal Floriano). Presidiu esta sociedade também nos anos de 1833 (2º, 3º e 4º trimestres), 1835-1838 e 1842-1848, quando esta então se denominava Academia Imperial de Medicina. Esta nova denominação teria se originado de uma proposta do próprio Meirelles apresentada em sessão interna da sociedade, em 5 de novembro de 1833. 

Foi membro da comissão especial encarregada da elaboração de um plano de organização para as escolas médicas do Império, solicitado pela Câmara dos Deputados à Sociedade de Medicina do Rio de Janeiro, em 7 de outubro de 1830. Foi redator da Revista Médica Fluminense publicada por esta sociedade. 

Além da Academia Imperial de Medicina, integrou outras sociedades científicas brasileiras, como o Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, sendo nomeado sócio efetivo em 1839; e sociedades estrangeiras como Accademia Medico-Chirurgica di Napoli, Société de Médecine de Louvain, Société Philomathique de Paris e Société Diplomatique de Paris. Foi o 1º vice-presidente da Sociedade de Literatura Brasileira, instalada em 7 de setembro de 1843 na casa da Rua das Violas, 93, na cidade do Rio de Janeiro. 

Joaquim Cândido Soares de Meirelles participou da reunião que precedeu a chamada Revolução de 7 de abril de 1831, data da abdicação de D. Pedro I, realizada na casa de Evaristo Ferreira da Veiga. Integrou a Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional, fundada em 10 de maio de 1831, e participou da redação de seus Estatutos, juntamente com Evaristo Ferreira da Veiga. 

Ainda no ano de 1831, relata-se a ocorrência de uma séria desavença entre Joaquim Cândido Soares de Meirelles e o também médico Joaquim José da Silva, pois este teria se sentido ofendido por alguns comentários sobre sua suposta participação nos acontecimentos de 7 de abril de 1831 desencadeadores da abdicação de D. Pedro I feitos por Meirelles em uma conversa na residência do senador Nicolau Vergueiro. Joaquim José da Silva teria ficado descontente com tais supostos comentários, e assim começou a divulgar boatos insinuando o envolvimento de Meirelles em uma sociedade secreta. A acusação a Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi feita em um contexto de grande receio quanto alguma articulação nos moldes da Revolução do Haiti (1791-1825) na capital da monarquia brasileira.  Acusaram-no de integrar uma associação de caráter abolicionista sob influência do abade Henri Grégoire (1750-1831) e de suas ideias sobre escravidão e a Revolução no Haiti.  Joaquim Cândido Soares Meirelles retratou estes fatos na “Exposição da Intriga feita pelo cirurgião formado Joaquim José da Silva ao Doutor Joaquim Candido Soares de Meirelles”, publicada ainda em 1831:

“Então explicou elle que eu era chefe de uma sociedade secreta, que tinha por fim o assacinato dos brancos, e o crusamento das raças; e que elle sendo convidado para essa sociedade, foi, porém a ouvir o plano, oppos-se e não quiz fazer parte delle. (...) e depois de mais de 20 pessoas lhe me disseram – creia que o Silva o atassalha por toda a parte, e quando alguém quer duvidar, elle até ameaça, dizendo – não quer crer, pois quando lhe doer a pelle, então sentirão” (Apud. MOREL, 2005, p.87)

Em 3 de junho de 1831 Joaquim Cândido Soares de Meirelles enviou uma carta a Joaquim José da Silva, solicitando alguns esclarecimentos a respeito do que lhe fora imputado. Na publicação “Exposição da Intriga feita pelo cirurgião ....”, de Meirelles, foram transcritas as respostas de Joaquim José da Silva:

“Recebi hoje 3 de Junho de 1831, huma carta, e na qual me diz que para credito meu, e seu convinha que eu declarasse: 1 º em que circulo club ou ajuntamento propoz o assassinato dos brancos, e a necessidade de cruzamento das raças; 2 º quaes as pessoas, que se achavão presentes, e as que o impugnarão; 3 º qual o objecto da reunião, e quem a convocou, e para que fim; 4 º finalmente que fim tem essa associação, de que (diz) somos membros, ou por acaso nos achamos ahi. Posto que julgue que lhe há-de ser desagradável ouvir verdades duras, para o satisfazer, e para que não perigue o seu credito, responder-lhe-ei, que quanto ao 1 º não fui convidado em club, etc., mas para huma sociedade, que trabalhava segundo o plano do Abade Gregoire, com quem me disse conversara muito em França, e que sabia bem como isso se fazia: este convite me fez na rua dos Inválidos em huma coixeira onde nos recolhemos do Sol, e para não ser ouvido: se o plano de Gregoire he para o assassinato dos brancos, e crusamento das raças, o meu Collega o dirá, pois segundo me disse, com elle conversara, e sabia. Quanto ao 2 º bem sabe o meu Collega que nos achávamos sós, e ninguém o impugnou. Quanto ao 3 º não me dizendo, quem a convocou aqui, dice-me (declarando-me alguns sócios da de cá) que Barata e Sabino a tinhão ido estabelecer na Bahia, e que brevemente o Bahiano mudaria de linguagem acerca do objecto; e fim está dito no 1 º, isto he do Abade Gregoire." ” (Apud. MOREL, 2005, p.88)

Posteriormente Joaquim Cândido Soares de Meirelles ainda encaminhou cartas a todos os referidos na denúncia, Cipriano Barata, Francisco Sabino, e ao abade Henri Grégoire, solicitando que estes se manifestassem a respeito daquelas acusações. A resposta de Cipriano Barata foi de estranhamento, pois afirmou que não conhecia Meirelles e nem a referida sociedade secreta. As respostas de Francisco Sabino não foram registradas na publicação de Meirelles, e nem as do abade Henri Grégoire, pois este falecera antes do recebimento da carta encaminhada por Meirelles.  

Entre os anos de 1836 e 1856 foi lente de anatomia e fisiologia das paixões na Academia Imperial de Belas Artes, na cidade do Rio de Janeiro.

Integrou a Comissão de Saúde Pública da Câmara dos Deputados, e naquela casa proferiu um discurso, em 23 de junho de 1848, manifestando-se novamente contra a acusação que lhe havia sido imputada, em 1831, de integrar uma sociedade secreta nos moldes haitianos. 

Foi nomeado médico da Imperial Câmara em 23 de julho de 1840, mas relata-se que desde o ano de 1826, quando fora chamado para atender a Princesa Imperial D. Januária, já era um médico bem considerado pela família imperial. 

Por seu envolvimento em revoltas liberais (Vale do Paraíba paulista,13/05/1842; Província de Minas Gerais 10/06/1842), foi preso na Fortaleza de Villegaignon, e foi exonerado em 14 de março de 1842 de seu cargo como médico efetivo da Imperial Câmara. Em 2 de julho de 1842 foi deportado para Lisboa, juntamente com Antônio Paulino Limpo de Abreu (Visconde de Abaeté) e Francisco de Salles Torres Homem (Visconde de Inhomerim), tendo retornado ao Brasil com a promulgação do decreto da anistia em 14 de março de 1844, quando foi reintegrado aos cargos que exercia anteriormente.

Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi eleito deputado da Assembleia Provincial do Rio de Janeiro (uma legislatura), e deputado geral pela Província de Minas Gerais (6a e 7a legislaturas, em 1845, 1847 e 1848). Como deputado por Minas Gerais, apresentou o projeto que organizou o Corpo de Saúde da Armada, o qual foi submetido à Câmara Geral em 1848. Meirelles também combateu a proposta de fechamento do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, defendeu a difusão da vacina Jenner para o combate da varíola, solicitou subvenção para a Academia Imperial de Medicina e apresentou emendas aos estatutos das escolas de medicina, entre outras propostas (ARAGÃO, 1969).

Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi nomeado cirurgião-mor da Armada foi em 7 de julho de 1849 (FONSECA, 1933). Em 02 de dezembro de 1858, ou de 1852 conforme Olympio da Fonseca, foi promovido a chefe de divisão graduado, posto posteriormente correspondente ao de contra-almirante. Chefiou o Corpo de Saúde da Armada de 1849 a 1868, ano em que faleceu.

A saúde direcionou sua atuação e trajetória, como bem destacou Lopes Rodrigues, um de seus sucessores no Corpo de Saúde da Armada:

“Meirelles fazia hygiene quando protestou contra disposições de lei que arvoraram officiaes de marinha em curandeiros de doentes; quando instituiu as visitas sanitárias quinzenaes às guarnições dos navios e corpos, como meio de descobrir estados mórbidos e fazer a sequestração preventiva dos contagiáveis; quando exigiu vaccinação contra a varíola, em navios, quartéis e hospiates (1855); quando aconselhou a prophylaxia de seu tempo contra as moléstias venéreas e syphiliticas, que reputava causas de tuberculose. Fazia hygiene quando, em 1861, referindo-se à falta de robustez dos menores vindos para iniciar a carreira das armas como grumetes, propunha a creação de escolas de gymnastica e de natação, que remediaria tal estado; fazia hygiene quando, em 1862, protestou contra a vida passada a bordo pelas guarnições, em antinomia ao que seria para desejar, contra os castigos corporaes infligidos, contra o pouco cuidado na escolha do pessoal admitido para o serviço, contra a alimentação pela carne de balsa, contra o uso da aguardente que deveria ser substituída pelo café; fazia hygiene quando julgou de necessidade a modificação das dietas das enfermarias de bordo e protestou contra o uso dos unifromes invariáveis em inverno e verão e sempre os mesmos para todos os climas; fazia hygiene quando, em 1863, propugnava contra a continuação do hospital na Ilha das Cobras, local onde julgava faltarem as mais rudimentares condições para installação de estabelecimentos dessa ordem. Propunha por isso, para sua mudança, o desapropriamento do então convento d´Ajuda, em cujo terreno, a beira mar, espaçoso e abundante de água, affirmava se poderia construir prédio condigno ao mister de tratar doentes”. (RODRIGUES, Lopes. Apud FONSECA, 1933, p.138-139)

Foi médico da Casa de Saúde de Saco do Alferes, inaugurada esta em 1849 na rua do Saco do Alferes nº 253 (posteriormente rua de Santo Cristo dos Milagres), no centro da cidade do Rio de Janeiro. Nesta Casa de Saúde também atuavam os médicos José Francisco Xavier Sigaud, José Martins da Cruz Jobim, Manoel de Valladão Pimentel, Manoel Feliciano Pereira de Carvalho e Luís Vicente De Simoni.

Na Junta Central de Higiene Pública, criada em 14 de setembro de 1850, Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi um de seus primeiros membros, ao lado de importantes figuras da área médica como Francisco de Paula Cândido, 1º presidente da Junta, Antônio Felix Martins, provedor-mór de Saúde do Porto, e Jacintho Rodrigues Pereira Reis, inspetor geral do Instituto Vacínico do Império.

No ano de 1856, por designação de Luís Alves de Lima e Silva, então Marquês de Caxias, Joaquim Cândido Soares de Meirelles apresentou um parecer sobre a reforma do Regulamento, tanto do Corpo de Saúde do Exército quanto dos hospitais militares fixos e ambulantes nos tempos de paz e guerra. Em 1863, por não julgar conveniente o lugar estabelecido para os hospitais militares, posicionou-se contra a permanência do Hospital da Ilha das Cobras, propondo, para a sua mudança, a desapropriação do então Convento d’Ajuda, por este se encontrar em terreno à beira-mar, com abundância de água e com grande espaço livre.

Joaquim Cândido Soares de Meirelles foi nomeado, em 24 de março de 1856, lente de anatomia e fisiologia das paixões na Academia Imperial de Belas Artes.

Adquiriu, em 1858, após o falecimento de Manoel São José, antigo proprietário, a Fazenda São Manoel, localizada na região serrana do Rio de Janeiro, em São Sebastião do Alto. A planta desta propriedade teria sido elaborada por um discípulo de Grandjean de Montigny e foi descrita por Luiz Monteiro Caminhoá, irmão do botânico Joaquim Monteiro Caminhoá, em seu livro “Breves apreciações sobre a agricultura na Província do Rio de Janeiro” (INEPAC, 2011). 

Em 1861 propôs a criação de uma Escola de Ginástica e Natação, na Marinha, para o desenvolvimento dos recrutados para o serviço militar. Combateu, ainda no mesmo ano, os maus tratos conferidos aos marinheiros, opondo-se contra os castigos corporais e a má alimentação (ARAGÃO, 1969). Apresentou, em 1862, a sugestão da transferência do Hospital de Marinha para o Convento da Ajuda, e da construção de um edifício adequado.

Sua participação nas forças armadas marcou profundamente sua trajetória profissional. Participou da Guerra do Paraguai, como membro do Corpo de Saúde da Armada, estando inclusive presente, juntamente com o Imperador D. Pedro II, no ato de rendição dos paraguaios comandados pelo militar paraguaio Antonio de la Cruz Estigarribia, em Uruguaiana, em 18 de setembro de 1865. Nesta ocasião foi acometido de febre tifóide, o que causou paralisia, tendo sido transportado para a cidade de Alegrete (Rio Grande do Sul), onde se recuperou parcialmente. Regressou para o Rio de Janeiro, em 2 de maio de 1866, quando seu estado de saúde agravou-se, vindo a falecer em 1868.

Em 12 de janeiro de 1867, foi nomeado para integrar uma comissão responsável pela organização de um novo plano de reformas dos serviços de Saúde da Armada, exercendo posteriormente a presidência desta mesma comissão (ARAGÃO, 1969).

Inúmeras homenagens póstumas foram prestadas a Joaquim Cândido Soares de Meirelles em diversas instituições. Luís Vicente De Simoni apresentado seu necrológio na Igreja da Ordem Terceira do Carmo, em 20 de julho de 1868, por ocasião de sua missa de sétimo dia. Na Academia Imperial de Medicina o elogio fúnebre foi proferido por Luiz Corrêa de Azevedo, em 20 de junho de 1869, e no Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro foi feito pelo médico Joaquim Manoel de Macedo, em 21 de outubro de 1868. 

A Academia Brasileira de Medicina Militar, em 8 de dezembro de 1941, o indicou para patrono da cadeira nº 28, e em 3 de outubro de 1963 foi escolhido como patrono da cadeira nº 1 da Academia Nacional de Medicina e patrono de um dos sócios titulares do Instituto Brasileiro de História da Medicina (SOUZA, 1972). 

Em uma sessão solene na Academia Nacional de Medicina, em 30 de junho de 1960, foi inaugurado seu retrato a óleo, pintado por Jordão de Oliveira.

Em decorrência de sua atuação no serviço de saúde da Armada brasileira, foi declarado Patrono do Corpo de Saúde da Marinha de Guerra por meio do decreto federal nº 63.684, de 25/11/1968. A data de seu nascimento, 5 de novembro, passou a ser considerada dia festivo para todas as organizações de saúde da Marinha brasileira.

Produção intelectual

- “Dissertation sur l’histoire de l’éléphantiasis”. Thèse présentée et soutenue à la Faculté de Médecine de Paris, le 10 janvier 1827, pour obtenir le grade de Docteur em médecine. A Paris, de L´Imprimerie de Didot le Jeune, Imprimeur de la Faculte de Médecine, rue dês Maçons-Sorbonne, nº13, 1827.
- “Dissertation sur les plaies d’armes à feu”. THèse presentée et soutenue à la Faculté de Médecine de Paris, le 25 avril 1827, pour obtenir lê grade de docteur em Chirurgie. A Paris, de L´Imprimerie de Firmin de Didot, le jeune 1827. 
- “Observações sobre o projecto do Sr. Deputado Lino Coutinho acerca das escolas de medicina”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1828.
- “Plano de organização das escolas de medicina do Rio de Janeiro e Bahia, offerecido à Camara dos Srs. Deputados”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1830. 
- “Ensaio sobre o uso do oleo de joannesia. Parallelo entre as duas especies de elephantiases e entre estas e a lepra”. Semanario de Saude Publica, Rio de Janeiro, anno de 1831, n.4, p.22-24, 1831. 
- “Explicação da intriga feita pelo cirurgião formado Joaquim José da Silva ao doutor Joaquim Cândido Soares de Meirelles”. Rio de Janeiro: Typ. de Gueffier, 1831.
- “Parallelo entre as duas especies de Elephantiasis, e entre estas, e a lepra”. Semanario de Saude Publica, Rio de Janeiro, anno de 1831, n.26, p.132-133, 1831. 
- “Cura de hum aneurisma da poplítea, por meio da ligadura da crural, segundo o methodo de Scarpa”. Semanario de Saude Publica, Rio de Janeiro, anno de 1831, n.50, p.239-242, 1831.
- “Coqueluche - conferência”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1831.
- “Parecer da sociedade medica do Rio de Janeiro sobre a enfermidade que grassa actualmente na villa de Magé e seu termo”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1831.
- “Amputação escapulo-umeral”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1832.
- “Parece sobre as medidas de hygiene pública e privada contra o cholera-morbus; novamente reformado segundo os últimos conhecimentos acerca desta moléstia, em consequencia de nova solicitação feita pelo governo a este respeito”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1833.
- “Caso do encravamento da cabeça de hum feto”.Revista Medica, Rio de Janeiro, 1º vol., n.1,  p.3, abril de 1835.
- “Discurso pronunciado na sessão de installação da Academia imperial de medicina (até então Sociedade de medicina) no dia 21 de dezembro de 1835”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1835.
- “Discurso recitado na Academia Imperial de Medicina na sessão pública, annual, do anniversário da mesma”. Rio de Janeiro, 1837.
- Discurso recitado no funeral de José Bonifácio de Andrade e Silva, em abril de 1838 pelo G.O. da G. Loja Central do Rio de Janeiro.
- “Officios sobre melhoramentos no Corpo de Saude da Armada Brasileira”. [s.l.], [s.n.], 1864.
- “Reflexões acerca da rejeição do artigo nono, additivo à lei de fixação de forças navaes para os annos de 1864-1865 na sessão de 12 de abril”. Rio de Janeiro: [s.n.], 1864.

Fontes

- AGUINAGA, Sérgio d´Avila. Os painéis da Academia Nacional de Medicina: história e personagens. Rio de Janeiro: Academia Nacional de Medicina, 2006.  (ANM)
- [ARAGÃO, Raymundo Moniz]. Joaquim Cândido Soares de Meirelles. Apresentado à Academia Nacional de Medicina em 17 de dezembro de 1969.  Datilografado.    (ANM)
- FONSECA, Olympio da. Em torno da medicina. Rio de Janeiro: [s.n.], 1933.  (BCOC)
- INEPAC. Inventário das fazendas do Vale do Paraíba Fluminense. Capturado em 20 mai. 2020. Online. Disponível na Internet: http://www.institutocidadeviva.org.br/inventarios/sistema/wp-content/uploads/2010/12/16_faz_sao-manoel.pdf
- JANSEN, José Manoel; ARRUDA, Rubens Andrade e SANTOS, Omar da Rosa. Resenha Biográfica de Joaquim Cândido Soares de Meirelles. Apresentado à Academia Nacional de Medicina. Rio de Janeiro: [s.n.], [s.d.]. Datilografado.              (ANM)
- JOAQUIM Candido Soares de Meirelles. In: BLAKE, Augusto Victorino Alves Sacramento. Diccionario Bibliographico Brazileiro. Quarto volume. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1898. pp.116-118. In: Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin. Acervo Digital.  Capturado em 12 jun. 2020. Online. Disponível na Internet: https://digital.bbm.usp.br/handle/bbm/5444
- JOAQUIM Candido Soares de Meirelles. In: ACADEMIA NACIONAL DE MEDICINA. Capturado em 8 out. 2020. Online. Disponível na Internet: https://www.anm.org.br/joaquim-candido-soares-de-meirelles/
- JOAQUIM Cândido Soares de Meirelles. In: NOTÁVEIS. Capturado em 20 mai. 2020. Online. Disponível na Internet: http://notaveisdafamilia.blogspot.com/2010/07/joaquim-candido-soares-de-meirelles.html
- LACAZ, Carlos da Silva. Vultos da Medicina Brasileira. Rio de Janeiro: Pfizer, 1977.  (BCOC)
- MACEDO, Joaquim Manoel de. 5 de Novembro. Joaquim Cândido Soares de Meirellee. In: Anno Biographico Brazileiro. Terceiro volume. Rio de Janeiro: Typographia e Lithographia do Imperial Instituto Artistico, 1876.  pp.361-368. In : SENADO FEDERAL. Institucional. Biblioteca Digital. Capturado em 12 jun.2020. Online. Disponível na Internet: 
https://www2.senado.leg.br/bdsf/item/id/179448
- MEIRELLES, Joaquim Cândido Soares de. Dissertation sur l’histoire de l’éléphantiasis. Thèse présentée et soutenue à la Faculte de Médecine de Paris, lê 10 janvier 1827, pour obtenir le grade de Docteur em médecine. A Paris, de L´Imprimerie de Didot Lê Jeune, Imprimeur de la Faculté de Médecine, rue dês Maçons-Sorbonne, nº13, 1827. (BCOC)
- MOREL, Marco. O abade Grégoire, o Haiti e o Brasil: repercussões no raiar do século XIX. Almanack Braziliense, São Paulo, n. 2, nov.  2005. Capturado em 20 mai. 2020.  Online. Disponível na Internet: https://www.revistas.usp.br/alb/article/view/11620/13389
- RIBEIRO, Lourival. O Barão de Lavradio e a higiene no Rio de Janeiro Imperial. Rio de Janeiro: Editora Itatiaia Limitada, 1992.      (BN)   (BCOC)  (IHGB)
- SANT’ ANNA, Alvaro Cumplido de. Academia Nacional de Medicina: Resenha Histórica. Rio de Janeiro, 1979.               (BCOC)
- SANTOS FILHO, Lycurgo de Castro. História Geral da Medicina Brasileira. São Paulo: HUCITEC/EDUSP, 1991. v. 2.      (BCCBB)
- SOUZA, Luiz de Castro. Soares de Meirelles – Patrono do Serviço de Saúde da Marinha. In: Anais do I Congresso Brasileiro de História da Medicina Militar. Comemorativo do Sesquicentenário da Independência. Rio de Janeiro: Departamento de Documentação e História da Medicina Militar da ABMM, 1972. p.129-135.   (BCOC)
- VASCONCELOS, Vasco Joaquim Smith de. Médicos e cirurgiões da Imperial Câmara. Reinados de D. Pedro I e D. Pedro II. Campinas, São Paulo: [Academia Campinense de Letras], 1964.  (BN)   (IHGB)

Ficha técnica

Pesquisa – Rodrigo Borges Monteiro.
Redação – Rodrigo Borges Monteiro, Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão - Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.

Forma de citação

MEIRELLES, JOAQUIM CÂNDIDO SOARES DE. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 25 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario


Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1930)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)