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Edição das 17h21min de 24 de agosto de 2023
Outros nomes e/ou títulos: Cruz, Oswaldo
Resumo: Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 5 de agosto de 1872, em São Luiz do Paraitinga, cidade na então província de São Paulo. Era filho de Bento Oswaldo Cruz e de Amalia Taborda de Bulhões. Doutorou-se em 24 de dezembro de 1892, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com a tese "A Vehiculação microbiana pelas águas". No Instituto Soroterápico Federal (atual Fundação Oswaldo Cruz), criado no Rio de Janeiro, em 25 de maio de 1900, e então dirigido por Pedro Affonso de Carvalho Franco, foi chefe bacteriologista (1901), e em 9 de dezembro de 1902 assumiu a direção geral. De 1903 a 1909 foi diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública, empenhando-se na reorganização dos serviços de saúde e no combate à febre amarela, varíola, peste bubônica e tuberculose. Foi o primeiro presidente da Cruz Vermelha Brasileira (1908), membro da Academia Nacional de Medicina (1899), da Academia Brasileira de Letras (1912), da Sociedade Brasileira de Ciências (1916), e prefeito da cidade de Petrópolis (1916-1917). Faleceu em 11 de fevereiro de 1917 na cidade de Petrópolis (Estado do Rio de Janeiro).
Dados pessoais
Oswaldo Gonçalves Cruz nasceu em 5 de agosto de 1872, em São Luiz do Paraitinga, cidade no interior da então província de São Paulo. Era filho de Bento Gonçalves Cruz e de Amalia Taborda de Bulhões, filha dos professores públicos Pedro Correa Taborda de Bulhões e de Zeferina Josepha Pinto de Bulhões, residentes na cidade de Petrópolis, na então província do Rio de Janeiro.
Seu pai, Bento Gonçalves Cruz, nasceu no Rio de Janeiro em 30 de janeiro de 1845, era filho do negociante de fazendas Bento Gonçalves Cruz e de Guilhermina Pinto Gonçalves Cruz, e formou-se em medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 30 de novembro de 1870, com a tese “Diagnostico diferencial das moléstias de Coração”. Já formado, Bento Gonçalves Cruz iniciou sua carreira clínica no interior de São Paulo, em São Luiz do Paraitinga, por sugestão do médico e seu colega Candido José Rodrigues de Andrade. Após casaram-se, em 7 de outubro de 1871, Bento Gonçalves Cruz e sua prima Amalia Taborda de Bulhões, se instalaram em São Luiz do Paraitinga, e nesta localidade nasceram os primeiros filhos Oswaldo Gonçalves Cruz, Eugenia, falecida ainda criança, e Amalia, que posteriormente se casaria com o ginecologista Joaquim Candido de Andrade. No ano de 1877, Bento Gonçalves Cruz retornou para o Rio de Janeiro, onde veio a residir na Rua Jardim Botânico nº26, na então freguesia da Gávea e clinicou na R. da Bôa-Vista (atual Rua Marquês de São Vicente) na mesma freguesia. Na cidade do Rio de Janeiro nasceram seus outros filhos: Alice, que casou-se com Samuel Ferreira dos Santos, Noemi, esposa do pintor e diretor da Escola Nacional de Belas Artes, João Baptista da Costa; e Hortensia, esposa do negociante Francisco Russo. Bento Gonçalves Cruz foi 2º cirurgião médico voluntário (1865-1870) no Hospital da Assumpção durante a Guerra do Paraguai, membro da Junta Central de Higiene Pública (nomeação 26/01/1890), Ajudante do Inspetor Geral de Higiene (5/02/1890), Inspetor Geral interino de Higiene (1891), Inspetor Geral de Higiene (12/01/1892), vice-presidente da Casa de Saúde Dr. Eiras, dirigida por Carlos Fernandes Eiras, e faleceu em 8 de novembro de 1892. Sua esposa, Amalia Taborda de Bulhões, faleceu em 16 de dezembro de 1921.
Oswaldo Gonçalves Cruz casou-se, em 5 de janeiro de 1893, com Emilia da Fonseca, a Miloca, filha do comerciante português Manoel José da Fonseca e de Elisa da Cunha Fonseca, e o casal foi residir na Rua Lopes Quintas, no bairro do Jardim Botânico, na cidade do Rio de Janeiro. Teve seis filhos: Elisa Oswaldo Cruz, que se casou com o médico Joaquim Vidal; Bento Oswaldo Cruz, médico e industrial; Hercília Oswaldo Cruz; Oswaldo Cruz Filho, que também estudou medicina; Zahra Oswaldo Cruz, que faleceu aos dois anos de idade; e Walter Oswaldo Cruz, que também estudou medicina. Dois de seus filhos, Bento Oswaldo Cruz e Walter Oswaldo Cruz, trabalharam no Instituto Oswaldo Cruz.
Em 1914 recebeu do governo francês a condecoração como Officier de la Légion d’Honneur, no Hotel dos Estrangeiros, na cidade do Rio de Janeiro, e nesta ocasião foi convidado por este governo a repetir sua experiência no combate à febre amarela na Ilha da Martinica, de domínio francês.
Faleceu em 11 de fevereiro de 1917, em sua residência na Rua Monte Caseros nº 240, na cidade de Petrópolis (Estado do Rio de Janeiro).
Trajetória profissional
Oswaldo Gonçalves Cruz aprendeu as primeiras letras com sua mãe, e depois aos cinco anos ingressou no Colégio Laure, na cidade do Rio de Janeiro. Ainda nesta cidade, estudou também no Collegio de S. Pedro de Alcântara, dirigido pelo Padre Ayres da Silveira Mascarenhas e localizado na Praia de Botafogo nº 172, onde fez o curso secundário. Prestou os exames finais preparatórios no Externato do Imperial Colégio de Pedro II, instalado na Rua da Imperatriz, que o habilitou à matrícula nas escolas superiores.
Em 1887 ingressou na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde ainda como estudante foi preparador assistente no gabinete de física sob a orientação de João Martins Teixeira, lente de física médica. Sua experiência no laboratório de bacteriologia do Departamento de Higiene desta faculdade, sob a chefia de Benjamin Antônio da Rocha Faria, lente de higiene e história da medicina desta faculdade, teria suscitado, segundo Ezequiel Dias (1922), seu interesse pelas questões de higiene e microbiologia. Foialuno, em 1891, de Francisco de Castro, catedrático de clínica propedêutica, que o aconselhou “a deixar a clínica e o pequeno laboratório improvisado no porão de sua residência afim de ir a Europa estudar para um provável concurso na secção de hygiene e medicina legal” (DIAS, 1922, p.9).
Oswaldo Gonçalves Cruz, entre 1890 a 1893, trabalhou como auxiliar no laboratório do Instituto Nacional de Higiene, que havia sido criado em 1890 pelo médico Benjamin Antônio da Rocha Faria. Nesta ocasião também eram auxiliares na instituição João de Barros Barreto, Francisco de Paula Fajardo Júnior e Henrique Tanner de Abreu.
Publicou, em 1891, na revista O Brazil Medico, seu primeiro trabalho, intitulado “Um caso de bocio exophtalmico em individuo do sexo masculino”, quando era interno da 2ª enfermaria de medicina, chefiada por Albino Rodrigues de Alvarenga, no hospital da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro.
Doutorou-se em 8 de novembro de 1892, na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, com a tese “A Vehiculação Microbiana pelas águas”, dedicada à memória de seu pai, Bento Gonçalves Cruz, que falecera no mesmo dia, na qual afirmava que esta não se tratava propriamente de uma análise das águas na cidade, mas sim de “uma introdução a uma analyse systematica de nossas aguas de abastecimento” (CRUZ, 1893, p.24). Em seu Prefácio, destacou o quanto foi importante e proveitosa para sua tese a experiência no então denominado Laboratório de Bacteriologia: .
“Fazíamos, porém, um estudo de gabinete, puramente theorico e quase todo perdido, quando por occasião da reorganização do laboratório de Hygiene da nossa Faculdade o incansável e erudito lente d´aquella disciplina creou um laboratório de microbiologia para o qual inesperadamente fomos convidados pelo talentoso professor de Hygiene, graças à indicação feita de nosso nome pelo nosso sábio mestre o Dr. Martins Teixeira, ao qual desde já tributamos-o mais vivo reconhecimento. (...) Durante todo este tempo de laboratório muito aproveitamos não só dos ensinamentos de nosso sábio mestre, o Sr. Dr. Rocha Faria, como também do illustrado e talentoso Dr. Ernesto Nascimento Silva que sempre soube guiar nossos passos não só como mestre provecto que é como verdadeiro amigo. (....). Creados no laboratório de microbiologia era um dever escrever nosso trabalho inaugural sobre o assumpto de nossa predilecção; foi o que fizemos. D´entre as interessantes questões que poderiam ser ventiladas com o Maximo proveito escolhemos para assumpto de nossa dissertação a «vehiculação microbiana pelas aguas», assumpto vasto, de palpitante interesse e cheio de conclusões praticas da mais alta monta. (....). O trabalho experimental n´ella exarado tem por fim demonstrar verdades acceitas hoje em microbiologia e que foram por nós verificadas e consta também d´um estudo sobre filtros”. (CRUZ, 1893, p.22-24)
Com o falecimento de seu pai, passou a assumir suas funções de médico na clínica na fábrica de tecidos da Companhia de Fiação e Tecidos Corcovado, que havia sido fundada em 1889 por José da Cruz, na antiga chácara de João Calhau, no sopé do Corcovado, na Rua Jardim Botânico nº 12, então freguesia da Gávea. Em função destes compromissos, não teria aceito o convite do médico Francisco de Castro para ser seu assistente em sua clínica (FRAGA, 2005). De acordo com notícia publicada no Jornal do Brasil (n.64, 5 de março de 1901), Oswaldo Cruz ainda fazia o atendimento a operários desta fábrica de tecidos.
Ainda em 1892, trabalhou como Auxiliar na Inspetoria Geral de Higiene.
Em 1894, no então denominado Instituto Sanitário Federal, dirigido por Francisco de Paula Fajardo Júnior, Oswaldo Cruz trabalhou no diagnóstico do cólera morbus na região do Vale do Paraíba. Neste mesmo ano, Oswaldo Gonçalves Cruz publicou o folheto "Causas e meios de preservação do Cholera", sob o pseudônimo de Ignarus, em que discorreu sobre a história da doença, e ao final do qual citou uma lenda árabe segundo a qual a peste negra no Cairo havia matado mais gente de medo do que da doença.
Nesta época, Oswaldo Cruz residia na Rua Lopes Quintas nº15, onde tinha um laboratório no primeiro andar, e observava as condições higiênicas do bairro, o que inspirou a elaborar dois artigos, publicados no Brazil Medico. Em seu artigo “As condições hygienicas e o estado sanitário da Gávea”, publicado em 1894, constatou como péssimas as condições do bairro em que residia, especialmente da rua Jardim Botânico, e lamentou “o triste estado a que está reduzido o celebre bairro da Gávea, legendário por sua salubridade, o antigo refugio dos convalescentes que vinham banhar no ar oxygenado e vivificante de suas montanhas os pulmões gastos pelo ar confinado dos centros populosos” (CRUZ, 1894, p.210). Para o melhoramento sanitário do bairro, sugeriu, entre as medidas de saneamento definitivo, a construção de habitações higiênicas para operários, o calçamento das ruas, o abastecimento d´água, a demolição das estalagens existentes, e o aterro total da lagoa Rodrigues de Freitas. Foi convidado, em 1894, por Egydio Salles Guerra, chefe de clínica na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, fundada em 10 de dezembro de 1881 por iniciativa dos médicos João Pizarro Gabizo e Antonio Loureiro Sampaio, para organizar um laboratório de análises para os diagnósticos de sífilis e moléstias internas no serviço de moléstias da pele e sífilis a cargo de Antonio José Pereira da Silva Araújo. Nesta instituição integrou, juntamente com Salles Guerra, posteriormente seu biógrafo, Antonio José Pereira da Silva Araujo, Aureliano Werneck Machado e Alfredo Porto, do “grupo dos cinco germanistas”, assim denominado pelo destaque que conferiam ao idioma alemão, que era o idioma de importantes textos de medicina naquele período (BIBLIOTECA VIRTUAL, 2013). Em 6 de setembro de 1895 começou efetivamente suas atividades na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, e em 1898 era chefe do laboratório de bacteriologia e anatomia patológica.
Com apoio de Manoel José da Fonseca, seu sogro, Oswaldo Gonçalves Cruz viajou em 1897, com a família, para Paris, onde se estabeleceu na 26 Rue Marbeuf. Nesta ocasião se especializou em microbiologia no Institut Pasteur, então dirigido por Pierre Paul Émile Roux (1853-1933), e onde também trabalhavam Élie Metchnikoff (1845-1916), de quem se tornou amigo, Louis Vaillard (1850-1935) e Amédée Borrel (1867-1936).Nesta instituição “aplico-me ao estudo da higiene, microbiologia, histologia patológica e química biológica, com o intuito de, quando voltar, montar aí um laboratório para análises destinado a auxiliar o diagnóstico microbiológico das diversas entidades mórbidas, exame de sangue, etc., etc.” (CRUZ, Oswaldo. Apud. GUERRA, 1940, p.33). Em 6 de abril de 1898 visitou a seção de preparo dos soros terapêuticos deste instituto, localizada na cidade de Garches, próxima de Paris, e relatou esta sua visita em artigos publicados no Brazil-Medico, neste mesmo ano.
Permaneceu em Paris por dois anos, e neste período visitou o Laboratoire de Toxicologie de Paris, dirigido por Charles-Albert Vibert (1849-1918) e por Jules Ogier (1853-1913),a Clinique des voies urologiques, no Hôpital Necker, de Jean Casimir Félix Guyon (1831-1920) e Joaquín Albarran y Dominguez (1860-1912), e frequentou uma fábrica de artefatos de vidro para laboratório, onde aprendeu sobre a manipulação e confecção de empolas, provetas e pipetas. Segundo E. Salles, Oswaldo Cruz posteriormente, quando dirigiu o Instituto Soroterápico Federal, criou uma “seção especial de artefatos de vidro e ensinou a vários auxiliares a manipulação dessas utilidades” (GUERRA, 1940, p.47).
Embora, nesta época, tenha sido convidado para conhecer também instituições na Alemanha, só veio a visitar este país posteriormente, em 1907 (SERPA, 1937).
Durante esta estadia na Europa Oswaldo Cruz comprou uma máquina fotográfica para fotos estereoscópicas, que possibilitava o efeito de três dimensões a partir de um visor especial, e assim tornou-se um fotógrafo amador registrando inclusive suas atividades científicas. Posteriormente montou um pequeno laboratório de revelação, em sua residência na Praia de Botafogo nº 406, na cidade do Rio de Janeiro (ARQUIVO, 2007).
Ao retornar da França, no final do ano de 1899, Oswaldo Gonçalves Cruz abriu na Travessa de S. Francisco (atual Rua Ramalho Ortigão), nº10, 1º andar, no centro do Rio de Janeiro, um laboratório de análises clínicas, próximo aos consultórios de Joaquim Candido de Andrade e Luiz Pedro Barbosa. Montou, também, um consultório de moléstias genito-urinárias, nas quais havia se especializado durante sua estadia na França.
Reassumiu, em 1899, seu cargo na Policlínica Geral do Rio de Janeiro, como chefe do laboratório de bacteriologia e anatomia patológica,onde ficou supervisionando os trabalhos a cargo de seu substituto (PARAENSE, 1989).Em 21 de outubro de 1899 foi convidado por Nuno Ferreira de Andrade, então diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública, para integrar a comissão chefiada por Eduardo Chapot Prévost que viria a identificar e confirmar os casos de peste bubônica que havia eclodido em 1899, na cidade de Santos. Foi designado, então, para integrar a equipe de combate a este surto de peste bubônica, juntamente com Adolpho Lutz e Vital Brazil Mineiro da Campanha, pesquisadores do Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo.
Em 1899, por sua iniciativa, foi montado um laboratório bacteriológico na Associação dos Empregados no Commercio do Rio de Janeiro, fundada em 7 de março de 1880, que chefiou em 1900.
Oswaldo Gonçalves Cruz foi colaborador efetivo do periódico científico Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, deste 1899, no qual publicou vários de seus trabalhos. Eram também colaboradores desta publicação: Raymundo Nina Rodrigues, Augusto Brant Paes Leme, Henrique Guedes de Mello, Carlos Pinto Seidl, Oscar Luna Freire, Marcio Nery, Ismael da Rocha, Miguel da Silva Pereira, Miguel de Oliveira Couto, Antonio Fernandes Figueira e Henrique de Sá.
Candidatou-se membro da Academia Nacional de Medicina em 13 de abril de 1899, com a apresentação do trabalho intitulado “Les altérations histologiques dans l´empoisonnement par la ricine”, tendo obtido parecer favorável na sessão de 22 de junho de 1899. Este trabalho foi elaboradopor ocasião de sua viagem à Europa, de 1897 a 1899, quando visitou o Laboratoire de Toxicologie de Paris, dirigido por Charles-Albert Vibert (1849-1918) e por Jules Ogier (1853-1913), e publicado em 1899 nosArchives de Médecine Expérimentale et d`Anatomie Pathologique (CASA DE OSWALDO CRUZ, 2013).Em 24 de agosto de 1899 proferiu seu discurso em agradecimentoà sua admissão na Academia Nacional de Medicina, e nesta instituição foi membro da seção de medicina pública, e a partir de 1914 da seção de ciências aplicadas à medicina. É o patrono da cadeira nº 90 da Academia Nacional de Medicina.
Em 21 de outubro de 1899 foi convidado por Nuno Ferreira de Andrade, então diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública, para integrar a comissão chefiada por Eduardo Chapot Prévost que viria a identificar e confirmar os casos de peste bubônica que havia eclodido em 1899, na cidade de Santos. Foi designado, então, para integrar a equipe de combate a este surto de peste bubônica, juntamente com Adolpho Lutz e Vital Brazil Mineiro da Campanha, pesquisadores do Instituto Bacteriológico do Estado de São Paulo.
Chefiou, desde 1900, o serviço do laboratório de anatomia, patologia, química, biologia e bacteriologia da Policlínica Geral do Rio de Janeiro, então dirigida por José Cardoso de Moura Brazil, permanecendo nesta função até 1910.
Oswaldo Gonçalves Cruz participou, juntamente com Francisco Cláudio de Sá Ferreira, Luiz Pedro Barbosa, Henrique Guedes de Mello, Joaquim Candido de Andrade, Carlos Fernandes Eiras, Francisco Furquim Werneck de Almeida, Nerval Gouveia, Ernani Carlos de Menezes Pinto, Oscar de Souza, José Parga Nina, Alfredo Porto, Aureliano Werneck Machado, e Francisco Fernandes Eiras,da instalação da Policlínica de Botafogo, fundada em 10 de junho de 1900 e estabelecida na Rua Bambina nº 45, em Botafogo, na cidade do Rio de Janeiro. Oswaldo Cruz, já neste momento inicial da instituição, foi indicado como responsável da redação do anuário, juntamente com Henrique Guedes de Mello e Luiz Pedro Barbosa, e como chefe do museu anatomo-patológico e do laboratório de bacteriologia. Integrou seu corpo clínico da instituição e em 1904 era chefe dos laboratórios desta instituição. Nas dependências desta Policlínica funcionou em 1901, por solicitação da prefeitura do Distrito Federal, um posto municipal de vacinação antipestosa, onde trabalhou Oswaldo Gonçalves Cruz. A Policlínica de Botafogo cedeu suas instalações para a primeira Delegacia Provisória de Higiene Federal, entre 1903 a 1904.
Em 1901 era o chefe bacteriologista do Instituto Soroterápico Federal, instituição de pesquisa criada em 25 de maio de 1900, na cidade do Rio de Janeiro e então dirigida por Pedro Affonso de Carvalho Franco, o Barão de Pedro Affonso. Em 9 de dezembro de 1902, com o pedido de demissão feito Pelo Barão de Pedro Affonso, Oswaldo Gonçalves Cruz assumiu a direção geral do instituto, tendo permanecido como diretor até a data de seu falecimento, em 11 de fevereiro de 1917, quando foi substituído por Carlos Ribeiro Justiniano Chagas na direção do então Instituto Oswaldo Cruz. Como diretor do Instituto Soroterápico Federal, destacou-se“Uma das principais virtudes de Oswaldo Cruz, não tanto como cientista mas como hábil administrador da ciência, foi ter conseguido transformar num grande instituto de medicina experimental o pequeno laboratório, criado em 1900, a partir de uma crise da saúde pública – a ameaça da peste bubônica – e com a finalidade limitada de substituir a importação do soro e da vacina contra esta doença. A partir do momento em que este projeto obteve êxito, Manguinhos adquiriu, de fato, conformação muito semelhante à do Instituto Pasteur de Paris: a característica articulação entre a pesquisa – tanto a básica como a orientada para as demandas práticas da saúde – com a produção de soros e vacinas em escala industrial e o ensino, visando o adestramento dos quadros indispensáveis à própria instituição e à difusão das ciências biomédicas no país.” (BENCHIMOL, 1990, p.12):
“Uma das principais virtudes de Oswaldo Cruz, não tanto como cientista mas como hábil administrador da ciência, foi ter conseguido transformar num grande instituto de medicina experimental o pequeno laboratório, criado em 1900, a partir de uma crise da saúde pública – a ameaça da peste bubônica – e com a finalidade limitada de substituir a importação do soro e da vacina contra esta doença. A partir do momento em que este projeto obteve êxito, Manguinhos adquiriu, de fato, conformação muito semelhante à do Instituto Pasteur de Paris: a característica articulação entre a pesquisa – tanto a básica como a orientada para as demandas práticas da saúde – com a produção de soros e vacinas em escala industrial e o ensino, visando o adestramento dos quadros indispensáveis à própria instituição e à difusão das ciências biomédicas no país.” (BENCHIMOL, 1990, p.12)
Oswaldo Gonçalves Cruz publicou, em 1901, a descrição do Anopheles lutzi, uma espécie nova do Rio de Janeiro. Em 1906 propôs o novo gênero Chagasia, em homenagem a seu discípulo, e no ano seguinte criou a espécie Psorophora genumacidata e o novo gênero Manguinhosia com a espécie Anopheles lutzi (PARAENSE, 1989).Foi diretor, em 1901, da Liga do Instituto do Soro Terapêutico, criada em 1900 com o objetivo de combater a peste bubônica (ACERVO, 2014).
Em 23 de março de 1903 foi nomeado diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública, por indicação de Salles Guerra a J. J. Seabra, então Ministro da Justiça e Negócios Interiores, e tomou posse em 26 de março do mesmo ano. A Diretoria Geral de Saúde Pública estava instalada na Rua Clapp nº17, atual Rua Alfredo Agache, no centro do Rio de Janeiro. Foram também nomeados para esta repartição: João Pedroso Barreto de Albuquerque (secretario), Alfredo de Mello e Alvim (médico auxiliar), José Luiz Sayão de Bulhões Carvalho (médico demografista), Hugo Eiras Furquim Werneck (médico dos hospitais de isolamento), Francisco Joaquim Béthencourt de Segadas Vianna e Alberto Vieira da Cunha (delegados de saúde), Antonio Pedro Pimentel e Arthur Imbassahy (inspetores sanitários). Acumulou esta funçã com a de diretor do Instituto Soroterápico Federal até abril de 1909, quando solicitou sua exoneração da Diretoria geral de Saúde Pública.
Sua nomeação para diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública deu-se no contexto do projeto de remodelação urbana do Rio de Janeiro, Capital Federal, a ser empreendido pelo Prefeito Francisco Pereira Passos, e para tal era necessário o saneamento da cidade, que constantemente sofria com as epidemias, especialmente a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Logo que assumiu a Diretoria Geral de Saúde Pública dedicou-se à reforma da legislação referente aos Serviços de Saúde Pública, especialmente com relação às atribuições desta Diretoria. Empenhou-se em organizar os serviços de saúde pública, e se propôs a:
“(....) erradicar, prioritariamente, as três principais doenças pestilenciais do Rio de Janeiro: a febre amarela, através de uma campanha organizada em moldes análogos às de Emílio Ribas em São Paulo e Gorgas em Havana; a varíola, através da vacinação preventiva em massa da população, e a peste bubônica, pelo extermínio dos ratos, seu principal vetor de transmissão”. (BENCHIMOL, 1990, p.23).
Na Diretoria Geral de Saúde Pública, propôs a divisão da cidade em 10 distritos sanitários, sendo cada um chefiado por um médico, o delegado de saúde, e acompanhado por inspetores sanitários e estudantes de medicina na tarefa de fiscalização dos domicílios.
Ainda, em 1903, enviou ao Ministro da Justiça e Negócios Interiores uma exposição de motivos na qual afirmava sua preocupação com a febre amarela:
“Dentre os problemas sanitários que devem ser atacados desde já, sobreleva em importância a todos o referente à febre amarela. A extinção da febre amarela é um problema que já encontrou uma solução prática: podemos, pois, considerá-la uma questão resolvida. Resta-nos agora, apenas, seguir as pegadas dos sábios americanos, que enfrentaram o assunto, resolvendo-o por completo em Havana. Devemos pois, sem perda de tempo, instalar desde já os serviços cujos efeitos proveitosos se farão fatalmente seguir na próxima época epidêmica, sendo em breve seguidos de completo desaparecimento dessa vergonha nacional. Cumpre-me dizer em traços gerais que a profilaxia cifra-se no seguinte: nas épocas epidêmicas: 1º evitar a contaminação dos culicídios pelos amarelentos infectantes; 2º evitar a infecção dos receptíveis pelos propagadores já infectados. Em épocas extra-epidêmicas: 1º evitar a perpetuação dos culicídios, destruindo-os em seus berços e suprimindo estes; 2º dar caçada aos casos esporádicos e frustros da moléstia que nas acalmias permitem a continuidade do mal. Esse serviço de profilaxia específico de febre amarela deve ser contínuo e ininterrupto; disso depende a sua eficácia. No momento atual cumpre-nos por em prática as medidas relativas à quadra epidêmica. (...). Para que esse serviço seja profícuo, convém quanto antes que se estabeleça uma lei que torne efetivas as disposições regulamentares já existentes sobre notificação compulsória, estabelecendo medidas repressivas enérgicas contra os sonegadores de doentes. (....). Este aumento de despesa trará como conseqüência imediata uma economia enorme de vidas e, completado pelas medidas acima referidas, concernentes à notificação compulsória e vigilância sanitária, vem constituir o começo do extermínio da febre amarela no Rio de Janeiro. (....).” (Apud. FRAGA, 2005, p.51-52).
Oswaldo Cruz entendia que o combate à febre amarela deveria contemplar “os três elos da cadeia de transmissão da doença: caberia à saúde pública impedir a contaminação dos mosquitos pelos amarelentos infectantes, a infecção das pessoas receptíveis pelos mosquitos propagadores e a permanência dos casos esporádicos que, nos intervalos epidêmicos, garantiam a continuidade da doença” (BENCHIMOL, 1990, p.24). Para tanto era fundamental a reforma dos serviços sanitários, a reestruturação da Diretoria Geral de Saúde Pública, que encontrava-se desaparelhada, e regulamentações jurídicas que conferissem maior poder às autoridades sanitárias. As ações de combate à febre amarela começaram, então, com a criação, em 15 de abril de 1903, do Serviço de Profilaxia Específica da Febre Amarela, e com a incorporação de pessoal médico e de limpeza pública da municipalidade à Diretoria geral de Saúde Pública. Oswaldo Cruz fundamentava suas ações de combate à febre amarela no método do médico cubano Juan Carlos Finlay (1833-1915), segundo o qual o mosquito Culex fasciatus (atualmente referido como Aedes aegypti), era o hospedeiro intermediário do parasito da febre amarela, que então era transmitido por meio de picada ao ser humano. O combate aos focos era feito com as brigadas de mata-mosquitos do Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, que percorriam as ruas, lavavam caixas d´água, limpavam ralos, bueiros e telhados, buscando eliminar quaisquer depósitos de larvas de mosquitos. Recorreu a instrumentos legais, como a notificação obrigatória de todos os casos da doença, e a recursos de convencimento, como os folhetos educativos e os Conselhos ao Povo publicados nos jornais. As casas localizadas nas áreas dos focos eram desinfetadas pela queima de enxofre e piretro, os doentes iam para isolamento domiciliar ou eram removidos pelo Desinfectório Central para o Hospital de São Sebastião, na região do Caju (BENCHIMOL, 1990).
O Rio de Janeiro, em 1903, apresentava em seu quadro sanitário a presença também de outra moléstia, a varíola. No ano seguinte tendo em vista os números de casos de varíola, Oswaldo Gonçalves Cruz, Diretor da Saúde Pública, defendeu a idéia de que a única solução possível seria a vacinação obrigatória. Propôs, então, a lei que tornava obrigatória a vacinação e revacinação contra a varíola, lei nº 1.261 de 31 de outubro de 1904, que foi promulgada e depois revogada em decorrência do movimento conhecido como Revolta da Vacina, no Rio de Janeiro. Muitas das reações contrárias, apresentadas dentro e fora do Parlamento, afirmavam que a vacinação obrigatória feria a liberdade individual. Reações como estas também eram partilhadas pelo Apostolado Positivista e pela imprensa, e chegaram às ruas. Diversas manifestações iniciaram-se em 10 de novembro de 1904 nas principais praças e logradouros do centro do Rio de Janeiro, como as Ruas do Ouvidor, Quitanda, Sete de Setembro e Assembléia. Os tumultos avançaram também para áreas mais distantes da cidade, como Méier, Engenho de Dentro, Vila Isabel e Andaraí.Em 14 de novembro alunos da Escola Militar igualmente revoltaram-se, e em todos estes eventos a atuação de Oswaldo Cruz era alvo de críticas, pois a “direção sanitária, além de tirânica é ineptíssima” (Apud. FRAGA, 2005, p.108). Nesta oposição à vacina, que no princípio expressou-se como um obstáculo à aprovação do novo código ainda no Congresso, a “facção mais atuante era representada pelo Apostolado Positivista, mas outros grupos descontentes, como monarquistas, alguns militares, líderes operários (....) fundaram a Liga contra a Vacina Obrigatória” (LIMA, 1997, p.56).
O decreto nº 2119, de 1º de fevereiro de 1897, havia unificado os serviços de higiene da União, estabelecendo que os serviços de higiene de atribuição do Instituto Sanitário Federal, e a Inspetoria Geral de Saúde dos Portos passavam a ser dirigidos e executados por uma única repartição, a Diretoria Geral de Saúde Pública, com sede na Capital Federal e dependente do Ministério da Justiça e Negócios Interiores. Em 5 de janeiro de 1904, outro decreto, o nº1151, reorganizou os serviços de higiene, redefiniu as atribuições da Diretoria Geral de Saúde Pública e as atribuições da União e do Distrito Federal.
Em 1904 Oswaldo Gonçalves Cruz também assumiu como diretor geral do 1º Distrito Sanitário (sede, Capital Federal) da Inspetoria de Saúde dos Portos dos Estados, permanecendo nesta função até o ano de 1909.
Foi delegado, juntamente com Antônio Augusto de Azevedo Sodré, na Convenção Sanitária Internacional, assinada em 12 de junho de 1904, entre as Repúblicas Argentina, Uruguai, Paraguai e Brasil.
A tuberculose ainda preocupava as autoridades e a saúde pública, e assim Oswaldo Gonçalves Cruz encaminhou ao Governo, em 8 de abril de 1907, seu plano de combate à tuberculose, no qual destacava, entre outras medidas, a educação profilática, a notificação compulsória, e a adoção de medidas sanitárias, como a tuberculinização sistemática das vacas leiteiras, a fiscalização dos matadouros, a fiscalização das substâncias alimentícias, e o serviço de varredura e limpeza dos logradouros públicos.
Oswaldo Gonçalves Cruz, desde que assumira a direção da Saúde Pública tinha conhecimento das condições precárias em termos sanitários dos portos do país. Desta forma, elaborou um plano para constatar esta situação e propor as medidas necessárias. Em 27 de setembro de 1905, partiu na embarcação “República”, que dispunha de um laboratório flutuante, para realizar uma viagem de inspeção dos portos do norte do país, tendo visitado os portos de: Vitória (Espírito Santo); Caravelas, Santa Cruz, Porto Seguro, Salvador (Bahia); Penedo, Aracajú (Sergipe); Maceió (Alagoas); Tamandaré, Recife (Pernambuco); Cabedelo, João Pessoa (Paraíba); Natal, Areia Branca, Macau (Rio Grande do Norte); Fortaleza, Camorim (Ceará); Amarração (Maranhão); Belém, Óbidos, Santarém (Pará). Considerou-os sem boas condições sanitárias. Em janeiro de 1906 realizou a viagem de inspeção pelos portos do sul, os quais foram igualmente reprovados em termos sanitários: Santos (São Paulo); Paranaguá (Paraná); São Francisco (Santa Catarina); Rio Grande (Rio Grande do Sul). Oswaldo Cruz estendeu a viagem até as capitais do Uruguai, da Argentina e do Paraguai e, em seguida, a Corumbá (Mato Grosso), e em 28 de fevereiro, depois de passar novamente por Buenos Aires e Assunção, retornou ao Rio de Janeiro
Iniciou o combate à peste bubônica em 1904, e nesta campanha sanitária Oswaldo Cruz não enfrentou resistências, como as vivenciadas anteriormente com a vacinação da varíola, pois “ninguém mais contestava o fato, comprovado por Yersin em 1898, de que a peste bubônica era transmitida pela picada de pulgas infectadas pelo sangue de ratos pestosos” (CASA DE OSWALDO CRUZ, 2013). Durante a campanha foi aplicada a vacina entre os moradores das regiões mais infestadas, como a zona portuária, feita a desratização da cidade, intimados os proprietários de imóveis a remover entulhos e realizar reformas, e determinada a notificação obrigatória dos casos da peste. Os pacientes acometidos pela peste bubônica seriam isolados e submetidos ao tratamento com o soro fabricado em Manguinhos.
Max Rubner (1854-1932), do Institute of Hygiene/University of Berlin, representando o governo alemão, convidou o Brasil para a Exposição de Higiene que se realizaria junto ao XIV International Congress of Hygiene and Demography, em Berlim (Alemanha), em setembro de 1907. Aceito o convite, a seção brasileira foi preparada de forma a apresentar material referente às chamadas doenças tropicais, às campanhas contra a febre amarela e a peste, e ao material patológico doInstituto de Patologia Experimental. Na seção brasileira os trabalhos do então denominado Instituto de Patologia Experimental, em Manguinhos, atraíram a atenção do público, especialmente os estudos e as coleções de mosquitos brasileiros, como as espécies “culicinas” e as “anofelinas”, e o quadro com a imagem aumentada do Stegomya calopus. A seção também expunha um modelo de madeira do laboratório destinado aos estudos sobre a peste, o modelo de uma casa para expurgo contra a febre amarela, o modelo de um quarto de isolamento, desenhos de edifícios projetados pela Diretoria Geral de Saúde Pública, e ricos mostruários com preparações, soros e vacinas. A exposição foi bastante visitada e recebeu muitos elogios de cientistas presentes em Berlim, e de brasileiros em matérias noticiadas em periódicos, que destacavam seu sucesso e sua importância para o país (GUERRA, 1940). Oswaldo Gonçalves Cruz recebeu em 27 de setembro de 1907 a medalha de ouro pela seção brasileira apresentada nesta Exposição.No XIV International Congress of Hygiene and Demography vários cientistas do então Instituto de Patologia Experimental apresentaram memórias, como o próprio Oswaldo Gonçalves Cruz, que apresentou a memória “Profilaxia da febre amarela”, Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, Arthur Neiva, Antônio Cardoso Fontes, Henrique Beaurepaire Rohan Aragão e Henrique Figueiredo de Vasconcellos.
Na viagem de retorno ao Brasil, Oswaldo Gonçalves Cruz passou por Nova York, onde visitou o Instituto de Pesquisas Médicas e o Serviço Municipal de Profilaxia de Tuberculose, e pela cidade do México, onde conheceu o Hospital General de la ciudad de México, dirigido por Eduardo Liceaga (1839-1929), e participou como Delegado na Tercera Convención Sanitaria Internacional de las Repúblicas Americanas (Cidade do México, 2 a 7/12/1907). Retornou ao Brasil em 10 de fevereiro de 1908, sendo recebido com inúmeras manifestações de apreço e de reconhecimento à premiação em Berlim, publicadas em grandes periódicos, e com a ovação da população que o aguardava no cais Pharoux.
Em 1908, Oswaldo Cruz foi escolhido pelo Institut für Schiffs-und Tropenkrankheiten, de Hamburgo, para ser o representante brasileiro no júri permanente do Prêmio Schaudinn, conferido por aquela instituição àqueles que mais se destacavam nos estudos de microbiologia. O Prêmio homenageava a memória do bacteriologista Fritz Schaudinn (1871-1906), responsável pela descoberta do micróbio da sífilis. Integravam, também, o júri, importantes cientistas como os bacteriologistas alemães Paul Ehrlich (1854-1915) e Heinrich Hermann Robert Koch (1843-1910), o zoólogo Otto Bütschili (1848-1920), o parasitologista francês Charles Louis Alphonse Laveran (1845-1922), o anatomista russo Élie Metchnikoff (1845-1916), o parasitologista escocês Patrick Manson (1844-1922), e o biólogo russo Wladimir Timophelvich Schewiakoff (1859-1930).
Foi membro na organização da Exposição Nacional de 1908, inaugurada em 11 de agosto e realizada na região entre a Praia da Saudade e a Praia Vermelha, na Capital da República, em comemoração do centenário do decreto de abertura dos portos ao comércio internacional.
A Cruz Vermelha Brasileira, fundada por iniciativa de Joaquim de Oliveira Botelho, em 5 de dezembro de 1908 no salão da Sociedade de Geographia do Rio de Janeiro, teve como seu primeiro presidente Oswaldo Cruz.
Sales Guerra (1940) destacou que, ainda neste ano de 1908, Oswaldo Gonçalves Cruz recebeu outra distinção, decorrente da mudança do nome da instituição em Manguinhos, que passou de Instituto de Patologia Experimental para Instituto Oswaldo Cruz, pelo decreto nº 6.891 de 19 de março daquele ano.
Em 1909, o periódico Brazil-Medico, dirigido por Antônio Augusto de Azevedo Sodré, prestou uma homenagem a Oswaldo Gonçalves Cruz, como forma de reconhecimento a seu trabalho, realizando uma subscrição em suas páginas para a compra de uma medalha de ouro a ser ofertada ao agraciado, a qual totalizou o número de 1.042 assinaturas incluindo médicos de renome e representantes de importantes instituições brasileiras. A medalha, encomendada ao escultor e gravador Charles Philippe Germain Aristide Pillet (1869-1960), apresentava em um dos lados a efígie de Oswaldo Gonçalves Cruz com a inscrição “Homenagem da classe médica ao Dr. Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 1909”, e do outro a reprodução em relevo do Instituto Oswaldo Cruz com legendas latinas que significavam “O conhecimento da causa da moléstia basta muitas vezes para extinguí-la” (GUERRA, 1940, p.484).
Por ocasião do Cuarto Congreso Medico Latinoamericano, presidido por Antônio Augusto de Azevedo Sodré e realizado conjuntamente com a Exposición Internacional de Higiene, na cidade do Rio de Janeiro de 1º a 8 de agosto de 1909, esta homenagem da classe médica a Oswaldo Gonçalves Cruz foi incluída no programa doevento. Na solenidade Azevedo Sodré fez as aclamações, sendo seguido por vários delegados do Congresso, como Nicolás Lozano Escobar (1864-1938), da Argentina, Máximo Cienfuegos Sánchez (1855-1910), do Chile, Juan Peón del Valle, do México, Fernando Gorriti (1876-1970), do Paraguai e Tomas Aguerrevere Pacanins (1860-1913), da Venezuela. Neste congresso Oswaldo Cruz apresentou a memória “Profilaxia da febre amarella”.
Solicitou, em 19 de agosto de 1909, sua exoneração do cargo de diretor da Diretoria Geral de Saúde Pública, sendo substituído por Henrique Figueiredo de Vasconcellos, e permaneceu até 1916 somente à frente doInstituto Oswaldo Cruz, instituição que desde 1908 ganhara oficialmente seu nome, e se separara da Diretoria Geral de Saúde Pública, ficando subordinada diretamente ao Ministério da Justiça.
Ainda no ano de 1909, em sessão da Academia Nacional de Medicina, o Corpo de Saúde do Exército ofereceu a Oswaldo Gonçalves Cruz uma caneta de ouro pelos estudos sobre o gérmen da varíola apresentados no Instituto Oswaldo Cruz e divulgados em institutos científicos de vários países.
Em 1910 foi contratado pela Companhia Madeira-Mamoré Railway, associada à Port of Pará, responsável pela construção da estrada de ferro que iria de Porto Velho à Guajará-Mirim na região amazônica, compromisso diplomático que o país havia assumido com a Bolívia em decorrência do Tratado de Petrópolis (17/11/1903), para realizar o saneamento dos locais por onde passaria a estrada. Oswaldo Gonçalves Cruz viajou para a região de Madeira-Mamoré em 16 de junho deste ano, a bordo do vapor do Lloyd Brazileiro “Rio de Janeiro”, em companhia do Inspetor Sanitário Belisário Augusto de Oliveira Penna, que havia participado das campanhas contra a febre amarela no Rio de Janeiro e Pará. Percorreu durante 28 dias a região de Manaus até Porto Velho, realizando autópsias diárias, prestando assistência médica a doentes, e observando detalhadamente as condições sanitárias da região. Suas considerações sobre as instalações da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, que viria a ser inaugurada em 1º de agosto de 1912, do ponto de vista sanitário foram publicadas no relatório intitulado “Madeira-Mamoré Railway Company. Considerações geraes sobre as Condições sanitarias do Rio Madeira”,apresentado a Carlos Sampaio, representante das Companhias Madeira-Mamoré Railway e Port of Pará, no qual destacou a relevância da questão sanitária para a região:
“Este assumpto sanitário é de tão mais alta importância quanto delle depende a construcção e conservação da E. de F. Madeira-Mamoré que, como vimos, é a condição sine qua non da exploração das fabulosas riquezas de acima das cachoeiras. As tentativas de construcção dessa Estrada têm sido assignadas por verdadeiras hecatombes que têm constituído a base principal do mallogro dos tentames feitos até agora nesse sentido.” (CRUZ, 1910, p. 6).
Durante sua estadia na cidade de Belém, Oswaldo Gonçalves Cruz pode inspecionar diversos pontos da cidade, preparando-se para melhor atender à solicitação do Governador do Pará, João Coelho, de organizar os serviços de profilaxia da febre amarela naquele estado. Em 17 de agosto, Oswaldo Cruz viajou para o Rio de Janeiro para constituir e preparar a equipe de auxiliares para aquela empreitada. Para tal desembarcou em Belém com dez médicos, quatro chefes de turmas, 20 capatazes, 50 guardas, um administrador, e um escriturário (Fraiha Neto, 2012). A comissão seria presidida por João Pedroso Barreto de Albuquerque, e integrada pelos auxiliares técnicos Pedro D´Albuquerque, Leocádio Chaves, Caetano da Rocha Cerqueira, Maurício de Abreu, Augusto Serafim da Silva, Belisário Augusto de Oliveira Penna, Abel Tavares de Lacerda, Ângelo Moreira da Costa Lima e Emygdio de Matos, e pelos chefes de turmas José Joaquim de Brito, Alberto Pereira, Raul de Avelar Alves e Curiacio de Azevedo. Depois integraram também a comissão os médicos Affonso Mac Dowell, Jayme Aben-Athar e Antônio Gonçalves Peryassú. Esta comissão conseguiu em seis meses acabar com a febre amarela em Belém e em outras cidades do Pará. Durante sua atuação à frente do saneamento da região, Oswaldo Cruz publicou nos periódicos da cidade, como A Provincia do Pará e aFolha do Norte, vários comunicados orientação a população sobre a febre amarela. (Fraiha Neto, 2012, p.56)
Como representante brasileiro, Oswaldo Gonçalves Cruz ganhou o primeiro lugar na International Hygiene Exhibition, inaugurada em 6 de maio de 1911, em Dresden (Alemanha), mas teve que partir antes da inauguração, para retornar a Belém e completar sua missão entregando os serviços de profilaxia da febre amarela. O pavilhão brasileiro apresentava “material de doenças tropicais e amplo documentário em gráficos, desenhos, miniaturas etc. dos Instituto Oswaldo Cruz, Butantã e da repartição de Saúde Pública” (FRAGA, 2005, p.183). Além de Oswaldo Cruz, participaram da elaboração do pavilhão brasileiro Luiz Moraes Júnior, Henrique Figueiredo Vasconcellos, Antônio Cardoso Fontes e o médico residente em Dresden, Ataliba Florence. A inauguração do pavilhão brasileiro em Dresden, em 14 de julho de 1911, foi amplamente noticiada pela imprensa do Rio de Janeiro, como o Jornal do Commercio com a matéria intitulada “O Brasil na Exposição Internacional de Higiene de Dresde”, em 5 de agosto de 1911. As matérias noticiavam o sucesso de público da exposição:
Despertaram maior interesse, não só dos homens de ciência, mas do público em geral, os trabalhos de Carlos Chagas, a imagem do barbeiro ou schizotripanum cruzi, vivo causaqdor da moléstia de Chagas, a dos afetados da tripanozomíaes, bem assim os trabalhos de Provaseck e Aragão (varíola), os de A. Cardoso Fontes (tuberculose), os de E. Ribas (Milkpox), de Rangel Pestana (nambiuvú), as coleções de Lutz, de Neiva, etc., etc.” (Apud. GUERRA, 1940, p.558)
Em 25 de julho de 1911 foi criado, pelo pediatra Olympio Olynto de Oliveira, o Instituto Oswaldo Cruz, anexo à Faculdade de Medicina de Porto Alegre criada em 1897, destinado a pesquisas nas áreas de microbiologia, histologia, parasitologia, farmacologia e química dos serviços de clínica da Faculdade, mas sem qualquer vinculação com o Instituto Oswaldo Cruz, então dirigido por Oswaldo Gonçalves Cruz na cidade do Rio de Janeiro.
Foi representante brasileiro, juntamente com Henrique Figueiredo de Vasconcellos, na International Sanitary Convention, realizada em Paris em 17 de janeiro de 1912.
Oswaldo Gonçalves Cruz candidatou-se em 1912 à Academia Brasileira de Letras, para a Cadeira nº 5, cujo Patrono era Bernardo Guimarães, e que se encontrava vaga com o falecimento de Raymundo Corrêa. Sua candidatura suscitou algum questionamento quanto ao fato de Oswaldo Cruz não ser um homem de letras. Affonso Celso de Assis Figueiredo, o Conde de Affonso Celso, considerou à época totalmente equivocada esta visão e defendeu sua candidatura:“Em primeiro lugar, nem no espírito dos regulamentos da Academia existe definição taxativa de homem de letras, da qual se possa tirar argumento contra a entrada do Dr. Oswaldo Cruz. Ao contrário, o intuito dos fundadores da Academia foi que ela constituísse o expoente completo da mentalidade e da cultura brasileiras e reunisse não unicamente poetas, romancistas, dramaturgos ou jornalistas, mas todos aqueles que se notabilizassem em qualquer demonstração de superioridade intelectual”. (Apud. SOUZA, 1972, p.8)
Concorreu com o poeta Emílio de Menezes, e venceu tendo obtido 18 votos contra 11 de seu concorrente. Foi eleito membro em 11 de maio de 1912, e sua investidura como acadêmico foi em 26 de julho de 1913, quando foi recepcionado por Júlio Afrânio Peixoto. Por ocasião de seu falecimento, em 1917, foi substituído na Cadeira nº 5 pelo médico e professor Aloysio de Castro.
O Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio, Pedro de Toledo, em 17 de agosto de 1912, firmou um contrato com Oswaldo Gonçalves Cruz para o saneamento do vale do Amazonas. Para estudar as condições sanitárias do vale do Amazonas, Oswaldo Cruz constituiu, então, uma comissão composta por Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, João Pedroso Barreto de Albuquerque, então secretário da Diretoria Geral de Saúde Pública, e Antônio Pacheco Leão, professor da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Os resultados foram apresentados no “Relatorio sobre as Condições Medico-Sanitarias do Valle do Amazonas”, publicado em 1913, no qual destacou a competência da referida comissão no estudo das condições sanitárias, especialmente com relação ao impaludismo, considerado o grande problema da região:
A commissão alludida, depois de permanecer algum tempo em Manaos, cujas condições sanitárias estudou, percorreu, entre outros, os rios Solimões, Juruá, Purus, Acre, Yacco, Negro e baixo Rio Branco, como representando os centros principais da producção de borracha. Em todas essas regiões foi cuidadosamente estudada a nosologia, assim como as condições de vida do seringueiro. E das pesquizas relativamente às moléstias reinantes, então, decorrem noções promissórias dos mais bellos resultados referentes à prophylaxia, o que equivale a dizer que postas em pratica, com perseverança, orientação e energia, certas medidas, relativamente fáceis, desapparecerá esse fantasma, que amedronta todos aqueles que se aventuram a correr atrás da fortuna nos alagadiços da Amazônia”. (CRUZ, 1913, p.3)
Em outubro de1913 Oswaldo Cruz recepcionou Theodore Roosevelt, ex-presidente dos E.U.A., em visita ao Instituto Oswaldo Cruz, em Manguinhos, lhe apresentando a instituição, seus pavilhões, suas seções, suas peças anatômicas, e suas coleções de protozoologia, de bacteriologia, de micologia, de história natural médica, e de física-química.
Por carta credencial de 18 de outubro de 1913 foi nomeado um dos delegados do governo brasileiro, par juntamente com representantes das repúblicas da Argentina, do Uruguai e Paraguai, formular uma nova Convenção Sanitária em novembro, na cidade de Montevidéu (Uruguai). A Convenção Sanitária foi realizada nesta cidade em 15 de abril de 1914, e nesta ocasião Oswaldo Cruz também foi indicado para compor, como representante do Brasil, a Comissão de profilaxia da febre amarela, juntamente com os médicos uruguaios Fernando Espero e Alfredo Vidal y Fuentes (1863-1926). Em seguida viajou para Buenos Aires, quando visitou o Instituto de Bacteriología, Química y Conservatorio de Vacuna Antivariólica, em companhia de seu primeiro diretor o bacteriologista alemão Rudolf Kraus (1868-1932), e o Hospicio de las Mercedes, instituição psiquiátrica criada em 1865 como Hospicio de San Buenaventura e dirigida por Domingo Felipe Cabred (1859-1929), e foi nomeado membro honorário da Academia Nacional de Medicina (Buenos Aires, 1822) e da Sociedad Argentina de Higiene Publica e Ingeniería Sanitaria.
Foi criado, em 1913, uma entidade representativa dos estudantes da então Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (atual Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo), que recebeu a denominação de Centro Acadêmico Oswaldo Cruz.
Em junho de 1914 Oswaldo Cruz recebeu da Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro uma medalha de mérito, como gratidão da classe médica por suas contribuições para a investigação científica no campo da medicina experimental, da terapêutica e da soroterapia.
Embarcou para Paris, em 15 de junho de 1914, como diretor do Instituto Oswaldo Cruz e acompanhado de sua família, para visitar instituições de pesquisa européias. Com a eclosão da 1ª Guerra Mundial, e dos prováveis bombardeios na cidade parisiense, Oswaldo Gonçalves Cruz levou sua família para Londres, e retornou ao Brasil no princípio de 1915.
Por ocasião da inauguração do pavilhão brasileiro, organizado por Carlos Pinto Seidl, para a Exposition Internationale, realizada de 1º de maio a 1º de novembro de 1914 em Lyon (França), Olyntho de Magalhães, Ministro do Brasil na França, fez inúmeros elogios a Oswaldo Cruz, destacando todo seu esforço pelo saneamento no Brasil.
Nilo Peçanha, então Presidente do Estado do Rio de Janeiro, consultou Oswaldo Cruz, em maio de 1915, quanto à eficiência de uma campanha contra a formiga saúva nas terras fluminenses, da forma como fora feita contra os mosquitos e os ratos. O sanitarista inicialmente estudou a formiga e seus hábitos, em um formigueiro artificial que mandou construir em Manguinhos, e pensou como estratégia o desenvolvimento de uma epidemia mortífera que fosse devastadora para as formigas, incluindo o emprego de gases asfixiantes e a organização de uma brigada de homens experientes no assunto, mas devido a seus problemas de saúde não pode prosseguir nestas investigações.
Em 1916 Oswaldo Cruz tornou-se membro do Conselho Administrativo dos Patrimônios de Estabelecimentos a cargo do Ministério da Justiça e do Interior, estabelecido na Praça Tiradentes nº 65, na cidade do Rio de Janeiro.
Por motivo do agravamento de sua doença renal, Oswaldo Cruz deixou em 1916, a direção do Instituto Oswaldo Cruz e mudou-se para a cidade de Petrópolis, na serra do Rio de Janeiro. Durante sua estadia nesta cidade recebeu a visita do médico sanitarista Bailey K. Ashford (1873-1934), membro da International Health Commission da Fundação Rockefeller, em visita ao Brasil. De sua visita, inclusive ao próprio Instituto Oswaldo Cruz, Ashford produziu um relatório detalhado, datado de 15 de fevereiro de 1916 (FARIA, 1998).
Na Sociedade Brasileira de Ciências, atual Academia Brasileira de Ciências, criada em 3 de maio de 1916 na cidade do Rio de Janeiro, e presidida por Henrique Charles Morize, Oswaldo Gonçalves Cruz foi um dos assinantes de sua ata de fundação, foi seu primeiro vice-presidente, juntamente com Joaquim Cândido da Costa Senna, e integrou a seção de ciências biológicas. Devido a seu falecimento no ano seguinte, foi substituído por Antônio Ennes de Souza.
No discurso inaugural da Primera Conferencia (Buenos Aires,17-24/09/1916) da Sociedad Sud Americana de Higiene, Microbiología y Patología, proferido por Rudolf Krauss (1861-1945), diretor do Instituto de Bacteriología, Química y Conservatorio de Vacuna Antivariólica (Buenos Aires, Argentina), foi referenciada a trajetória e a obra de Oswaldo Gonçalves Cruz, e proposta a realização da próxima Conferência no Rio de janeiro, sob a presidência deste cientista brasileiro. Entretanto, isto não se concretizou devido a seu falecimento em 1917.
Em julho de 1916 foi nomeado prefeito da cidade de Petrópolis pelo então Presidente do Estado do Rio de Janeiro, Nilo Peçanha, porém por estar doente Candido José Ferreira Martins assumiu interinamente, em 2 de agosto de 1916, aquela prefeitura. Em 17 de agosto de 1916, Oswaldo Cruz assumiu efetivamente este cargo, e no dia seguinte propôs seu plano de ação que apresentava entre outras medidas, rede de esgotos, regulamentação e fiscalização da venda do leite, organização do serviço sanitário, barragem dos rios, plantio de flores nas margens dos rios, preparo de gás pobre com lixo e produção de energia elétrica para os britadores e oficinas, organização do ensino primário, Museu histórico do Império e Jardim Botânico no Palácio Imperial, e Matadouro e Laboratório. De acordo com matéria publicada no Jornal do Brasil, em 6 de janeiro de 1917, o então Prefeito Oswaldo Cruz manifestou seu agradecimento ao governo do Estado pelo material e pelo serviço do Corpo de Bombeiros que haviam sido entregues à cidade de Petrópolis. Entretanto, devido à precariedade de sua saúde, não pode implementar seu plano, e teve que renunciar em 31 de janeiro de 1917.
Seu falecimento, na cidade de Petrópolis em 11 de fevereiro de 1917, repercutiu fortemente no país, expresso principalmente por meio de matérias e necrológios em jornais e periódicos, e por manifestações de pesar de instituições como a Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, a Academia Nacional de Medicina, o Instituto Oswaldo Cruz, a Faculdade de Medicina da Bahia, o Instituto Soroterápico de Butantan, o Museu Nacional, a Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e a Santa Casa da Misericórdia de Santos. Foram realizados diversos atos públicos e solenidades em sua homenagem em várias cidades do país e do exterior, amplamente noticiados nos principais periódicos do Rio de Janeiro, como a matéria “Dr. Oswaldo Cruz. O enterro do grande cientista. As manifestações de pezar” (Jornal do Brasil, 13 de fevereiro de 1917, terça-feira, p.6).
A Liga de Defesa Nacional, fundada em 7 de setembro de 1916 por Olavo Bilac, Pedro Augusto Carneiro Lessa, Alvaro Alberto, Miguel Calmon, Miguel de Oliveira Couto e outros intelectuais e políticos, e da qual Oswaldo Cruz foi membro, lhe prestou seu voto de pesar por seu falecimento.
O periódico Medicina Militar, em sua edição de fevereiro de 1917, o homenageou com uma matéria do médico Ismael da Rocha, então Diretor de Saúde da Guerra, na qual destacou sua importância na transformação do Instituto Oswaldo Cruz em um centro de ensinamento para as pesquisas experimentais, sobre parasitologia e higiene, e seu apoio ao Serviço de Saúde do Exército e suas atividades. Ismael da Rocha havia integrado o pessoal técnico formado por Pedro Affonso de Carvalho Franco (Barão de Pedro Affonso) para o Instituto Soroterápico Federal, em 1900, mas se afastado logo nos primeiros dias para assumir outro posto.
Foi realizada uma sessão solene em sua homenagem, em 28 de maio de 1917 no Teatro Municipal, cuja Conferência, proferida por Rui Barbosa, foi publicada na Revista do Brasil (n. 19, ano II, vol. V, julho de 1917). O jurista Rui Barbosa ao referir-se à trajetória de Oswaldo Cruz, destacou que este além de ter revelado o Brasil que era desconhecido para muitos, ao identificar um “Brasil pesteado” e deixar de legado um “Brasil desinfectado”, teve importante papel no desenvolvimento da medicina experimental no país:
“Não foi somente o debelar a peste, a febre amarela e o impaludismo. (....). Fundara uma escola. Quis dar-lhe o maior campo de atividade, que, criando a medicina experimental no Brasil, lhe podia assegurar, e empregou-a em estudar as doenças brasileiras, ainda mal conhecidas na sua patogenia, granjeando, à ciência nacional, nesse terreno, uma reputação, que chega a emparelhá-la com a dos mais adiantados centros de cultura hodierna”. (BARBOSA, 1953, p.92-93)
Ainda em 1917 foi constituída a Comissão do Monumento à Oswaldo Cruz para homenageá-lo, da qual faziam parte Miguel de Oliveira Couto, então presidente da Academia Nacional de Medicina, Luiz do Nascimento Gurgel, Miguel da Silva Pereira, Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, Egydio Salles Guerra, entre outros. Esta Comissão iniciou suas atividades em 1917, angariando recursos, por meio da distribuição de listas de subscrição nacional, para a construção do monumento, e foi reorganizada em 1927, já com personalidade jurídica. Em 1936 iniciou-se a transferência do patrimônio da então extinta Fundação Oswaldo Cruz para a Comissão, quando foi solicitado auxílio aos governadores e interventores dos Estados para o projeto do monumento. A prefeitura do Distrito Federal, em 1938, definiu como local para ser erguido o monumento uma praça na Av. Epitácio Pessoa, próxima ao Corte de Cantagalo. Em maio de 1938 foi publicado um edital para seleção do projeto do monumento, tendo sido apresentado vinte projetos, os quais foram exibidos na Escola Nacional de Belas Artes, mas nenhum destes projetos concorrentes foi escolhido pelo júri. Novo edital foi publicado em janeiro de 1940, tendo sido classificado em 1º lugar foi o concorrente “São Luis de Paraitinga”, que era o pseudônimo de Julio Starace, que veio a assinar o contrato para a construção do monumento em agosto de 1941. Posteriormente surgiram várias divergências entre o artista e a comissão, e a construção do monumento não se concretizava. A Comissão foi recomposta por várias vezes, e em 1960 definiu pela realização de novo concurso. Mas na realidade o monumento em homenagem a Oswaldo Cruz acabaria nunca sendo construído. Toda esta documentação sobre a Comissão do Monumento está sob a guarda do Departamento de Arquivo e Documentação da Casa de Oswaldo Cruz/Fiocruz.
Em documento de fundação da Liga Pro-Saneamento, criada em 11 de fevereiro de 1918 sob a liderança de Belisário Augusto de Oliveira Penna, tendo comoproposta central o saneamento rural,foi vinculada esta criação à trajetória de Oswaldo Gonçalves Cruz:
“De facto, porém, nenhum outro mais próprio, nenhum outro de melhor augúrio, para que levemos a bom termo, nós os fundadores da «Liga Pro-Saneamento do Brasil», os seus intuitos patrióticos, porque está ella vinculada para sempre à memória do maior Brasileiro, do emérito fundador da medicina experimental no Brasil, do inegualavel organizador da hygiene cientifica, e quem iniciou com solidez os alicerces de uma nova e brilhante nacionalidade brasileira”. ([PENNA], 1922, p.55).
A Liverpool School of Tropical Medicine, conferiu em 1919, a Mary Kingsley Medal ao Instituto Oswaldo Cruz, em reconhecimento ao trabalho científico de seu fundador, Oswaldo Gonçalves Cruz, “for devotion to science” (LIVERPOOL, 1920, p. V.). A instituição havia definido anteriormente a premiação e esperado o fim do conflito mundial para entregá-la, mas com seu falecimento neste interim, a medalha foi entregue aoInstituto Oswaldo Cruz.
Igualmente com o objetivo de perpetuar a memória de Oswaldo Cruz, foi criada, em 25 de agosto de 1922, a Fundação Oswaldo Cruz, instituição de obras de assistência, instrução técnica e educação profissional, cujos estatutos afirmavam os princípios que o haviam conduzido como homem de ciência como:
“Na ciência e na instrução, na assistência e no amor que constituiriam a finalidade da obra de Oswaldo Cruz, materializar a glória de sua vida”. (Apud. BRITO, 1997, p.333)
Foram idealizadores desta iniciativa os médicos João Pedroso Barreto de Albuquerque, Leocádio Chaves e José Gomes de Faria, Waldemiro de Andrade, Oscar Meira, Bessa dos Santos, J. Cavalcanti, Guilherme Pereira, Partemiano Mendes e Alberto Lamartine Teixeira Lopes. No quadro de dirigentes da instituição estavam Egydio Salles Guerra (presidente), Guilherme Guinle (presidente de honra), Clementino Rocha Fraga (secretário), João Pedroso Barreto de Albuquerque (tesoureiro), José Félix Alves Pacheco, e integravam seu conselho deliberativo, além de Guilherme Guinle e Egydio Salles Guerra, o médico e senador Alfredo Ellis, Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, Pires e Albuquerque, João Marinho de Azevedo, João Carlos Rodrigues, Mário Nazareth, Miguel de Oliveira Couto, senador José Felix Alves Pacheco, Belisário Augusto de Oliveira Penna, Visconde de Moraes, e Alberto Lamartine Teixeira Lopes. Esta instituição pretendeu, entre suas obras de assistência, construir o Instituto do Câncer, e a partir de 1924, com apoio financeiro da família Guinle, buscou iniciar a concretização deste plano. Entretanto em 1934 a obra encontrava-se com falta de recursos para sua conclusão, e a construção do hospital não foi concretizada. Em julho de 1936 esta Fundação Oswaldo Cruz foi extinta, passando seu patrimônio para a Comissão do Monumento, então presidida pelo médio Raul Leitão da Cunha (SANGLARD,2010).
Ezequiel Caetano Dias, médico e discípulo de Oswaldo Gonçalves Cruz, no texto “Traços biográficos de Oswaldo Cruz”, publicado nas Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, em 1922, reconstituiu o ambiente dos últimos momentos de Oswaldo Gonçalves Cruz, em sua residência na cidade de Petrópolis:
“N´um tranqüillo recanto da rua Montecaseros, com frente para a collina onde se acha o cemiterio, demora um solar antigo situado n´um jardim florido de hortensias. Um lustre encarnado, ao alto da varanda cingida de trepadeiras rubras, illumina suavemente as escadarias. No salão de visitas, também vermelho, tudo é silencio e escuridão. Naquele mesmo silêncio triste da rua Montecaseros, ouvem-se as nove badaladas norturnas do Convento dos Franciscanos. (.....). Na ante-sala, conchegados como um grupo de aves tímidas ao presentir uma tormenta, estão Salles Guerra, Chagas, Pedroso, Belisário Penna e membros da família. Conversam sobre a crueldade da agonia que se estira n´um longo estado comatoso; rememoram-se benefícios recebidos d´aquele discreto coração; recapitulam-se a todos os valores da vida prestes a extinguir-se; lamenta-se a grande desgraça que vae abater o Brasil. E como que a resumir todos os conceitos, numa concisão admirável, salientava-se uma phrase commovida de Salles Guerra: - Foi o homem mais perfeito que até hoje tenho conhecido”. (DIAS, 1922, p.72-73)
Em sua homenagem, também foi instituído, pelo decreto nº 20.043, de 27 de maio de 1931, o Prêmio Oswaldo Cruz, para ser conferido ao aluno diplomado e classificado em 1º lugar no Curso de Aplicação, do Instituto Oswaldo Cruz.
É patrono da Cadeira nº 99 da Academia de Medicina de São Paulo, da Cadeira nº 42 – seção de medicina da Academia Brasileira de Medicina Militar, da Cadeira nº 21 da Academia Brasileira de Médicos Escritores (ABRAMES), da Cadeira nº 40 da Academia Planaltinense de Letras (Planaltina, Distrito Federal).
A lei nº 5.352, de 8 de novembro de 1967, instituiu o Dia Nacional da Saúde, a ser comemorado no dia 5 de agosto, data de nascimento de Oswaldo Gonçalves Cruz, para promover a educação sanitária e despertar, no povo, a consciência do valor da saúde.
Foi instituída, com o decreto nº 66.988, de 31 de julho de 1970, a outorga da Medalha de Mérito Oswaldo Cruz aos que se destacaram em atividades científicas, educacionais, administrativas e culturais vinculadas ao campo da saúde pública, da higiene e da medicina. Esta medalha apresentava, de um lado,a efígie de Oswaldo Cruz, gravada em relevo e com a inscrição do nome e de seus anos de nascimento e falecimento (1872 – 1917), e do outro, a fachada do Instituto Oswaldo Cruz, com a inscrição da República Federativa do Brasil o Benemerentium Premium (NASCIMENTO, 2011).
Foram batizadas ruas, praças e escolas com o seu nome, como a antiga Rua da Ligação, entre a praia do Flamengo e a de Botafogo na cidade do Rio de Janeiro, que passou a ser denominada Avenida Oswaldo Cruz. No Estado de São Paulo, tem seu nome um município, e uma praça no início da Avenida Paulista, na cidade de São Paulo.
Em 1936 o sanitarista teve a sua efígie cunhada na moeda brasileira de 400 réis, e, em 1986, impressa nas notas de Cr$ 50.000,00 (cinquenta mil cruzeiros), depois transformado em Cz$ 50,00 (cinqüenta cruzados), com a reprodução do Instituto Oswaldo Cruz em seu verso.
O Exército brasileiro conferiu, em 1963, a denominação de “Batalhão Oswaldo Cruz” ao 1º Batalhão de Saúde, e com a extinção deste em 1969, seu nome foi atribuído à 1ª Companhia de Saúde. Em 1972 o 21º Batalhão Logístico recebeu seu nome, e com sua extinção em 2010, o Hospital de Campanha do Exército passou a denominar-se Hospital Oswaldo Cruz.
Por ocasião das Comemorações do Centenário da Fundação Oswaldo Cruz, realizadas em 5 de agosto de 1998, data do 126º aniversário de Oswaldo Gonçalves Cruz, Carlos Chagas Filho fez o discurso em sua homenagem.
Seu reconhecimento como médico e cientista, conhecido no Brasil e fora dele, pelas pesquisas desenvolvidas no Instituto Oswaldo Cruz, especialmente a descoberta do tripanossoma cruzi por Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, era inquestionável, mas “alguns de seus amigos e auxiliares consideraram que o reconhecimento do cientista por parte dos dirigentes do país ficara muito aquém de seus méritos” (BRITO, 1995, p.53). Assim, muitos, especialmente seus discípulos, como Belisário Augusto de Oliveira Penna, Clementino Rocha Fraga, Egydio Salles Guerra, e outros, procuraram retratar sua trajetória e cultuaram sua memória (BRITO, 1995).
Produção intelectual
- “Um caso de bocio exophtalmico em individuo do sexo masculino”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno V, n.33, p.265-266, agosto 1891. (com Andrade Junior)
- Resenha do artigo Experimentelle Untersuchungen über Immunität. I. Ueber Ricin, de Paul Ehrlich (Deutsche medizinische Wochenschrift, issue 32, v.17, p.976-979, aug. 1891). 19f.
- “Um microbio das aguas putrefactas encontrado nas aguas de abastecimento de nossa cidade”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno VI, n. 28, p. 222, agosto 1892.
- “O bacillo de Koch. These do Dr. José Roxo”.Annuario Médico Brazileiro, Rio de Janeiro, v.7, p.32-38, 1892.
- “A Vehiculação Microbiana pelas Aguas. Dissertação Cadeira de Hygiene e mesologia. These apresentada à Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro em 8 de Novembro de 1892 e perante ella defendida (sendo approvada com distincção) a 24 de Dezembro de 1892 por Oswaldo Gonçalves Cruz”. Rio de Janeiro: Typographia daPapelaria e Impressora (S.A.),Successora de Carlos Gaspar da Silva1893.
- “Un nouvel appareil pour la recolte des eaux, à differentes profondeurs pour l´analyse des microbes”.Rio de Janeiro: Typographia G. Leuzinger & Filhos, 1893.
- “O acido picrico como reactivo da albumina”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno VIII, n.21, p.161-162, 1º jun. 1894.
- “As condições hygienicas e o estado sanitário da Gavea”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno VIII, n.27, p.209-212, 15 jul. 1894.
- “Contribuição para o estudo da microbiologia tropical. Contaminação dos meios de cultura pelas mucorineas”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno VIII, n.37, p.292-293, 1º out.1894.
- “Os esgotos da Gávea”O Brazil-Medico Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno VIII, n.46, p.361-364, 8 dez.1894.
- “Relatorio do exame de sanidade feito no Sr. João dos Santos Vidal”. Rio de Janeiro, 27 jan. 1894. 9f.
“Delitti negli animali”.Archivio di Psichiatria, Scienze Penali ed Antropologia Criminale, Torino, Itália, v.XVIII, (v.II della Serie II), fasc. II-III, p.301-302, 1897.
- “Estudos tendentes a verificar se é possível distinguir-se pela analyse dos gazes do sangue o envenenamento pelo gaz de iluminação do produzido pelos gazes de combustão do carvão”. [Paris, França], 1897. 138f.
- “Psychopathologia medico-legal em geral e da epilepsia em particular. Parte I - Noções geraes de psychopathologia medico-legal e jurídica”. 10 jun. 1897. 63f.
- “La recherche du sperme par la réaction de Florence”.Annales d´Hygiène Publique et Médecine Légale, Paris, n. de fevereiro, p.158-164, 1898.
- “A pesquisa do esperma pela reação de Florence”O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XII, n.13, p.110-112, 1º abr.1898.
“Études sur la recherche de l émpoisonnement par les gaz d´éclairage. Travail du Laboratoire de Toxicologie de Paris”. Annales d´Hygiène Publique et Médecine Légale, Paris, v.39, n.5, p.385-394, mai. 1898. (3ª serie).
“Ein einfacher Waschapparat für mikroskopische Zweeke”. Zeitschrift für Wissenschaftliche Mikroskopie und für Mikroskopische Technik, Stuttgart, tomo XV, p. 29-30, jahrgang 1898.
- “Instituto Pasteur de Paris. Uma visita a secção de preparo dos soros therapeuticos”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XII, n.30, p.265-267, 8 ago.1898.
-“Instituto Pasteur de Paris. Uma visita a secção de preparo dos soros therapeuticos (continuação)”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XII, n.31, p.274-276, 15 ago. 1898.
-“Instituto Pasteur de Paris. Uma visita a secção de preparo dos soros therapeuticos (conclusão)”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XII, n.32, p.281-284, 22 ago. 1898.
-"Étude toxiologique de la ricine". Annales d´Hygiène Publique et Médecine Légale, Paris, v. 40, n. 4, p. 344-359, oct 1898 (3ª série).
- "Les altérations histologiques dans l'époisonnemente par la ricine".Archives de Médecine Expérimentale et d´Anatomie Pathologique, Paris, v.11, n.2, p.238-253, março 1899.
- “Relatorio ácerca da molestia reinante em Santos apresentado a Sua Ex. o Sr. Ministro da Justiça e Negocios Exteriores.13/11/1899.”. In: OSWALDO Gonçalves Cruz: Opera omnia. [Rio de Janeiro: Impr. Brasileira], 1972. p.323-349.
- “Algumas indicações referentes ao estudo da febre do tuberculoso e seu tratamento”. [Rio de Janeiro, dez. 1899]. 21f.
- “Relatório acerca da moléstia reinante em Santos [em 1899] apresentado a S. Exa. O Sr. Ministro da Justiça e Negócios Interiores. 13 nov. 1899”. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1900. 46f.
- “Do valor do diagnostico microscópico da peste. [Trabalho apresentado no 4º Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, realizado no Rio de janeiro, de 17 a 30 de junho de 1900]. Congresso Brasileiro de Medicina e Cirurgia, 4º, Rio de janeiro, v.2, pp.151-154, 1902.
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- “Instruções para colheita do material para exame”. Rio de Janeiro: Associação dos Empregados no Comércio do Rio de Janeiro, Typ. do Jornal do Commercio, 1900.
- “Instruções populares para conter as moléstias contagiosas dos olhos”. [Conselhos ao Povo]. 1900.
- “Relatorio ácerca da moléstia reinante em Santos apresentado pelo Dr. Oswaldo Cruz a S. Ex. O Sr. Ministro da Justiça e Negócios Interiores”. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1900.
- “Contribuição para o estudo da curva leucoytaria nas infecções e intoxicações”. O Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XIV, n.10, p.81-83, 8 mar. 1900.
- “Gabinete de microscopia e de microbiologia clinicas do Dr. Gonçalves Cruz”. Rio de Janeiro: Typ. Leuzinger, 1900.
- “Contribuition à l´étude de la serumtherapie antipesteuse”. 1900.
- “Dos processos de vacinação anti-pestosa”. 1900. 44f.
- “Vaccina contra a peste”. (com Carlos Seidl). Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XV, n.20, p.195-197, 23 mai.1901.
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- “A vaccinação anti-pestosa. (Trabalho do Instituto Sôrotherapico Federal do Rio de Janeiro, Manguinhos)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XV, n.45, p.443-447, 1º dez.1901.
- “A vaccinação anti-pestosa (continuação). (Trabalho do Instituto Sôrotherapico Federal do Rio de Janeiro, Manguinhos)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XV, n.47, p.463-466, 15 dez.1901.
- “A vaccinação anti-pestosa (conclusão). (Trabalho do Instituto Sôrotherapico Federal do Rio de Janeiro, Manguinhos)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XV, n.48, p.473-477, 22 dez.1901.
- “Le vaccin contre la peste”.Centralblatt für Bakteriologie, Parasitenkunde Inlektionskrankheiten Erste Abteilung: Medizinisch-Hygienische Bakteriologie Parasitenkunde Originale, Jena, v.32, n.12, Abt.1, 32, Originale, p.911-920, 1902.
- “Dos accidentes em sôrotherapia. (Trabalho do Instituto Sôroterapico Federal) (Instituto de Manguinhos)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XVI, n.29, p.285-289, 1º ago.1902.
- “Dos accidentes em sôrotherapia (continuação). (Trabalho do Instituto Sôroterapico Federal) (Instituto de Manguinhos)”. II Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v.XVI, n.30, p.295-301, 8 ago.1902.
- “Dos accidentes em sôrotherapia (conclusão). (Trabalho do Instituto Sôroterapico Federal) (Instituto de Manguinhos)”. III. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XVI, n.31, p.305-309, 15 ago. 1902.
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- “Febre Amarella. Conselhos ao Povo”. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 28 abr. 1903.
- “Prophylaxia da Febre Amarella”. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 9 mai.1903.
- “Prophylaxia da Febre Amarella”. [Jornal do Commercio, Rio de Janeiro], 21 mai. 1903.
- “Prophylaxia da Febre Amarella”. O Jornal, Rio de Janeiro, 2 jun. 1903.
- “Prophylaxia da Febre Amarella”. O Jornal, Rio de Janeiro, 11 jun. 1903.
- “Prophylaxia da Febre Amarella”. O Jornal, Rio de Janeiro, 19 jun. 1903.
- “O microbio de Sanarelli”. O Jornal, Rio de Janeiro, 12 ago. 1903.
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- Meios de evitar a febre typhoide. [Conselhos ao Povo]. [s.d.].
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- “Um novo gênero da sub-família “Anophelinae”: Chagasia”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, anno XX, n.20, p.199-200, 1906.
- “Peste. (Trabalho do Instituto de Manguinhos)”.Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v.XX, n.9, p.85-90, 1906.
- “Peste. (Trabalho do Instituto de Manguinhos)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v.XX, n.10, p.95-98, mar. 1906.
- “Relatório apresentado ao Exm. Sr. Dr. Augusto Tavares de Lyra Ministro da Justiça e Negocios Interiores pelo Dr.Oswaldo Gonçalves Cruz Director Geral de Saúde Publica. 1906. Annexo ao. Relatorio apresentado ao Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil pelo Ministro de Estado da Justiça e Negocios Interiores Augusto Tavares de Lyra em março de 1907. Volume II – Saude Publica”. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1907.
- “Um novo genero da sub-família “Anophelinae”: Manguinhosia”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v.XXI, n.28, p.271-273, jul.1907.
- “Uma nova especie do genero Psorophora (Trabalho do Instituto de Manguinhos)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v.XXI, n.34, p.329-330, 1907.
- "Les altérations histologiques dans l émpoisonnment par la ricine". Memória apresentada à Academia Nacional de Medicina, 1907.
- “Memória apresentada pelo delegado do Brazil à 3ª Convenção Sanitária Internacional reunida na Cidade do México de 2 a 7 de dezembro de 1907”. 1907.
- “Um novo genero brazileiro da sub-familia Anophelinae”. Rio de Janeiro: Typ. Besnard Frères, 1907.
- “Relatorio da Diretoria Geral de Saúde Pública. 1907. Annexo ao. Relatorio apresentado ao Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil pelo Ministro de Estado da Justiça e Negocios Interiores Augusto Tavares de Lyra em março de 1908. Volume II – Saude Publica. Primeira Parte”. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1908.
- “Resumo da Memoria apresentada pelo Delegado do Brazil a 3ª Convenção Sanitaria Internacional reunida na cidade do Mexico de 2 a 7 de dezembro de 1907. Annexo ao Relatorio apresentado ao Presidente da Republica dos Estados Unidos do Brazil pelo Ministro de Estado da Justiça e Negocios Interiores Augusto Tavares de Lyra em março de 1908. Volume II – Saude Publica. Primeira Parte.” Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1908.
- “Relatório apresentado ao Exm. Sr. Dr. Augusto Tavares de Lyra Ministro da Justiça e Negocios Interiores pelo Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz Director Geral de Saúde Publica. 1906. Volume I”. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1909.
- “Prophylaxia da febre amarella. Memoria apresentada ao 4º Congresso Médico Latino-Americano pelo Dr. Oswaldo Cruz”. Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do Commercio, 1909.
- “The sanitation of Rio”. The Times, New York, p.61, tuesday 28 dec. 1909.
- “Uma nova trypanosomiase humana”. Brazil-Medico. 'Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v. XXXIII, n.17, p.175-176, mai. 1909.
- “The prophylaxis of malaria in central and southern Brazil”. In: ROSS, Ronald. The Prevention of malaria. London: John Murray, 1910. pp.390-398.
- “Madeira-Mamoré Railway Company. Considerações geraes sobre as Condições sanitarias do Rio Madeira”. Rio de Janeiro: Papelaria Americana, 1910.
- “A Febre amarela. A commissão sanitaria de prophylaxia da febre amarella á população de Belém”. A Provincia do Pará, Belém, ano 35, n. 10.974, 11 de novembro de 1910, sexta-feira, p. 1.
- “A Febre amarela. A commissão sanitaria de prophylaxia da febre amarella á população de Belém”. Folha do Norte, Belém, ano 15, n. 4.684, 11 de novembro de 1910, sexta-feira, p. 1. Seção Gazetilha.
- “A Febre amarela”. A Provincia do Pará, Belém, ano 35, n. 10.971, 8 de novembro de 1910, terça-feira, p. 1.
- “A Febre amarela”. A Provincia do Pará, Belém, ano 35, n. 10.796, 13 de novembro de 1910, domingo, p. 1.
- “A Febre amarela”. A Provincia do Pará, Belém, ano 35, n. 10.977, 14 de novembro de 1910, segunda-feira, p. 2.
- “A Febre amarela”. A Provincia do Pará, Belém, ano 35, n. 10.981, 18 de novembro de 1910, sexta-feira, p. 1.
- “A Febre amarella’. A Provincia do Pará, Belém, ano 35, n. 10.994, 1 de dezembro de 1910, quinta-feira, p. 1.
- “A Febre amarela”. A Provincia do Pará, Belém, ano 35, n. 11.036, 12 de janeiro de 1911, quinta-feira, p. 2.
- “Resposta aos Quesitos”. Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro, 12 abr. 1911.
- “Uma questão de hygiene social (lépra)”. O Imparcial, Rio deJaneiro, n.211, p.2, jul.1913.
-“Relatorio sobre as Condições Medico-Sanitarias do Valle do Amazonas apresentado a S. Exª. o Snr. Dr. Pedro de Toledo, Ministro da Agricultura, Industria e Commercio pelo Dr. Oswaldo Gonçalves Cruz”. Rio de Janeiro: Typ. do Jornal do Commercio, 1913.
- “Discurso pronunciado na Academia Brazileira de Letras (26 de junho de 1913)”. Rio de Janeiro: Typ. Röhe, General Camara 128, 1913.
- “Uma questão de higiene social”. O Imparcial, Rio de Janeiro, n.211, 3-IX-1913.
- “[Discurso na Sociedade de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro]. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 11 jun. 1914.
- “Algumas molestias produzidas por protozoários. Conferencia feita na Biblioteca Nacional, 5-10-1915)”. Jornal do Commercio, Rio de Janeiro, 6-10-1915.
- “Algumas moletias produzidas por protozoarios (Conferência feita na Biblioteca Nacional, 5-10-1915)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v.XXIX, n.44, p.345-348, 1915.
- “Algumas molestias produzidas por protozoarios (Conferência feita na Biblioteca Nacional, 5-10-1915)”. Brazil-Medico. Revista Semanal de Medicina e Cirurgia, Rio de Janeiro, v.XXIX, n.45, p.353-356, 1915.
- “Sobre o saneamento da Amazônia”. (com Carlos Chagas, e Afrânio Peixoto). Manus: Philippe Daou, 1972..
Trabalhos publicados sob pseudônimo:
- “Causas e meios de preservação do cholera”. Por Ignarus (pseudônimo). Rio de Janeiro: Cunha & Irmãos, Editores, 1894.
Documentos e Manuscritos:
- Microbiologia. Rio de Janeiro, 26 ago. 1890. 190f.
-Pathologia Geral. [Rio de Janeiro], 1890. Caderno de aula da terceira série do curso de medicina.106f.
-Pathologia Geral. Rio de Janeiro, 11 set. 1890. 190f.
-Physiologia. Rio de Janeiro, 26 ago. 1890. 154f.
-Anatomia topographica. [Rio de Janeiro], 19 ago. 1891. 116f.
-Cuidados antes da operação. Rio de Janeiro, 6 jun. 1891. 207f.
- Clinica medica (lições de). Rio de Janeiro, 1892. 82f.
- Notas de microbiologia. Rio de Janeiro, 1892. 32f.
- Catálogo. 1893. 50f.
- Anotações de aula. Paris, 19 jun. 1897. 91f.
- Boulevard Saint Michel - Paris. Catalogo 1897. [s.l.], 14 abr. 1897. 20f.
- Caderno de anotações. 29 jun. 1898.
- Caderno de anotações de aula. Conferências. Paris, 1898. 60f.
- Caderno de aula. Paris, 8 mar. 1898. 118f.
- Caderno de Toxicologia. Paris, 20 abr. 1898. 94f.
- Toxicologia. Paris, 24 jun. 1898. 95f.
- Curso de Microbia Technica do Instituto Pasteur. Caderno no 1. Paris, 5 dez. 1898. 265f.
- Curso de Microbia Technica do Instituto Pasteur. Caderno no 2. Paris, 31 dez. 1898. 244f.
- Visita ao laboratorio de preparo dos soros therapeuticos, em Garches. Garches, 6 abr. 1898. 38f
- Discurso na Academia Nacional de Medicina. Rio de Janeiro, 1899. 5f.
- Caderno de anotações. Paris, 13 fev. 1899. 27f.
- Observação no 1. Hospital de Isolamento. [Santos], 29 out. 1899. 2f.
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Ficha técnica
Pesquisa – Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Redação – Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Revisão – Maria Rachel Fróes da Fonseca.
Colaborador - Ana Luce Girão Soares de Lima.
Consultor - Ana Luce Girão Soares de Lima.
Atualização – Maria Rachel Fróes da Fonseca, Ana Carolina de Azevedo Guedes.
Forma de citação
CRUZ, OSWALDO GONÇALVES. Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970). Capturado em 14 nov.. 2024. Online. Disponível na internet https://dichistoriasaude.coc.fiocruz.br/dicionario
Dicionário Histórico-Biográfico das Ciências da Saúde no Brasil (1832-1970)
Casa de Oswaldo Cruz / Fiocruz – (http://www.dichistoriasaude.coc.fiocruz.br)